A Filha Do Sol - Parte II escrita por Taty B, Let B Aguiar


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Oi gentemmm!!! Como vão? Eu estou ótima (ceis nem perguntaram, mas eu respondi). ESSE CAPÃTULO ESTà UM AMOR! Sei que eu mesma escrevi, só que é verdade verdadeira. Espero que vocês curtam. E gostaria de fazer um pedido: NOS AJUDEM A DIVULGAR A FIC!!!! Sério, eu não sou nem um pouco famosa no fandom de PJO, sou quase uma vovó caquética (19 anos, não tá fácil), e não converso com muitos semideuses (tirando a Juliana cara de banana, linda e maravilhosa, minha conselheira da fic), e é isso aí. Ficaria extremamente feliz e agradecida se vocês espalhassem a fic por esse fandom gigantesco. à claro, se vocês acharem que ela merece.
Já enrolei demais,né? Vamos ao que interessa.



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CAPÍTULO VII

LEO


A vitória de Pattie foi incrível. E mais incrível ainda foi ver seus irmãos, que antes desaprovavam o fato de ela ter se tornado uma esgrimista, torcendo e gritando com todas as suas forças, extremamente orgulhosos da caçula. Seria mentira se eu dissesse que também não me senti orgulhoso. Queria gritar para que todos escutassem que aquela era minha garota, mas isso não era possível. Não ainda.
Os esgrimistas não podiam se misturar à plateia nas arquibancadas. Não sei quem elaborou essa regra sem noção. Acreditava que só poderia ter sido o sr. D. Sendo assim, Pattie permaneceu nas coxias até o fim das lutas. Tenho que admitir que a luta que Percy travou contra um garoto do chalé de Nêmesis foi tão empolgante quanto a de Pattie. A diferença é que Percy não demorou nem dois minutos para apagar seu oponente.
O torneio acabou perto do horário do almoço. Demorou algum tempo até que todos os campistas saíssem da arena. Em dois anos de acampamento, não tinha visto tamanha mobilização devido a uma atividade, nem mesmo nas corridas de bigas.
Nos encontramos com Percy e Pattie numa das saídas da arena. Eles estampavam sorrisos grandes e pareciam satisfeitos com seus desempenhos. Os irmãos de Pattie correram para abraça-la e até quiseram erguê-la do chão, no que ela gritou:
– Parem! Eu não ganhei o torneio, foi só uma luta!
Eles colocaram-na de volta ao chão, claro. Ninguém tinha coragem de contrariar Pattie depois de vê-la lutando. Conversamos um pouco com os dois, que pediram um tempo para irem até seus respectivos chalés tirar a armadura e trocar de roupa. Como o estômago de todos estava roncando (principalmente o de Tyson, já que ele não parava de lembrar que estava morrendo de fome), nos dirigimos até o refeitório.

O assunto do almoço se resumiu em: o torneio e as atuações dos esgrimistas. Todos no chalé 9 concordavam que Pattie e Percy tinham sido, de longe, os melhores. Mas frisaram que a luta de Ryler também havia sido ótima e que ele possuía potencial para chegar as semifinais.
Do fundo do coração, eu esperava que ele de fato chegasse às semifinais. Eu ia amar ver Pattie chutando o traseiro dele e o derrotando merecidamente.
Comi rápido e saí apressado para buscar meu cinto de ferramentas, que deixei no meu quarto. Estava descendo a colina a todo vapor quando vi Pattie subindo a mesma, conversando com ninguém menos que Thalia. Esta, por sua vez, estendia uma espécie de panfleto para Pattie e gesticulava durante sua fala.
Meu radar interno disparou. Pelo pouco que conheci das caçadoras, Thalia só podia estar tentando conseguir outra recruta de peso. Com certeza viu o desempenho de Pattie na luta mais cedo e se interessou .
Pode parecer idiotice, coisa de gente retardada e possessiva, mas me senti na obrigação de afastar Pattie de Thalia. Não sabia se a sra. Eternamente Virgem teve conhecimento sobre o término do namoro de Pattie ou do soco que ela deu na cara do ex, mas de qualquer forma essa situação poderia privilegiar o poder de suas palavras.
