Crônicas Do Olimpo - O Mar De Monstros escrita por Laís Bohrer


Capítulo 4
Ciclopes não são maus!


Notas iniciais do capítulo

VOLTEEEI! Com mais um capítulo! Gente vocês se Lembram de Haley? O Garoto indeterminado? Eu não esqueci dele ok?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390179/chapter/4

O sol estava se pondo atrás do pavilhão de refeições quando os campistas vieram de seus chalés. Ficamos na sombra de uma coluna de mármore e observamos enquanto eles entravam em fila. Eu ainda estava bem abalada pela deixa de Quiron, Jake prometeu que falaria com a gente depois então ele foi se juntar aos seus irmãos do chalé de Ares.

Mas o primeiro chalé que abriu a cerimônia, foi o chalé 6 de Atena. Liderado por Benjamin Chase e mais uma dúzia de meninos e meninas com cabelos loiros e olhos cinzentos inteligentes e tempestuosos como os dele. Logo a seguir, veio Clarisse La Rue, a garota dos touros, e seus irmãos do chalé de Ares. Olhos negros e cruéis e cabelos escuros, Clarisse ainda estava com cortes do encontro com as “Vacas Malvadas” de Hefesto. Alguém prendera com fita adesiva um pedaço de papel nas costas dela, que dizia: “VOCÊ MUGE. MENINA!” Mas ninguém de seu chalé se deu o trabalho de avisá-la.

Logo depois veio Charles Beckendorf e seus irmãos do chalé 9, Hefesto. O Cara tinha mãos do tamanho de luvas de beisebol, e um rosto duro e estrábico de tanto olhar para dentro de uma forja de ferreiro o dia inteiro. Ele era bem legal e simpático. Dizem que ele pode fazer qualquer coisa. É Só lhe dar um pedaço de metal que ele faz... Uma espada, um guerreiro robótico ou uma banheira de passarinho musical para o jardim da sua avó. Como eu disse... Qualquer coisa!

Os outros chalés foram entrando em fila: Demeter, Apolo, Afrodite, Dioniso. Reconheci outros “amigos” e amigos do verão passado. Annie Summers, Will Solace que liderava o chalé de Apolo e Beatrice Rossetti que liderava o chalé de Afrodite, antes esse posto era assumido por Silena.

As náiades emergiram do lago de canoagem. As dríades surgiram das árvores. Da campina veio uma dúzia de sátiros, que me fizeram lembrar Hansel com aflição. Sempre tive um fraco pelos sátiros. Hansel no verão anterior saira em uma busca quase impossível atrás do deus Pã, que esta desaparecido há séculos e em séculos ninguém voltou vivo para contar a história. E Com toda a certeza, esse não é o motivo que me deixa tranquila.

Depois que os sátiros entraram para jantar, o pessoal do chalé de Hermes veio por último.

Era sempre o maior chalé. No último verão, foi liderado por Luke, lembram? O Cara que tentou matar eu e Jake depois de se tornar nosso amigo? Bom, se vocês se esqueceram, eu não, mesmo que eu seja meio lentinha... Tá... Muito Lentinha... Tá ok! Super Lenta! (Agora, abaixe essa sobrancelha...) Eu não me esqueço facilmente de quem tenta me matar.

Querem ver?

Uma Fúria, uma hidra... É... Eu não esqueci o resto, é que estou apenas coletando lembranças tá?

Voltando, agora o chalé de Hermes era liderado por Travis e Connor Stoll. Eles não eram gêmeos, mas eram tão parecidos que isso não importava. Nunca conseguia lembrar qual era o mais velho. Ambos eram altos e magros, com os cabelos castanhos caindo nos olhos. Usavam camisetas laranja do ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE por cima de shorts folgados, e tinham aquelas feições de elfo de todos os meninos de Hermes: sobrancelhas arqueadas, sorriso sarcástico e um brilho nos olhos sempre que fitavam você. Estavam sempre aprontando alguma... Aconselho que se um dia você se encontrar com eles, mantenha a mão na sua carteira.

Assim que os últimos campistas entraram, levei Tyler até o meio do pavilhão. As conversas se interromperam. Cabeças se viraram e sobrancelhas se ergueram.

– Quem convidou aquela coisa? – disse Annie Summers do chalé de Apolo.

Olhei furiosamente para lá, mas não consegui acha-la.

