A Filha De Héstia escrita por Mrs Isa


Capítulo 12
Deu no que deu!


Notas iniciais do capítulo

Uma notícia ruim para vocês... A fic acaba aqui! Pois é, eu nunca pensei em escrever essa fic muito grande, só meus capítulos são extensos, mas está ai. Espero que gostem do último capítulo.
*LEIAM AS NOTAS FINAIS



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*POV Lira

Acordei com um barulho muito alto lá fora, me virei na cama e peguei o relógio dourada nas mãos. Cinco horas, ainda. Pelos deuses, quem estaria fazendo esse barulho todo? Parecia de metal tinindo contra o outro, raspando. Me sentei na cama, esfreguei os olhos, e suspirei. Não abri a janela do chalé, que parecia mais como uma casinha, pois não queriam me desapontar, de certa forma já sabia quem eram. Reconheci só pelas vozes que gritavam e praguejavam. Resolvi que, como já tinha me acordado, iria tomar um banho e ver o que era aquela algazarra toda. Depois de tomar uma ducha revigorante, vesti uma camiseta do Acampamento, uma calça jeans e um all-star preto. Suspirei e fui para a frente do espelho, e comecei minha batalha diária para desembaraçar meus cabelos. Depois de meia hora, o barulho lá fora continuava alto, decidi prender meu cabelo em um rabo-de-cavalo.

Bufei e abri a porta do chalé. Lá estava a trupe de bagunceiros de plantão: Lara, Fernanda, Luiz (irmão de Fernanda, apareceu também no terceiro episódio.), Deni (lembram do sátiro que a levou Lira para o acampamento, ele sumiu por uns tempos neh?), Jack (o filho de Hefesto do início da fic) e uma outra garota de cabelos ondulados que lia um livro de Arquitetura antiga, ao mesmo tempo que via o duelo.

Eu ri.

-Lira! - gritou Fernanda. - Que bom que acordou! Venha ver esse duelo emocionante! Jack versus Lara! Tá explosivo! - ela riu e me puxou.

-Ér... Bom dia. Para falar a verdade não tinha como dormir com essa barulheira toda!

-Eu avisei! - disse a menina que lia o livro, pelos olhos acinzentados dela, ela só podia ser filha de Atena.

-Ah! Bia, deixa disso aproveita a diversão, tá legal. - ela me olhou sorridente e depois disse - Você não conheceu a Bia conheceu?

Eu ia abrir a boca para dizer que não, mas ela me interrompeu antes mesmo de eu pronunciar a palavra.

-Bia, Lira. Lira, Bia. Bia essa é aquela amiga minha filha da Hesty! - Fernanda falou animada.

Eu ri, pelo menos Fernanda não estava entediada, ela pegou a parte mais da farra de Dionísio do que o entusiasmo dele. Pelo menos ela não ficava num canto revirando os olhos e murmurando para si mesma que aquilo tudo era uma idiotice. Espera um pouco. De quê que ela havia chamado Héstia?

-Hesty? - perguntei a ela, enquanto via Lara derrubar Jack no chão.

-Não vale! Você está usando a lança e o escudo. E eu só estou usando a espada! - reclamou ele se levantando.

-Mas a lança nem está ligada! Levanta logo. Via desistir? - perguntou Lara erguendo uma sobrancelha.

-Hesty, é como eu, Luiz, Lara, Jack e Bia agora chamamos ela. Ela disse que não tem problema nenhum, então não tem porque temer. Apesar de Deni, ainda preferir chamá-la simplesmente de Srt. H.

-Sinceramente. Srt. H é bizarro! - disse Luiz que apareceu do nada assustando a irmã.

-Ah! - ela pulou de susto. - não precisa chegar assim pelas costas! - ela disse com os olhos semicerrados.

Ele deu de ombros e olhou a batalha.

-Cara! Essa eu tenho certeza que vai ser engraçada... Vamos lá Jack.. Vai defende! Aproveita agora. Não, não assim não! - ele ficou gritando.[

Fernanda deu de ombros também, e se virou para mim e Bia.

-Vocês souberam da nova? - ela disse meio nervosa.

-Sim. - Bia falou,

-Não. - respondi.

-Bom. Héstia agora é a nova vice-diretora do acampamento, como punição ela terá de ficar aqui por um século e meio, parece.

Arregalei os olhos. Como assim?

