A Filha Do Sol - Parte II escrita por Taty B, Let B Aguiar


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Hey! Estavam ansiosos para esse capítulo? Agora vocês já podem matar a curiosidade hahaha. Particulamente, esse é um dos meus capítulos preferidos. Vamos ver se vai ser o de vocês também! Aproveitem ;) x



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CAPÍTULO VI

PATTIE

Eu estava tão acostumada a fazer o caminho até o Bunker junto com Leo todos os dias que não me cansava mais. Ao contrário de Piper, que chegou suspirando no Bunker.
– Por que esse lugar tem que ser tão longe? – ela questionou, encostando-se a uma mesa para tomar fôlego.
– Não é o lugar que é longe, Pipes. Você que está ficando velha e sedentária. – ela mostrou o dedo do meio para Leo. Era por isso que nos dávamos tão bem.
– Ok, esperem um minuto. Vou pegar o que eu quero dar para a Pattie. – Leo nos deixou e entrou em uma das portas de ferro espalhadas pelo Bunker.
– O que será que é isso? – arqueei uma sobrancelha enquanto eu o ouvia remexer em peças de metal.
– Pode ser uma potencial pegadinha. Tome cuidado. – Piper me alertou, mexendo distraidamente em algumas folhas de projetos espalhadas por cima da mesa em que se apoiava.
Leo saiu do compartimento sobrecarregado. Ele carregava uma armadura completa e tinha um elmo parcialmente colocado sobre a cabeça. Se aproximou prestes a derrubar tudo no chão.
– Uma ajudinha, por favor? – ele pediu, e Piper recolheu as peças de armadura dos seus braços. Sendo assim, ele tirou o elmo (que havia sido colocado ao contrário) da cabeça e o estendeu para mim.
– Para você, Pequena Miss Sunshine. Eu o achei revirando um desses compartimentos aqui do Bunker. Aí te imaginei usando-o durante o torneio.
Eu tomei a peça em minhas mãos e a virei de frente para meu rosto. Visto de perto, o elmo era assustador. Tinha o formato de uma águia (pelo menos foi o que deduzi) carrancuda e ameaçadora. As penas foram forjadas no bronze com extrema perícia, num jogo de sobreposição incrível. Ele não possuía cimeira, mas não precisava nem um pouco de uma para chamar atenção. Depois de analisá-lo minuciosamente, eu o vesti. O bico da águia cobriu boa parte do meu nariz e meus olhos se encaixaram nas aberturas. Piper me olhou com estranheza.
– Esse é o elmo mais bonito e mais feio que eu já vi. – ela concluiu.
– O que?! – Leo exclamou, indignado. – Esse elmo é uma obra de arte! Foge ao padrão dos elmos gregos tradicionais. Não sei quem o forjou, mas deve ter sido alguém bastante talentoso. Tenho a impressão de que foi forjado para outro filho de Apolo. Não sei se você sabe, Pattie, mas isso daí na verdade é um grifo. Os grifos são animais sagrados para o seu pai. Eu concluí isso porque tem uma lira gravada na parte de dentro do elmo.
– Demais! – eu falei animada, tirando a peça da cabeça e a examinando mais uma vez. – Você sempre me surpreende, Valdez.
Leo deu um sorriso indecifrável. Não sabia dizer se ele estava correspondendo ou arquitetando algo. Eu queria, um dia, ser capaz de corresponder toda a atenção que ele dedicava a mim. Arrependi-me por ter sido ríspida inconscientemente, graças ao meu ciúme infantil. Leo não merecia nada além do meu carinho.
– Eu também encontrei essa armadura dourada. Dei uma melhorada nela e, hum... Não sei qual é a sua origem... Mas parece ser romana. Talvez os antigos campistas a tenham guardado como um tesouro de guerra.
– É muito parecida com a do Jason! – Piper comentou.
– Sim, só que ninguém precisa ficar sabendo disso, ok? Vão querer expulsar a Pattie do torneio! Enfim... Acho bom já vestir sua armadura, o torneio começa daqui vinte minutos! – Leo olhou para o grande relógio redondo pendurado em uma das paredes do Bunker e de repente, bateu a mão na testa. – O escudo! Eu já ia me esquecendo!
Ele correu em direção a uma mesa próxima e ergueu um escudo familiar. Quando Leo o trouxe mais para perto, notei que esse escudo era o que Tyson forjava ao entrarmos no Bunker há alguns dias atrás.
– Os escudos que Tyson faz são bons de verdade. E bonitos, também. Ele desenhou um unicórnio nesse. – Piper deu risada da cara que Leo fez ao fitar a face frontal do escudo. – Mas acho que está ótimo para você.