– Ora, Ora, Ora... Se não é Milena de Poseidon, o meu Milênio esta completo. – era a voz arrastada do Sr. D... é... Lá vamos nos de novo.

– É Megan... Senhor. – trinquei os dentes.

O sr. D tomou um gole da sua Diet Coke.

– Que seja... Como dizem vocês jovens. – disse ele.

Ele usava a camisa de sempre, havaiana com estampa de tigre, bermuda e tênis com meias pretas. Atrás dele, um sátiro que parecia nervoso tirava as cascas das uvas e as entregava ao Sr. D, uma de cada vez. O verdadeiro nome do Sr. D é Dioniso. O deus do vinho. Zeus o nomeou diretor do Acampamento Meio-Sangue para ficar abstêmio por cem anos – um castigo por paquerar uma ninfa proibida dos bosques.

Onde normalmente se sentava Quíron (ou ficava em pé, na forma de centauro), havia alguém que eu nunca vira na vida – um homem pálido e terrivelmente magro usando um macacão laranja de prisioneiro. O número acima do bolso era 0001. Ele tinha sombras azuis debaixo dos olhos, unhas sujas e cabelo grisalho mal cortado, como se seu último corte de cabelo tivesse sido feito com um cortador de grama. Ele olhou para mim; seus olhos me deixaram nervoso. Ele parecia... em frangalhos. Zangado, frustrado e esfomeado, tudo ao mesmo tempo.

– Esta menina... – Sr. D apontou ara mim com o dedo gordo. - Precisa ficar de olho nela, Filha de Poseidon, sabe?

– Ah! – disse a voz de seda do homem, mas ao mesmo tempo ecoava forte e determinada, e meio que amargurada. – Aquela...

Seu tom deixou óbvio que ele e Dioniso já haviam conversado extensamente sobre mim.

– Eu sou Tântalo. – disse o cara que deveria ser Tântalo... - Em missão especial aqui, bem, até que o meu senhor Dioniso decida outra coisa. Quanto a você, Filha do Mar, realmente espero que evite causar mais problemas.

– Problemas? – perguntei.

Dioniso estalou os dedos. Um jornal apareceu sobre a mesa – a primeira página do New York Post daquele dia. Trazia minha fotografia do anuário do colégio Meriwether. Era difícil para eu distinguir a manchete, mas eu tinha um bom palpite do que dizia. Algo como: Retardada de treze anos coloca fogo em ginásio.

– Sim... Problemas. – confirmou Tântalo. – Você causou um bocado deles no último verão, pelo que sei.

Fiquei zangada com isso, e quando isso acontecia ninguém me segura, e eu não me importo se é deus, semideus e eu tenho a breve impressão de que já disse isso...

Deu uma risada seca.

– Como se fosse culpa minha que os deuses quase tivessem entrado numa guerra civil.- falei assim, cometendo suicídio, mas eu nem ligo, já enfrentei monstros piores...

Um sátiro avançou tenso, e pôs um prato de churrasco na frente de Tântalo. O novo diretor de atividades lambeu os beiços.

Mas Tâtalo me ignorou completamente, olhou para sua taça vazia e disse:

– Cerveja preta. Reserva especial da Barq’s, 1967.

O copo se encheu sozinho de um líquido espumante. Tântalo esticou a mão em dúvida, como se tivesse medo de que a taça estivesse quente.

– Vá em frente, meu velho – disse Dioniso, com um brilho estranho nos olhos. – Talvez agora funcione.

Tântalo tentou agarrar o copo, mas ele escapuliu rapidamente antes que pudesse tocá-lo. Algumas gotas de cerveja preta transbordaram, e Tântalo tentou recolhê-las com os dedos, mas as gotas deslizaram para longe, como se fossem de mercúrio, antes que as alcançasse. Ele gemeu e se virou para o prato de churrasco. Pegou um garfo e tentou espetar um pedaço de peito, mas o prato deslizou até a extremidade da mesa e saiu voando direto para os carvões do braseiro.

– Droga! – remungou ele.

– Ah! que pena... – disse Dioniso com a voz que transbordava falsa solidariedade. – Talvez daqui a alguns dias. Acredite-me, meu velho, trabalhar neste acampamento já vai ser tortura suficiente. Tenho certeza de que sua velha maldição, mais dia, menos dia, vai acabar.