Me aproximei das duas a tempo de ouvir Thalia dizendo:
– Nenhuma caçadora jamais se arrependeu de se juntar à caçada. Nós somos como uma família, temos nossos momentos de descanso e tudo mais. Nem sei te explicar como nos divertimos juntas! Com o tempo aprendemos que definitivamente não precisamos de garotos para sermos felizes!
Pattie fitava Thalia com curiosidade. Não a culpava, pois ela emitia uma aura no mínimo atraente, mas meu sangue borbulhava, estimulado pela vontade de afastá-la dali.
– Ei, Pequena Miss Sunshine. Estava vindo atrás de você. Hum... Você não vai almoçar?
Ela me encarou de uma maneira engraçada, como se eu tivesse acabado de dançar Macarena vestido de Drag Queen.
– É claro que vou, Leo. – respondeu, e Thalia me lançou um olhar que dizia ‘ Você de novo, garoto esdrúxulo?’
– Então vamos! Você demorou muito trocando de roupa, o almoço está quase acabando. – respirei fundo e passei um braço pelos ombros de Pattie. Thalia me fuzilou dessa vez. Eu arruinei todos seus planos. – Se me der licença, caçadora...
Fui arrastando Pattie para longe de Thalia. Mas ela empacou e se voltou para trás.
– Obrigada pelo convite, Thalia. Mas... Não consigo me imaginar sem ter alguém importante ao meu lado. Não me leve a mal, sério. Apareça no chalé 7 mais tarde, eu faço uma cópia dos cds novos do Green Day para você!
A expressão de Thalia se suavizou um pouco. Ela sorriu e respondeu:
– Tudo bem, Pattie. Nos vemos mais tarde, então.
Deu as costas, sem antes me transformar em cinzas com seus olhos azuis penetrantes. Engoli em seco e continuei a andar com Pattie, sem notar que ainda envolvia seus ombros com um braço e que uma de suas mãos o segurava.
– Por que fez isso? – ela soltou a pergunta. Encarava o chão como se a grama fosse demasiado interessante.
– Porque não poderia deixar você se juntar às Caçadoras. – respondi, não conseguindo elaborar uma resposta melhor. Droga. – Você... não considerou essa opção de verdade, considerou?
– Se eu falasse que não, estaria mentindo para você. Eu achei a proposta interessante, sim. Mas como disse para Thalia... Não me vejo eternamente jovem, sem ninguém ao meu lado. Rodeada de amigas, mas sem um amor verdadeiro...
– B-bom... Foi por isso que eu interrompi, eu sabia que você não devia aceitar a oferta. – balbuciei. Minhas mãos soavam e meu coração estava tão disparado que tive medo que Pattie conseguisse escutar. Ela levantou o olhar para mim e esboçou um sorriso enviesado. Parecia que tinha acabado de concluir uma suspeita. E, ah, pela barba fumegante de Hefesto... O que será que estava pensando? E se chegou à conclusão de que não quero ser só seu amigo?
Ela soltou meu braço e eu o removi de seus ombros quando avistamos o refeitório. Não parou de andar, mas ao notar que eu fiquei para trás, se virou de volta.
– Não vai almoçar? – uma de suas sobrancelhas estava arqueada.
– Na verdade eu já almocei. Eu...hã... ia buscar meu cinto no chalé quando vi Thalia conversando com você.
– Você é estranho. – Pattie disse, novamente me encarando como se eu tivesse acabado de dançar Macarena, dessa vez fantasiado de vaso sanitário. Porcaria. Eu e meu dom de estragar tudo.
– Essa não é a primeira vez que alguém me diz isso. – tentei soar descontraído. Era o mínimo que podia fazer. – Vou estar lá no Bunker. Se não estiver muito cansada e quiser aparecer por lá...
Ela deu um sorriso fraco e continuou seu caminho até a mesa de Apolo, onde seus irmãos a esperavam.