-É verdade! Eu fiquei bem chocada, quando soube! - Bia falou tirando os olhos do livro.

-Pois é! - Fernanda falou dando de ombros e observando o duelo.

Eu olhei também, Jack estava perdendo feio. Lara era muito boa, e agora com a armadura e o bastão novo.

-Lira! - me virei para ver quem era. Deni.

-Oi, Deni, quanto tempo! - eu disse sorrindo.

-Oi. - ele disse, estava sem o tradicional boné que sempre usava - Eu fiquei um tempo fora, em uma missão também, cheguei hoje.

-É? Se não for chato, posso perguntar qual o objetivo?

-Rastrear um semideus!

-Ah! - eu disse sorrindo. - Foi bem sucedida? - eu perguntei notando que ele fitava o chão.

-Sim, claro. Era um filho de Apolo. Eu e mais um garoto de Ares, o Edgar, fomos atrás do que sabíamos sobre ele. - ele respondeu ainda fitando o chão.

-Então por que está tão abatido? - perguntei.

-É que quando o encontramos ele estava sendo atacado pelo Minotauro. E ai a mãe dele se machucou gravemente. Ela enxerga através da névoa.

 -Mas ela se machucou tão gravemente assim?

-Não tanto. Quebrou a perna direita e a clavícula. Quíron disse que a névoa vai manipular o pensamento dos médicos e familiares, dizendo que foi uma queda de escada. Mas mesmo assim, eu não consegui impedir que ela se machucasse.

-Deni, ela vai ficar bem! Vai sim. Não se preocupe! - eu disse o reconfortando.

Um outro sátiro veio correndo na nossa direção. 

-Deni! Quíron está te chamando, parece que o Sr.D e a Srt. H, querem falar com você! - ele disse, também usando a expressão esquisita.

-Bom, já estou indo. - Deni disse, e se virando para mim - Até mais!

-Até mais!- disse.

Deni foi com o outro sátiro até a casa grande. Eu me virei para ver como o duelo ia terminar. Jack desviou de um golpe com a lança, que tinha a voltagem desligada para não machuca-lo gravemente. Ele tentou atacar com um golpe de espada Lara, que previamente desviou com o escudo e nisso colocou a ponta que não era afiada da lança no peito de Jack.

-Ganhei! Tu és morto! - zombou ela retirando com um clique no bracelete a armadura.

-Ham! Também com você toda armada e eu só com a espada! - reclamou Jack que limpou a poeira das calças.

-AH! Mas eu avisei para se equipar! - a garota ergueu uma sobrancelha.

-Vamos lá tomar café? - perguntou Fernanda.

-Vamos! - dissemos em coro.

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Depois de irmos ao refeitório, tomamos café. E fomos para um lugar do Acampamento, rodeado de árvores, não era a floresta, muito menos o bosque, era só um cantinho arborizado. Fizemos um tipo de reunião. Uma mini festinha.  Na festa estávamos eu, Lara, Jack, Fernanda, Bia, Luiz, Edgar (o novo menino de Apolo) e mais Katherine, uma menina que entrou de penetra, se não me engano ela era filha de Ares também. Conversamos, rimos das piadas de Fernanda e Luiz, cantamos com o Edgar que tocava violão muito bem, assistimos Lara jogar na cara de Jack que tinha ganhado, e também Jack revirar os olhos milhares de vezes por causa daquilo. A tarde foi legal, logo de manhã foi apresentada Héstia  como nova vice-diretora. E isso era legal, pelo menos um pouco legal!

Depois de noite nós todos fomos para uma outra festa, só que essa era no chalé de Afrodite. Eu fiquei surpresa com a quantidade de festas.

Primeiramente fomos nos arrumar, eu coloquei uma camisetinha de ombro caído branca estampada, uma calça jeans escura e um all-star vermelho. Coloquei também uma corrente junto do colar que minha mãe havia me dado e um brinco prateado. Penteei meu cabelo em um rabo de cavalo, deixando só a minha franja lateral solta. De maquiagem passei bem pouquinha, um rímel nos cílios, um gloss, um iluminador no canto do olho, e uma sombra cinza claro no restante da pálpebra.  Só isso. Me avaliei no espelho.

-Bonita. E simples, para alguém que vai para uma festa de filhas de Afrodite. - disse para o meu reflexo.

