Três batidas espaçadas na minha porta. Meu instinto dizia que era ele. Levantei do sofá ainda zonza pelo cochilo, passei a mão no cabelo para dar uma ajeitada e abri a porta. Christian estava segurando um buquê de rosas bem vermelhas enquanto guardava o celular no bolso.

― Ah, oi! ― exclamei ainda surpresa.

― Oi, Ana! ― me deu um beijo na bochecha e um abraço.

― Não sabia que você viria, eu estava até cochilando. Demorei a abrir a porta?

― Foi rápido, mas me desculpe. Se quiser volto outra hora. ― e sorriu ― Dá pra ver que você está bem cansada, Ana.

Ele me deu as belas flores e pedi para que entrasse. Apesar de magoada não conseguia sentir ódio dele. Christian sentou no sofá e eu fui à cozinha colocar as flores numa jarra com água. Quando voltei ele estava com a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos apoiados nos joelhos. Achei aquela pose um tanto quanto estranha para um homem tão maduro, decidido e feliz.

― Está tudo bem? ― perguntei me sentando ao seu lado.

Christian levantou a cabeça num susto e disse que só estava um pouco cansado e com dor de cabeça.

― Você quer algum remédio? Tenho uns aqui. ― perguntei.

― Obrigada, mas não precisa, deve ser apenas cansaço mesmo.

― Tem certeza? Se quiser subo lá rapidinho e te trago um. ― insisti.

― Se você subisse provavelmente eu subiria junto e eu não tomaria remédio algum... ― deu uma risadinha sarcástica.

Não precisa ser totalmente inteligente para decifrar Christian Grey. Conhecendo ele como o conheço, ― não muito, mas o suficiente ― qualquer pessoa saberia o que ele quis dizer com essa frase.

― Melhor esquecer o remédio então. ― respondi à sua provocação.

― Melhor. ― repetiu.

O silêncio tomou conta da sala. Eu não sabia o que dizer, afinal eu não tinha absolutamente nada para contar ou falar com ele. Mas ele tinha. E estava enrolando.

― Ana... ― disse baixinho ― Você está muito chateada comigo, não está?

Nesse momento Christian me olhou fixamente nos olhos e senti aquela orbe fervendo subir do meu peito até minha garganta.

― Pode-se dizer que sim. ― respondi ― Mas está tudo bem.

― Está mesmo? Pensei que você estivesse furiosa comigo! ― Christian se animou um tanto quanto assustador.

― Por que eu estaria? Você não deve nada a mim, Christian. Nada mesmo. O que eu vi aquele dia não teve importância alguma, pois não temos nada um com o outro.

Quando terminei de falar, Christian fez uma expressão de indignado, não sei, talvez esteja enganada. Novamente ele passou as duas mãos na cabeça e a segurou.

― Olha... ― continuei ― Eu andei pensando bastante sobre tudo o que está acontecendo desde que cheguei em Cheshire. O que estamos fazendo?! Em minha opinião isso é arriscado demais, Christian. Tem noção do que podem falar de você por aí? E de mim?! Vão inventar mil coisas e dizer que quero seu dinheiro, que quero fama e ter um filho só para poder receber uma puta pensão todo mês. Não estou afim disso e creio que nem você, então acho melh...

― PARE, ANA! ― Christian me interrompeu num grito ― Não é assim que as coisas funcionam! Você acha que só quis me divertir com você? Que levei você até minha família pra brincar com a sua cara? De certo você não consegue enxergar o tanto que eu quero que você faça parte da minha vida. ― seu tom de voz mudou.

― Quem vai pedir para parar agora sou eu. Você não sabe o que está dizendo.

― Está vendo? Você não aceita e não acredita no que eu digo! Eu vim até aqui porque quero e preciso falar com você, esclarecer as coisas, colocar tudo em ordem e me resolver com você, portanto quem vai falar aqui sou eu, e você só vai ouvir, Anastacia Steele. ― disse Christian num tom ameaçador.

― Tudo bem. ― aceitei.

Era tudo tão estranho. Parecia que eu o conhecia há anos. Talvez vidas. O tamanho do conforto que sentia ao seu lado era uma coisa que deveria ser conquistada em muito tempo, não em meses.

― Ana, desde que você apareceu eu não consigo parar de pensar em você. Tudo o que eu faço é por você. E preciso que confie em mim. Você é diferente de tudo e é a primeira mulher que tenho vontade de permanecer ao lado para o resto da minha vida. A primeira que tenho vontade de levar para almoçar na casa dos meus pais aos domingos e também ir almoçar nos seus pais. A primeira que planejo ter uma família, casar, ter filhos, ter nossa própria casa. Eu sei que não vai ser fácil provar de certa forma isso para você, mas sei que estou completamente decidido em ao menos tentar fazer isso.

Meus olhos estavam alagados. Eu estava verdadeiramente surpresa e emocionada em ouvir tudo aquilo do próprio Christian Grey.

― Meu estilo de vida e minhas prioridades eram muito diferentes até você chegar. Mas agora, Ana... Agora é tudo muito diferente. Agora eu não vivo mais por mim. Vivo por você. E se você permitir quero continuar vivendo por você até o fim da minha vida.

Abri um sorriso e quis abraçá-lo, mas antes que eu o fizesse Christian levantou.

― E mais... ― disse enquanto ajoelhava na minha frente e colocava as duas mãos nos meus dois joelhos ― Eu estou apaixonado por você, Anastacia Steele.