Não esperei que ela fosse aparecer depois da situação esquisitíssima com Thalia. Me arrependi tanto de ter feito aquilo que até senti um desconforto no estômago. Pattie deveria estar me achando mais insano do que quando tive aqueles ataques ridículos de ciúmes por conta do seu relacionamento com Ryler. Admito que o que fiz foi puramente impulsivo, mas eu não conseguia mais me controlar. Se eu perdesse a oportunidade de ficar com ela mais uma vez... Eu não ia me perdoar tão fácil.
Afastei pensamentos atordoantes que insistiam em dar as caras trabalhando nas asas dos pégasos autômatos. Não queria lembrar de uma promessa, que supostamente era pra ser 'cheia', mas que até agora eu não havia cumprido. Não queria que as palavras de Nêmesis voltassem a me atormentar, muito menos os conselhos proferidos pela feiticeira Circe. Absorto demais para me concentrar, acabei fazendo a conexão de uma dúzia de penas errado, e tive que recomeçar a tarefa.
Cerca de uma hora e meia após o almoço, Pattie adentrou o Bunker com Johnny. Ouvi a voz alta de Johnny bem antes de alcançarem as portas. Como a conexão dos fios milimétricos de bronze entre as penas era delicada e requeria bastante atenção, não me virei para observá-los, fato que fez Johnny atirar uma porca tamanho médio na minha cabeça. Lembrete pessoal: nunca duvidar da precisão de um filho de Apolo.
– Vim pegar os instrumentos e os pedais que você consertou, cabeça de prego. – ele anunciou. – Não vou me demorar.
Ele colocou a guitarra e o baixo nas costas, pegou os pedais de efeito com as mãos e saiu do Bunker assobiando, sem antes trocar um olhar comigo. Voltei a sentir uma incômoda taquicardia ao ficar sozinho com Pattie. Mas que bosta era essa? Testemunhava uma regressão no meu comportamento, como se nunca tivesse jogado tempo fora com Pattie antes. Ela soltou um muxoxo ao ver Johnny carregando os instrumentos para longe e se aproximou. Eu levantei os óculos de marceneiro para poder olhá-la. Não sei como consegui tal proeza levando em conta o episódio anterior.
– No que eu posso lhe ajudar, oh grande mestre Jedi? – ela zombou, pegando uma pena de pégaso com as pontas dos dedos e analisando-a.
– Bom, jovem Padawan. – eu amava o fato de Pattie ser uma das únicas meninas do acampamento que já haviam assistido Star Wars. Não que eu tenha conversado com muitas para saber... Ah, foda-se. – Está vendo a carcaça daqueles pégasos? Eu já terminei as duas, então seria ótimo se você as polisse para mim. Relaxa, não é ‘trabalho de ogro’.
– Ok, Obi-Wan Kenobi. Apenas me explique como fazer isso.
Eu expliquei didaticamente o processo supercomplicado para ela. Apresentei-lhe a extraordinária cera para polimento e a bucha para aplicação. Frisei que teria de ser muito delicada, porque se colocasse muita força no braço poderia retirar a cor do bronze. Ela aceitou a tarefa de braços abertos e antes de começar, ligou o sistema de som do Bunker. Can’t Stop, do Red Hot Chili Peppers invadiu o ambiente e de repente, pude respirar mais aliviado. Afinal de contas, ela não demonstrou estar irada ou desconfortável comigo.
– Droga. – Pattie gemeu, parando de polir o metal para colocar a mão em cima de uma região na lateral de seu corpo, perto das costelas, e se encostar à mesa mais próxima.
– O que foi? – eu perguntei, voltando minha atenção para ela.
– Nada não. – Pattie disfarçou e fez questão de retomar a tarefa, mas eu larguei a conexão das penas e me aproximei, colocando o cérebro para funcionar um pouco.
– Foi aquele golpe que Guy Hogan deu em você, não foi? – tornei a questionar, encostando-me à mesa junto dela. Pattie deu um sorriso resignado.