Tomei coragem e dai, o grupinho estava completo.

Fernanda estava lá, com um sorriso torto, conversando com seu irmão. Ela usava um vestido tomara que caia preto assim como a cor de seus cabelos, que eram tão pretos que chegavam a ter luzes roxas, uma sapatilha roxo claro, e seu cabelo estava solto, o cabelo perfeitamente escuro e cacheado caindo nos ombros e costas. Quanto a maquiagem só percebi rímel e gloss. Seu irmão, usava uma camisa polo branca e cinza. Calça jeans escura e um tênis branco. O cabelo estava desarrumado de um jeito até charmoso.

Lara me viu e sorriu, depois voltou a discutir com Jack (Meus deuses! Isso dá namoro!). Ela usava uma blusa preta com o nome de uma banda de rock, um casaco de couro preto, calça jeans preta, e uma bota também preta(quanto preto, santa Héstia!). Bia também estava lá, sem o livro dessa vez, mas parecia um pouco mais agradável, de manhã ela estava mais séria, agora ela estava mais sorridente. A garota que tinha cabelos de um loiro médio, mais puxado para o âmbar, e olhos acinzentados, usava uma camiseta leve, cinza claro, calça jeans(resumindo: todo mundo resolveu usar jeans hoje!) e uma sapatilha branca com um detalhe cinza, tipo um mini laço desenhado na lateral de cada sapato. Também tinha no braço uma pulseira com um pingente de coruja. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo.

Fernanda me viu e saltou.

-Vamos logo! Você demorou de mais! - ela disse me puxando, enquanto todos iam logo atrás.

-Mas eu nem demorei para me arrumar! - eu disse sem entender.

-Mas para mim demorou séculos. - ela riu e continuou me puxando para o chalé de Afrodite.

Eu ri. E no final todos rimos. A' turminha' ia logo atrás, rindo junto e comentando sobre como a festa seria boa, com todo mundo junto. Eu concordei, ia ser uma bagunça total. Aliás, uma bagunça não, uma explosão mesmo, pois uma filha de Héstia, uma filha de Dionísio, um filho de Dionísio, um filho de Hefesto, uma filha de Ares, uma filha de Atena, e mais todos os filhos de Afrodite, sem contar com as outras pessoas que iriam estar lá, bom, tudo isso não era boa coisa. Eu ri dos meus próprios pensamentos. Ninguém entendeu, e riram de mim. Muito sem noção isso tudo, mas foi divertido no final. Bem poderia sim se dizer que tivemos um final feliz. Os deuses não iriam nos atormentar por muito tempo a mais. Pelo menos eu achava isso. Milena fazia falta, com aquele narizinho empinado nos dizendo que roupa vestir, e o que deveríamos fazer, mas eu sabia que ela agora, estando onde estava, ia fazer com que tudo se tornasse mais divertido.

"Que pensamento mais espiritualista!" pensei "Será que ela está bem lá nas terras de Hades?" depois de mais alguns minutos eu disse, talvez até alto demais.

-É ela deve estar bem, sim!

Fernanda me olhou.

-Quem está bem? - ela perguntou parando.

-Mi... - comecei mas parei no mesmo momento - Ninguém. Só pensei alto.

A garota me olhou indecisa, mas deu de ombros em seguida e continuou me puxando para o chalé.

Bom. Acho que agora tudo voltava ao normal, pelo menos todos estavam seguros. Fiquei me perguntando se meu pai estava bem. Será que tinha casado com Trina? Será que já encontrou outra "alma gêmea"? Será que está feliz?

Todas essas perguntas eu fiz numa carta que mandei a ele, pelo correio de Hermes, sei que ele vai reconhecer que é minha, tanto que ninguém mais manda cartas para ele, eu sou a única. Os outros preferem se contatar com ele via e-mails e tal, mas eu prefiro as famosas cartas. Sei lá. Dá para ter certeza de quem foi que escreveu. A caligrafia, a tinta de caneta no papel, é mais cômoda para mim. Nunca entendi. Mas continuando... Eu fiz todas as perguntas para ele numa carta, e mais ainda, enviei essa tarde, um tempo depois de chegar no chalé.

