Ao chegar em casa, vi que meu celular havia descarregado. Busquei o carregador e o coloquei para carregar no meu quarto. Estava cansada. Resolvi tomar um banho. Liguei o chuveiro e logo meus pensamentos se voltaram para o que ocorreu antes da saída de Marcelo. Será mesmo que Deus faria essa sacanagem comigo de novo? Já me apaixonei por dois amigos meus. E nos dois casos, a amizade acabou. Não queria que isso acontecesse, ele me fazia tão bem. Mas a atitude de me abraçar...será que ele também estaria sentindo algo? Ou será só coisa da minha cabeça? Meu Deus, quantos pensamentos!!

De repente meus pensamentos foram atrapalhados. Era minha mãe, batendo na porta do banheiro avisando que havia chegado. Ao sair do banho, precisei fazer uma ligação. Ao ligar meu celular, uma mensagem do Marcelo havia chegado. Ele dizia "Acho que fui mal-educado não agradecendo pelo dia. Obrigado mesmo. Boa noite”. Uma alegria imensa tomou conta de mim e isso fez com que meus pensamentos me deixassem ainda mais confusa. Resolvi então ir assistir um filme. Acabei adormecendo.

No outro dia, ao chegar na escola, encontrei Gustavo...

– E aí?

– E aí! Tudo bem Gustavo?

– Eu to bem, e você?

– A eu to bem. E o fim de semana?

– Uai, o meu foi normal. Ajudei minha mãe a limpar a casa sábado e no domingo fiquei a toa.

– Menino eficiente- brinquei- mas que bom que você ajuda ela.

– Tem que ajudar. Ela fez tanto por mim...E o seu fim de semana como foi?

– Bem, de bom, só um passeio com um amigo meu. O resto...Só em casa mesmo.

– Ei, depois você pode me ajudar?

– Uai, posso. Com o que?

– Preciso de ajuda pra seletiva de xadrez. Aí se você conhecer alguém que jogue...

– Conheço sim. Vou te ajudar. Pode deixar.

– Eba! Obrigado! Então depois falamos, boa aula. – ele me deu um abraço e foi para sua sala. Uma coisa me chamou atenção no Gustavo. O perfume é muito bom...

Entrei para a sala, e tive dois horários de português. No intervalo da manhã, procurei falar com a Gabriela, porque ela sabia jogar xadrez. Ela aceitou entrar na seletiva, logo fui dar a boa notícia ao Gustavo.

Ao chegar na porta da sua sala, ele logo veio em minha direção...

– Tenho boas notícias pra você...

– Então diga...

– tem uma colega minha que se chama Gabriela. Eu mesma a ensinei a jogar xadrez, e hoje ela é melhor que eu. Ela quer entrar.

– Que bom!! E você sabe jogar?? Porque não entra?

– A Gustavo, eu sei jogar, mas não curto tanto. Não sei táticas, nem nada. Sei o básico do básico.

– Mas serve!! Se quiser eu te ajudo...

– Não...Pode deixar pra lá mesmo...

– Ah...sério?

– Sim... Desculpa

– Tá ne...Ei vamos lá comigo na lanchonete? To com fome...

– Vamos...

Sentei em uma das mesas da lanchonete, esperando o Gustavo comprar o lanche. Meus pensamentos se voltaram para Marcelo... De repente, me deparo com Gustavo estalando os dedos perto do meu rosto...

– Ei, Terra chamando Bruna...- levei um susto

– Desculpa...

– Tem alguma coisa te afligindo?

– Não é nada não...

– É algo sim... Ninguém costuma “voar” assim por pouca coisa- nós rimos

– Liga não...

– Olha, só to querendo ser seu amigo...

– Sério? Desculpa... eu...

– Sério. Mas fica de boa. Só saiba que quando precisar to aqui.- dei um sorriso para ele.

– Obrigada...

Continuamos conversando até o final do horário do intervalo. Ele me acompanhou até a sala. Ao me sentar na minha mesa, comecei a pensar um pouco. Mas não somente no Marcelo, mas também no Gustavo. Será que ele estava tentando se aproximar de mim querendo algo ou querendo ser meu amigo mesmo? Resolvi deixar meus pensamentos loucos e dar foco a aula.

O professor acabou passando um trabalho em duplas. Ele escolheu as duplas. Eu saí com Débora, uma colega de sala. Combinei com ela de no horário do almoço nós irmos conversar sobre como seria feito o trabalho.

Assim que terminou a aula que antecedia o almoço, fui almoçar com o Gustavo e a Débora. Ela parecia já conhecer ele, pois riam como grandes amigos. Logo depois do almoço, comecei a conversar com ela sobre o trabalho. Mas antes, resolvi fazer uma pergunta...

– Débora, você conhece o Gustavo?

– Conheço, ele faz curso de inglês comigo.

– Ah sim...vocês pareciam mesmo se conhecer a algum tempo.

– Sim...Ele é muito chato- ela começou a rir.- Mas é muito de boa.

– Ah sim...

Logo depois de ter conseguido sanar minha duvida, conversamos sobre o trabalho e decidimos tudo o que deveria ser feito. Em pouco tempo, já sabíamos como ficaria o trabalho.

Enquanto estava guardando meus materiais, Marcelo me mandou uma mensagem dizendo que havia chegado e que queria me ver. Disse que estaria em frente a lanchonete. Desci rapidamente e o encontrei sentado em uma mesa ouvindo música.

Cheguei por trás dele, e o surpreendi tirando os fones de ouvido.

– Ei, isso não é coisa que se faça- ele sorriu para mim

– Com você é sim- dei um sorriso para ele. Ele me puxou e me deu um beijo na bochecha, que eu acho que se eu não me virasse, seria quase um beijo no canto da boca.- Então o que quer falar comigo?

– Nada. Queria te ver...

– Ah sério? Você me tirou de uma reunião de trabalho pra isso?

– Nossa, você veio porque quis- deu um sorriso

– Eu sei, to enchendo saco.- retribui com um sorriso

– Tem aula agora?

– Tenho. Porque?

– Ah, por nada. Posso te fazer uma pergunta?- ele pegou em minha mão que estava sobre a mesa. Meu coração disparou.- topa sair esse fim de semana de novo?

– Nossa, não sei se esse fim de semana dá- resolvi retirar minha mão da sua.- estou com trabalhos pra fazer.

– Ah não...Por favor...

– Não sei...

– Por favorzinho...

– Aaaai ta bom..que horas?

– Duas horas pode ser? Na mesma praça daquele dia?

– Pode...- Olhei no meu relógio e vi que estava atrasada para a aula.- preciso ir Marcelo, estou atrasada. Depois nos falamos tudo bem?

– Tudo bem. Boa aula.

No caminho para a sala, encontrei com Gustavo...

– Gustavo, posso jurar que você está me seguindo- brinquei com ele

– Não estou não. A escola é grande, mas foi coincidência ta bom?- ele sorriu

– Tá bom- começamos a rir...

– Tá indo pra sala?

– Eu tô. Você não vai não?

– Não. Eu estou de horário vago.

– Então seja um bom amigo e me acompanhe até minha sala.

– Está bem – começamos a rir

Nos despedimos ao chegar na minha sala e eu entrei. Depois das aulas, não consegui sair para o intervalo da tarde, para ver Marcelo, por conta da tarefa que deveria ser entregue naquele dia. Na hora da saída, não encontrei Marcelo. Ele deveria já deveria ter ido embora. Resolvi então colocar meus fones de ouvido e escutar música até o ônibus chegar. Novamente meus pensamentos tiveram como foco Marcelo.