– Você presta atenção em tudo. Se não fosse filho de Hefesto, poderia muito bem estar no chalé de Atena.
– Não sou bonito o suficiente para isso. Inteligente? Talvez... Mas, caramba, por que você não falou logo pro Will que estava machucada? Sorte sua que eu tenho um estoque de néctar aqui. – eu falei e Pattie continuava me fitando com atenção. Não parecia muito disposta a continuar o assunto. O que me fez suspeitar que algo errado havia acontecido. Eu fui até o armário mais próximo e trouxe um cantil de néctar. Antes de abri-lo, eu não me contive e precisei indagar:
– Por que você não quer falar sobre isso? Aquele garoto te disse alguma merda. – a segunda parte foi uma afirmação literal. Pattie não se calava por pouca coisa.
Ela suspirou e deu outro sorriso resignado.
– Você está certo, como sempre. Guy Hogan me chamou de vadia. E ainda conseguiu me machucar. O meu ego não me deixou pedir ajuda ao meu irmão.
– Ele o que? – me indignei, quase derrubando o cantil no chão. Pattie deu risada. – Ninguém tem o direito de te chamar de vadia. Você não é uma vadia! Seus irmãos precisam ficar sabendo disso. Se eles não fizerem nada, eu faço. Sei que eu não sou muita coisa, mas eu posso queimar o traseiro dele sem querer. Aquele pigmeu gilipollas...
– Gili.. ? – ao menos consegui arrancar um sorriso dela. Destampei o cantil de néctar e sem eu pedir, Pattie ergueu um pouco a camiseta do acampamento para que eu passasse o líquido pelo seu machucado. O ar não chegou aos meus pulmões por alguns instantes. O abdome dela era chapado e esguio, do jeito que sempre imaginei. Nenhuma costela deveria estar quebrada, mas o local estava extremamente roxo devido a pancada. As pontas dos meus dedos formigaram quando eu encostei em sua pele quente e delicada, e nunca foi tão difícil controlar minha natureza ‘inflamável’. Pattie observou atentamente o machucado desparecer aos poucos e abaixou a camiseta quando eu terminei de espalhar o néctar. Estávamos bem próximos um do outro; ela me lançou um olhar terno e sorriu, desviando a atenção para o chão. Foi a primeira vez em que a vi corar.
– Obrigada por se importar tanto comigo e por não me achar uma vadia.
– Patricia, francamente... Eu tento ser um cara legal com você, mas quando você diz essas coisas, eu preciso te punir, é impossível controlar... – comecei, passando as mãos pelos cabelos, demonstrando uma falsa incredulidade.
– O que é impossível de controlar? – eu despertei a curiosidade dela.
– É impossível controlar... O ataque de cócegas.
– Não!!! – ela exclamou, tentando, mas não conseguindo fugir do fatal ataque de cócegas de Leo Valdez. Ela ria e se debatia, não desistindo de me empurrar e se desvencilhar. O som da sua gargalhada era único e lindo de se ouvir. Eu só parei quando ela implorou, contorcida, sem ar de tanto rir. Ela pegou na minha mão enquanto se se encostava a uma pilastra, restabelecendo o ritmo da sua respiração. Trocamos mais um olhar cheio de significados, e eu pude sentir a tensão entre nós crescer rapidamente...
– Ah, que porra! – eu ouvi uma voz mais ao fundo e amaldiçoei quem quer que fosse. – Cara, eu não devia ter voltado aqui. Péssima hora! Eu sou um empata-foda!
Era Johnny. Só poderia ser ele. Eu passei as mãos pelo rosto, dessa vez, incrédulo de verdade. Ele desandou a rir e Pattie se desencostou da pilastra, passando as mãos distraidamente pelos cabelos longos, como uma criança que finge não ter participado de uma travessura.
– Podem continuar o que vocês iam fazer! É que eu esqueci um pedal aqui, sabe. Foi mal.
Ele correu até a mesa onde até momentos atrás jaziam os instrumentos musicais do chalé de Apolo e pegou o pedal que havia esquecido. Lançou um olhar soturno para mim e para sua irmã e saiu como um relâmpago do Bunker.
