Samantha abriu os olhos com a dor intensa nas costas, olhou em volta e percebeu que havia dormido no sofá, sentou-se e olhou para trás percebendo um volume estranho entre as almofadas, tirou com um pouco de dificuldade uma tigela de plástico dali e sabia muito bem quem era a responsável por aquilo.

— Quinn.. - disse observando o utensílio.

Se levantou do sofá e esticou os braços para cima causando um estalo em sua costa por conta do movimento. Como tinha ido em algumas aulas de yoga com Quinn apenas por quê a amiga estava namorando a professora aproveitou as aulas e começou um dos movimentos em sua sala, intercalando movimentos com nome de animais que nem se lembrava com a respiração que era ''muito importante'' lembrou da voz fina da professora e riu de si mesma. Em alguns minutos já estava totalmente relaxada e sem nenhuma dor nas costas. Foi até a cozinha e resolveu optar por uma vitamina ao invés do puro café preto matinal, bateu maça, banana e mamão no liquidificador e bebeu deixando um bigode de espuma na parte superior de seu lábio. Como um vulto em sua mente lembrou de ter adormecido e esquecido do sms que esperava, correu até o sofá novamente e achou seu celular, olhou no visor e nele havia três mensagens.

''Eu não tenho oque falar sobre filmes pois oque mais assisto são desenhos então... Comi um pote inteiro espero que sua avó não esteja certa''

''Desculpa a demora, estava meio que vendo um assunto sobre sangue no livro e não podia perder a linha de raciocínio''

''Ok, acho que dormiu... está tarde e acho que estou falando sozinha, estranho isso''

Samantha deu um de seus sorrisos mais bobos, pensou em responder, mas ainda era muito cedo e provavelmente a garota estaria dormindo, olhou para o relógio eram 7h ''realmente cedo''. Como era muito cedo para o trabalho ou cedo para qualquer coisa foi para tão amada sala de malhação, começou com uma série de braços e ombros, depois para pernas e lombares, foi para o equipamento que trabalha as coxas, podia sentir o suor escorrendo pela sua testa, nesse momento lembrou dos olhos de Anne, o corpo de Anne, a boca de Anne, fazendo seu corpo se arrepiar por inteiro apenas com a imaginação de tê-la. 

— Ok chega, banho gelado. 

Subiu as escadas despiu-se e entrou na ducha. Em minutos estava pronta, saiu do banheiro com a toalha enrolada sobre seus seios e foi para o armário escolher um blazer, colocou uma camisa Dudalina e um blazer salmão, não costumava usar de outras cores a não ser preto ou branco, colocou a calça e um salto. Pegou a bolsa e estava quase na hora do trabalho, desceu para o estacionamento pegar o carro.

Chegou na empresa e foi para seu andar.

— Bom dia senhorita Klein, belo blazer.

— Obrigada Yako e o cappuccino? 

— Está chegando, mandei o idiota do Chris ir buscar estava preparando umas reuniões, mas aquele estúpido apaixonado por você esta demorando. 

— Demorando muito pelo meu gosto. - disse entrando na sala e sentando.

—  Senhorita Klein tenho um recado do seu irmão ele diz: ''eu te amo, tia Cindy já me mandou uma carta estou certo que ela te mandou uma também, temos que marcar de irmos para o Texas quando eu chegar, eu te amo''

— Não era mais fácil você me entregar o papel? Mesmo assim, obrigada Yako. Esperou que a secretária saísse, mas não saiu.

— Mais alguma coisa Yako?

— Não senhorita.

— Então saia.

— Estou esperando o Chris chegar com o café para eu te entregar.

— Mande ele mesmo entregar.

— Tem certeza senhorita, ele...

— Eu sei Yako, vá...

A japonesa se retirou e Samantha começou a se concentrar no trabalho, destravou a gaveta com uma senha e pegou alguns papéis e começou a lê-los, se assustou com um garoto entrando desesperado pela porta. 

— Samantha, tinha trânsito, acidente, bicicleta, muita gente, carros, buraco no chão e me atrapalhou.

— Chris, está tudo bem.

— Não senhorita, eu me atrasei e tinha trânsito, carros, pessoas...

