A aposta. escrita por Holden


Capítulo 15
Rave na praia.- Todos chapadões.


Notas iniciais do capítulo

ashuashua pensei o título na hora, então me desculpem por isso ;-;
Desculpem também pela demora, espero que não tenham me abandonado ♥ Sem mais delongas, boa leitura o/







Deixem reviews ♥



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  Ah qual é! Uma falta não deve ser tão ruim assim. É a primeira desde a volta as aulas, no ano anterior, quase repeti por conta de 87 faltas... É... estou no caminho errado de novo.

  O duro é que eu nem ligo pra essa merda toda. Mas fui intimada a NÃO faltar pelo meu pai, e também pela minha mãe que encheu minha cabeça quando me ligou do Texas. Estou ferrada, já que qualquer furada na bola... Digo adeus a minha mesada, e olha que ela nem é tão alta assim.

  Eu sei, viver é uma droga mesmo.

- Chegamos.- Jeremy acordou-me de meus desesperos pessoais e estacionou seu carro altamente invejável quase em frente de minha casa.

  É, se meu pai o visse provavelmente me encheria de perguntas pelos próximos trocentos anos. E se fosse Jack, me ameaçar até me deixar na rua da amargura.

- Quer que eu te deixe no portão?- perguntou com seu típico sorriso torto e safado... Que eu particularmente amava. Foco Jane! Foco.

- Não.- respondi rapidamente.- Ér... Valeu pela carona.- tentei sorrir, mas acho que ficou parecendo uma careta.

  Eu me odeio.

- Então, até mais baby.- destravou minha porta enquanto me observava sair lentamente dali.- Não fique grávida por aí.

- Panaca.- rosnei antes de bater a porta do seu invejável-vocês-sabem-o-que e sair andando com uma apressa anormal dali.

  Qual seria a melhor forma de morrer? Eu realmente acho que um tiro no cérebro é mais rápido e praticamente indolor... Mas, provavelmente não temos uma arma em casa. Talvez papai tente com um facão de cozinha ou um abridor de latas... Pior! O cortador de grama é meio que macabro demais... Drama? Um pouco.

  Tirei a chave do portão de meu bolso e, com o mínimo de barulho possível o abri lentamente. Bisbilhotei antes de entrar e logo, corri para dentro.

  Sala vazia. Estou estranhando essa sorte toda.  

  Tirei minhas sandálias com cuidado, e, na ponta dos pés fui subindo degrau por degrau na escada. No último degrau, já estava suspirando de felicidade. Já pensou o quão cômico seria se alguém chamasse meu nome na última hor...

- Jane?

  Desisto.

  Virei-me com cuidado... Lá estava meu pai. Com a cara menos agradável possível do mundo.

- O-olá papi.- sorri com animação... como se isso adiantasse.

- Posso saber onde dormiu ontem, senhorita Woods?- perguntou com a voz mais autoritária de todas.

  Num motel de quinta, em uma noite chuvosa com uma barata de olhos azuis. Ah, fui assaltada também, sem contar que fingi uma gravidez especulando ser uma prostituta. Mas obrigada pela consideração.

- Hum... Na casa da Leni?- murmurei dando mordidas fortes no meu lábio inferior, já sentindo o gosto de sangue. Como faço pra sumir daqui mesmo?

- É mesmo? Eu liguei pra lá e a mãe dela atendeu, disse que você havia sumido fazia um bom tempo, e que nunca mais apareceu por lá... Por que está mentindo há dias? Aliás, nem com o uniforme da escola você está!... Por acaso andou faltando?- arqueou as sobrancelhas cruzando os braços logo em seguida, aguardando uma resposta aplausível.

- Pai... Escuta...- sussurrei já sentindo um nó se formar em minha garganta.

- Ela estava me ajudando no trabalho de biologia pai.- mas o que? Olhei para trás... E lá estava Jack com seu camundongo gigante, fitando-me com um sorriso vitorioso nos lábios.- Aliás, deu até aulas particulares pra minha turma. Dormiu na casa de uma amiga minha para finalizar o projeto... Tenho certeza que tirarei a nota máxima na feira de ciências.- encerrou com uma pose heróica. Mas que merda era aquela?

