De repente, eles estavam no meio do reino de Lira.

Estava tudo um pouco estranho.

- Mamãe vai me matar, por sua causa Elise! Os guardas viram atrás da gente! – Leon reclamava com ela.

- Ah, você realmente ama as regras. Vem – Ela puxou o braço dele – Você será meu guia. Tudo bem?

- Não, nada bem. Vamos voltar agora.

- Ei, você pode usar disfarces... Eu sei que como todos vocês têm poderes. Usa vai? – ela parecia não prestar atenção no que Leon dizia.

- Não. Vamos voltar se não mando chamar os guardas agora.

- Chame... Chame mesmo, estou nem ai vou explorar com ou sem você.

Ela já estava indo embora... Quando ele a puxou. Fechou os olhos e imediatamente estavam diferentes. Leon havia ficado moreno, assim como Elise. E tinha roupas esfarrapadas... Ambos pareciam um casal de mendigos.

- Não tinha coisa melhor Príncipe? – ela estava insatisfeita.

- Está achando ruim? Faça a mágica você mesma então.

- Está bem. Eu faço!

Ela fechou os olhos por um momento, mas nada dava certo. Ela olhou pelo canto do olho.

- Nada?

- Nada.

Ela tentou se concentrar mais, vendo que não iria dar certo, ela não tinha poderes.

- Desisto! – ela disse ainda segurando a mão de Leon, quando um brilho vermelho surgiu ao redor dos dois.

- Espera, tem algo errado... Você está fazendo isso? – o príncipe parecia confuso.

- Eu não sei... Não, não sei.

Ela não pode terminar a frase, as roupas deles estavam mudando.

- Elise, se concentre. Se você quer mesmo se disfarçar, pense em algo para nós usarmos...

Leon dava o passo a passo.

- OK, eu vou tentar. Eu quero... Uma coisa melhor que a dele. – ela sorriu.

- Bela tentativa.

- Me deixa se concentrar...

Elise estava com um vestido rosa claro armado, e uma sombrinha. Parecia àquelas mulheres de antigamente, toda certinha. O cabelo dela estava loiro como sempre, mas cacheado nas pontas.

Leon estava com um terno cinza, e um chapéu da mesma cor. Ele parecia igual, tirando o fato das roupas.

- Você é incrível... A Rainha tem que saber disso!

- Eu sei, eu sou mesmo incrível. Agora... Você vai me mostrar Lira, sem problemas?

- Vamos Elise. – ele a puxou.

Estavam de mãos dadas.

Lira era realmente, incrível. Era algo melhor que Paris, e incrivelmente melhor que as Sete Maravilhas Do Mundo.

Pode ser até exagero, mas o reino de Lira. Era sim. Muito bonito. As pessoas eram como pessoas normais, seres humanos não mutantes. Ela se estranhava com alguns, que eram um misto de sapos e gente, ou cavalos e gente. Menos da metade das “pessoas” daquele lugar, eram assim... Como mutantes.

- Espero que não se assuste! – Leon riu – Vou te mostrar alguns monumentos principais por aqui.

- Muito obrigada Senhor Guia Turístico!

As casas daquele reino eram bem diferentes das que Elise estava acostumada a ver. Elas eram geralmente de barro, como a cabana do sonho dela, e tinham o telhado acrílico. Era um pouco estranho, mas elas não eram feias.

As lojas pareciam lojas comuns... Comércios antigos se podem citar assim.

- Aquilo ali... – ele apontava pro horizonte, era o mar, mais azul impossível... Aquele reino não tinha um defeito? – Aquele é o Forte de Linion. Sempre que uma guerra é anunciada, coisa que agora está rara demais de acontecer, eles batem aquele sino gigante. Tem esse nome, porque Linion foi o homem que causou a primeira guerra... Ele era esposo de Belinda, depois dela esquartejá-lo claro.

- Nossa... Essa Belinda é mesmo má, onde que fica o sino? – ela não conseguia ver.

- Mas a fundo... Ele é dourado e vermelho, quer ir lá ver?

- Vamos agora!

