A Última Chance escrita por Gaby Molina


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Grande Dia




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Maxon mentiria se dissesse que ficou surpreso quando, no dia seguinte, todos os seus conselheiros vieram lhe dizer que um verdadeiro movimento a favor da Seleção havia começado em Iléa.

— Garotinha esperta — ele suspirou. — Não posso acabar com isso, posso?

— A não ser que queira deixar todo o seu povo extremamente enfurecido, o que começaria uma revolução muito perigosa — disse um dos conselheiros. — Não, não pode.

— Enviem os formulários de Seleção para todos os rapazes entre dezoito e vinte anos de Iléa — ordenou o Rei. — Prometam ao vencedor o trono, o auxílio familiar e... — ele respirou fundo. — E o coração de minha filha. Dispensados.


A notícia logo chegou aos ouvidos da princesa. Ela estava comemorando a vitória com Ruth, Leah e Sabrina quando alguém bateu na porta.

— Entre — concedeu Annie.

Para sua surpresa, a Rainha America entrou no quarto e se sentou na cama de dossel da princesa, fazendo um movimento para que ela fizesse o mesmo.

— Moças — a Rainha se virou para as três criadas. — Podem nos dar licença por um minuto?

As três assentiram e, com uma reverência final, deixaram o quarto.

— Se está aqui para fazer com que eu me sinta culpada — disse Annie. — Nem comece.

Para sua surpresa, America riu.

— Culpada? É claro que não. Estou muito orgulhosa de você, Annabelle. Esse sentimento que você tem... Essa capacidade de mudar as coisas que você acha que não estão certas... É disso que este país precisa.

Os olhos da princesa brilharam.

— Acha... Acha mesmo?

— E é por isso — sua mãe a fitou. — Que você será uma excelente rainha. Porém, filha, eu estive na Seleção. Imagino que com rapazes não deva ser tão diferente. Para começar, há aqueles que só se importam com o trono, e não com você. Esses devem ser os primeiros a ir para casa. Entendeu?

— Mãe, se eu quisesse um cara que não dá a mínima para mim, eu me casaria com aquele idiota do Edwin.

America mordeu o lábio e abraçou.

— Eu sinto muito por aquilo, filha. Sinto tanto...

— Tudo bem. Sempre me virei sozinha, não é como se você pudesse me impedir.

— Claramente. Ah, e Annabelle...

— Sim?

— Tenha juízo.

[center] * * * [/center]

Todo o tempo até a sexta-feira onde seriam revelados os 35 Selecionados foi de ansiedade e impaciência enquanto o castelo era preparado para receber tantos visitantes. Mas, finalmente, o dia chegou.

Annabelle estava sentada em seu trono de sempre no Jornal Oficial. Mexia em seu colar, como sempre que estava nervosa. Ela quis tanto aquilo, batalhara tanto... E o dia finalmente chegara.

— Mas antes — disse Gavril ao microfone, sorrindo. — Algumas palavras da Princesa Annabelle.

Uma salva de palmas se sucedeu enquanto o apesentador caminhava até a princesa.

— E então, Vossa Alteza — ele sorriu novamente. — Como foram as últimas semanas?

— Tensas, bem tensas... Muitos preparativos, você não imaginaria.

— Está nervosa?

— Na verdade, sim — ela enrubesceu um pouco. — É bastante pressão. Mas estou animada.

— Antes, nos diga, o que está procurando no rapaz ideal?

A pergunta a pegou de surpresa. Ela não tinha uma resposta.

— Eu... não sei. Caráter, principalmente.

— E quanto à aparência física? O que lhe chama a atenção?

Annie enrubesceu novamente.

— Olhos — disse ela, baixinho. Não sabia por que estava revelando aquilo, mas estava.

— Olhos claros?

— Acho que está mais no olhar. Olhares sinceros. Um olhar que mostre algo bom sobre o interior da pessoa. Claro que isso é apenas um detalhe, não vou escolher um governante apenas por seus olhos — ela sorriu.

— Quem está mais animado? Você ou o povo de Iléa?

— Gosto de pensar que estamos no mesmo barco doido de ansiedade e animação.

Gavril riu um pouco.

— Sem mais delongas, que tal apresentarmos os Selecionados?

— Por favor!

E então trinta e cinco rapazes — nome, foto e Casta — apareceram no telão, um por um. Annie não dava a mínima para a Casta, mas percebeu que o de menor casta era um Seis, apenas um, e então as castas apenas cresciam, até chegar aos três rapazes de casta Dois.

Todos eles eram bonitos, de alguma forma. Todos eles tinham aquele motivo óbvio pelo qual haviam sido escolhidos. Depois que todos os Selecionados foram anunciados, Gavril se virou para Annie:

— Algum olhar te chamou atenção, Alteza?

