Crônicas Do Olimpo - O Mar De Monstros escrita por Laís Bohrer


Capítulo 5
O Menino-Jegue em Apuros! Corrida de Bigas Começa!




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Florida, eu acho.

Nunca estive lá para saber e... Por que que as letras estão cursivas? Ah... Estou sonhando? Então acho que eu deveria descrever este sonho não?

Algo me dizia que eu estava em algum lugar na Florida, Eu via Hansel correndo com seus tênis Converse nas mãos e seu boné preto, o que era mal, pois quando Hansel tirava os tênis, era que a coisa estava ficando preta, o estranho era que eu estava sonhando em preto e branco.

- Preciso avisa-los... Preciso Avisa-los... - murmurava o menino bode.

Eu tentei chama-lo para perguntar o que estava acontecendo, mas eu não conseguia falar, apenas deu tempo de ver quando Hansel virou para se esconder em uma loja de vestidos de noiva...

Então eu acordei. O Sol batendo em minha cara me irritava, sentia que estava morrendo devagar assim como a arvore de Thalia, lembrava a cada segundo minha situação atual, no dia anterior eu havia decidido que não iria participar da corrida de Bigas, não sabia se Jake ia, mas eu não me importava, ainda estava zangada com ele.

- Eu... Sou um monstro. - disse a voz de Tyler no beliche ao lado, o jovem ciclope se espremia em um cobertor já que este não cabia.

- Não diga isso...

- É Por isso que esta zangada?

- Não estou zangada com você. - falei. - É que... O Acampamento esta em perigo, eu briguei com um dos meus melhores amigos ontem... E Hansel... Oh meus deuses.

Me sentei na cama rapidamente.

- Tyler, lembra qual eram os números que aquelas velhas do táxi falaram? - perguntei.

Tyler fez cara de paisagem, como quem não havia entendido nada.

30, 31, 75, 12... Finalmente descobri o que significavam benditos números.

Mas eu tentei manter a calma e deixar a cabeça longe de problemas. Beatrice Rossetti me daria minha primeira aula de equitação de pégasos aquele dia, e claro, tentei ficar animada com isso.

- Há apenas um cavalo alado imortal chamado Pégaso- explicou ela. - Ele ainda vagava livre em algum lugar nos céus, mas com o passar das eras ele gerou uma porção de filhos, nenhum de fato tão veloz ou heroico, mas todos com o mesmo nome do primeiro e maior.

Sendo filha do deus do mar, jamais gostei de andar pelo céu. Meu pai tinha uma rivalidade com Zeus, portanto eu tentava permanecer fora dos domínios do senhor dos ares tanto quanto possível.

Mas a sensação de cavalgar um cavalo alado foi diferente. Aquilo não me deixou nem perto do nervosismo de estar em um avião. Talvez fosse porque meu pai criara cavalos da espuma do mar e, assim, os pégasos eram uma espécie de... território portátil. Eu conseguia entender seus pensamentos. Não ficava surpreso quando meu pégaso saía galopando pelas copas das árvores ou perseguia um bando de gaivotas para dentro de uma nuvem.

O problema era que Tyler também queria montar nos "pôneis-galinhas", mas os pégasos ficavam ariscos sempre que ele se aproximava. Disse a eles por telepatia que Tyler não iria machucá-los, mas eles pareciam não acreditar. Isso fazia Tyler chorar. 

As Unicas pessoas que não tinham problemas com Tyler, era Kim e Beckendorf do chalé 9. O deus ferreiro sempre trabalhara com ciclopes nas suas forjas, assim Beckendorf levou Tyler para o arsenal para ensiná-lo a trabalhar com metais. Disse que faria Tyler fabricar itens mágicos como um mestre num piscar de olhos. Isso deixou o ciclope animado, foi ai que eu dei um tempo para ele.

Mais tarde, depois do almoço, eu fui até a arena treinar com os filhos de Hermes e os indeterminados, e falando determinados.

Vocês se lembram do Haley? Aquele menino loirinho de olhos azuis que tinha nove anos? Bom, agora ele tem dez, eu o vi olhando para umas espadas como se ainda procurasse a perfeita para ele.

- Hey! Pirralho. - chamei. - Que Tal uma partida?

Ele me olhou como se não acreditasse que eu estivesse ali e me pegou desprevenida em uma abraço de urso.

- Voltei para te perturbar... - falei.

- Eu percebi... - ironizou. - Não sou tão lerdo quando você.

- Agora você esta levando as coisas para o lado pessoal... - falei. 

