Welcome To The World Of Guertena escrita por Satsuki Ichi


Capítulo 3
O que os olhos não vêem o coração não sente.


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me pela demora [tipo... uma GRANDE demora, pois fiquei quase seis meses sem postar nada] eu estive meio sem tempo e criatividade (principalmente pelo fato de que as provas finais estavam chegando) mas de agora em diante terei mais tempo, e tentarei postar os capítulos com um prazo certo. Espero que gostem.
Boa leitura C:



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Garry passou á frente das meninas andando tranquilamente, mas olhando de relance para o chão, notou algo estranho. Era ela, a boneca novamente. Garry se segurou para não soltar um palavrão, então apenas se inclinou um pouco para enxergar o que estava escrito ao lado dela.

Não seja ignorante, Garry...- leu em voz alta - Eu só quero brincar! – o homem coçou nervosamente a nuca – Mas que droga, o que eu faço com essa coisa?!

–Tente ignorá-la, apenas – aconselhou Mayu, que diminuiu a voz aos poucos – ela não pode fazer muita coisa sozinha...

–Q-que seja, vamos logo! – Garry agarrou a mão das duas meninas e as afastou da boneca.

Mayu e Ib seguiam o caminho tranquilamente, ao contrário de Garry que não conseguia se concentrar, não importava onde a boneca sempre aparecia para atrapalhá-lo. Perdeu as contas de quantas vezes pisou em cima dela ou se assustou com sua presença dependurada em seus pés. Certo, agora mais do que nunca Garry só pensava em chegar até ás duas portas roxas no final da sala, ele queria se livrar daquela pestinha o mais rápido possível. Quando finalmente chegaram ao final da sala, Garry tentou abrir a primeira porta rapidamente tentando não olhar para a boneca que ainda o seguia deixando mensagens irritantes, infelizmente esta estava trancada, felizmente, a outra que estava ao seu lado abriu na mesma hora.

A sala era completamente diferente do que eles imaginavam, pensavam no básico: Quadros e mais quadros selvagens que tentariam de tudo para matá-los. Mas naquele quarto vermelho apenas quatro quadros de bonecos com o corpo desproporcional desenhados com giz, e um sombra ao lado encontravam-se na parede, e todo o resto do lugar estava cheio de papeis coloridos. Alguns desbotados e outros manchados de algo que Ib, Garry e Mayu tentavam acreditar que era giz de cera vermelho. Desta vez Ib foi a primeira a entrar, sem pensar muito pegou um dos papeis espalhados pelo chão e leu em voz alta.

Cuidado com o que vêem.

–Ah... O que isso quer dizer, exatamente? – Perguntou Garry.

Assim que pronunciou tal pergunta, as luzes do quarto começaram a piscar enquanto um barulho de eletricidade soava em seus ouvidos.

–Tudo bem, deixa pra lá – Disse ele rapidamente – eu não quero saber!

Mayu parecia indiferente, olhava o lugar como se nada tivesse acontecido. Afastou-se um pouco de Garry e puxou um dos papeis grudados na parede á sua esquerda.

O que os olhos não vêem o coração não sente – Leu calmamente – Essa é velha.

–Seria tolice pensar que essas mensagens podem ser algum tipo de aviso? – perguntou Garry.

–Não exatamente... – Respondeu Ib – Mas, se bem que nesse lugar não existem muitas coisas ao nosso favor.

–Eu acho que já entendi... – Mayu puxou mais um papel da parede, mas nele não havia nada além de manchas.

–Hmm? – Garry se voltou para a garota, meio preocupado.

–Esses recados... Seja o que for que estiver atrás daquela porta, não olhem para ele!

Garry encarou um dos quadros feitos de giz – Como pode ter certeza?

–Repare bem nas mensagens – Ela caminhou até o lado de Ib, que agora estava observando os quadros estranhos junto de Garry – Cuidado com o que vêem... O que os olhos não vêem o coração não sente. Está claro!

–Realmente... – Garry chegou mais perto dos quadros tentando ler suas descrições.

Para a surpresa de Mayu, a boneca da sala anterior estava agora dependurada no casaco de Garry, perto de seu pescoço. Era incrível o fato de que ele ainda não a tinha notado ali. Como não queria assustá-lo, andou até o homem e retirou a boneca com cuidado.

