Oblivion escrita por Alessandro Campos


Capítulo 14
XIV - Dúvida Razoável


Notas iniciais do capítulo

Como o prometido, voltei a escrever e está aqui mais um capítulo dentro do prazo mencionado! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390633/chapter/14

Os dias se passaram as mesmas coisas de sempre aconteciam. Desde o dia em que chegaram juntos em Hogwarts, Draco e Harry não eram bem recebidos em nenhum cômodo comum a todos no castelo. Sempre havia alguém para debochar dos dois ou para ficar comentando pelos cantos, coisa que definitivamente pode tirar qualquer pessoa do sério. Ron, Hermione e Luna sempre que podiam, os defendiam das piadas de mau gosto proferidas aos dois.

Num sábado pela manhã, os dois pegaram uma das passagens secretas de um dos retratos e saíram por uma caverna, na floresta perto de Hogsmeade. Estavam munidos de uma cesta carregada com guloseimas. Fariam um piquenique longe de todos, num lugar onde pudessem conversar e se curtir à vontade, sem que precisassem ouvir risadinhas ou qualquer comentário que pudessem deixa-los desgostosos por um momento sequer. Harry estendeu uma toalha e se deitou nela, olhando para o sol fraco que passava por entre os galhos das árvores que balançavam com a brisa leve que pairava sobre a clareira onde estavam. Draco se repousou no espaço ao lado e deixou a cesta acima da cabeça dos dois. Ficaram assim um tempão, em silêncio. Ambos não estavam felizes com aquela situação, mas fora opção deles ficarem juntos e enfrentarem qualquer coisa que acontecesse, inclusive, a situação desconfortável que vivenciavam há algumas semanas na escola de magia.

– Harry – iniciou Draco, ainda olhando para o céu.

– O que foi? – respondeu o outro, também ainda contemplando o ambiente ao redor dos dois.

Draco se levantou e ficou sentado, cruzando suas pernas. Ele ajeitou seu cabelo e olhou para Harry, que deslocou os olhos em sua direção.

– Acho que essa situação está insustentável – prosseguiu com um pouco de esforço.

Harry tornou seus olhos novamente ao céu, sem mudar sua expressão. Lentamente, ele começou a se levantar e a se sentar, mantendo uma das pernas esticadas e flexionando a outra, apoiando seu braço em cima da mesma. Ele parecia querer ganhar algum tempo para pensar no que responder ao outro.

Ele limpou a garganta e decidiu iniciar seu discurso.

– Está feito. Nós dois escolhemos isso. Agora todos já viram nós dois juntos e os comensais já sabem de sua traição – Harry falava sem olhar nos olhos de Draco.

– Eu sei, mas – ele se perdeu em suas próprias palavras e decidiu não continuar com aquilo.

Permaneceram anos como inimigos e agora estavam juntos. Já havia se passado muita coisa desde que decidiram viver o seu romance. O encantamento para que Harry esquecesse tudo, o roubo da Horcrux... e sobreviveram. Por que diabos seria tão difícil aguentar aquilo? Talvez fosse melhor ter deixado tudo como estava antes de mostra-lo as memórias dele e de Hermione.

– Nós vamos conseguir superar isso também – Harry passou a mão pela coxa de Draco e sorriu, olhando-o em seus olhos.

Draco não sabia como se portar ou agir. Por isso, apenas abraçou o moreno e ficou em silêncio, tentando se livrar de todo e qualquer pensamento que pudesse assombrá-lo.

xXx

Os dias foram se passando e a poeira começou a baixar. Já estava se tornando algo comum demais ver Draco e os outros grifinórios – e Luna - pelos corredores de Hogwarts. As piadas foram perdendo a graça e a frequência com que eram feitas, algo que estava deixando aos dois jovens apaixonados muito felizes e satisfeitos.

Um dia, após a aula de Poções do professor Slughorn, Hermione fora a biblioteca pegar alguns livros para estudar e convidou Draco para juntar-se a ela. Desde o dia em que conversaram na casa da Ordem, Draco e Hermione estavam bem mais próximos, amigos. Ron sentia um leve incômodo com aquela situação, mas deixava de lado, pois sabia que Draco não estava interessado nela. Após saírem da biblioteca, os dois se sentaram no pátio de transfiguração para pegar um pouco do sol matutino e começaram a conversar.

– Draco, está acontecendo algo com você? – perguntou Hermione, com os olhos fechados e o rosto na direção do sol fraco.

– Por que está me perguntando isso? Harry pediu pra você? – respondeu o outro, olhando para a menina.

– Na verdade, não – ela abriu os olhos e virou-se para ele – Percebo que há algumas semanas o clima tem estado estranho entre vocês – continuou.

– Estranho...?

– Você sabe – ela parecia meio sem-graça – no começo vocês eram cheios de gracinhas e coisas do tipo. Hoje em dia mal se falam, apesar de ainda estarem juntos – ela parou e mudou o tom da sua voz para algo mais baixo, suave – não parecem mais um casal de namorados.

Draco abaixou a cabeça e murmurou. Estava visível até para os outros que estava algo errado entre eles. Todavia, apenas Draco sabia o que se passava em sua cabeça.

– Eu acho que estragamos tudo – ele suspirou.

– A que se refere? – indagou.

– Os comensais já sabem de tudo, não posso voltar pra minha própria casa. Talvez peguem os meus pais e usem como reféns para me atrair e, consequentemente, Harry. É tudo uma questão de tempo – ele pausou – não sei como ainda não o fizeram.

Hermione assentia enquanto ele falava. Após ouvir seu amigo terminar de falar, ela repousou uma das mãos em seu ombro e acariciou-o.

– Imagino que deva ser complicado. Mas por que isso lhe incomoda a ponto de afetar sua relação com Harry?