– Deuses, o Johnny é a pessoa mais idiota que eu já conheci na face da Terra. – Pattie comentou, voltando a pegar a bucha de polimento.
– Pois é. Esse é seu irmão. Ainda bem que você prova que a idiotice não é genética. – eu me esforcei para reestabelecer o clima descontraído entre nós. Era óbvio que Pattie ficou sem graça com o ocorrido, mas não saiu do Bunker ou se afastou de mim. Eu preferi não me concentrar no que poderia ter ou não acontecido; apenas me concentrei no passo a frente que acabara de dar e na pequena evolução no plano de tê-la ao meu lado não só como amiga...
Passamos a tarde inteira no Bunker. Piper se juntou a nós no final desta e ficou trocando ideias sobre novas bandas indie com Pattie. Até mesmo Will apareceu por lá, a pedido da irmã, para checar o andamento da biga. Ele sorriu com o que estava pronto até o momento e nos elogiou. Não queria decepcionar o cara mais uma vez. A biga teria de ficar perfeita.
Durante o jantar, Quíron anunciou a data da próxima fase do torneio, que tomaria lugar na quinta-feira. E também disponibilizou para os competidores e curiosos um quadro que mostrava quem iria enfrentar quem. Pattie enfrentaria uma irmã de Annabeth, chamada Alicia. Ela comentou estar satisfeita com o sorteio dos oponentes, mas no fundo eu sabia que estava aliviada por não ter que enfrentar Ryler, pelo menos não naquela altura do torneio.
Agora que podia aproveitar minhas primeiras férias de verão na paz do Bunker e na companhia dos meus amigos, os dias passavam cada vez mais rápido e eu perdia a noção do tempo. Eu mal acreditava quando saia da aula de Mitologia, olhava para o relógio de pulso e este marcava quatro e meia da tarde. Pattie não foi todos os dias para o Bunker comigo, pois precisava treinar para a luta de quinta-feira. Ela e Percy pareciam dois furacões lutando. Eu não conseguia conter o riso a cada vez que Percy a derrubava de costas no chão com um golpe certeiro e ela me lançava um dedo do meio que representava toda sua meiguice.
Não vejo necessidade em exaltar o fato de que Pattie obviamente ganhou sua segunda luta no campeonato. A filha de Atena lutava muito bem e era uma das únicas esgrimistas do acampamento além da própria Pattie, mas não foi páreo para a filha de Apolo. Usando aquela armadura dourada, o elmo de grifo e brandindo sua espada gigantesca, ela se assemelhava as grandes heroínas dos antigos contos que ouvíamos falar. Todos se perguntavam como ela desenvolveu tamanha habilidade em tão pouco espaço de tempo, e confesso que até eu me perguntava a mesma coisa. Kallistei tornou-se uma extensão mortal do corpo de Pattie. Ela liderava, ao lado de Percy, as apostas criadas pelo chalé de Hermes sobre quem seria o grande vencedor e ganharia cinquenta dracmas e uma coroa de louros.
Pattie conseguiu chegar as semifinais com facilidade. Apenas ela, Percy, Ryler e um garoto do chalé de Nice alcançaram este nível. Quíron e o sr. D fizeram o sorteio dos oponentes na frente de todos os campistas, novamente durante o jantar pós dia de torneio. O primeiro nome a ser retirado do saco foi o de Percy, e o segundo, o de Jay Claus, filho de Nice. Pattie e Ryler automaticamente se enfrentariam.
O refeitório explodiu em murmúrios. Pattie trocou um olhar apreensivo com seus irmãos, mas eles voltaram a conversar como se nada acontecera. Já a mesa de Ares pareceu mais preocupada, a ponto dos irmãos de Ryler abaixarem as cabeças para conversar entre si.
Se Pattie estava nervosa e tensa com a futura luta, ela não quis deixar transparecer. E também pareceu ter apagado da sua memória aquele terrível dia em que eu dei uma de ganso e me intrometi na sua conversa com Thalia. Sorte que as caçadoras foram embora no dia seguinte ao acontecimento.