–Que coisa... – Mayu sentiu um calafrio na espinha – Repugnante...

Mayu sentiu uma dormência esquisita no braço direito e então rapidamente suspendeu a manga. Com uma substancia roxa, em sua pele, estava escrito algo que Mayu pôde reconhecer como “Solte-me agora, ou então chamo meus amigos! Você não quer que eles saiam, não é?” A garota rapidamente soltou a boneca de mau jeito em um canto e andou de costas até o centro da sala limpando desesperadamente seu braço, sentiu-se tonta como se tivesse acabado de levar um tombo feio. O “eles” não soava nada bem, ela sabia o que “eles” eram... Ou melhor, “elas” Mayu estava prestes a contar o que havia acontecido, mas quando se voltou para Garry sua boca automaticamente se calou, a boneca estava no mesmo lugar de antes. Garry realmente parecia não estar sentindo a boneca, estava mais preocupado com Ib que segurava um livro estranho, na capa podia-se ler algo como “The power of Love”que Mayu reconheceu como um livro de romance estranho, nunca tinha se interessado por tais gêneros, preferia ler sobre as pinturas antigas. O homem tirou o livro das mãos da garota e lançou-o para trás com um sorriso meio torto e envergonhado.

–Acredite, Ib – disse ele – Livros assim não são legais, principalmente para a sua idade!

–Mas eu já tenho doze anos, Garry! O que tem de mais ali? – Retrucou a garota.

–N-na verdade acho que não é adequado que você leia seja com a idade que for... – Respondeu tentando ignorar a pergunta da garota.

–Você já leu?

–Não, mas só pela sinopse já...

–Garry! – Interrompeu Mayu contendo o nervosismo.

–Sim? – Ele se voltou para ela agradecendo por tê-lo interrompido. Ele realmente não queria explicar o gênero daquele livro para Ib, nem mesmo ele achava aquele gênero adequado.

–A boneca! –Mayu apontou para seu casaco – Eu tinha tirado ela daí, mas quando virei...

Garry sentiu calafrios, virou o rosto lentamente para encontrar a boneca agarrada ao seu ombro, no chão em um dos papeis, a mensagem em letras quase ilegíveis com a tinta roxa “Fique calmo, não vou te machucar” leu para si mesmo “Não agora...” E assim que terminou, a boneca riu. Um riso fino e alto que estalou dos ouvidos de Garry fazendo-o se assustar mais ainda.

–Tudo bem, isso já está indo longe de mais! – Ele levantou a mão para dar um tapa na boneca e tirá-la do seu ombro, mas Ib a segurou rapidamente. – O que...

–Foco! – Disse encorajadora.

Garry olhou furioso para a boneca mais uma vez, mas decidiu ignorá-la. Talvez Mayu e Ib tivessem razão. Ajeitou a postura e voltou a encarar os quadros.

–Eu não consigo entender... – Olhou brevemente para Ib e depois para Mayu – Por que nestes quadros, ao lado dos bonecos de giz tem um borrão negro?

Ib examinou mais atentamente os borrões nos quadros – Bem... Sem querer fazer piadas, mas se isso foi desenhado por Guertena, não acham que ele teria sido um cara meio perturbado?

–Ou apenas filosofo – Disse Mayu olhando para o chão – Ou... Talvez perturbado mesmo.

–Esperem, tem algo na descrição deste aqui! – Disse Ib correndo a mão pela base do ultimo quadro – Sorte dos cegos... que a crueldade não podem ver. Apenas sentir.

Foi quando ouviram um estalo do lado de fora, Garry andou rapidamente até a porta e a abriu examinando com cuidado a sala que haviam deixado.

–Deve ter sido a porta que estava trancada – Virou-se para as garotas e fez sinal para que elas o seguissem – Vamos!

Ib, Garry e Mayu já estavam perdendo a coragem desde que entraram no quarto com os papeis, mas aquilo já era demais. Pendurado na maçaneta da porta uma vez trancada estava um papel amarelo com um recado escrito a mão, Garry o pegou impaciente e então leu em voz alta.

Então vocês serão os próximos!

–O que...? –Ib o encarou confusa.