– Porque Ronald estava certo e nós não quisemos acreditar. Eu só faço mal a ele. Como eu disse, vão usar a mim e a meus pais como isca para pega-lo e, se os conhecemos bem, sabemos que ele irá morder.

Hermione engoliu a seco.

– Já teve a sensação de querer voltar ao passado e consertar tudo o que você fez?

Granger ficou estática. Acabara de ter um insight. Era óbvio, não era? A resposta de toda aquela confusão estava ali. Quer dizer, voltar ao passado era a chave de tudo. E ela sabia como fazê-lo, mas seria perigoso demais. Será que valeria mexer com o tempo apenas para salvar o relacionamento de seus amigos? Não, não se tratava disso. Era algo maior. A vida de outras pessoas corria risco. Tudo bem que Lúcio e Narcisa não faziam tanta diferença para ela – especialmente Lúcio – mas, além de serem pais de um de seus amigos, a vida de Draco e Harry também estavam ameaçadas.

– Hermione? – disse Malfoy, passando a mão na frente do rosto da garota.

– Perdão – respondeu, voltando a si – me perdi em alguns pensamentos.

– Você promete cuidar do Harry e impedir que ele faça qualquer besteira caso algo aconteça a mim?

O loiro olhava para a menina, sério, com a expressão vazia. Ela não sabia o que ele estava querendo dizer com aquilo.

– No que você está pensando, Draco? – ela se levantou e parecia preocupada.

– Em nada. Quero apenas que você me prometa. Temos que aceitar os fatos e no que pode acontecer – ele também se levantou e ainda olhava para ela.

– Eu prometo – ela o abraçou e respirou profundamente.

E com aquilo, Granger foi se deitar no fim daquele dia. Ela ainda possuía o vira-tempo e poderia usa-lo em casos de extrema necessidade. Será que esse era um deles? Ela já fora alertada por Dumbledore, em seu terceiro ano, que coisas horríveis aconteceram a bruxos que mexeram com o tempo.

Ela se virou uma vez na cama.

Fora isso, Harry também sabia do objeto e nunca cogitara usa-lo, porque talvez fosse uma ideia realmente idiota. Isso poderia mexer com tudo, inclusive com o momento em que ela estava. Hogwarts poderia não ter suportado o ataque e ter sido destruída. Ou, dependendo de onde eles voltassem, alguém poderia ter morrido na mansão dos Malfoy. Entretanto, ela, de alguma forma, ainda achava que aquilo poderia ser uma boa ideia. Voltar ao ponto em que Harry não se lembrava de nada? Ou apenas voltar o suficiente para que pudessem pensar em outro plano que não expusesse tanto a Draco?

Ela se virou mais uma vez e acabou adormecendo em meio a seus pensamentos.

Ela acordou cedo no dia seguinte e seguiu sozinho para o grande salão. Talvez comer em algum canto isolada, lhe desse tempo para pensar o suficiente e chegar à uma conclusão plausível, o que no momento, parecia completamente inviável.

Era preciso conversar com alguém sobre isso. O próprio Harry não parecia uma boa opção. Com certeza ele diria que aquilo era uma das coisas mais absurdas que já ouvira e nunca concordaria em usar o vira-tempo. Já Draco, era parcial demais. Estava se sentindo culpado o suficiente para voltar à época em que Harry não se lembrava de nada, mas o clima continuaria chato e, sabe-se lá o que teria acontecido se não soubessem da invasão. Ron, por sua vez, também poderia ser parcial demais e não ser justo quanto ao uso – ou não – do objeto mágico. Então, com quem conversar?

– Bom dia, Hermione – disse Luna, se sentando ao seu lado.

– Bom dia, Luna – respondeu a garota, sem prestar atenção.

– Você parece triste. Gostaria de conversar sobre isso? – perguntou Luna, com a expressão serena.

A pergunta soou como um clique na cabeça de Granger. Ela se voltou para Luna e iniciou:

– Você já teve vontade de voltar ao passado e mudar alguma coisa?

– Como assim? – Lovegood parecia confusa.

– Você sabe, mudar alguma coisa que você fez e ver se o futuro seria melhor – Herminou tentou demonstrar algum descaso.

– Bom, senhorita Granger, esse é um assunto complicado. Mas eu acho que já pensei nisso algumas vezes – comentou.

– Mesmo?

– Sim, penso que poderia ter evitado a morte da minha mãe se já soubesse que algum de seus experimentos daria errado – Luna deu uma colherada do pudim que estava comendo.

– E você acha que estaria mais feliz agora por isso? – Hermione tomou um gole de seu suco de abóbora.

– Talvez sim, talvez não. Ela poderia ter morrido de outra coisa depois. Nunca se sabe, não é mesmo?

Hermione assentiu. Luna estava certa. Mesmo que eles voltassem no tempo e mudassem alguma coisa, será que seria o suficiente para que tudo ficasse bem no futuro?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, estou meio que sem criatividade quanto ao rumo da história. Tenho algumas ideias em mente, mas nada escrito. Caso vocês tenham vontade de opinar sobre o que gostariam de ver acontecer na história (excluindo a possibilidade de lemon, haha) eu ficarei lisonjeado em ler e, talvez, incluir nos próximos capítulos. Inclusive, porque o fim da história está realmente se aproximando. Com base nas minhas ideias atuais, a fanfic deverá terminar por volta do capítulo 20.

Enquanto o capítulo não é postado, que tal dar uma lida na minha outra fanfiction que já está finalizada e terminando de ser postada? Se chama PERMANENTE e é de personagens originais (ela é Yaoi e tem Lemon, seus tarados): http://fanfiction.com.br/historia/464945/Permanente/

Aguardo os reviews de vocês. Um abraço!