Eu rezava para que isso não fosse apenas o meu cérebro se agarrando à uma ilusão ou um truque barato de Afrodite, mas Pattie parecia ficar cada vez mais próxima de mim. Ficamos mais até mais tarde no Bunker várias vezes, sem nos importar com o que diriam ou pensariam de nós. Ela me fez escutar tantas bandas e artistas diferentes que meus neurônios estavam a ponto de explodir por excesso de música boa. Eu curti algumas de verdade, como The Black Keys e Foo Fighters. A garota entendia mais que ninguém do assunto.
Desenvolvi um karaokê no recém-instalado sistema de telões do Bunker só para ver Pattie se divertir e sorrir. Eu não me importava se ela passava mais tempo se divertindo ao cantar músicas bregas que me faziam rir do que me ajudando com a biga. Fazê-la abrir um sorriso estonteante andava sendo uma das melhores coisas da minha vida.
Ela se empolgava tanto cantando que arrastava Buford para dançar junto. Amaldiçoado o dia em que apresentei os dois... Simplesmente perdi minha melhor mesa para o ritmo ragatanga. Eu jamais me esqueceria do quão ridículo foi ver Buford e Pattie dançando It’s My Life, do No Doubt. Pattie subindo nas mesas e nas passarelas, dublando a música e segurando um microfone velho, e Buford dando altos giros e derrubando coisas de suas gavetas...
As semifinais do torneio de esgrima aconteceriam numa terça-feira. No dia antes do combate, eu praticamente não vi Pattie ou Percy. Eles passaram a tarde toda treinando na arena, sob o olhar crítico de Annabeth e os vivas de Tyson. Um confronto entre aqueles dois era tão óbvio quanto a paixão de Tyson por pôneis.
Apenas vi nervosismo em Pattie horas antes da luta. Ela conversava comigo e com Piper antes de adentrar as coxias. Tentamos tirar algum ‘Estou me borrando de medo’ dela, mas a garota era teimosa. Não deixaria tão explícito o receio que tinha de encarar o ex-mestre de esgrima e ex-namorado numa luta.
A corneta soou pelo Acampamento, convocando os campistas a se dirigirem à arena e os competidores, para as coxias. Eu optei por não desejar meus votos de boa sorte para ela dentro das coxias; eu sei que parece estranho vindo de mim, mas não queria causar uma tensão maior entre ela e Ryler. O cara é louco, tem sangue nos olhos, e meu medo de que fizesse alguma coisa à Pattie era maior que tudo.
Piper a abraçou forte e bagunçou seus cabelos. Ela já vestia a armadura e carregava o elmo.
– Boa sorte, raio de sol. Não se esqueça de usar bastante força quando for chutar o traseiro dele! – Piper aconselhou e arrancou um sorriso de Pattie.
– Por favor, Pequena Miss Sunshine. – eu comecei. – Faça com que o Ryler não se esqueça nunca do dia em que perdeu uma luta para uma garota do chalé de Apolo. Você é nossa esperança, Anakin Skywalker! Que a força esteja com você.
Ela me deu um soquinho no ombro e então me abraçou. Eu pude sentir o cheiro maravilhoso dos seus cabelos mais uma vez, uma mistura de flores doces com eucalipto. Passei uma mão por eles, que ainda remanesciam soltos, e uau, como eram macios... Deuses, por que um abraço desses devia ser partido? A cada segundo que se passava menos eu queria largá-la, e mais quente e extasiado meu corpo ficava com a sensação única de envolvê-la em meus braços.
– Podem confiar em mim, meio sangues. Prometo que não vou decepcioná-los!
Ela nos lançou um último sorriso antes de adentrar os bastidores da arena. Eu e Piper fomos para as arquibancadas, que já se encontravam tomadas pelos campistas. O chalé de Apolo fazia uma algazarra tão grande que poderia ser ouvida a quilômetros de distância, e é claro que nos juntamos a eles.