Elise estava gostando daquela visitinha ao reino de Lira. Estava bom demais pra ser um sonho. Geralmente os sonhos que ela tinha – antes de envolver Leon – Eram como contos de fadas, mas nada parecido com agora. Sempre tinha príncipes no meio, mas nada comparado a Leon.

Tudo era especial. Como uma sonhadora, Elise não desistia de tentar conseguir o que queria. E agora que ela estava tão perto...

- Chegamos Elise.

De perto, o Forte Linion era mais incrível. O sino era gigante, nada comparado ao das capelas que ela costumava frequentar, que eram bem menores.

Ela tentava imaginar como que tocavam aquela coisa grande. O forte parecia com um farol, só que menor, e invés de uma lâmpada, o Sino.

- Esse é o ponto mais antigo daqui. E a vista... Nossa super romântica. Ótima pra passar a noite não acha? – ele estava mais encantado com o monumento do que Elise.

- Eu não sei de nada. Se você diz... Acho que deve ser legal... Mas faz muito frio aqui não acha?

Ele riu.

- Tenho mais coisas para mostrar... Acompanha-me Senhorita? – ele fez uma reverencia.

- Acompanho-te Senhor Elegância!

Eles voltaram para o centro do reino, as pessoas estavam se dispersando... Estava ficando tudo vazio.

- Tem algo errado aqui... A energia não é a mesma... Alguém...

- Príncipe Leon... Você está bem? – ela ria com deboche.

- Não, tem algo errado, as pessoas deviam estar por aqui... Oh não!

- O que?

Quando eles se viraram, o céu que estava rosa começou a ficar escuro, pareciam nuvens de tempestade... Um tipo de buraco negro de nuvens se formou no meio do céu.

- Leon... O que está havendo?

Ele não respondia, estava sem piscar... Ele olhava pra cima.

- Leon?

- Elise... Só fique quieta! Belinda apareceu.

Era mesmo, era a bruxa Belinda.

Não dava pra vê-la muito bem, por causa da neblina densa... Mas depois a figura foi tomando forma. Uma mulher, e por sinal muito bonita. Estava descendo do céu. Se Elise não soubesse que era uma bruxa, poderia até falar que era um anjo.

Belinda era um ponto preto no meio do céu. Mas de repente ela apareceu na frente de Elise e Leon.

- Que disfarce que nada, se querem aparecer, que não seja na casa errada! – ela falou isso e Leon e Elise voltaram para as formas normais, o mesmo vestido e o mesmo cabelo dela... O mesmo traje branco e prata dele... O mesmo cabelo.

- Sua bruxa! – Leon falou.

- Eu sei meu queridinho!

Belinda não parecia com aquelas bruxas de desenho animado. Que sempre tem uma verruga na ponta do nariz é gorda e tem cabelos ruins... E ela não chegou voando numa vassoura.

Belinda era um tipo de bruxa... Que não se explica a beleza. Ela tinha cabelos pretos, que iam até os joelhos. Usava um vestido preto com rendas brancas... Ele era curto demais, de modo com que aparecia uma pequena parte dos glúteos dela. Tinha uma bota branca com salto médio. Se Elise fosse um homem, iria querer aquela mulher na cama no dia seguinte.

- Quem é essa moçinha Meu Príncipe? – Leon parecia hipnotizado, mas muito atento nela.

- Não lhe diz respeito... Afinal de contas, você foi banida, volte pras profundezas do Monte Aspéries.

- Como você ousa Pequeno Príncipe? Em me dizer uma coisa dessas... Quero falar com sua namoradinha.

- Ela não é minha namoradinha. – ele olhou pra Elise.

- Como você se chama pequena? – a voz de Belinda, parecia entorpecer Elise.

- Elise...

O som da voz dela fez com que a bruxa tivesse um misto de dores de cabeça com agonias na barriga.

- Você... Não devia... Ter chegado aqui... Ou devia? Talvez você possa ter uma morte dolorosa junto do seu namoradinho. – a voz da bruxa mudou algumas vezes...

- Eu não namoro ele (ela) – eles falaram iguais.

- Eu já entendi, já entendi... Então não se importam se eu matá-los agora não é mesmo?

Belinda levantou um cajado, Elise não fazia ideia de onde aquilo havia saído.

