A aposta. escrita por Holden


Capítulo 22
Uma realidade oculta.- Constelações.


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada: Esse capítulo é dedicado a Luana e a Hellena por terem me mandado recomendações perfeitas *uuu* Sério, não consigo acreditar ♥ Ficaram lindas!
Ah sim, também quero pedir desculpas pela demora, mas o capítulo não saia de forma alguma... Sim T-T Sei lá, eu não fazia ideia do que era escrever cenas um tanto mais românticas. E tipo, é muito mais fácil escrever cenas de comédia. Mas ele finalmente saiu o/
Enfim, sem mais delongas, boa leitura *u*

PS: É só o meu perfil que ta todo bugado?












Deixem reviews ♥



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  O jeito como Jeremy avançava sobre mim e deslizava sua boca de encontro a minha, deixava-me completamente extasiada. Sempre preferi os selvagens, mas esse demônio superava tudo. Suas mãos seguravam fortemente meus cabelos os puxando para cima enquanto eu levantava sua blusa deixando seus músculos definidos e quentes em cima de mim.

  Sei que cairia em mim a qualquer momento, que empurraria aquele otário para longe, que o faria bater a cabeça no mármore e tacaria tijolos nesse rosto... Esculpido?

  Mas foda-se tudo isso. Eu estou apaixonada por Jeremy Johnson. Completamente.  Irracionalmente. Perdidamente.

  E eu me odeio por isso.

- Jane.- ele sussurrou ainda mordendo de leve meus lábios se afastando calmamente.

  E eu também odeio quando ele faz isso.

  Fechei os olhos e suspirei pesadamente, enquanto passava as mãos sobre meus cabelos e tentava ajeitar os pensamentos. Arrumei-me na cama que estava com os lençóis parcialmente bagunçados e fitei o garoto curiosamente, enquanto o mesmo ajeitava a camiseta amassada e bagunçava os fios castanhos claros.

- Você é louco.- indaguei olhando para um ponto qualquer do quarto e sorrindo que nem uma idiota.- Sabia que é uma falta de respeito agarrar pessoas em hospitais?

- É?- murmurou lentamente se sentando em uma brecha da cama puxando-me para o seu lado e deixando minha cabeça recostada sobre seu peito.- Você não me pareceu nem um pouco ofendida.

- Panaca.- rosnei enquanto batia no seu ombro com um pouco de força fazendo-o rir.

  Ele suspirou e um breve minuto de silêncio pairou sobre nós.

- Sabe que isso é loucura, não é?- falei momentos após o silêncio, ainda com os olhos fechados e a face enterrada sobre seu pescoço, por conta da vergonha.

  O garoto apenas acenou positivamente e levantou um pouco meu rosto, fazendo com que nossas testas colassem, e sua respiração refrescante batesse de leve sobre mim.

- É uma loucura que eu quero cometer.- sussurrou roucamente no pé do meu ouvido e passou o polegar levemente sobre as maçãs de meu rosto, que a este momento estavam coradas, tirando uma mecha insistente que recaía sobre meus olhos.

  É, e eu não sabia mais o que fazer.

  Deixa eu te contar uma coisa. Quando alguém (eu) constrói uma barreira se distanciando do mundo e das pessoas, a intenção dela é provavelmente, ficar longe do mundo e das pessoas (hur dur).

  Mas quando outro alguém (Jeremy) chega perto da minha barreira (na qual eu não permiti que ninguém ultrapassasse) e a destrói apenas com um soprinho miserável, me deixando dependente de sua presença, de seu jeito, de suas manias, é óbvio que minha primeira intenção seria recuar.

  E eu não fiz isso.

  Pelo contrário, eu estava dando uns amassos nele numa cama de hospital. Assumindo para mim mesma sobre estar caidinha aos seus pés.

  O que é lamentável.

  Ouvi a porta sendo destrancada, e, por instinto, empurrei o corpo de Jeremy para o chão, o mesmo grunhiu de dor, porém, levantou-se rapidamente, tentando disfarçar, enquanto o mesmo doutor entrava com sua velha prancheta em mãos.

- Tirando o fato de estar quase com um buraco negro no estômago... Acho que está melhor.- disse dirigindo-se a minha recusa da comida de hoje mais cedo e sem nem sequer nos cumprimentar. Porém esboçou um sorriso torto e voltou a anotar no caderninho.- Olá também, Jeremy.

- Como vai doutor?- o garoto tentou disfarçar seu mau-jeito com um sorriso sem-graça nos lábios.

- Aqui estão suas vinte pratas.- ignorou a pergunta anterior e entregou  uma nota para o demônio, que apenas acenou e a surrou no bolso.

  Ah, sim, minha saúde lixo. Havia esquecido.

  Leni e Henri voltaram alguns minutos depois, pareciam bem alegres. Assim que a loira viu Jeremy um clima estranho pairou sobre o ar. Ficaram quietos e não se dirigiram a palavra. Estranhei e decidi que depois obrigaria um dos dois a me dizer o que estava acontecendo.