Naquele dia em especial, eles capricharam nos acessórios. Continuavam com a enorme faixa que elaborei e que trocava de frases a cada minuto, mas, além disso, arrumaram chapéus de grifo e até um megafone, o qual Johnny segurava e não parava de puxar canções de arquibancada. Não pude deixar de rir ao ver que cinco dos irmãos de Pattie (incluindo Johnny, óbvio) estavam sem camisa e escreveram uma letra do apelido da irmã em cada um de seus abdomes sarados. Sem falar dos desenhos nas bochechas e testas. Até Tyson não conseguiu sair ileso, e possuía um grande ‘PERCY’ escrito de azul na testa. Tão ridículo que fiquei sem palavras.
A luta de Pattie contra Ryler seria a primeira. Quando Travis e Connor deram as boas vindas e começaram a fazer um breve discurso sobre os combates do dia, todos começaram a pedir pela luta. Atendendo aos pedidos, Quíron soou a corneta mais uma vez, e Pattie e Ryler adentraram a arena, ela do lado direito e ele, do esquerdo.
– Ai, pelo megahair de Afrodite! – Piper exclamou, passando as mãos pelos cabelos desgrenhados. – Acho que estou mais nervosa do que a Pattie!
– A Pattie precisa ganhar dele. É uma questão de honra. Tenho certeza de que Atena está do lado dela! – Annabeth tinha surgido ao nosso lado na arquibancada, com ‘PJ’ desenhado de azul nas maçãs de seu rosto.
– Ela vai ganhar. Eu acredito nela! – eu olhava fixamente para a Arena. Nem prestava atenção no que Travis e Connor estavam falando. A única parte que ouvi foi o típico ‘Que a luta comece!’ do sr. D.
Pensei que uma explosão aconteceria quando as espadas de Ryler e Pattie se chocaram pela primeira vez. A arena caiu num silêncio assustador e o único barulho que escutávamos era o de ferro contra ferro. Os dois se esquivavam como gatos selvagens. A diferença na altura deles não estava fazendo nenhuma oposição à luta. Pattie atacava Ryler sem medo, girando, usando seu escudo para se defender e até mesmo para atacar. Ela deu uma cacetada com seu escudo no de Ryler com tanta força que ele se desiquilibrou brevemente, possibilitando que Kallistei quase atravessasse seu flanco esquerdo. A brutalidade que ele passou a empregar depois desse movimento indignou os irmãos de Pattie, que começaram a xingá-lo. Isso apenas o deixava mais irritado.
Ele tentou atacar os membros inferiores de Pattie, mas ela se defendeu usando o escudo e Kallistei passou a centímetros de sua cabeça quando ele fez menção de se levantar. Senti uma onda de tensão se espalhar pelo local e vi a postura de Quíron se enrijecer. A luta tomara um rumo cem por cento pessoal.
Os movimentos de Pattie eram sem precedentes. Eu nunca vi um esgrimista girar e contra atacar com tanta rapidez. Suas habilidades melhoraram inacreditavelmente desde a primeira luta do torneio. A espada de Ryler não passava nem perto de acertá-la e a cada rebote ela acertava o escudo dele com tanta força que o metal retinia.
Ele mirou mais uma vez as pernas de Pattie, que com agilidade deu um pulo e conseguiu acertar o punho da sua espada não no elmo, mas sim no queixo de Ryler. Ele cambaleou para trás, aturdido e incrédulo. Sua boca sangrava. Ryler rosnou e voou para cima de Pattie como um búfalo.
Ela se esquivou com classe e bloqueou cada um de seus ataques, se abaixando, girando e pulando. Percebi que estava tentando deixá-lo cansado. Era essa sua estratégia.
Creio que Ryler usou toda a sua habilidade para fazer isso, pois ele deu um pulo que ia além da compreensão de sua massa muscular e acertou o escudo de Pattie com tanta força que ela lutou para não cair. Ele se aproveitou do momento para cravar um corte gigantesco na armadura dela, que só não caiu por definitivo porque deu um passo para trás.
