– Ok, vamos ver se isso é verdade. – Pensei em voz alta e sai do meu quarto cantarolando uma musica qualquer. Todas as luzes já estavam acesas, então desci e todos eles incluindo o Gabriel estavam sentados, do mesmo jeito que eu os tinha deixado. Eu estava mais feliz do que nunca, alguma coisa havia acontecido com aquela simples conversa, eu sentia, todos estranharam minha súbita felicidade.

– Mel você tá bem? – Pablo perguntou curioso.

– Estou ótima, por que? Não deveria?

– Lógico que sim, mas sei lá, está diferente. – Falou ele desconfiado.

– A claro, então quer dizer que para você me reconhecer, eu tenho que estar triste e amargurada? – Perguntei aumentando o tom da minha voz.

– O que é isso Mel, ele só está te fazendo uma pergunta. – Sidney me repreendeu.

– E você vai ficar defendendo ele do que ficar do lado da sua amiga?

– Mel, o que você tem? Tá ai respondendo desse jeito, alguma coisa aconteceu, você não estava assim antes de subir, foram eles não foram? – Sidney indagou.

– Não, eu estou ótima, parem com isso, que eles não têm nada haver com isso. – Falei sem paciência.

Gabriel que até agora estava quieto só ouvindo essa discussão me olhou confuso e perguntou.

– Quem são “eles”? Não estou entendendo nada.

– Ninguém, eles estão só brincando. E desculpem por isso, não queria ser ignorante. – Sorri. O que estava acontecendo comigo? Num minuto eu estava feliz e em outro, totalmente ignorante. Não deve ser nada, certo? – Pessoal me digam uma coisa, que dia é hoje?

– Hoje é sábado Mel, perdeu a noção do tempo foi? – Pablo riu e todos se juntaram a ele.

– A claro, sábado, obrigada. Sidney, vem aqui por favor? – chamei-a num canto para conversar.

– Fala Mel.

– Então, eu queria saber se amanhã você pode sair comigo. – Perguntei acanhada.

– Que pergunta Mel, é claro que posso. Aonde vamos? – Perguntou curiosa.

– Shopping. – Eu respondi naturalmente e sorri. Ela arregalou os olhos e gritou.

– COMO É?

– É, eu não quero mais ser, assim. – Apontei para meu corpo e meus cabelos.

– Ai que legal amiga, eu ajudo sim, em tudo o que você pedir. – Ela me deu um abraço tão apertado que quase quebrou meus ossos.

– Ai senhor, mas, por favor, não quero morrer antes disso tudo acontecer. – Ela riu e se afastou. – Vamos voltar. – Peguei em sua mão e sai puxando novamente para a sala. E então o curioso do Gabriel já perguntou.

– O que era de tão importante, para não querer que ouvíssemos? – Gabriel perguntou curioso.

– Não te interessa, e como você falou, se fosse pra você ouvir eu não saia daqui, idiota. – Respondi ríspida e Sidney me cutucou me dando um olhar de reprovação, mas eu não liguei para isso.

– Como essa garota está azeda, senhor, bom Pablo, já deu a minha hora. – Ele disse se levantando e caminhando em direção à porta seguido por Pablo.

– Ok cara, aparece depois. – Fizeram aquele toque esquisito e Gabriel se foi. Assim que Pablo voltou me olhou com reprovação e como eu não queria discutir novamente subi as escadas e fui para o meu quarto, após cinco minutos sozinha, Sidney entrou e se sentou na minha cama, mas parecia que ela não estava ali exatamente, deixei ela daquele jeito e depois ela voltou a me olhar.

– Agora sou eu que te pergunto, está tudo bem? – Perguntei.

– Sim, é que aconteceram tantas coisas em menos de dois dias, ainda estou um pouco impressionada com isso. – Admitiu com um suspiro longo.

– Esqueça isso, não vai mais acontecer.

– Como você sabe? – Ela me olhou confusa.

– Sei lá, apenas sinto que isso não vai mais acontecer. – Sorri para ela, mas ela continuou séria.

– Ok, mas se acontecer novamente me diga, por favor. – Ela fez uma pequena pausa e depois continuou. – E também com tantas coisas, sei lá, eu lembrei da minha mãe, estou com saudades dela.

– Não fica assim amiga, você vai ver ela na segunda. Falta pouco tempo. – Sentei ao seu lado a abraçando. – E não se preocupe que isso não vai mais acontecer, se por acaso acontecer, eu falo sim.

– Assim você me deixa menos preocupada, você tem razão, vou vê-la na segunda. – Ela sorriu fraco.

– Bom, eu vou me deitar que amanhã meu dia vai ser longo, boa noite Sidney. – Mandei um beijo no ar para ela que em retribuição sorriu.

Dormi totalmente ansiosa, ou melhor, nem consegui dormir, se consegui esse feito foi por apenas duas ou três horas. Nem lembro quantas vezes eu olhei para a janela esperando o dia amanhecer para finalmente poder sair daquela cama, olhei para a janela pela ultima vez e, que ótimo, já era manhã, agora sim faltava pouco, olhei para o relógio e ainda eram 05:30.