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Depois da festa, já de noite, me despedi de Fernanda, que de alguma forma conseguiu encontrar nos fundos de seu chalé uma outra garrafa de vinho, e tomou metade, a outra metade deu para seu irmão. Resultado: dois irmãos sem noção alguma. Dessa vez tive que deixá-los por conta de Lara e Jack, eles aceitaram e me mandaram para o meu chalé. Também, a minha cara era de muito cansaço. Olheiras nos olhos, as pálpebras se fechando involuntariamente. Abri a porta do meu chalé e algo passou por cima da minha cabeça, eu me abaixei para não bater, e pousou em cima da minha mesinha de canto. Uma caixa, melhor um envelope. Me aproximei, era uma carta de meu pai, enviado pelo correio de Hermes. Deixei o sono de lado, e como acompanhante abri a carta com um bocejo. Para ter certeza da autenticidade de que meu pai escrevera a carta eu molhei a ponta do dedo na língua e passei num "a" no canto da página, borrou e confirmei. A caligrafia eu reconheci sendo dele. Primeiro tentei me lembrar do que eu escrevi para ele:

Pai,

Estou morrendo de saudades de ti. Faz tanto tempo que não nos vemos! Fico me perguntando se estás bem. Conseguiste se ajeitar no novo trabalho? E Trina e você (ainda a odeio), estão juntos ainda, ou já se separaram? Se sim(o que é ótimo para mim), já encontrou outra alma gêmea? Bom. Espero muitíssimo mesmo, que esteja tudo bem contigo, e que sua saúde continue forte. Aguardo respostas. Ah. E antes que me esqueça. Eu estou bem também. Te amo muito, e quero que saiba que sempre penso em você. Provavelmente voltarei para casa no fim das férias. Segundo Quíron(um conselheiro daqui do Acampamento, você deve conhecê-lo já) eu poderei ir com a segurança, de que os monstros não irão atrapalhar.

A mensagem foi curta, mas com muito carinho,

Lira.

Ah. Peguei a carta nas mãos e comecei a lê-la:

Filha,

Também estou com muitas saudades. Faz tempo mesmo. Estou bem sim. Quanto ao trabalho, já troquei novamente, agora estou trabalhando como gerente de uma loja de artefatos para casa aqui no bairro, acho que você deve se lembrar a "Casa & Cia" ainda acho o nome ridículo, mas é melhor trabalhar lá do que na loja de departamentos antiga... Trina e eu, já não somos um casal. Discuti com ela, depois que levei você ao Acampamento Meio-Sangue. Ela relatou que você brigou com ela por nada, e que era uma adolescente rebelde que faria de tudo para atormentar minha vida. Eu disse que não, e a discussão começou. Ela batia o pé e gritava comigo de tal forma, que me  assustei. Quebrou até o jarro florido que você gostava no meio da briga, demonstrando que as mãos dela eram as minhas, e que o jarro era meus sentimentos, e que você iria magoar meus sentimentos. Claro. Que não contei a ela nada sobre você ser filha de Héstia, acho que você já sabe né? Ela jogou o anel de noivado no chão, pisoteou e depois jogou-o no fogo. O que foi uma pena, era tão belo... E caro! Mas não liguei para isso. O que foi, foi!

Agora, acho graça no seu comentário se eu já encontrei minha "alma gêmea". Hehehe! A minha alma gêmea de fato foi sua mãe, nunca vi mulher mais radiante e bela. Você me lembra muito ela. O mesmo jeito carismático, a mesma forma de deixar tudo tão cômodo e confortável. Tudo tão bem. Mas já conheci uma nova pessoa sim, ela se chama Paola, é muito legal e divertida, além de meiga e gentil, acho que ela é a certa. Pelo menos eu fico melhor com uma companhia. Ela não é crítica como Trina. É mais compreensível também. Acho que gostar de Trina, foi um erro da minha cabeça tola. Mas agora estou bem com Paola. Estou bem também. Tomara que volte para casa logo, mesmo sabendo que no verão você terá de voltar, caso haja problemas ou novas missões. AH. E conheço Quíron sim! Você não deve reconhecê-lo mas ele foi seu professor de história na quinta série. Veio muitas vezes falar comigo, sobre seu ótimo desempenho na escola. Enfim, espero ansiosamente que você venha me visitar e ficar aqui comigo. Sinto saudades!

Com carinho,

Seu pai maluco.

