Oblivion escrita por Alessandro Campos


Capítulo 22
XXII. Revertendo


Notas iniciais do capítulo

Esse e o próximo capítulo estão todos em itálico porque serão duas partes de um mesmo flashback. Espero que isso não incomode demais a leitura de vocês, mas caso atrapalhe, me comuniquem que eu retiro. Só achei legal deixar assim para destacar essa parte do texto das demais - como eu fiz nos primeiros capítulos.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390633/chapter/22

“Draco segurou Hermione pela manga de seu suéter e a guiou até a porta da sala em que estavam. Antes de abri-la, ele se virou de costas e permaneceu de frente para e menina, olhando-a nos olhos.

– Granger, precisamos ser muito cuidadosos agora. Onde é que estávamos a essa hora?

A menina colocou a mão no queixo e apoiou a cabeça como se estivesse a tentar se lembrar. Foi aí que recebeu um estalo em sua mente e uma pergunta veio à sua mente.

– Que horas são? – ela parecia preocupada.

– “Que horas são?” – ele repetiu, com desdém – a hora pouco importa. Precisamos ser ágeis.

– Não, seu grosseiro – ela descansou seu peso em uma das pernas e cruzou os braços – na tarde do dia em que Ron foi envenenado, nós viemos justamente aqui para discutir sobre quem contaria para o Harry sobre Narcisa – ela torceu o nariz em protesto.

– Tudo bem, tudo bem – ele levantou as duas mãos em sinal de trégua – vejamos – ele puxou a manga da blusa que usava e deixou à mostra um relógio banhado à ouro, artigo que chamou a atenção da bruxa – são três e trinta e qua...

– Droga! – exclamou Hermione, interrompendo o outro – estamos a caminho daqui. Não vamos ter tempo de fugir, vamos dar de cara com nós mesmos – prosseguiu, expressando uma preocupação fora do comum.

– E agora? – ele colocou a mão na cabeça e tateou seus cabelos loiros, bagunçando-os levemente.

Os dois olhavam de um lado para o outro em busca de alguma saída ou esconderijo plausível, quando ouviram o barulho da pintura atrás da porta permitindo que alguém entrasse no cômodo. Definitivamente, era tarde demais para se pensar em sair dali por aquela porta. Os dois se olharam e aparentavam o desespero. Tudo estaria perdido. Eles ficariam loucos. Ou pior, poderiam mudar o curso de suas próprias atitudes de uma maneira nada boa. Era o fim.

Alguém colocou a mão na maçaneta e a porta balançou. Draco viu um grande armário nos fundos da sala, ele estava coberto por um pano branco, assim como os demais móveis da sala. Rapidamente, segurou a mão de sua amiga e se atirou juntamente dela para o interior do objeto.

O armário possuía algumas fissuras na porta, onde os dois puderam observar a si mesmos entrando no recinto. Foi quando do nada, parecia terem sido sugados por um redemoinho e, após um pequeno estrondo, os dois caíram no chão do armário.

“Com certeza nos ouviram” pensou Hermione Granger. Não havia como aquele barulho ter vindo de outro lugar naquele cômodo vazio e silencioso. Seriam pegos.

Draco colocou os dedos em seus lábios, como se sinalizasse para que a garota não se mexesse ou fizesse qualquer barulho que os comprometeria – mais ainda. Após alguns longos e agonizantes segundos, os dois começaram a estranhar. Simplesmente nada ou ninguém. Ninguém tentara abrir o armário ou investigar a causa do barulho. Muito menos, podiam se ouvir conversando sobre Harry ou Narcisa. Era estranho. Estava tudo quieto, quieto demais. Draco ousou se levantar e, com um pouco de esforço, conseguiu olhar por entre a fresta da porta e já não era possível ver a saleta de Hogwarts, mas ele reconhecia aquele lugar.

Lentamente, pousou sua mão na maçaneta do armário e empurrou a porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Instintivamente, Hermione agarrou seu braço e sinalizou para que ele parasse com aquela atitude praticamente suicida, mas ela não sabia ainda do que estava acontecendo do lado de fora daquele lugar. Com um pequeno rangido, a porta se abriu, deixando-os expostos a qualquer pessoa que também estivesse ali. Por sorte deles, não havia ninguém. Foi quando se deram conta de que realmente não estavam mais na sala. A menina ficou bem assustada, pois já estivera em praticamente todos os cômodos da escola de magia e bruxaria de Hogwarts e não conseguia reconhecer aquele local, nem do fundo de suas mais antigas memórias.