  Enfim, meu pai não sabia do meu suposto “acidente”, mais uma vez a garota havia me acobertado e deu a desculpa de que dormi na casa dela.

  Se eu fosse minha própria amiga, jamais olharia na minha cara novamente.

  Uau, mais dramático que isso não há.

  No final da tarde, fui liberada e Jeremy se voluntariou para me levar pra casa. E é óbvio que isso não aconteceria. Quero dizer, do fato de voltar pra casa.

  O percurso todo foi feito em silêncio. Nunca seu apartamento luxuoso pareceu tão longe.

- Então...- limpei a garganta para continuar a falar.- O que houve com você e com a Leni?

  O garoto arqueou a sobrancelha de uma forma sexy e seu olhar pairou sobre mim momentaneamente. Voltando ao volante logo em seguida.

- Não quero continuar com isso.- respondeu em alto e bom som. Mais sério impossível.- Sabe, Leni é legal... Adorável...

- E?- o interrompi, querendo ir direto ao ponto.

- E... Que ela não é você, oras.- falou da forma mais natural possível, ainda prestando atenção no trânsito.

  Ótimo, alguém decidiu fazer uma apresentação de sapateados no meu estômago.

- Claro, isso acontece direto.- tentei descontrair o clima ainda com a cabeça recostada sobre o vidro escuro da janela.

- Está um tanto convencida, não?- inquiriu.

- Como você?- ri.- Nunca.

  Rimos rapidamente e Jeremy dirigiu por mais alguns minutos, até chegarmos a seu apartamento. O céu era tomado por um tom alaranjado e algumas estrelas já eram visíveis. É óbvio que anoiteceria daqui a pouco, e com a chegada dela, viria o frio.

  O garoto entrelaçou seus dedos nos meus, e acenou para a secretária para que nos deixasse entrar. Mesmo já tendo beijado ele... Duas vezes? (ho ho, profissional) Sua pele em atrito com a minha, ainda me deixava incrivelmente vermelha. Sim, sim, eu não sou tãão durona assim. Mas era a primeira vez que isso acontecia.

  Com isso, quero dizer apaixonar-me.

  E mesmo tendo confirmado essa tese á dois dias e meio para mim mesma, digo que é muito bom.

  Sendo ruim também. Por que convenhamos... Tremer só com o cheiro da pessoa é uma droga.

  Uma droga pela qual estou terrivelmente dependente.

  Após destrancar a porta luxuosa e a abrir relaxadamente, entro timidamente no local (pela qual já passei 80% das desgraças de minha vida) e sou surpreendida por uma música um tanto romântica, bem baixinha soando no local.

  De repente, uma Tiffany sai da cozinha, com um vestido azul elegante, mas ainda sim um pouco curto, deixando suas coxas bem torneadas á mostra, e um decote bem convidativo também. Seu cabelo loiro estava devidamente bonito em um rabo de cavalo alto, e calçava uma sapatilha delicada branca com alguns detalhes floridos.

- Jemy, preparei o jantar para nó...- o sorriso que se formou a pouco tempo sobre os lábios avermelhados e sexy’s foi substituído por uma expressão frustrante e raivosa assim que seus olhares repousaram sobre mim.- O que faz aqui?- perguntou com desdém cruzando os braços esperando uma resposta à altura.

- Veja, estou viva.- respondi de prontidão a encarando com nojo.

- Hã?- questionou-me fingindo uma expressão de quem não entendia a situação.- Você é louca mesmo! Soube disso desde o primeiro momento que a vi!

  Sorte a minha que não carregava um revólver.

- Ei, ei, ei.- Jeremy colocou-se entre nós.- Chega!- sua voz grossa e segura, saiu mais alto que o esperado, fazendo com que a loira arregalasse os olhos para sua direção e baixasse um pouco a bola.

- Desculpe.- ela murmurou o olhando como um cachorrinho molhado.- Fiz o jantar, deve estar com fome.

  Mesmo assim, o olhar autoritário dele ainda pairava no ambiente.

- Obrigado Tiffany, mas não estou com fome.- limpou rapidamente a garganta, entrelaçando novamente seus dedos nos meus.- Jane sim, ela não comeu durante o dia todo.

- Ah.- seu olhar piedoso pareceu ir embora bem rápido, substituindo-o pela indiferença.- Claro, venha comer.- respondeu secamente.

- Vou tomar um banho.- o garoto chegou perto de mim, sussurrando em meu ouvido, fazendo com que meus malditos arrepios surgissem.

  Observei-o subir as escadas calmamente até sumir na escuridão. Olhei de relance para Tiffany que fitava suas unhas decoradas satisfeitas, e caminhei até a cozinha.

  Ok, eu detesto admitir isso, mas a maldita cozinhava muito bem.

  Nunca comi um macarrão com queijo tão viciante assim.

  Repeti a refeição duas vezes, e em seguida, o mousse de chocolate com morango.