— Alguns se destacaram na minha mente, sim — ela sorriu. — Mas talvez eu deva responder novamente depois que os conhecer.

[center] * * * [/center]

No dia em que os Selecionados finalmente estavam indo para o palácio, Charlie Hutton podia dizer que as coisas estavam bem agitadas em meio ao povo da Quarta Casta, alguns mesmo seus conhecidos. Sua mãe chorava. De alegria ou de tristeza, ele não sabia. Tudo aquilo era louco demais. Imaginar que ele estava sendo mandado para o palácio para ganhar o coração da princesa — da [i]princesa. Ele[/i] —, e possivelmente viver feliz para sempre com ela comandando o país juntos era loucura.

Ele não conseguia comandar nem seu cachorro, Donny, que dirá um país.

Apesar de tudo, ele sorria para a multidão enquanto entrava no avião que o levaria ao palácio. Ele nunca andara de avião. Era um pouco maior do que ele pensava. Mais dois Selecionados se juntariam a ele naquele voo, foi o que disseram.

Eles demoraram um pouco, mas finalmente um deles chegou. Era um garoto alto e louro que parecia ter saído direto de algum comercial de perfume importado. Por um milagre, Charlie lembrou que seu nome era Jasper, obviamente um Dois.

Jasper acenou ao vê-lo.

— E aí? Jasper Blakewood — o garoto se aproximou, estendendo a mão.

— Charlie Hutton — Charlie sorriu um pouco, apertando a mão dele.

Jasper se sentou no assento do outro lado do corredor.

— Loucura, hein?

— Nem me fale — Charlie suspirou.

— [i]Cara, elas estão quase invadindo o avião! Meu Deus, deem logo partida nisso![/i] — berrou um garoto desconhecido, entrando no avião. Possuía cabelos curtos arruivados e algumas sardas. Era bem alto e magro, mas havia algo divertido e jovem nele, uma energia diferente.

— Quem? — perguntou Charlie.

— As garotas ali fora.

Charlie suspirou. Imaginou que com garotos na Seleção seria diferente, mas era tudo exatamente a mesma coisa. O povo decidindo quem eram os mais bonitinhos, querendo vê-los, as garotas alucinadas berrando coisas eróticas conforme eles passavam. Normalmente a última parte não incomodaria Charlie, mas ele estava começando a ficar aterrorizado de verdade com a magnitude daquilo.

Jasper riu. Um riso rouco e baixo que soava de alguma forma como um gato ronronando.

— Eu sou Jasper, e este é o Charlie.

Charlie voltou à realidade e acenou para o recém-chegado.

— Prazer, eu sou Zack Woodsen.

Zack sentou-se em alguma poltrona aleatória mais para o fundo da aeronave, que logo decolou. Num certo ponto da longa viagem, Jasper começou a puxar conversa.

— Como acham que ela é? A princesa.

— GATA — Zack berrou lá de trás.

Jasper e Charlie riram um pouco, cúmplices.

— Acho que disso todos sabemos. Mas como acham que ela é, quanto à personalidade?

— Corajosa — foi a primeira coisa que veio na cabeça de Charlie. — Viram o que ela fez no Jornal Oficial? Duvido que o Rei e a Rainha sequer soubessem dos planos da filha.

— Ela realmente não queria casar com o cara da Itália — Jasper concordou, soltando um assovio.

— Imagino como ele está se sentindo agora que tem trinta e cinco caras correndo atrás da mina que ele perdeu — Zack sorriu.

Eles continuaram jogando conversa fora, cada um falando sobre sua Casta, suas expectativas, e principalmente sobre a Princesa Annabelle.

Quando o avião pousou, eles foram encaminhados para uma espécie de tapete vermelho, onde havia um monte de gente — principalmente garotas — esperando para vê-los, e quem sabe até tirar uma foto ou ganhar um autógrafo.

Jasper saiu na frente, seguido por Zack e por último Charlie. Charlie se surpreendeu ao ver que havia vários cartazes incentivando-o — não tantos quanto os para Jasper, mas havia —, e tal coisa o fez sorrir. Ele parou ao lado de uma garota, provavelmente de uns 15 anos — quatro a menos do que ele —, que gritava seu nome compulsivamente.

— Ai meu Deus, você é tão mais bonito pessoalmente — ela parecia a ponto de desmaiar. Charlie rezou para que ela não o fizesse, pois ele não saberia socorrê-la.

Ao mesmo tempo, ele, que nunca pensara muito sobre sua aparência, enrubesceu.

— Hmm... Obrigado — ele esboçou um sorriso.

— Autografa a minha testa?

—... Claro.


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