Eu achei o escudo belíssimo. Não me importava com o fato de ter um unicórnio desenhado; ele fora feito com tanto capricho que meu queixo caiu. O unicórnio se erguia nas patas traseiras num campo repleto de flores tão detalhadas que pareciam reais. Colunas gregas se erguiam no fundo da paisagem e o sol brilhava no canto do retrato. As bordas do escudo foram adornadas com delicados ramos de louro. Um trabalho impressionante até mesmo para os padrões de Leo.
– Eu amei! Preciso elogiar Tyson por seu trabalho! – eu empunhei o escudo, que era leve e do tamanho perfeito para uma guerreira da minha altura.
– De que adianta ter esse elmo horrendo sendo que o escudo tem um unicórnio desenhado?- Piper zombou, se esforçando para me provocar. Ela e Leo adoravam provar da ira de Patricia.
– Vire uma esgrimista e depois conversamos, McLean! – eu devolvi e Piper me lançou um sorriso debochado. Leo soltou um assobio.
– Você tá afiada hoje, hein! O que está esperando para colocar essa armadura? – Leo me encarou com as mãos na cintura. Ele andava penteando o cabelo ultimamente ou era só impressão?
– A ajuda de vocês! – falei e os dois rolaram os olhos, mas acabaram me ajudando a vestir a armadura e apertar cada amarra de couro. Eu coloquei a túnica de couro por cima do shorts, o que deve ter soado um tanto ridículo. O resultado final foi uma guerreira grega de 1,70 m de altura, usando um elmo de bronze celestial cujo formato era a cabeça de um grifo, vestindo uma armadura dourada provavelmente romana, protegida por tornozeleiras e braçadeiras de couro, calçando um coturno marrom, portando uma espada dourada de 75 cm de comprimento, além de um escudo de bronze celestial.
– Ameaçadora. – Leo me analisava como costumava analisar seus projetos. Eu não gostava desse tipo de olhar impessoal, mas entendia que a dificuldade para lidar com seres humanos estava em seu DNA. – Eu não me meteria com você.
– Você não se meteria comigo porque nem tem altura para isso! – eu ironizei. Leo cerrou os olhos para mim. Eu estava apenas retribuindo o gosto amargo que me fez sentir mais cedo.
– Obrigada por ter me dado uma armadura completa, Leo! – ele fez uma péssima imitação de minha voz. – Não tem de quê, Pattie. Você é um amor de pessoa! Só que ao contrário.
Dei uma risada sarcástica, me divertindo com a indignação dele, quando Piper tornou a falar.
– Certo, você é a gladiadora mais gata de todo o Acampamento Meio-Sangue ! Agora precisamos correr, o torneio vai começar daqui alguns minutos.
– Pipes, gladiadores são romanos. – Leo fez questão de corrigi-la.
– Você entendeu o que eu quis dizer, Valdez. Vamos!
Peguei o elmo e o escudo, e saímos em disparada do Bunker. Atravessamos as árvores correndo até chegarmos à área comum dos chalés. Lá, a garota que vi mais cedo e que aparentava ser a líder das caçadoras de Ártemis acenou alegremente para Piper, chamando-a. Piper soltou um muxoxo, mas disse que nos encontrava na arena. Eu e Leo continuamos o caminho sozinhos, a armadura retinindo a cada passo meu e o elmo sendo carregado debaixo do braço por ele.
– A garota que acenou para Piper... – Leo começou, como se nossos pensamentos estivessem conectados. – É irmã do namorado dela. Ela é filha de Zeus mesmo, porque nasceu grega. Mas decidiu se tornar uma caçadora de Ártemis, infelizmente.
– Infelizmente? Você está tão... saliente hoje, Leonardo Valdez. – eu tentei soar descontraída, por mais difícil que fosse. Não queria ter outro ataque de ciúmes. Eu não apreciava tal sentimento e não havia necessidade de dar vazão a ele. Porém, a constatação não deixava de ser verdade. Num curto espaço de tempo eu o vi papeando com uma garota desconhecida e demonstrando interesse por outra.
Não compreendi o motivo, mas Leo riu alto ao escutar tais palavras.
– Incrível como as coisas mudam... – ele comentou, balançando a cabeça negativamente e me olhando de rabo de olho.
– O que quer dizer com isso?
– Até algumas semanas atrás, eu é que tentava, hum... te proteger do Ryler quando você começou a gostar dele... E, bem... agora você é quem está fazendo isso.