  Meu pai virou-se para ele como se investigasse suas feições. E finalmente pareceu bem convencido, já que, diferentemente de mim, Jack era muito bom em improvisos e mentiras bem boladas.

- Isso é verdade Jane?

- Hã? O que?- não falei? Por mais que adoro mentir, sou péssimas em inventá-las.- Ãhn... É claro! Jack tem toda razão!... Eu... Achei que não me deixaria ajudá-lo por isso não contei nada. Desculpe por toda essa confusão, pai.

- Se é assim.- e sorriu por fim.- Está tudo bem, mas não façam isso novamente.

- Sim papai.- ambos respondemos ao mesmo tempo. Eu tenho medo disso, sérinho.

  Subi quase que correndo desesperada para o meu quarto, porém, o pirralho foi mais rápido e chegou primeiro. E olha que estava com um parasita em mãos.

- Não pense que vai fugir, Marie.- ele me chamava assim quando queria alguma coisa ou quando me chantageava.- O que eu fiz foi algo muito bonito... Mas não pense que vai sair de graça.- e sorriu de lado entrando no meu quarto sem ao menos pedir autorização.

  Como crianças de nove anos conseguem ser tão demoníacas?

- O que você quer seu pirralho?

- Não sou pirralho! Tenho dez e meio!- oh, grande adulto!

- Foda-se.- rosnei.- Diga logo e saia!

- Serei breve, por que não aguento passar tanto tempo nesse ambiente!- indagou calmamente.- Quero vinte dólares a cada mês até o final do ano.

- O quê?- berrei.- Seu aproveitadorzinho de merda!

- Não acabei.- sorriu maleficamente.- Meu quarto precisa ser limpo a cada duas semanas. Timmy não pode ficar em total sujeira, espero que não coloque veneno por aí... Senão eu saberei... E papai não ficará muito contente quando saber que você passou noites foras com o galanteador de quinta.

  Semicerrei os dentes e o empurrei para fora a força. Bati a porta com brutalidade, mas murmurei um “ta legal” forçado antes disso. Não sei o que é mais frustrante: Ser chantageada por uma criança de nove anos ou viver a base de leis quando já se tem 16 anos.

  Bati algumas vezes a cabeça na porta (não com tanta força, por mais que minha vida fosse uma bosta queria continuar vivendo) e em seguida, tomei um banho relaxante, pulando na minha cama e adormecendo logo em seguida.

                                                 *

  Já era quarta feira, não sei se Leni abandonou o trato, mas eu ainda tinha um tempinho para conseguir Jeremy para ela. Eles só estavam “ficando” até agora, por que eu a ajudei, nada mais justo continuar lutando pelas minhas $500,00 verdinhas.

- Jane!- o hippie se entusiasmou assim que me viu perto da entrada do colégio. Correu até mim e tirou-me do chão por milésimos de segundos para um abraço apertado e confortador.

- Uau!- murmurei tirando o cabelo de meus olhos e tentando o ajeitar um pouco.- Qual foi a última vez que lhe vi tão entusiasmado assim?- ri e revirei os olhos.- Nunca?

- É que... Sua vibe é contagiante.- indagou novamente com sua voz rotineira e entediada, tirou um cigarro do bolso e o acendeu colocando-o nos lábios.- Quer?- perguntou após algumas tragadas.

- Ãhn... Eu não fumo, é patético.- respondi secamente.

- Nossa, que consideração.

- Seus pulmões irão me agradecer um dia.- fiz uma careta ao ouvir o sinal soar agudamente.- Tenho que ir. Vemos-nos por aí?

- Na verdade...- começou timidamente passando as mãos e bagunçando seus fios escuros de cabelo.- Vamos organizar uma rave na praia próxima daqui... Acho que iria gostar, já que é apaixonada pela nossa cultura.

- Henri... Eu adoraria!- aproximei-me de sua bochecha e ali depositei um beijo calmo.- Até mais!- acenei já me distanciando.