Sorri quando terminei de ler. Dobrei a carta cuidadosamente e coloquei dentro de minha bolsa. Guardando-a para ninguém pega-la. Tomei um banho, coloquei meu pijama de bolinhas vermelhas e me joguei na cama, de manhã eu iria responder a carta de meu pai. Mas agora, bocejei, eu precisava de uma boa noite de sono.

*POV Richard

Ai. Como eu sentia falta da minha filha Lira. Eu, agora, estava sentado à lareira numa das grandes poltronas que Lira sempre adorara. Ao meu lado Paola, acariciava sua gatinha, sentada em outra poltrona. Ela trouxera a gatinha siamesa de sua antiga casa, onde ia levava a gata junto, eram inseparáveis, eu não me importava. Desde que não fizesse barulho, bagunça ou sujeira, e a gatinha era quieta, calma, e limpa. Isso era bom, além de ser carinhosa e compreensível(que bizarro, um gato compreensível, mas é assim  mesmo.) ele entendia quando eu queria ou não a presença do bichano por perto. Olhei para Paola, ela era tão doce e gentil. Me entendia, nós éramos parecidos. Ela tinha um jeito quieto, cuidadoso, e cuidadoso, e eu gostava da quietude mas também de organização, e ela também. Mas sempre que podíamos colocávamos uma música animada e dançávamos rindo. Era divertido. E contagiante. Miny, a gata dela, ficava sentada no sofá nos olhando e lambendo a patinha de vez em quando.

Ai. Eu acho que enfim, encontrara a pessoa certa para me fazer companhia, mas ela não era e não existia ninguém no mundo como Héstia. Ah. Doce Héstia. Eu nunca a esqueci. Principalmente a partir do dia que ela me contara que estava grávida de uma filha minha, e que era uma deusa, a deusa do lar. Não sei por que, acho que é porque Héstia é uma deusa, mas Lira não nasceu de nove meses, nasceu de muito menos, 5, mas nasceu saudável, forte e linda. Um bebê com lindos cabelos meio cacheados e meios ondulados, vermelhos como os da mãe, olhos castanhos avermelhados, pele lisa, e com um sorriso gentil e amigável. Então percebi como Paola era parecida com ambas, Héstia e Lira, o mesmo jeito carinhoso, compreensível, gentil. O mesmo sorriso caloroso e amigável. Só mudava a aparência, os cabelos eram lisos e loiros, os olhos azuis acinzentados parecido com o céu e ao mesmo tempo com a terra, como se fosse uma ligação, a pele branca. Mas o resto. Acho que era por isso que eu gostava dela, tão parecida com as pessoas que eu tanto gostava.

Mas eu me impedia de pensar em Paola como uma mulher substituta a Héstia, não eu me sentia sozinho e esquecido morando só com Lira, naquela casa enorme. Não que Lira não tivesse presença constante, mas faltava alguém a mais ao meu lado, por isso eu sempre procurara uma esposa que me fosse a cara metade, me casei com tantas. Mas enfim , acho eu, encontrei a certa para continuar minha vida normal. Héstia estará sempre em minha lembrança, e sempre será querida por mim, mas acho que ela gostaria de me ver feliz com outra pessoa que sempre estaria ao meu lado, uma pessoa tão boa como ela, Lira também.

Suspirei novamente, mais profundamente e fitei o fogo, ao som de uma música lenta que tocava no rádio. Senti o olhar de Paola passar do gato em seu colo para mim.

-O que foi Richard? - eu me virei para ela, suspirei novamente vendo aqueles brilhantes olhos azuis me fitando com uma pontada de preocupação.

-Não é nada. Só... Só estava pensando  em minha filha. - eu disse dando um mínimo sorriso.

-Ah. Ela não respondeu a carta ainda? - ela me perguntou sorrindo e voltando a fazer carinho no pescoço do bichano.

-Não. - eu disse

-Deve ser por que é tarde! Ela deve estar cansada, vai ver que saiu de uma festa com os amigos e está cansada, provavelmente está dormindo e sonhando com você agora. - ela disse calmamente.

-Ah, Paola! Que bobagem, ela deve estar cansada é de treinar! Fiquei sabendo que eles treinam bastante. - disse pensativo.

-Que isso! Eles também precisam descontrair! Eu tenho meus contatos! Esqueceu que eu vejo através da névoa, querido? - eu tinha me esquecido mesmo.