–É o que está escrito aqui – Ele se voltou para elas enquanto colocava lentamente a mão na maçaneta da porta – Mayu está certa. Os recados diziam claramente que não podíamos olhar para algo... Então tomem cuidado.

Abrindo a porta lentamente, Garry se deparou com uma grande sala completamente em branco. Deu alguns passos a frente olhando para os lados enquanto Ib entrava na sala cautelosamente deixando Mayu por ultimo. Quando todos estavam dentro da sala, a porta se trancou atrás deles com um grande “BLAM!” e como se sempre estivesse ali, na parede principal bem á frente deles, um grande olho fechado surgiu sem mais nem menos.

–O que diabos é... – Garry cambaleou para trás batendo em Mayu, que desequilibrou e segurou na cintura do mesmo – Desculpe, m-mas...

–Talvez seja isso! – Mayu o soltou – Se ele abrir...

Antes que ela pudesse terminar o olho se abriu rapidamente emitindo um barulho perturbador, como vidro se quebrando. Garry se virou para as garotas puxando-as para ele e tapando seus olhos rapidamente.

–Não olhem!

Seria fácil de mais se o olho ficasse ali por um bom tempo encarando-os sem fazer absolutamente nada, pensaram, mas de qualquer forma se achavam que aquilo podia acontecer, estavam errados. O desespero começou quando Mayu sentiu alguém tocar seu queixo, levantando delicadamente o seu rosto.

??? – Vamos, Mayu... Abra os olhos. – disse uma voz familiar, com certeza a voz da pessoa que segurava seu queixo.

–O-o que...? – A garota apertou ainda mais os olhos.

??? – Você precisa olhar por onde anda, Ib e eu estamos aguardando... Sabe, você pode cair!

Logo, enquanto uma das mãos estava segurando o queixo da garota, a outra a puxava pela mão esquerda, fazendo-a se afastar um pouco de onde estivera.

–Garry? – Disse finalmente reconhecendo a voz – Mas já é seguro? Disse que não podíamos olhar...

–Está tudo bem! – Afirmou – Eu estou aqui, não estou? Vou proteger vocês duas, e vamos sair daqui bem rápido.

Mayu se sentiu tentada a abrir realmente os olhos, mas só os apertou mais ainda, ela tinha certeza de que poderia ser um truque.

–Mas antes me diga uma coisa, Garry... –Recuou.

–Sim?

–Quantas mulheres havia nos quadros do quarto anterior?

Garry, se é que era mesmo ele, ficou em silêncio por alguns segundos, mas então deu uma pequena risada e colocou a mão no cabelo da garota bagunçando-o.

–Ora, eram 8 mulheres!

Mayu se sentiu sem saída, definitivamente não queria abrir os olhos, mas não escutava mais nada a não ser a voz de Garry, nem mesmo Ib ela podia ouvir. E se ficasse parada ali pela eternidade? Não, ela já estava cansada de ficar naquele lugar. Mas se abrisse os olhos, de qualquer maneira algo ruim poderia acontecer.

–Te farei uma ultima pergunta, então... – apertou os punhos contra o vestido – Se eu não abrir os olhos, você irá me guiar pelo caminho? Seguraria minhas mãos para eu não cair?

–Ora... – Garry ou quem quer que fosse segurou as mãos da garota – Claro que sim, por que não o faria?

Agora ela tinha certeza de que não era ele, o Garry de verdade com certeza diria algo como “Por que você não iria abrir os olhos? Não seja boba!”, mas não podia fazer nada. O quarto parecia controlá-la, talvez pelo desejo de ver o que estava acontecendo ou por acreditar não ter mais saída por ali. Estava abrindo os olhos, mas não por vontade própria, e no desespero, alterou a voz:

– Garry, Ib! Eu irei abrir os olhos agora!

E então ela abriu os olhos, mesmo sentindo que não deveria. Viu Garry olhando para ela com um sorriso divertido no rosto, mas a imagem não durou muito, pois alguém se jogou em sua frente e a abraçou. Era Garry, o verdadeiro Garry havia tapado seus olhos agora.

Mayu, não se deixe levar por ele! – Disse rapidamente e apertou a garota mais forte contra o peito. Mayu sentiu que Ib também estava ao seu lado.

E então ela os fechou novamente.