Eu sabia que o bicho ia pegar. Eu vi os músculos de Pattie se tencionarem e quase podia ouvir as engrenagens do seu cérebro elaborando o ataque perfeito.
Ryler não teve piedade. Foi para o ataque tão determinado que pela primeira vez o vi como um verdadeiro filho de Ares. Ele fincou a espada entre o escudo e o flanco direito de Pattie. Ela se curvou, como se ele tivesse lhe atingido. A plateia prendeu a respiração e o chalé de Apolo colocou as mãos sobre suas bocas. Connor e Travis Stoll até se calaram.
Ryler parecia incapaz de retirar seu braço dali. E foi aí que me dei conta do plano elaborado pela filha de Apolo.
Tudo aconteceu muito rápido. Pattie havia prendido o braço de Ryler entre o escudo e seu corpo. Ao levantar o escudo, o braço dele se prendeu exatamente na pequena depressão feita por Tyson no ápice do mesmo, dando a chance de ouro para Pattie.
Ela o atacou com Kallistei, conseguindo derrubar seu escudo, e simultaneamente aplicou um chute tão brutal no seu diafragma que Ryler perdeu todo o equilíbrio e caiu no chão.
Pattie se aproximou, a espada em riste. Ryler não havia sido desarmado, mas não parecia ter forças para se levantar.
– Levante-se, Ryler Langdon. – Pattie bradou, jogando seu próprio escudo longe. – Não irei deixar um tropeço tirar a minha glória.
Nenhum espectador conseguia emitir um som. A arena foi imersa numa tensão excruciante. E eu juro pela minha falecida mãe que Pattie estava me assustando. Cheguei a pensar que o espírito de Atalanta tinha a possuído.
Ryler se levantou e não perdeu tempo em partir para cima de sua oponente. Ambos estavam sem escudos, então a luta poderia ser considerada justa.
Ryler já se encontrava exausto e seus movimentos eram lentos. Pattie desviava com maestria de cada tentativa falha vinda dele. O barulho das lâminas se chocando preenchia a arena.
Bom, eu não sei se sou capaz de descrever o que vi a seguir. Pattie deu um giro perfeito e acabou desarmando Ryler, mas não permitiu que a espada caísse no chão. Ela a pegou com a mão esquerda e partiu para o último golpe.
Pattie pulou tão alto que ultrapassou a altura de Ryler, e com o punho das duas espadas, o golpeou de lado na cabeça, usando uma força tão descomunal que não imaginei que pertencia a garotas como ela.
O filho de Ares desabou de joelhos no chão. Não estava inconsciente, mas aposto que desejava que estivesse. A humilhação que sofrera era pior do que qualquer ferimento. Pattie jogou a sua espada ao lado de seu corpo e disse (eu só consegui ouvir porque estava nas primeiras fileiras):
– Um grande guerreiro respeita seu oponente. Um grande guerreiro aceita a derrota e se torna mais sábio com ela. Eu espero que você tenha aprendido, Ryler.
Pattie deu as costas e foi saindo da arena, sem esperar por Quíron e o ritual de erguer o braço. A plateia finalmente vibrou e gritou a plenos pulmões. Os irmãos de Pattie pulavam tanto na arquibancada que eu temi pela sua estrutura. Piper, Annabeth e eu nos abraçávamos e berrávamos, enquanto o chalé de Ares levantava dos seus lugares e se retirava da arena. Ryler se ergueu do chão, rígido, recolhendo suas armas da arena. Se a reputação dele ainda não tinha afundado, agora ela havia naufragado.


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Notas finais do capítulo

E aí? Por favorrr, nos digam o que acharam! Vocês não tem noção de como isso é importante para nós! Obrigada por estarem acompanhando!
P.S: Notaram a quantidade de referências? Eu AMO fazer isso!!!! Fiz questão de colocar as referências a Star Wars com os links para que vocês, se quiserem, deem uma lidinha e não ficarem boiando. Fanfiction também é cultura pop!
P.S2: TODOS VOCÃS DEVERIAM ASSISTIR STAR WARS!!!

Beijinhos!
Taty xX