Acordei, achando que tudo foi um sonho. Não poderia ser real, poderia? Eu nunca contaria para ninguém! E Alex...ele não está apaixonado por mim! Argh, é muito clichê para ser real!

Abri os olhos e percebi que estava na maca. Viu? Um sonho. Somente isso. Olhei para o lado, e sorri. 

Ally estava dormindo no colo de Emma com uma cara de anjo, não existe uma pessoa mais fofa que a Ally. Eu senti meu estômago revirar. Por quanto tempo elas deviam estar me procurando? Será que elas chegaram a pensar que eu...

Bem, acho que sim. Eu mesmo pensei nisso. Talvez fosse melhor. Não era isso que eu sempre quis? Deixar de atrapalhar a vida dos outros e deixar viver  sendo esmagada pelo mundo? Eu não queria morrer o mais rápido possível? 

Agora, parece que algo me segura aqui na terra. Parece que as pessoas com quem eu convivo me incentivam a viver. Quando eu os vejo sorrindo, brincando, sendo felizes, a vida não parece tão ruim.

Não parece, mas para mim é. Acho que isso é muito depressivo, mas eu sou uma pessoa depressiva. Nada dá certo para mim, nada. 

Ally abriu os olhos e me encarou. Aqueles olhinhos verdes assustados e sonolentos.
- Lu? - Ela perguntou esfregando os olhos. 
- Sim? 
- Nós pensamos que você tinha morrido - ela parecia surpresa pelo fato de eu estar viva. Parecia estar certa de que eu morri, e tinha voltado a vida. - O que aconteceu? Você não morreu?
- Não - eu disse segurando um sorriso.
- Ah, que bom - ela se sentou e bocejou. - O Alex disse que você conseguiu dormir a noite toda. Eu pensei que você tinha morrido.

Eu corei. Tá, ele dormiu aqui? Ah, não foi um sonho, não foi um sonho...não sei se isso é bom ou ruim.
- Porque você ficou vermelha? - Ally perguntou com uma sobrancelha levantada, o que eu acharia fofo, se ela não estivesse rindo de mim.
- Eu não estou vermelha! - Eu menti. Eu sabia que estava vermelha, mas não admitiria.
- Ah, está sim - disse Alex que entrou na sala do nada. Ally sorriu para ele, como se estivesse agradecendo por ele dizer que eu estava vermelha. Grande amiga a Ally...
- Oi Alex! - Ela disse abraçando ele, que pareceu surpreso, mas a pegou no colo. 
- Oi Ally, como vai? - Ele disse colocando ela no chão. 
- Bem! Cadê seu irmão? 
- Em casa. Mas, vou buscar ele amanhã e levar para sua casa, tá? - Ela assentiu saltitante.

Eu olhava para eles surpresa. Desde quando eles eram tão próximos? Eu sou a irmã da Ally, não o Alex. Eu hein...
- Caham. Eu estou aqui também, tá? - Alex olhou para mim e deu um sorriso sarcástico.
- Eu vi.

Eu levantei as sobrancelhas para ele e cruzei os braças, ele sorriu de novo e sussurrou alguma coisa para Ally que sorriu para mim.
- O que foi Ally? O que ele disse? - Eles continuavam rindo.
- Ele disse que...

A porta se abriu violentamente, e Ian, Helena, Diana e Jake entraram, conversando tão alto que pareciam estar discutindo.
- ...você é um imbecil, Jake - Diana me olhou e deu uma corridinha até a minha maca para me abraçar. - Ah, sua filha da puta! Eu pensei que você tinha morrido! - Ela tinha lágrimas nos olhos, e eu percebi que ela estava realmente preocupada. 
- Não, eu não morri, não é incrível? - Eu perguntei tentando sair daquele clima triste. 
- É! Eu senti sua falta Lu. Foi preciso ser atropelada para voltar a falar com a gente? - Perguntou Helena, que parecia estar mais animada que o normal.
- Sim, foi - falei fazendo um tom irônico. - Vocês são saco, mas eu preciso de alguém que me leve para o cinema, não posso mais ir sozinha, então, vocês são a minha única opção.
- Gente sincera é uma benção - disse Jake que estava sentado na poltrona do lado da minha cama. - Como vai Luce?
- É...bem. Pernas quebradas, falta de ar, uma dor de cabeça do inferno...é, tudo bem. - Todos riram.
- Shhhhhh - fez Ally. - Minha mãe está dormindo!
- Ah, desculpa Ally, esqueci que Emma estava aí. - Eu expliquei.
- Quando você sai Lu? - Perguntou Ian.
- Amanhã - Alex respondeu por mim.
- Amanhã? Sério? - Eu falei com mais entusiasmo do que eu queria.
- Sim, eu falei com o seu médico. Amanhã você sai, mas, ele disse que você vai ter falta de ar constante se não andar de cadeira de rodas. 
- Cadeira de rodas? - Eu perguntei quase gritando. - Sem chance!
- Ah, Luce, eu te ensino algumas manobras, depois de um tempo fica legal, todo mundo te carregando por aí...- disse Alex rindo. Eu fiz uma careta para ele.
- Que tal um cinema amanhã? - Perguntou Diana animada.
- Ah, não - disse Ian logo depois. - Só se você não escolher filme.
- É, você escolhe filmes muito gays - disse Jake encarando Diana com um sorriso. Ele cruzou os braços e fez uma cara de raiva.- Não adianta insistir, querida.
- Não me chama assim, babaca.
- Argh, parem com essa bobeira, dá vontade de vomitar com essas demonstrações de afeto. - Disse Alez fazendo uma careta.
- Viu Diana, meu amor? Para de babar por mim - disse Jake jogando os cabelos pretos para trás.
- Vocês são namorados? - Perguntou Ally. Todos caíram na gargalhada, menos Diana.
- Não tem a menor graça - ela disse. - Não Ally, nós não somos namorados, não somos nem amigos.
- Ah, querida, para de mentir para a pobre criança - falou Jake com uma voz fofa. - Nós somos noivos, Ally. Vamos nós casar do mesmo jeito que a sininho casou com o capitão gancho.
- A Sininho não casou com o capitão gancho! - Reclamou Ally.
- Exatamente!
- Ah, foda-se - disse Jake dando de ombros.
- JAKE! - Gritou Diana. - Para de xingar perto da Ally.
- Jake pare de xingar perto da Ally.- Imitou Jake.

Eles continuaram discutindo, enquanto todos riam. Alex se aproximou de mim e sentou na ponta da cama.
- Tudo bem? - Ele perguntou.
- Sim, porque não estaria? - Eu perguntei encarando ele.
- Não sei.
Silêncio.
- Lu...você sabe que, tudo que eu te disse ontem e verdade, não sabe? 

Eu engoli o seco e assenti. Ele segurou a minha mão, e apertou, eu apertei de volta, ele sorriu.
- Você realmente sente o mesmo? - Ele me perguntou.
- Alex, eu...
- Oi Lu! Graças a Deus você está bem! - Disse Lindsey entrando no quarto.
Ah, droga, esqueci da Lin.