–Vai mesmo dar ouvidos a ele, Mayu? – Disse a voz do outro Garry, uma voz mais distante, mas que a deixava confusa – Venha comigo, já deveríamos estar fora daqui!

–Permaneça comigo, ignore essas vozes! – Disse o Garry que a abraçava, claramente ouvindo o Garry que tentava fazê-la abrir os olhos.

Ele só está tentando te prender neste lugar para sempre! – Gritou o outro.

–Garry... – Murmurou a garota sem saber mais em quem confiar.

–Acredite em mim... – Disseram em uníssono – Mayu!

Uma onda de raiva atingiu a garota, estava se sentindo fraca. Como pôde deixar se enganar por algo tão tolo? Abraçou Garry de volta, o verdadeiro Garry, e então disse com uma voz firme:

Pare com isso, eu sei exatamente o que está acontecendo nesta sala! Eu mesma o disse!

E então para Mayu, tudo ficou em silêncio.

Infelizmente ela não era a única que estava tendo sérios problemas. Uma risada ecoava constantemente nos ouvidos de Ib desde que entrara naquela sala, e olhara para o olho na parede antes de Garry tapar sua visão. Uma risada que ela conhecia a risada de uma garota de aparentemente nove anos.

???- Quando sairmos daqui vai ser tão legal! – disse uma voz feminina familiar – Ficaremos sempre juntos, eu, você e Garry! Eu tenho tantas idéias de jogos para nos divertirmos!

–Juntos... – murmurou Ib que já se sentia meio estranha – Quem é você?

???- Você se esqueceu de mim, Ib?

–Mary? – Ib lutou para não abrir os olhos, foi uma grande surpresa mesmo sabendo que podia ser uma miragem – você conseguiu voltar?!

– Você prometeu que ia me visitar... – disse Mary, fugindo da pergunta – Por que nunca voltou?

–Eu viria, mas... Seu quadro foi queimado, você não poderia estar viva! E este lugar... – a menina apertava franzia as sobrancelhas e fechava mais forte os olhos.

–Minha pintura pode ter sido queimada... Mas... N-não importa! – Ib podia jurar que Mary estava fazendo uma cara de raiva – Eu só queria amigos, Ib. Mas você não se importa, não é?!

–Mas Mary, eu... – Tentou dizer, mas a voz falhou. Ib tinha raiva de Mary por ter tentado aprisionar Garry na galeria, mas por outro lado ela a entendia. Como seria viver naquele lugar por tanto tempo querendo um amigo, e nunca poder sair? De qualquer forma ela nunca machucaria Garry, nunca tentaria nada do tipo depois de tudo que ele havia feito para protegê-las... Mas em um momento de loucura, principalmente por Mary, ela não poderia culpá-la tanto assim.

–Vocês pensaram que eu nunca mais voltaria! – Ib pôde ouvir a garota bater o pé no chão com raiva – Mas... Eu os perdôo. E-eu sei que o que eu fiz foi errado, mas gostaria de esquecer tudo... Você veio para me visitar, não foi? – perguntou Mary em um tom mais alegre.

–Sim. – Disse Ib decidida, ela não queria machucar Mary novamente.

–Yay! Eu sabia, eu sabia! – A garota ria novamente e então encarava Ib – Ib, você está bem? Abra os olhos!

–Eu não posso... – Respondeu.

–Por que não?

–É muito perigoso, eu realmente não posso!

–Você não confia em mim? – Perguntou Mary impaciente – Ah... é pelo que eu fiz, não é? Pode dizer a verdade, eu entendo.

–Desculpe, mas... sim.

–Por favor, me desculpe – Ib sentiu Mary tocar suas mãos – Eu não estou segurando nada, viu? Pode confiar em mim!

–Não posso! – Ib falou tentando controlar a raiva, ela sentia que o lugar estava brincando com ela – De onde você veio afinal? Pensei que estivesse na outra galeria.

–Já disse, minha alma está vagando por aí... Bem, se é isso que pinturas podem chamar de alma... Não importa, vamos lá! – Mary segurou a mão de Ib e a puxou – Vamos sair daqui!

–Não, Mary!

–Por queee? – A garota parecia estar ficando realmente chateada.