– Mais dia, menos dia... – murmurou Tântalo, olhando para Diet Coke de Dioniso. – Você tem ideia de como a garganta de uma pessoa fica seca depois de mil anos?

– Você é aquele espírito dos Campos de Punição – disse eu. - Aquele que fica em pé na lagoa, com a árvore frutífera logo acima, mas não pode comer nem beber... Deve ser dureza.

Tântalo arreganhou um sorriso sarcástico para mim.

– Você é uma verdadeira erudita, não é mesmo, menina?

– Desculpe, não sei o significado dessa palavra. – falei. – Mas você deve ter feito algo realmente horrível quando estava vivo... Me pergunto o que...

Os olhos de Tântalo se estreitaram. Atrás dele, os sátiros sacudiam a cabeça vigorosamente, tentando me alertar.

– Estarei de olho em você, Megan de Poseidon. – disse ele. - Não quero problemas no meu acampamento.

– Há! Tarde demais, senhor... – falei. – “Seu” acampamento já tem problemas, ou estava muito ocupado com seu rabinho sentado enquanto caçava alguma comida suicida? Ou simplesmente não notou aqueles monstrengos lá trás?

– Ah! vá se sentar Marielly! – suspirou Dioniso. - Acho que aquela mesa ali é a sua... aquela em que ninguém mais quer se sentar.

Meu rosto estava queimando, mas eu sabia que era melhor não reagir. Dioniso era uma criança grande, mas uma criança grande imortal e superpoderosa. Eu disse:
– Vamos, Tyler. (Não se misture com essa gentalha!... Claro que eu não disse isso...)

– Ah! não – disse Tântalo. – O monstro fica aqui. Vamos decidir o que fazer com isso.

– Com ele – corrigi. – Seu Nome é Tyler.

O novo diretor de atividades ergueu uma sobrancelha.

– Ele salvou o acampamento! – insisti. - Ele esmagou aqueles touros de bronze. Se não fosse isso, eles teriam queima este lugar inteiro.

– Sim – suspirou Tântalo – e que lamentável teria sido.

Dioniso deu uma risadinha.

– Deixe-nos – ordenou Tântalo – enquanto decidimos destino da criatura!

Tyler olhou para mim em pânico, mas eu sabia que não poderia desobedecer a uma ordem direta dos diretores do acampamento. Pelo menos, não abertamente.

– Vai ficar tudo legal tá grandão? – falei. – A gente vai achar um lugar bacana para você dormir essa noite. Estarei logo ali.

Tyler assentiu.

– Acredito em você.

Ai que Hades! Eu me senti ainda mais culpada. Arrastei-me até a mesa de Poseidon e despenquei no banco, uma ninfa dos bosques me levou um prato de pizza olimpiana de azeitonas e pepperoni, mas eu não estava com fome. Quase fui morta duas vezes naquele dia. Tinha conseguido terminar o ano letivo com um desastre completo. O Acampamento Meio-Sangue estava em sérias dificuldades e Quíron me dissera para não fazer nada a esse respeito.

Eu não me sentia muito agradecida, mas levei meu jantar até o braseiro de bronze, como era costume, e joguei parte dele nas chamas.

– Para Poseidon, Por favor aceite minha oferenda... – como sempre...

E me mande alguma ajuda enquanto isso. Rezei em silêncio. Por favor.

A fumaça da pizza queimada se transformou em algo fragrante – o cheiro de uma leve brisa marítima misturado com perfume de flores – mas eu não sabia muito bem se aquilo significava que meu pai realmente ouvia. Voltei para meu lugar. Não achava que a situação pudesse piorar muito. Mas então Tântalo mandou um dos sátiros tocar a trombeta de concha para chamar nossa atenção para os avisos.

– Sim, muito bem – disse Tântalo depois que as conversas silenciaram. – Mais uma bela refeição! Ou, ao menos, é o que me disseram. – Enquanto falava, aproximava a mão do prato de jantar reabastecido, como se, quem sabe, a comida não fosse notar o que de estava fazendo. Mas notou. O prato disparou pela mesa assim que a mão dele chegou a uma distância de quinze centímetros. – E aqui, no primeiro dia do meu mandato – continuou – gostaria de dizer que agradável forma de punição é estar aqui. Ao longo do verão, eu espero torturar, digo, interagir com cada um de vocês, crianças...

Cara, eu não sou tão lerda... Que História é essa de Torturar?