Ela enxergava através da névoa, não sabia por quê! Mas ela tinha algo que eu conhecia de algum livro de mitologia do quarto de Lira. Ela tinha um brilho de várias cores nos olhos, o cabelo escuro refletia na luz, um reflexo dentro de cada fio, como se fosse um arco-íris. "Bobagem" - pensei eu deveria estar imaginando coisas.

-Bom! Seja o que for, eu preciso ir dormir também. Boa noite, querida!

Dei-lhe um beijo e subi para o quarto.

-Eu já vou! - ela me disse.

*POV Paola

AI! Eu de fato me apaixonei por Richard. Isso é bom e ruin! Bom, porque eu já sou adulta, sobrevivi aos monstros. E ruim, pois como sou uma semideusa, tenho medo de atrair problemas, mas como já cresci e sou filha de uma deusa menor, não acho que isso vá atrair muitos problemas! Mesmo assim carrego sempre minha pulseira que contém um pingente que vira um escudo se retirado dessa e meu grampo de cabelo colorido que vira minha espada se digo as palavras certas e pego-o na mão, assim não corro o risco de problemas perigosos. Faz muito tempo que os monstros não me atacam mais. A última vez foi quando tinha 16 anos. Agora com meus 28, já sei muito mais de defesa e ataque. Nenhum me atormenta mais, não vou mais ao Acampamento por não necessitar, mas se me for pedido vou com toda a certeza. Rever Quíron e o velho Dionísio seria legal, e renovador. Mas não vou mais. Sou uma das únicas semideusas que sobreviveu até a idade adulta, não sei bem porque, mas minha mãe, Íris me protege. Ou sou eu mesma.

Acordo dos pensamentos, com a patinha de Miny no meu braço, ela se levanta do meu colo e sobe para o andar de cima. Eu resolvo que estou com sono e vou ir dormir, fecho a última janela aberta, e vejo que no horizonte a chuva começou. O vento trouxe o cheiro agradável de uma chuvinha de verão. Adoro chuva, principalmente para dormir, amanhã o sol surgirá e um lindo arco-íris estará enfeitando o céu. Isso é bom. Dou um bocejo, fecho a janela. E subo para o quarto. Richard já está dormindo e ressonando. Entro no banheiro, tomo um banho rápido e durmo ao seu lado.

Quando vejo já estou ressonando também, sonhando com uma nova visita ao Acampamento.

*POV Narrador

Enquanto no Acampamento Meio-Sangue, cada semideus dormia, calmamente em seu chalé. Héstia estava sentada na varanda da casa grande, apreciando o céu. Uma bela noite estrelada, a lua brilhava. Ela se lembrou de Ártemis, e sorriu. Suspirou. Provavelmente muito tempo, ela ainda teria ali no Acampamento, e por muito tempo ela ainda iria ver os semideuses lutando e treinando.

Mas tudo aconteceu como tinha que acontecer, ela não considerava aquilo como um castigo, ou mais ou menos. Ela conheceria muitos rostos diferentes. Todo ano chegaria algum campista novo por aí. E todo ano algum problema tinha que ser solucionado. Muito ainda viria.

No final deu no que deu. Deu no que tinha que dar. Ela continuou a fitar o céu. E sorriu lembrando de tudo. E fez algumas caretas lembrando das coisas ruins daquela última semana. Tudo tinha sido muito diferente. Mas era isso mesmo. O rumo das coisas eram diferenciados, nada era igual.

Uma brisa leve fez o cabelo de Héstia esvoaçar, ela suspirou novamente e entrou na casa grande, afim de achar algo a mais para fazer naquela noite que passaria em claro.


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Notas finais do capítulo

Antes de tudo eu gostaria de perguntar, se vocês gostariam que eu fizesse uma segunda história, essa seria mais o dia-a-dia do grupinho da fic. Os personagens seriam os mesmos, tudo aconteceria no Acampamento e poucas vezes em uma missão ou outra. Mas eu gostaria muitíssimo mesmo, que vocês respondessem por comentários ou MP.
Agora quanto ao final da fanfiction: Eu espero que tenham gostado, sei que o final ficou um pouco meio com uma pergunta(que seria E aí? O que mais acontece?), mas eu precisava mesmo encerrar a fic, por que a história fugiria um pouco do princípio. Então espero que tenham curtido.
Ah. Não esqueçam de responder a pergunta de cima.



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