–Eu não posso deixar o... – Ib parou de falar imediatamente, e então se encolheu.

–Entendi... – O tom da voz de Mary agora parecia sério – Garry, você não pode deixar o Garry – disse amargamente enquanto soltava as mãos de Ib.

–Me desculpe...

–Eu entendo, fui uma má pessoa. Eu... Argh! – ela bateu o pé no chão novamente.

–Eu sei que você é uma boa pessoa, Mary. Mas eu não posso deixá-lo sozinho, não agora!

–Mas o Garry é um adulto, Ib! Ele pode se virar sozinho. Vamos logo, você pode brincar comigo para sempre e... –Mary parou de falar como se algo a surpreendesse – Você parece um pouco diferente, algo mudou.

–Diferente?

–Sim... – Mary colocou a mão na cabeça de Ib como se medindo sua altura – Você cresceu! Há há!

–Sim, hoje é meu aniversário de doze anos.

–Doze anos...? I-isso quer dizer que eu estou “morta” há três anos? – A garota deu alguns passos para trás desacreditada, Ib começou a duvidar seriamente se ela era apenas mais um truque do olho – E você só veio me visitar agora?!

Ib se sentiu culpada, na verdade nunca realmente pensara em voltar para a galeria para sequer tentar encontrar Mary, ela preferia esquecer tudo o que tinha acontecido de ruim naquele lugar. Mas não podia ficar ali por muito tempo, o quanto mais ela ficaria presa naquela sala? Seus olhos começaram a lutar para se abrirem sozinhos.

–Eu juro que queria vir, mas eu não pude – Mentiu.

–Então você pode se redimir agora abra os olhos e venha comigo!

??? - Não tenha medo, Ib – Disse uma segunda voz familiar – Eu estou aqui, nós podemos voltar juntos para casa.

–Garry! – Disse Mary animada.

–Eu quero abrir os olhos, Garry... –choramingou Ib, que já começava a ficar com dor de cabeça.

–Vá em frente – encorajou “Garry” – Mary não lhe fará nada, e se ela tentar algo, eu irei te proteger.

–Sim... – Ib começou a abrir os olhos lentamente.

Antes que pudesse enxergar qualquer coisa, foi puxada para o lado com tanta força que teria caído no chão se não fosse segurada. Garry a abraçou também fazendo com que seu rosto ficasse escondido em seu casaco.

–Não dê ouvidos a nada, Ib – Disse o verdadeiro Garry colocando raiva na voz – São apenas enganações. Vocês duas, não acreditem em nada!

Já chega!– Gritou Mary – Você não vai tirar a minha única amiga de novo, Garry! NÃO VAI! –a garota puxou Ib pelo braço – Fique comigo, Ib! Não me deixe de novo!

Você não é a Mary! – Disse alterando a voz.

Eu sou sim, eu sou a Mary! Eu sou a Mary, eu sou a Mary!

Não, não é! – Ib se debateu para fazer com que “Mary” a soltasse – A Mary de verdade entenderia!

–Eu sou a Mary de verdade! Eu só não quero ser abandonada de novo, eu quero sair daqui e fazer amigos, eu não quero ficar sozinha novamente, Ib, por favor!

Mayu, Ib – Garry segurou-as firmemente pelas mãos – Aconteça o que acontecer, não abram os olhos até que estejamos fora desta sala! Venham comigo, se não for agora jamais sairemos daqui!

Antes que elas pudessem responder, Garry as puxou para longe do que quer que fosse que as estivesse atormentando, e guiou-as ás pressas, abrindo os olhos rapidamente para ver o caminho. Chegando á saída, chutou a porta com toda a força até abri-la, e então jogando as garotas para dentro dela fechou-a rapidamente. Encostou-se sobre a madeira vermelha da porta ofegante, e então voltando ao normal tornou a se preocupar com as garotas.

–Vocês estão bem?

–Sim. – Responderam em uníssono.

–Ótimo, ainda bem que consegui tirá-las de lá a tempo... – Ele deu um pequeno sorriso – Sabem, acho que os danos são reais... – Garry fechou brevemente os olhos e então retirou uma faca que estava fincada perto das costelas.

–Meu deus... – Mayu andou lentamente até ele – Como isso foi acontecer?