Todos parecem prontos para comer. Dioniso bateu palmas educadamente, puxando alguns aplausos desanimados dos sátiros. Tyler ainda estava plantado junto à mesa principal, aparentemente desconfortável, eu queria puxa-lo de lá, mas toda vez que tentava escapar do centro das atenções Tântalo o puxava de volta.

Meu amigo estava sendo tratado como animal de circo...

– E agora, algumas mudanças! – Tântalo deu um sorriso torto para os campistas. – Estamos reinstituindo as corridas de bigas!

Murmúrios irromperam em todas as mesas – agitação, medo, incredulidade. E eu... – Confusão.

– Agora eu sei – continuou Tântalo, levantando a voz – que essas corridas foram suspensas há alguns anos devido a, ahn... problemas técnicos.

– Cinco mortes e vinte e seis mutilações – gritou alguém da mesa de Hefesto.

– Sim, sim! – disse Tântalo. – Mas sei que todos vocês vão se juntar a mim para dar as boas-vindas ao retorno dessa tradição do acampamento. Louros de ouro serão entregues aos vencedores todos os meses. As equipes podem se registrar pela manhã! A primeira corrida acontecerá dentro de três dias. Vamos liberá-lo da maior parte de suas atividades costumeiras para que preparem as bigas e escolham seus cavalos. Ah! E cheguei a mencionar que a equipe do chalé vitorioso será dispensada das obrigações diárias no mês em que vencer?

Uma explosão de conversas animadas

Sem trabalho na cozinha um mês inteiro? Sem limpeza de estábulos? Ele estava falando sério? Então a última pessoa de quem eu esperava uma objeção fez objeção.

– Mas, senhor! – disse Clarisse.

Ela parecia nervosa, mas ficou em pé para falar da mesa de Ares. Alguns dos campistas riram ao verem o cartaz “VOCÊ MUGE, MENINA” nas costas dela.

Mas nenhum dos seus irmãos se preocuparam com isso.

– E o serviço de patrulha? Quer dizer, se abandonarmos tudo para preparar nossas bigas o acampamento...

– Ah! A heroína do dia – exclamou Tântalo. – A corajosa Clarisse, que sozinha derrotou os touros de bronze!

Clarisse corou... O que era realmente esquisito.

– Ahn, eu não...

– E modesta também – sorriu Tântalo. – Não se preocupe querida! Isto é um acampamento de verão. Estamos aqui para nos divertir, certo?

– Mas o pinheiro esta...

– E agora – disse Tântalo. Enquanto diversos companheiros chalé de Clarisse a puxavam de volta para o banco – antes que passemos à fogueira e à cantoria, uma pequena questão doméstica: Megan, do chalé de Poseidon e Jake Thurne, do chalé de Ares julgaram apropriado trazer isso...

Ele apontou para Tyler, fechei as mãos em punhos.

Um murmúrio desconfortável se espalhou entre os campistas. Várias pessoas me olharam de lado. Tive vontade de matar Tântalo. Mas como ele era um espírito, eu não pude fazer isso...

– Agora, é claro – disse ele – os ciclopes têm reputação de serem monstros sanguinários com uma capacidade cerebral muito pequena em circunstâncias normais. Eu soltaria essa besta-fera nos bosques e mandaria vocês em seu encalço com tochas e pedaços paus. Mas, quem sabe? Talvez este ciclope não seja tão horrível quanto seus irmãos. Até que ele prove ser digno de destruição, precisamos de um lugar para mantê-lo! Pensei nos estábulos, mas isso deixaria os cavalos nervosos. Quem sabe o chalé de Hermes?

Silêncio na mesa de Hermes. Travis e Connor Stoll de repente ficaram muito interessados na toalha de mesa. Eu não poderia culpá-los. O chalé de Hermes estava sempre cheio a ponto de arrebentar. Não havia como abrigar um ciclope de um metro e noventa.

– Vamos, Vamos! – tentou animar Tântalo. – Alguma outra sugestão?

De repente, todos ficaram boquiabertos.

Tântalo afastou-se bruscamente de Tyler, surpreso e assustado. Tudo o que pude fazer foi olhar incrédula para a luz verde brilhante que estava prestes a mudar minha vida completamente – uma impressionante imagem holográfica que apareceu acima da cabeça de Tyler.

Um Tridente brilhava em uma ofuscante luz esverdeada.