“Seria esse algum outro cômodo secreto...?” pensou consigo mesma.

– Hermione, não estamos mais em Hogwarts – comentou Draco, saindo do armário e passando as mãos pela calça de linho que vestia, na esperança de livra-la da poeira que sua queda juntara ali.

– Como pode saber disso? – respondeu a menina, também saindo do armário e passando as mãos pelos cabelos caramelados.

– Porque estamos no porão da minha casa – disse Draco, olhando tudo à sua volta.

– Mas... Como? – questionou Granger, também olhando em volta e procurando se situar naquele ambiente tão diferente.

Eles estavam numa sala escura, com vários objetos amontoados. Algumas fotos de família empilhadas umas sobre as outras, vassoura de voo velhas e até mesmo um troféu de Quadribol dos anos 20. Só havia uma janela do outro lado do cômodo, e a mesma estava meio bloqueada por uma estante de livros que agora servia de armário para toalhas velhas.

– É claro – falou a menina, como se respondesse a sua própria pergunta – um Armário Sumidouro.

– Um... o quê? – perguntou Draco, enquanto parecia se desvencilhar dos próprios pensamentos.

– Um Armário Sumidouro. Eram bem populares na época em que Voldemort estava no comando. Basicamente, são dois portais que permanecem em uma constante conexão. É como se fosse um Portal de Pó-de-Flu, mas não é necessário o pó e um armário só pode permitir uma viagem até o seu par e vice-versa.

Draco assentiu e soltou um pequeno murmúrio, o que deu a entender que ele havia compreendido do que se tratava aquilo tudo.

– Minha mãe deve usar isso daqui para entrar em Hogwarts sem ser impedida ou revistada – acrescentou. – Mas mesmo assim, isso não explica como ela transitou livremente pelo castelo com tantos aurores por lá.

– Isso é o de menos – prosseguiu a menina – ela pode ter usado um pouco de poção polissuco para se tornar qualquer pessoa.

– E como ela conseguiu a senha da sala comunal da Grifinória? – ele parecia ainda não estar totalmente convencido daquilo.

– Bastasse que ela se transformasse em alguém da Grifinória e pedisse a senha à qualquer colega de casa, seria necessário somente dizer que se esqueceu. Acontece muito com o Neville – explicou, convicta da ideia.

– Então precisamos ser ágeis, pois ela já pode até mesmo ter ido para lá – sugeriu Draco.

Silenciosamente, os dois saíram do porão e caminharam até o quarto dos pais de Malfoy. Nenhum dos dois estava presente, então desceram até o andar térreo e seguiram em direção à cozinha. Lá, avistaram uma caixa parcialmente vazia de bombons do mesmo tipo dos envenenados, mas a caixa parecia diferente. Ela estava em cima de uma mesa no centro do ambiente e Narcisa parecia impaciente na frente de um caldeirão, possivelmente ansiosa pela conclusão de alguma poção – provavelmente a polissuco.

Se certificando de que não havia nenhum empregado nas proximidades, Draco adentrou o cômodo e lançou um feitiço para que sua mãe desmaiasse. A mesma caiu na frente do caldeirão, desacordada. Hermione cessou a chama que alimentava a poção e recolheu a caixa de bombons que estava sobre a mesa da cozinha.

Minutos mais tarde, Narcisa sentia sua cabeça pesada. Estava mergulhada na escuridão, quando se deu conta de que estava de olhos fechados e não conseguia abri-los. Com alguma dificuldade, concentrou toda a sua força ali e conseguiu deixa-los semicerrados, reconhecendo o ambiente em que estava, mas com certa dificuldade, porque o mesmo estava bem escuro. Foi tentar se levantar, mas se deu conta de que estava amarrada sentada numa das suas imponentes cadeiras da sala de jantar. Balançou a cabeça algumas vezes até sua visão começar a desembaçar e se normalizar. Primeiro, avistou Granger parada em sua frente, apontando sua varinha na direção da mesma. Ela se assustou e procurou gritar, mas por mais força que fizesse, nenhum som era emitido. Provavelmente estava sob algum encanto silenciador.