–Eu não sei, na verdade – Ele colocou a mão sobre o ferimento – Aconteceu quando puxei Ib, e tentei tirar vocês duas da sala.

–Foi a Mary – Disse Ib em um tom sombrio – Foi ela, eu sei que foi.

–Bem... eu esperava que isso desaparecesse – ele ergueu a faca.

–Onde está a sua rosa? – Perguntou Mayu.

Garry sentiu o coração acelerar, ele já tinha até esquecido da existência das rosas. Retirou o casaco e começou a revirá-lo até que finalmente a encontrou.

–Er... Ela está aqui, ainda bem. –Ele a retirou de um dos bolsos e segurou-a com cuidado – Nossa, por um momento eu entrei em pânico.

–Acredite, eu também.

–Ah... – Ib chegou mais perto de Mayu – Garry... – ela apontou para a cabeça do mesmo.

Garry demorou um pouco para entender quanto Mayu olhou rapidamente para cima, a boneca que antes caíra no esquecimento estava agora em cima da cabeça de Garry, encarando-o de forma estranha com aquele sorriso doentio no rosto, como sempre, nada de especial.

–Olha, as coisas já estão muito difíceis! – Mayu retirou-a com cuidado.

Uma vez nas mãos de Mayu, a boneca soltou um ruído como se estivesse sentando gritar, o que fez a garota recuar um pouco, mas em momento algum a soltou.

–Não adianta, mesmo que a tire ela vai voltar... – Disse Garry de um modo tranqüilo, coisa que surpreendeu as garotas – Além do mais, como disse antes, ela não vai fazer nada.

–Tudo bem... – A garota encarou a boneca mortalmente e então a colocou do seu lado – Mas então, como se sente?

–Eu estou bem, logo a dor irá passar, espero... Ah, Ib, fique com isto – ele entregou a faca para a garota com cuidado – Para se algo grave acontecer.

–Tudo bem... – Ib aceitou a faca e então se encolheu com vergonha – Me desculpe, Garry...

–Te desculpar pelo que? – Ele sorriu para ela.

–Se eu não tivesse imaginado aquilo, você não estaria ferido agora.

–Não se trata de imaginar, aquela coisa nos mostra o que desejamos, tive sorte de não ser facilmente impressionável. Não fui atacado por nenhuma miragem. E não precisa se preocupar, também – ele bagunçou o cabelo da menina – eu to bem, ok? A culpa não foi sua.

–Exato – Mayu sorriu para Ib – É apenas um risco que temos que correr, não temos culpa do que desejamos a menos que seja algo realmente ruim ou sujo.

–E por falar nisso... – Garry se sentou ao lado de Ib – O que exatamente vocês viram lá?

–Ah... – Mayu sentiu as mãos formigarem, e suas pernas ficaram meio bambas, fazendo-a se sentar no chão, um pouco afastada dos dois – Nada de mais.

–Vamos, diga logo! – Disse Garry tentando soar mais animado.

–E-eu... – Mayu corou violentamente, estava claro como sua pele pálida – Eu vi você, Garry!

–E-eu?! – o homem corava levemente. –C-como assim eu? O que quer dizer?

–Eu não sei – Respondeu rapidamente e então olhou para o chão – não sei como explicar. Não entenda mal!

Garry se virou lentamente para Ib que ainda encarava Mayu, só que dessa vez estava com um pequeno sorriso no rosto. Quando notou que Garry a olhava, voltou-se para ele e deu uma pequena risada.

–E-e você, Ib? – Perguntou Garry torcendo para que não estivesse muito vermelho – O que você viu?

–Bem – a garota tentou não soar séria de mais – Eu vi a Mary. Eu pensei que ela pudesse ficar do nosso lado...

–E o que ela te disse?

–Ela disse para que eu abrisse os olhos, e que a seguisse. Seríamos amigas para sempre e ficaríamos sempre juntos, eu, você e ela.

–E você quase abriu os olhos, certo?

–Sim...

–Há há – Garry bagunçou o cabelo da garota tentando afastar o clima pesado – Você tem um bom coração, Ib.

A mesma lançou um pequeno sorriso para o homem, e então voltou a encarar o chão.


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Notas finais do capítulo

Gosto de saber o que acharam do capítulo, review? 8D



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