Eu treinei um pouco com os filhos de hermes e depois com os de Apolo, Travis me disse que talvez eu pudesse tentar lutar com os filhos de Ares ou Atena, pois eles estavam mais no meu nivel, não tinha problemas com os filhos do chalé 6... Exceto que nossos país são rivais então muitos deles não vão muito com a minha cara. E os filhos de Ares... Bom, no verão passado eu tive um problemão daqueles com o pai deles então... E também havia Jake, eu ainda estava bem zangada com ele e não queria vê-lo.

Lutei com Annie Summers que estava muito confiante, mas eu venci. Lutei com Will Solace, com Connor e venci a maioria. Eu me sentia bem colocando Anklusmos em ação novamente.  As pessoas diziam que eu era melhor nisso do que qualquer campista nos últimos cem anos, com exceção, talvez, de Luke. Eu era sempre comparada com Luke.

Eu ia às aulas de arco e flecha, muito embora fosse péssimo nisso, e não era a mesma coisa sem Quíron ensinando. Nas artes e nos trabalhos manuais, comecei a esculpir um busto de Poseidon, mas ficava tão parecido com Will Smith que eu desisti de vez. Escalava a parede de treinamento em nível de dificuldade máximo, com lava e terremoto.

Mas tarde Grover, o sátiro, tentava me ajudar com os poderes extras de Filha de Poseidon no lago de canoagem.

- Tá certo... Me Mostre o que você pode fazer. - disse ele despreocupado.

- Tem certeza? - perguntei. 

- É... Nada que possa me machucar. - disse ele.

Mostrei a ele que eu já conseguia controlar o tamanho das ondas se eu fizesse gestos com as mãos, mas mentalmente a onda saia descontrolada, o que fez Grover tomar um banho daqueles.

Mostrei também que eu podia andar na água, ou subir em ondas. Ele me disse que eu poderia causar pequenos terremotos, mas não achei boa ideia...

Ao anoitecer eu fazia a patrulha de fronteira. Muito embora Tântalo tivesse insistido em que esquecêssemos de tentar proteger o acampamento, alguns dos campistas mantiveram discretamente a vigia, montando uma escala em nossas horas vagas.

Eu me sentava no topo da Colina Meio-Sangue e observava as dríades indo e vindo, cantando para o pinheiro moribundo. Sátiros levavam suas flautas de junco e tocavam melodias mágicas da natureza, e por algum tempo as agulhas do pinheiro pareciam ficar mais encorpadas. O aroma das flores da colina ficava um pouco mais doce e a grama parecia mais verde. Mas, assim que a música parava, a doença tomava de novo o ar. 

Quanto mais eu ficava lá sentado, mais me enfurecia. Luke tinha feito aquilo. Eu me lembrei de seu sorriso dissimulado, da cicatriz de garra de dragão que atravessava seu rosto. Ele fingira ser meu amigo e todo o tempo fora o servo número 1 de Cronos. 

Mas nem era isso que me deixava mais zangada, Silena, abri a palma da mão observando a cicatriz que a filha de Afrodite me deixara... 

Com Cronos eu posso ser útil... Uma nova Idade do Ouro está chegando. E você não será parte dela.

A Voz dela ecoava na minha cabeça, segurei um gemido de dor.

Aquela noite, a dor também não me abandonara, tive outros sonhos com Hansel, dessa vez era mais simples...

Hansel estava vestindo um vestido de noiva que por sinal não lhe caia muito bem, O vestido era comprido demais e a barra estava encrostada de lama seca. O decote ficava escorregando dos ombros. Um véu esfarrapado cobria seu rosto. Ele estava em uma caverna úmida, iluminada somente por tochas. Havia um catre num canto e um tear antiquado em outro, com um pedaço de pano branco tecido na armação.

Hansel olhava diretamente para mim.

- Tá... De todos os meus sonhos, esse é o mais estranho. - falei olhando para Hansel de cima a baixo.

- Megan... Di Immortales, você consegue me ouvir? - perguntou ele.

- Ah... Sim, e ver também. - falei. - Hansel... Nunca pensei que diria isso mas...

- O que?

- Esse vestido te deixa gordo. - falei.

- MEGAN! Não é hora! - disse ele.

- Tá desculpa... Mas, espera! O que você esta fazendo nos meus sonhos? - perguntei.

De trás da rocha, uma voz monstruosa gritou:

– Docinho! Você já está pronta?

Hansel se encolheu. Ele gritou em falsete:

– Ainda não, meu amor! Mais alguns dias!

– Ah! Já não se passaram duas semanas?

– N-não, meu amor. Só cinco dias. Ainda faltam mais doze.

O monstro ficou em silêncio, talvez tentando fazer a conta. Ele devia ser pior do que eu em matemática, porque disse:

- Está bem, mas ande logo! Eu quero VEEEEER embaixo desse véu, he-he-he.