- Até! Não fique grávida por aí!- ele e Jeremy estavam se encontrando?

  Duvido bastante dessa hipótese.

  Devo dizer que as aulas não poderiam ter sido mais chatas. Talvez mais do que o normal, já que eu particularmente acho a escola um tédio! O que a fórmula de Bhaskara vai ajudar no meu futuro miserável?

  Eu sei, minha auto-estima é frustrante.

  Jeremy e Leni continuavam na mesma putaria (desculpem o vocabulário sujo) no intervalo, naqueles beijos de línguas loucas e esfrega-esfrega . Patricinhas esnobes fuzilavam minha amiga com os olhares, fala sério, tudo isso por causa do Jeremy? Ele nem é tudo isso... Os olhos azuis deles juntamente com os fios castanhos claros nem são tão sensuais assim... O abdômen definido e levemente bronzeado nem é tão sexy desse jeito... E o... o... coisinho dele nem é...

  Ok, tudo que eu disse é mentira, o garoto é uma delícia, mas tem um cérebro de merda. Isso é um fato.

  O dia passou como uma lesma com sal por cima. Na realidade foi uma merda. Mas tudo bem, eu me esqueço de tudo isso quando o sinal de ida toca.

  Aliás, nada podia me abalar! Tinha uma rave a noite!

                                                *

  Mesmo estando um tanto afastadas, convidei Leni para a oportunidade de explorar mais uma vez o universo hippie. Ela me enrolou e logo deduzi que passaria a noite com o demônio sangue de barata. Que ótimo.

  Mas eu não me importei (nem um pouco, sério mesmo), decidi que curtiria a noite como nunca.

  Como era uma rave ninguém precisava levar o visual a sério. Coloquei um short curto (raro que eu tinha) e uma blusa folgada branca, escrito “fuck” em letrinhas coloridas, um chinelo florescente e pulserinhas também florescentes de baladas. Deixei o bendito cabelo solto e vazei antes que alguém me barrasse.

                                                  *

- Flor de lótus!- o hippie me chamou em meio a multidão, que.- acredite.- estavam com visuais bem piores que o meu.

  A praia era afastada, a noite estava gelada e logo me arrependi pelo short curto. Uma fogueira enorme, o som alto e o estressante cheiro de maconha inundavam o local com a essência hippie.

- Oi.- respondi num fiapo de voz. Um tanto envergonhada por estar ali.

- Está desanimada demais!- indagou um tanto alterado, mas ainda, sóbrio.- Vem, vamos pegar uma bebida.

- Henri, eu não bebo.- murmurei sendo arrastada pelo mais velho.

  Ele me ignorou totalmente, aproximou-se da barraquinha improvisada e pediu dois drink’s pra cada um. Aproximou-se novamente com um sorriso e me estendeu o copo.

- Façamos o seguinte.- começou.- Tome só um gole, se gostar pode continuar, ta bem?

  Suspirei pesadamente e peguei a bebida de sua mão. É só um gole! Que mal faria?

  Não sabem como me odeio por essa pergunta. Sempre da um mal tremendo.

  Após um gole e outro já estava completamente extasiada. Pedimos mais algumas doses, e logo mais, estávamos arrebentando. Dancei loucamente no meio a multidão e logo um garoto loiro e alto me puxou para alguns amassos. Não resisti e caí em seus lábios ferozmente. Distribuindo até mordidinhas durante os momentos. Mas fomos interrompidos, pois o mesmo caiu meio desmaiado na areia, acho que estava xapadão demais.

- Perdeu o ficante?- o hippie alterou a voz próxima a mim por conta do som alto, após dançar com algumas garotas.

- Infelizmente!- berrei com a voz alta já fora de mim.

- Não seja por isso!- puxou meu braço levemente, e, mais uma vez naquela noite colei meus lábios com os de alguém... Só que dessa vez foi diferente, eu realmente sentia algo por esse hippie, e infelizmente... Por Jeremy também.

  Estou virando uma rodada.

  Cara isso foi péssimo.


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