– Que droga. – Sussurrei. Meus dedos não conseguiam ficar parados um minuto sequer e minhas mãos estavam suando, não aguentei de tanta ansiedade e então levantei da cama e fui para o banheiro, saí do quarto em silencio e fui para a sala assistir alguma coisa para ver se as horas passavam mais rápido, decidi ver um filme. Não sei o que me deu, mas uma vontade louca de ver coisas ruins me dominou por completo e então decidi continuar assistindo Saw, ver aquelas pessoas se mutilando para se salvar, não sei, me dava um prazer, que eu chegava a sorrir. Assim que acabava um eu já colocava o outro fiquei horas assistindo.

Ouvi passos na escada e virei imediatamente para ver quem era, era Sidney, ela ainda estava com roupas de dormir e coçava os olhos, ela havia acabado de acordar, quando ela finalmente se acostumou com a luz, notou que eu estava ali e veio direto falar comigo.

– Mel o que você está fazendo acordada menina? Tá todo mundo dormindo ainda, helo. Hoje é domingo, dia de acordar tarde. – Ela disse ainda sonolenta, e eu apenas sorri para ela.

– Não consegui dormir, estava muito ansiosa pra fazer isso. – Falei tensa.

– Percebi, olha o tamanho das suas olheiras. – Ela me olhou pasma. – Esse não é um bom começo para quem quer ficar linda.

– Mesmo que eu quisesse, não consegui pregar os olhos, se consegui, foi por duas horas no máximo. – Falei com cara de tédio.

– Tá bom, eu te entendo, mas ao que se deu essa mudança repentina de mudar de visual? – Ela perguntou curiosa.

– Sei lá, cansei de ser esquisita, quero ser, digamos, normal.

– A que bom então, vai te fazer bem. – Ela sorriu, olhou para a TV e me olhou pasma. –Esse filme de novo Mel?

– Sim, não terminamos de assistir ontem, e eu estava sem sono então decidi ver ele mesmo, estava mais fácil. – Sorri para ela. – Que horas são?

– São exatamente, 09:01, que horas que você desceu?

– Sei lá, 05:00 por ai.

– Nossa, ok então, eu vou me arrumar e daqui a pouco desço de novo. – Ela falou se levantando e indo em direção a escada. Meia hora depois ela já estava ao meu lado novamente, mas eu não estava mais assistindo o filme, me enjoei e tirei, fiquei assistindo desenho na TV. E então ficamos assistindo alguns minutos ate que ouvimos mais passos vindos das escadas, eram meus pais, estavam com a mesma cara de sono, foi engraçado, minha mãe estava descabelada, não sei como ela tinha coragem de aparecer daquele jeito, ou melhor, de sair do quarto daquele jeito, e meu pai estava sério como sempre. Então Sidney os olhou e cumprimentou os dois. – Bom dia. – Falou alegre.

– Bom dia. – Minha mãe respondeu alegre e meu pai apenas respondeu por educação.

Eles foram direto para a cozinha, e dez minutos depois minha mãe nos gritou mandando ir para a cozinha tomar café, fomos quase correndo, eu estava com muita fome, poderia comer até um bicho. – ok, talvez eu tenha exagerado. - Me sentei na cadeira e comecei a me servir juntamente com todos os que estavam ali. E então minha mãe que estava calada me olhou curiosa.

– Mel, o que vocês duas estavam fazendo a essa hora acordadas?

– Mãe agora são. – Fiz uma pausa olhando para o relógio que estava na parede. – 10:13, não está cedo.

– Mas estava quando eu acordei, e ela já estava como um zumbi acordada. – Eu lancei um olhar mortal para Sidney que deu de ombros dando a entender que ela tão estava nem ai.

– Por acaso você passou a noite toda acordada Melanny? – Minha mãe perguntou desconfiada.

– Não mãe, eu só acordei cedo por que estava sem sono e não queria ficar no quarto.

– A sim, bem melhor, pensei que não tinha dormido.

– Lógico que não ela dormiu... – Sidney começou, mas eu não a deixei terminar e a interrompi.

– Eu dormi cedo e fiquei sem sono, não é Sidney?

– Acho que sim. – Ela concordou olhando para mim com uma expressão raivosa no olhar.

E finalmente vimos a princesa -Pablo- chegando na cozinha, todo arrumadinho, parecia que ia sair. E então se juntou a nós e começou a comer calado, deveria ser o sono ainda, mas quando ele olhou para mim soltou um riso baixo e comentou irônico.

– O que aconteceu maninha? Caiu da cama ou levou uma surra? – Perguntou cínico como sempre.

– Ai Pablo, fica quieto, cuida da sua vida. – Falei sem paciência.

– Ui tá nervosinha, adoro. – Ele falou fazendo uma voz engraçada, que soou muito gay. E então eu fui obrigada a rir.

– Pois é, então não chega perto que se não arranco pedaço. – Eu disse entrando na brincadeira.

– Que medo de você Mel, olha só como eu estou com medo. – Ele falou novamente fazendo aquela voz que já estava irritando. – Eu só ri, me calei e então continuei comendo.

Fui uma das primeiras a terminar, pois ainda não me esqueci de como será meu dia hoje, estou cheia de expectativas de como realmente vou ficar no fim de tudo isso, já me imaginei de vários jeitos, mas realmente não consegui me decidir sobre qual realmente eu irei ficar, veremos qual será o resultado final.