Hansel virou-se para mim.

Você precisa me ajudar! Não há mais tempo! Estou preso nesta caverna. Em uma ilha, no mar.

- Onde?

- Sei lá! Em uma Ilha! Fui para a Flórida e entrei à esquerda. - disse ele.

- Tá mas... - olhei de novo para o seu vestido.

É uma armadilha! – disse Hansel. – Por isso nenhum sátiro jamais retornou de sua missão. Ele é um pastor, Megan! E ele está com aquilo. Sua natureza mágica é tão poderosa que cheira exatamente como o grande deus Pan! Os sátiros vêm aqui pensando que encontraram Pan e são apanhados e comidos por Polifemo!​

- Poli-o que?

- O Ciclope! - exclamou ele. - Quase escapei. Fui até Santo Agostinho.

- A Loja de vestidos de Noiva? - perguntei.

- Exato! - disse ele. - Minha primeira conexão empática deve ter funcionado, então. Olhe, este vestido de noiva é a única coisa que me mantém vivo. Ele gostou do meu cheiro, mas disse que era apenas um perfume com aroma de bode. Por sorte ele não enxerga muito bem. O olho ainda está meio cego, da última vez que alguém o golpeou. Mas logo vai perceber quem eu sou. Está só me dando duas semanas para terminar a cauda do vestido, e está ficando impaciente!

- Espera um instante! - falei. - O Ciclope pensa que você é...

- Uma Dama Ciclope! E ele quer se casar comigo! - disse Hansel.

- Puxa... Você nem me chamou para ser madrinha! - falei magoada.

- Megan... Realmente... - disse ele impaciente. - Escute! Eu estou no Mar de Monstros agora... Você precisa...

- Eu sei! Eu vou salva-lo mas... Onde fica isso? - perguntei.

– Já disse! Não sei exatamente onde fica! E, olhe, Megan... Ahn, eu sinto muito por isso, mas essa conexão empática... bem, eu não tive escolha. Nossas emoções estão ligadas agora. Se eu morrer...​ 

Já sei! Nem diga, eu morro também? - perguntei.

– Ah, bem, talvez não! Você pode viver por anos em estado vegetativo. Mas, ahn, seria muito melhor se você me tirasse daqui.

– Docinho! – berrou o monstro. – É hora do jantar! Ai, que delícia, carne de carneiro!

Hansel gemeu.

- Tenho que ir! Venha logo! - disse ele.

– Espere! Você disse que "aquilo" estava aí. Aquilo o quê?

- Não me deixe morrer! 

O sonho se apagou, e acordei assustada. Era o começo da manhã. Tyler estava me olhando, seu único olho castanho cheio de preocupação.

– Você está bem? – perguntou.

A voz me deu um calafrio na espinha, pois era exatamente como a do monstro que eu ouvira em meu sonho. Eu realmente... Não estava bem.

A manhã da corrida estava quente e úmida. A névoa estava baixa sobre a terra, como vapor de sauna. Milhões de pássaros se empoleiravam nas árvores – gordos pombos cinza e brancos, só que eles não arruinavam como pombos comuns. Soltavam aqueles desagradáveis guinchos metálicos que me lembravam radar de submarino. A pista da corrida fora construída em um campo gramado entre a linha de arco-e-fíecha e os bosques.

O chalé de Hefesto usou os touros de bronze, completamente domesticados depois que as cabeças foram esmagadas, para preparar uma pista oval em questão de minutos. Havia fileiras de degraus de pedra para os espectadores – Tântalo, os sátiros, algumas dríades e todos os campistas que não estavam participando. O Sr. D não apareceu. Ele nunca acordava antes das dez horas.

Eu me instalei em algum lugar na arquibancada, mas meu chalé havia feito parceria com o chalé de Hefesto, ou seja Tyler e Beckendorf tinham iniciado uma grande amizade... 

Notei que Jake estava um pouco acima de mim, Haley se sentou entre mim e Kim do chalé 9.

- Isso vai ser interessante... - disse ela mergulhando a mão em um pacote de pipoca... Já falei que ela tem benção de Hermes?

– Certo! – anunciou Tântalo quando as equipes começaram a se reunir. 

Enquanto Tântalo falava, sua mão direita perseguia uma bomba de chocolate pela mesa do juiz.

– Vocês todos conhecem as regras. Uma pista de quatrocentos metros. Duas voltas para vencer. Dois cavalos por biga. Cada equipe será composta de um auriga e um lutador. São permitidas armas. Esperem por truques sujos. Mas tentem não matar ninguém! – Tântalo sorriu para nós como se todos fôssemos crianças travessas. – Qualquer morte resultará em punição severa. Sem guloseimas junto à fogueira por uma semana. Agora, preparem suas carruagens!