— Chris apenas shiu. - fez o gesto com as mãos. — Respira. - o rapaz obedeceu. — Agora me entrega o café. Com as mão tremendo o garoto coloca o copo na mesa.

— Obrigada Chris.

— Me desculpa Samantha é que tinha trânsito e carro e... - a morena interrompeu o rapaz com o sinal de silêncio, em resposta o garoto apenas balançou a  cabeça com a mão na boca e saiu. Samantha ao olhar para o copo já percebeu que não ia ser a primeira a colocar os lábios ali, sabia da obsessão de Chris por ela, mas nunca imaginou a esse ponto, pegou o copo e jogou no lixo com uma careta de nojo.

— SAMANTHA NÃO BEBE O CAFÉ! - entrou Quinn na sala da morena ofegante e feliz de a amiga não estar tomando o café. 

— Ainda bem que meu coração esta em boas condições, já hoje seria segunda vez que teria um infarto. Oque tem o café Quinn? - disse despreocupada guardando os papéis de volta na gaveta.

— A Taylor viu aquele nerd louco fazendo ele de objeto sexual.

— Oque?? ele passou no...

— Não, pelo oque ela disse ele apenas bebeu. 

— Essa empresa precisa de pessoas mais sensatas definitivamente. Eu não bebi eu fiz um ''curso'' de como descobrir se a bebida esta com algum veneno e eu não bebi.

— Graças a Deus. -disse se sentando na poltrona. 

— Então é Taylor o nome da bobinha?

— A Taylor não é assim e... espera, oquê..

— Tchau Quinn. -disse fazendo com que a loira saísse da sala. — E me manda por e-mail os arquivos da Mary Hime, Ok? - disse e fechou a porta.

— Enfim paz... 

Samantha estava com muito trabalho não pode sair nem para almoçar, arquivando documentos de empresas parceiras e indo a reuniões regulares, as vendas do mês estavam muito bem nem se comparava com do mês passado, era um sinal bom, um sinal de que poderia administrar aquela empresa, sentia muito orgulho e queria que seus pais pudessem estar ali para sentir aquela alegria junto à ela.

Com lágrimas nos olhos olhou para sua caixa de e-mail, e em um novo tinha uma mensagem do senhor Dorkey, lá dizia: ''Contratei um detetive para que se descubra rápido e com destreza quem está acabando com a nossa empresa, ele irá te ver amanhã na empresa, Obrigado pela a atenção Sr. Dorkey.'' Gostou de ver a palavra ''nossa'' no e-mail de Dorkey, era muito bom ser reconhecida por tanto esforço. 

Mais tarde depois de ter acabado o expediente resolveu ir direto para casa, suas costas estavam começando a doer novamente, iria tomar um comprimido e cair na cama ao invés do sofá desta vez. 

Chegou no apartamento e com dificuldades abriu a porta, e se assustou com pedaços de vidro no chão, olhou para a estante e seu vaso da Índia estava em mil pedaços no chão. 

— Meu vaso de 15 mil Não! - olhou mas para o lado e tinha um papel rosa no chão ao lado dos estilhaços que dizia: ''Tem mais de onde saiu isso... Vêvê'' 

— Como essa louca entrou aqui? - olhou em volta e não havia nenhum vestígio de arrombamento nas janelas, nada. Realmente precisava de mais segurança naquele apartamento.

Subiu para o quarto indignada com a ex.

— Aquela filha da puta me paga.

Pirrrrrrrrrrrrrrrr Pirrrrrrrrrrrrrrrrrrr

''Hello stranger'' 

''Ah, Oi anônima''

''Dia difícil?'' 

''Um pouco, preciso relaxar tem alguma receita?''

''Se eu falar oque estou pensando não seria muito bom, mas toma um relaxante muscular''

Samantha corou.

''Sim tomarei'' 

''Ok''

''Tenho que definitivamente colocar alarme no meu apartamento''

''Por que? muitos ratos?''

''Besta, pessoas entram como se fosse a casa da mãe joana'' 

''Privacidade deveria ser o primeiro direito já quando a pessoa nasce''

''Concordo, e então doctor já sabe quando iremos nos ver?''