Eles são filhos de espíritos da natureza e deuses... Bem, normalmente, um deus em particular...

Quando fui reclamada por Poseidon no último verão, todos se ajoelharam respeitosamente. Mas ali eles seguiram o exemplo de Tântalo: e Tântalo caiu na gargalhada.

Queria dar um soco em todos ali...

Exceto Jake, Benjamin e Alguns dos meus amigos no chalé Onze, e Kim e Chales Beckedorf do chalé 9.

Eles não riam.

– Bem! Acho que agora sabemos onde pôr a besta-fera. Pelos deuses, posso ver a familiar semelhança! – ria Tântalo.

Me segurei para não socar Tântalo até a morte... Já falei que não é possível... Então que tal socar até ele mudar de cor?

Tyler pareceu nem notar. Estava perplexo demais, tentando espantar o tridente reluzente que agora desaparecia pouco a pouco. Ele era muito inocente para entender quanto estavam rindo à custa dele.

As Pessoas eram cruéis e eu entendia isso. Para as pessoas eu tinha um monstro como meio irmão e para mim... Claro que me senti sem graça no momento, ninguém me ouviria. Mas se todos os monstros que enfrentei até o momento são definitivamente Monstros, Tyler não é um!


Os dias que se passaram foram tortura para mim, seria para Tyler também... Mas enfim.

Ele ficava repetindo o tempo todo “Megan é minha irmãzinha!” Eu achava aquilo até fofo, mas as pessoas não enxergavam o que eu enxergava no ciclope. E se você por acaso pensava que eu ia ficar envergonhada por causa de Tyler, não, eu fiquei no inicio, mas agora não! Tyler não me rejeitou como outros fizeram, porque eu o rejeitaria?

Eu e Jake formávamos uma equipe na corrida de Bigas. Uma bela manha, o sol ainda fraco, batia no gramado o iluminando e enchendo de vida.

Estávamos sentados junto ao lago de canoagem rabiscando esboços de bigas quando alguns engraçadinhos do chalé de Afrodite passaram por lá e me perguntaram se eu precisava de um delineador para o olho...

– A Perdão... Olhos! – então eles caíram na risada.

– Por que vocês não vão arrumar o que fazer? Sei lá... – começou Jake. – Pentear o cabelo, talvez.

Então eles foram embora.

Uma vez Jake suspirou.

– Sabe Megan, você não deveria ligar para eles afinal você não tem culpa de ter um monstro como irmão.

Aquilo me irritou.

– Até você? – perguntei. – Escuta Jake, eu aceito até o fato de Tyler ser meu irmão, mas ele não é um monstro, tá?

Jake suspirou de novo, mantendo uma paciência que chegou a me irritar mais ainda.

– Não se zangue. E, tecnicamente, ele é, sim, um monstro. – disse ele calmamente.

– Foi você que o deixou entrar no acampamento. – acusei.

Mas Jake continuava mantendo a paciência.

– Você ia morrer se não o fizesse... – murmurou ele. – Desculpe, eu não esperava que Poseidon o reclamasse. Os ciclopes são as criaturas mais enganadoras, traiçoeiras...

– Cala a boca! – gritei me levantando. – Você não sabe nada sobre ele, tá?

Jake continuava me olhando, mas em nenhum momento, como poderia normalmente fazer, explodiu de raiva, continuou sentado como se esperasse que eu disse-se mais alguma coisa.

– Você o trata como se ele fosse uma coisa horrível – falei.

– Megan... – falou ele calmamente.

– Quer saber Jake? Só porque você é um péssimo irmão, eu também não tenho que ser.

– Que História é essa agora? – perguntou ele. Mas não elevou a voz diferente de mim.

– Você vê o que as pessoas fazem com Clarisse, as coisas horríveis que dizem dela! E você é só um que não se importa e nem por um momento você pensa que ela é sua irmã, Jake! Eu não sei o que são laços de família, mas se é isso, eu não quero ter nenhum!

– Megan...

– O Monstro aqui é você! – exclamei e sai andando tempestuosamente.

Jake tentou me chamar de novo, mas eu estava com raiva demais para isso.

Eu recebia todas as ofensas por Tyler, e me magoava por ele já que ele não entendia. As pessoas o viam como um Monstro, mas Ciclopes tem sentimentos também... Não é?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas Do Olimpo - O Mar De Monstros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.