- Prontos pra morrer? Um, dois, três...

Ela apontou o cajado pra Leon...

- Você primeiro amorzinho!

Elise ficou tomada por emoções no corpo... Amor, ódio, felicidade, tristeza... A transformaram em uma guerreira. Ela estava agora com uma armadura prata, era uma saia que era bem acima dos joelhos e a parte de cima como uma normal, só que não tinha aquela manga grande.

- Só por cima de mim...

Elise agarrou o cajado. E o jogou para longe!

- Elise? É mesmo você? – Leon ria baixinho.

- Fica na sua Príncipe convencido, essa briga é comigo.

- Como você se atreve Garota insolente?

Belinda esticou o braço e se afastou. Abriu a mão e soltou uma bola de fogo em cima de Elise. Ela desviou sem muitas dificuldades – já que ela nunca foi uma boa lutadora, ou coisa do tipo, lembrou-se das aulas de esgrima... Não iria servir de nada. Mas tentou.

Elise deu uma cambalhota pra perto de Belinda e a agarrou pelo pescoço. Ela era fria, parecia que nunca havia visto o sol.

- Você não sabe do que eu sou capaz garota, nos vemos depois!

Belinda sumiu nas mãos de Elise, o céu se abriu novamente, a armadura sumiu, e as pessoas voltaram como se nada tivesse acontecido. Ela estava com o disfarce, assim como Leon, que estava boquiaberto.

- Sem palavras imagino?

Ele assentiu.

- Como? Elise... Vamos voltar agora, você realmente é mais poderosa que a própria Salvadora.

- Isso é um elogio! Ah, Pequeno Príncipe, você vai me dever um favor por toda sua vida por eu ter te salvado.

- Você não perde a oportunidade não é mesmo Plebéia? – ele também debochou.

- Eu tento! Vamos voltar ou não?

- Imediatamente.

Leon pegou na mão dela e eles voltaram para o quarto de Elise.

Não estavam mais disfarçados, estavam com a mesma roupa de quando saíram dali.

- Onde você estava Leon di Lira?

A rainha os surpreendeu no quarto.

- A mãe bem... Estávamos no reino! – Leon explicou.

- Não rainha, foi tudo culpa minha! Eu que fiz com que ele me levasse, eu estava muito curiosa em conhecer Lira.

- Deixemos esses detalhes importunos para depois... Quero saber o que houve? Os guardas me deram relatos de que o tempo pareceu parar.

- Bem mãe... – Elise o interrompeu.

- Deixe que eu explique. Bem rainha Rachel, nós encontramos com Belinda.

A rainha sentiu uma dor no peito, mas não pareceu demonstrar.

- Termine...

- Bem... Ela tentou nos matar.

- E Elise, não sabe como ainda... Transformou-se em um tipo de guerreira! Ela ficou muito diferente...

- Ah melhor parte Leon... Eu ia contar! Bem. Rainha eu posso... De algum modo... Usar... Magia! – Elise surpreendeu Rachel.

- Oh não. Então Elise... É mesmo você... Você é a última geração da Salvadora. Ela tinha o nome de Elina... E você, é mesmo...

- O que? Não, eu só... Sou mesmo? Cara eu estou muito importante não acha Pequeno Príncipe?

- Para de me chamar de Pequeno Príncipe Elise... – Leon se irritava.

- Por favor, Elise. Não brinque com isso. Você tem que começar a treinar a partir de amanhã. Vou chamar os melhores magos do reino. Você será a mais poderosa.

- Por mim tudo bem, acho que não será tão ruim assim!

- Pois bem... Leon venha comigo até minha sala. Até amanhã Elise!

- Tchau Plebéia Deboche!

- Tchau. Até amanhã Rainha. – ela fez reverencia.

- E pra mim? – Leon se incomodou.

- Pequenos Príncipes Convencidos não merecem reverencias...

Ele fechou a porta e Elise começou a rir sozinha.

Ela se deitou na cama, e começou a chorar novamente, ela estava realmente com saudades de casa. Ela se levantou, e foi tomar banho. Não quis esperar a hora do jantar. Pegou no sono. Mas não pode sonhar como ontem...