50 Tons De Amor escrita por Flávia Lemes


Capítulo 4
Capítulo 4




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Despertei de um sono pesado com uns barulhos da rua. Parecia uma briga, não sei. Tudo muito confuso. Levantei da cama retirando o cobertor de cima de mim e me curvei na janela para ver o que estava acontecendo. Tinha um carro preto parado umas seis casas da minha e, em volta dele, várias meninas surtando. Ah... Já deveria ter imaginado. Cristian Grey, sem sombra de dúvidas. Fechei a cortina num gesto rápido e eficaz, então deitei na cama novamente e peguei meu celular. Era cinco pras nove da manhã e esse retardado causando esse alvoroço na rua. Será que ele não dorme? Que preguiça de levantar. Era triste pensar que mamãe não estaria mais comigo pra lavar a minha roupa e preparar minha comida. Como é triste viver sozinha.

Apesar do meu súbito despertar, levantei da cama e fui tomar um banho. A água estava deliciosamente quente. Fui pra cozinha tentar preparar alguma coisa, mas aí a preguiça veio à tona. Decidi só comer um cereal com leite. Percebi que a barulheira toda lá fora havia parado, então, segurando minha tigela de cereal, fui até a janela da sala e espiei a fora. As meninas continuavam lá, mas algumas sentadas na sarjeta, outras no gramado em frente a casa e várias em pé. Havia seguranças rodeando ali e um deles estava parado na porta principal da casa. Presumi que estava ali para evitar que alguma fã louca invadisse a privacidade de Cristian e sua família. Deve ser difícil ter uma vida assim, digamos, tão limitada.

Peguei meu celular e liguei o 3G. Hmmm... Mensagem dele.

*Presumo que devo ter acordado você e se milagrosamente não acordei você, presumo também que precise de aparelhos de surdez.*

Ha-ha-ha. Ele estava tentando ser engraçado? Que tentativa frustante! Sim, Cristian, você me acordou e estou irritada por conta disso!

*Sim, esse alvoroço todo na minha rua me acordou. Fico irritada quando interrompem meu sono.*

Acho que de tanta idiotice da parte dele, fiquei sem palavras.

*Sou muito agradável! :) Não quis deixar você nervosinha, mas isso foi bom para te avisar de que estou na área.*

Nossa, Cristian. Só que não.

*Você é ridículo! Hahahahaha*

Adoro a Ana sarcástica.

*Não me insulte se não vou na sua casa te pegar pelos chinelos! :) Qual o número da sua casa?*

WOW! Pois que me pegue pelos chinelos, senhor Cristian Grey.

*54, que por coincidência fica exatamente 6 casas da sua... Não venha aqui com chinelos, x*

Também adoro a Ana engraçadinha.

*Vou tentar despistar essas meninas, por isso, se a campainha tocar, atenda rápido! E vou de chinelos, prepare-se.*

Percebo que estou de pijama, daqueles bem de avó mesmo, e sinto minha deusa interior dar um surto de desaprovação. Não! Peguei minha tigela de cereal que deixei na mesa de centro e coloquei na pia. Abri a gaveta de blusas da minha cômoda e peguei minha blusinha favorita: branca, de alcinha e toda rendada. Claro, estava muito frio pra usar só aquilo, então peguei meu casaco salmão finíssimo e abotoei apenas o botão do meio. Vesti minha calça jeans preta com uns rasgos no joelho. Escovei os dentes e comecei a missão quase impossível que era pentear meu cabelo. Liso, fino e até mais ou menos o peito, portanto embaraça com a maior facilidade, ainda mais com esse frio londrino. Ugh!

Já era onze e meia e nada dessa campainha tocar. Olhei pela janela da sala e percebi que o carro preto não estava mais lá e, por incrível que pareça, não havia mais meninas. O segurança grandão com cara feia continuava na porta, mas os outros pareciam ter sumido. Será que ele foi embora? Fiz cara feia. De repente ouço um rangido na porta dos fundos. Deveria ser um vento, então fui até a cozinha, segurei a maçaneta e empurrei a porta pra frente e pra trás. Quando fiz isso escutei uma voz:

— Abre! Rápido!

Abri a porta e me deparei com ele. Puta que pariu. Seus cachos todos bagunçados, um óculos Ray-Ban com espelho marrom claro, calça skinny preta, uma blusa de lã e um casacão de couro por cima. Por Deus! Cristian Grey na minha casa e pela porta dos fundos!

— Oi, foragido. Entre! — Nossa, sou muito engraçada.

Ele entrou batendo as mãos no cabelo, fazendo os cachos ficarem mais bagunçados ainda. Gosto disso. Fechei a porta enquanto ele tirava o casaco de couro que não sei porque, mas sentia que tinha custado uma fortuna. Então ele tirou a blusa de lã que estava por baixo do casaco e ficou só com uma blusa de mangas. Qual é o problema dele? Ele é incapaz de sentir frio? Acho que ele havia percebido minha cara de indignação e sorriu olhando pra baixo, balançando a cabeça em negação, mas num gesto engraçado.

— Quinze graus pra mim é quente. — E olhou pra mim com expectativa.

— Acho que o frio e as menininhas loucas estão fazendo mal pra sua cabeça. — Dei um sorriso forçado.

— Estou acostumado com os dois pra sua informação. — E fez aquela cara de "toma essa" — Já você acho que vai demorar um pouquinho.

— Realmente. Em Nova York não é frio todos os dias. Isso é estranho.— Arregalo os olhos e contraio a boca. — Agora, mais estranho do que isso vai ser acordar com essas meninas gritando na minha janela quando você vier pra Cheshire. — Reviro os olhos.

Ele deu risada. Não sei porque, mas ele deve me achar muito engraçada.

— Você vai se adaptar. — diz ainda rindo, mas suavemente — O que te trouxe até Cheshire?

— Eu fui aprovada na faculdade de psicologia.

— Aquela que fica aqui perto? Uns 10 minutos de carro? — perguntou ele sério.

— Sim. — Sorri.

— Entendi. Fica bem perto da escola em que estudei. Um quarteirão ou dois, acho. — alegrou-se.

Ele tirou seu óculos e colocou em cima do balcão da cozinha.

— A porta principal está trancada? — disse sério mais uma vez.

— Sim, e as janelas também. Não se preocupe que nenhuma maníaca vai vir aqui. — Sorri só com os lábios.

Andei até a janela e fechei as cortinas, impedindo assim a vista de fora. Agora sim ele estava seguro.

— É só trancar essa porta dos fundos agora. — Eu falei praticamente bem alto como se estivéssemos há quilometros de distância.

Ele se virou para a porta meio perdido e trancou-a. Quando se virou de volta para mim, colocou as duas mãos em seus bolsos me fitando diretamente nos olhos e deu um sorriso tímido, olhando para baixo. Ah... Isso tem um efeito tão grande sobre mim.

— Então... Acho que estamos a sós. — Disse ele com um tom provocativo na ponta da língua.


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