- Ele só pode estar brincando... - disse Haley.

- Não me preocuparia em  faze-lo engolir uma dessas bigas por uma semana sem guloseimas... - disse Kim.

Beckendorf liderou a equipe de Hefesto até a pista. Eles tinham uma biga toda de bronze e ferro – inclusive os cavalos, que eram autômatos mágicos pintados de azul e branco. Não tinha dúvidas de que a carruagem deles tinha todos os tipos de armadilhas mecânicas, e itens mais sofisticados já vistos. nas laterais haviam tridentes mecânicos que subiriam em última hora para defender os lados da biga. Tyler foi como lutador.

Logo depois veio a parceria Ares e Apolo, A Biga era Vermelha viva com dourado, puxada por dois medonhos esqueletos de cavalo. Clarisse embarcou com um feixe de lanças, clavas, bolas de pregos e outros brinquedos detestáveis. A Auriga seria Annie Summers.

A Próxima equipe seria Dioniso e Demeter, Atena (Conduzida por Benjamin) e Hermes (Lutador é Travis S.)... Claro que eu torceria para Hefesto e Poseidon...  

Senti uma dor de cabeça aguda por um segundo, levei a mão na testa. Kim perguntou:

- Você esta bem? 

- Estou. - menti.

A Corrida estava prestes a começar.

Minha visão ficava turva de vez em quando.

Ele gosta de carneiros... É aqui... Não me deixe morrer...

Reconheci a voz de Hansel.

- Megan? - senti uma mão tocar meu ombro, era Jake. 

Queria afasta-lo, mas...

- Ele gosta de carneiros... - falei. - Hansel... Hansel corre perigo!

- Espera, o que quer dizer? - perguntou ele.

Antes que eu pudesse responder, a trombeta de concha soou.

– Aurigas! – bradou Tântalo. – Aos seus lugares!

Notei que havia mais pombos nas árvores – guinchando como loucos, fazendo a floresta inteira farfalhar. Ninguém mais parecia estar prestando atenção, mas eles me deixavam nervoso. Os bicos cintilavam de modo estranho. Os olhos pareciam mais brilhantes que os de pássaros comuns. Tyler estava tendo problemas em controlar nossos cavalos. Precisei descer para conversar com eles por um bom tempo até se acalmarem.

Ele é um monstro, senhorita!, eles se queixaram para mim.

Ele é um filho de Poseidon, disse a eles. Assim como... bem, assim como eu.

Não!, eles insistiram. Monstro! Comedor de cavalos!Não confiamos!

- Eu lhes darei torrões de açúcar no final da corrida - falei um pouco alto demais.

Torrões de açúcar?

- Torrões de açúcar muito grandes. E maçãs. Eu tinha falado das maçãs?

Por fim, concordaram. Então eu voltei para o meu lugar, quase cai uma vez... O que estava acontecendo comigo?

Agora, se você nunca viu uma biga grega, ela é construída para ser veloz, não para conforto e segurança. É basicamente um cesto de madeira, aberto atrás, montado sobre um eixo entre duas rodas. Quem conduz fica em pé o tempo todo, e a gente sente cada solavanco da estrada. É feita com uma madeira tão leve que se você perder o controle nas curvas fechadas em uma extremidade ou outra da pista provavelmente vai capotar, esmigalhando tanto a carruagem como a si mesmo. 

Observei Tyler, Queria que ele mostrasse aos outros... bem, não sabia o quê, exatamente. Que Tyler não era um cara assim tão mau? Que eu não estava envergonhada de ser visto com ele em público? Que eles não tinham me ofendido com todas as suas piadas e provocações?

– Aurigas! – bradou ele. – Tomem suas posições!

Ele ergueu a mão e o sinal de partida desceu. As carruagens dispararam, fazendo barulho. Cascos ressoaram contra o pó. A multidão vibrou.

Minha visão ficava cada vez mais turva, eu me sentia enjoada.

Então tudo sumiu e era como se tudo ficasse preto, uma tempestade, um chalé em chamas... Percy, o garoto de olhos verdes... Então tudo voltou ao normal. 

Esses flashes haviam adormecido por algum tempo... Voltei a prestar atenção à minha frente. Nosso tempo era bom, estávamos na frente de Ares, mas a vantagem da biga de Benjamin era muito grande. 

Havia mais pombos agora, eu só não entendia porque tanta preocupação...

Afinal, são apenas pombos... O que de ruim pode acontecer?


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Notas finais do capítulo

Como fuui??



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