– Olá, mamãe – Narcisa reconheceu a voz que vinha detrás de si.

Draco veio caminho por trás da mãe, até chegar na frente dela. Olhando-a nos olhos e com um sorriso irônico no rosto.

– É o seguinte – ele iniciou – vamos deixar você falar. Mas se gritar, Hermione terá de ser enérgica. Como você é minha mãe, não ousaria lhe fazer... mas para Granger, é diferente.

Ela cerrou os olhos e olhou para o menino em desaprovação. Ele pouco se importou, apontando a varinha para ela.

– Finite incantatem! – conjurou em sua mãe.

– Draco, como pôde...?! – iniciou antes de ser interrompida.

– Calada! – ordenou Hermione – sabemos que está aprontando contra o Harry.

Narcisa apenas abaixou a cabeça.

– Sabemos que pretende usar esse armário para entrar em Hogwarts despercebida. Agora queremos que nos dê os bombons envenenados e iremos embora daqui.

Narcisa deu uma deliciosa gargalhada irônica e se recompôs, demonstrando alguma frieza.

– É por isso que estão aqui? – ela deu mais uma risada – é lamentável que tenha se juntado com esse corja por vontade própria, Draco – comentou.

A jovem grifinória pressionou a garganta da outra mulher com a sua varinha, tentando demonstrar alguma impaciência para monólogos antagônicos.

– De qualquer forma – ela pareceu dar de ombros – não há mais nada que se possa fazer. Os bombons já estão em Hogwarts há algumas horas. Espero que Harry já os tenha comida.

– Como entrou lá? – questionou o filho.

– Não precisei de muito – ela apontou com a cabeça na direção do quarto do filho – você solta muito cabelo durante as noites em que dorme, meu filho. Já havia lhe dito o quão perigoso isso é para um bruxo. Alguém pode usar seu cabelo... – ela abriu um sorriso superior.

– E mesmo assim te deixaram entrar no salão da grifinória? Mesmo nas atuais condições, isso é contra o regulamento da escola – ele parecia impaciente.

– Digamos que eu possa ser bem convincente – ela parecia despreocupada, quando na verdade, estava tentando ganhar mais tempo para que seu plano fosse perfeitamente concluído.

– Crucio – conjurou Hermione, fazendo com que a mulher e a cadeira caíssem de lado. Ela se contorcia – da maneira que podia – de tanta dor que sentia.

– Para, Hermione! – ordenou Draco, enquanto segurava o braço da menina. Ela obedeceu e parou.

Ficou alguns segundos atônita pela atitude que tomara. Nunca imaginou que pudesse conjurar aquele feitiço uma única vez em sua vida. Foi aí que tomou conta de quanto Ronald Weasley significava para ela.

– Tudo bem – falou Narcisa, com uma voz ofegante.

– Vai falar? – perguntou Granger.

– Eu enfeiticei Dino Thomas – ela tossiu – ele ordenei que ele deixasse o pacote sobre a cama de Harry sem ser visto e esquecesse de tudo assim que o fizesse.

Os dois garotos se entreolharam e assentiram o cabeça, seguindo em direção ao armário. Antes de se afastar muito, a menina parou na frente da mulher e lançou um feitiço para que ela desmaiasse de novo. Logo em seguida, conjurou outro feitiço.

– Obliviate!

E quando acordasse, Narcisa jamais se lembraria do que estava acontecendo. Até mesmo da raiva de Harry. Hermione fora cuidadosa ao selecionar todas as lembranças que seriam deletadas da senhora Malfoy.

O menino Malfoy apenas assistiu àquilo de longe, como se quisesse se distanciar o máximo possível de qualquer coisa que acontecesse à sua mãe, porque de qualquer forma, se sentiria culpado se algo ruim lhe passasse. Logo após Hermione terminar seu encantamento, os dois entraram no armário e voltaram para Hogwarts. Precisavam encontrar Dino Thomas o mais rápido possível – e ainda precisariam se cuidadosos para não serem vistos por ninguém.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Oblivion" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.