  A garota não me dirigiu à palavra, apenas assistia um canal qualquer na TV, e de vez em quando mudava os programas entediada. Assim que me levantei da mesa da cozinha, e sentei no outro sofá, bem longe da mesma, Tiffany levantou-se e me deu as costas, indo até a escada e subindo o primeiro degrau.

  Antes de sumir, murmurou:

- Se você quer saber, fiquei muito chateada por você não ter morrido.- e por fim saiu dali, fechando uma porta com força,- provavelmente a do quarto de hóspedes.

  Estremeci com tais palavras e me encolhi um pouco mais no sofá aconchegante.

  Qual o problema daquela piranha azeda, afinal?

  Decidi esquecer essa maníaca, e tentei prestar atenção em um filme de suspense que passava.

  Tentei.

  Aquela musiquinha irritante de mistério, soava no local, e o homem do filme, caminhava em um esconderijo, escuro e molhado, procurando um tal mapa, que era um item perdido para alguma sociedade futurística. Sei lá, não entendi direito.

  Novamente, um barulinho surge ao fundo, chamando o cara, para que ele se aproximasse da completa escuridão. Após isso, a tela ficou parcialmente escura, e a voz do moço sussurrou:

- Vo-você?

  E finalmente, sinto algo segurar fortemente minha cintura, gritando em seguida no meu ouvido:

- BU!

  Ai meu deus.

- AAAAAAAHHHHHHHHHH!!!- tentei me desprender das garras de algum ser demoníaco e acabei de cara no chão.

  De repente, risadas pesadas tomam o ambiente.

  Jeremy.

- Seu filho de uma égua!- gritei enquanto me levantava e atirava todas as almofadas que encontrava para cima dele.

- Você é maluca!- indagou desviando dos objetos e não parando de rir em momento algum.

- Otário!- ok, as almofadas acabaram.

  Parti com tapas pra cima dele, mas de alguma forma, o demônio tentou se desviar e segurou meus pulsos, com certa força, mas um pouco desengonçado, nos levando para o chão no momento seguinte.

  Dessa vez, eu havia ficado por cima de seu corpo másculo, e logo percebi que o mesmo só usava uma calça moletom da cor preta. Sem... Nenhuma... Blusa.

- Idiota.- rosnei pela última vez, e senti seus dedos percorrerem até minha nuca, segurando com força meus cabelos castanhos, e sorrindo logo em seguida.

  Quase que mecanicamente, apoiei uma mão no chão, ao lado de seu corpo e com a outra, massageei de leve sua bochecha, comprimindo nossos lábios logo em seguida. De vez em quando, o ar faltava e tínhamos que parar com os beijos momentâneos, e, em quanto isso o garoto distribuía leves mordidas sobre meu rosto e pescoço, deixando-me mais arrepiada do que o normal.

- Ei.- sua voz rouca fez com que eu abrisse os olhos rapidamente e encarasse aquela imensidão azul chamativa.- Posso te mostrar uma coisa?

  Repousei novamente, meus lábios nos dele dando um selinho de leve e sorrindo de orelha a orelha.

- O que quiser.- respondi com nossas testas ainda coladas.

  Afastamo-nos lentamente, e ele me ajudou a levantar. Em seguida, guiou-me até seu quarto, trancando a porta logo em seguida. Caminhou até uma pequena escada no canto, e finalmente, destrancou uma abertura no teto, esticando a mão para que eu o seguisse.

  Fiquei um tanto boquiaberta e admirada.

  A pequena entrada dava em direção do térreo, e o céu era tomado por estrelas e uma lua cheia maravilhosa. Mal me dei conta quando escureceu.

  Ainda com os meus dedos em volta dos seus, caminhamos, quase até a ponta, e pude observar a cidade iluminada e bonita. Um vento gélido bateu de encontro ao meu rosto, bagunçando os fios de meu cabelo, os deixando mau-arrumados.

- Sabe, eu adoro ficar aqui.- sua voz, finalmente quebrou o silêncio entre nós, fazendo com que eu o olhasse e não podendo impedir um sorriso largo de minha parte.

- É lindo.- respondi em um tom baixo, virando novamente em direção da paisagem.

  Ficamos mais um tempo ali, até Jeremy sentar-se no chão gelado e apontar a mão para mim, para que eu o acompanhasse nessa loucura.

  Deitei ao seu lado, com a cabeça recostada sobre seu peitoral quente, que a todo o momento subia e descia. Ele, por sua vez, beijou o topo de minha cabeça, e abraçou minha cintura com certa força. Fazendo com que meu corpo se encaixasse perfeitamente no dele.

- Parece verdade?- sussurrei ainda com a face recostada em seu peito.

- O que? Estarmos em um térreo, em uma noite fria, comigo só de moletom, sendo que há uma hora você queria me matar?

- Basicamente.- concordei.- Você estraga com a magia da coisa.

  Rimos logo em seguida, e eu fui obrigada a adormecer ali, já que meus olhos denunciavam minhas olheiras e o sono deplorável que me atingiam.

  É, esse provavelmente foi o domingo mais anormal de todos.


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