Senti uma quentura tomar conta das maçãs do meu rosto. Lembrei de todas as vezes que Leo teve pequenos ataques de proteção excessiva em relação ao meu antigo relacionamento, e conclui que eu estava agindo da mesma forma, mesmo que meu lado racional tentasse evitar.
– Direitos iguais, certo? E além do mais, você é meu melhor amigo. Se eu não cuidar de você, outra irá cuidar, e confesse que não há uma filha de Apolo esgrimista como eu. – tentei mudar o rumo da conversa. O nervosismo por conta do torneio era suficiente.
– Você falou como o Johnny. – Leo fez uma careta de reprovação. – E é lógico que não há uma filha de Apolo como você... Você é a única aqui do Acampamento.
Fiz uma careta de desaprovação para ele, que me lançou um sorriso soturno.
– Estou apenas sendo tão delicado quanto você, Pequena Miss Sunshine.
– Se quer uma amiga delicada, continue conversando com aquela garota do chalé de Hebe.
Ele optou pelo silêncio dessa vez. Porém, continuou sustentando o mesmo tipo de sorriso que dera mais cedo, no Bunker: um que eu não conseguia decifrar.
Alcançamos a arena de esgrima e eu me controlei para não cair de costas ao bater os olhos nas arquibancadas. Os campistas se faziam presentes em peso. Provavelmente não havia nenhum fora dali. Meus irmãos ocupavam a parte central das arquibancadas e carregavam instrumentos de precursão e cornetas, além de faixas mágicas que alternavam frases de minuto em minuto, exibindo lemas como ‘ Team Pattie’ e ‘ Chalé 7 detona!’.
Leo teve que me conduzir pelos ombros até a área das coxias. Eu nunca descobriria que a arena possuía coxias como um coliseu romano. Os esgrimistas se preparavam, sentados nos bancos que foram espalhados pelo ambiente rústico. Oito lutas aconteceriam naquele dia, então dezesseis competidores davam os últimos ajustes nas suas armaduras e afiavam suas espadas. Vi Ryler mais ao canto, mas não deixei que nossos olhos se cruzassem.
Aproximamo-nos de Percy e Annabeth. Diferente do namorado, ela não participaria do torneio. Deduzi que estava ali só para apoiar Percy. Ela apertava as amarras da armadura dele com tanta ternura que tive vontade de abraçar os dois e pedir para que ficassem juntos eternamente.
– Nervoso, filho de Poseidon? – indaguei Percy, cruzando os braços. Leo se sentou no banco ao nosso lado.
– Definitivamente não, filha de Apolo. – ele respondeu, sorrindo. Aparentava estar bastante feliz. – Mas você está um pouco verde. Já te falei que não precisa ter medo! Pouquíssimos aqui são páreo para você... – pronunciou a última parte da frase num tom mais baixo.
– Cabeça de alga, não subestime meu chalé... – Annabeth alertou.
– Sabidinha, eu treino seu chalé, esqueceu? Eu sei como eles lutam. E Pattie é bem melhor que todos juntos.
– Bom, espero que não dê nenhuma zebra e vocês dois cheguem à final! – a loira exclamou, colocando o elmo em Percy. – Você fica uma gracinha de armadura completa. Até parece que salvou o mundo duas vezes.
– Você me ama mesmo, hein! – Percy falou e puxou sua namorada para um selinho demorado. Isso não fazia mais parte de minha realidade, mas Percy e Annabeth formavam um casal tão maravilhoso que eu nem conseguia sentir aquela sensação de estar sobrando. Ao contrário de mim, Leo pareceu um pouco desconfortável. Ele ia dizer algo quando Quíron adentrou a coxia, anunciando:
– Acompanhantes, é hora de desejar boa sorte para seus heróis e rumarem para a arquibancada. A primeira dupla lutará daqui cinco minutos.
Leo se levantou de um pulo e fez menção de colocar o elmo em mim. Mas antes de fazê-lo, ele desistiu e colocou a peça de armadura no banco, para logo depois estender os braços e me envolver num abraço inesperado.
– Boa sorte, Pattie. Eu tenho certeza que você vai vencer essa. Ninguém pode competir com uma garota que jogou uma feiticeira no Tártaro. – eu captei nervosismo em sua voz, mas não desfiz o abraço. Ele pronunciou essas palavras bem perto do meu ouvido, o que fez uma corrente elétrica passar pelo meu corpo. Naquele dia ele não cheirava o a óleo nem graxa. Seu abraço era quente e acolhedor, e tão verdadeiro que me fazia sentir vontade de não quebrá-lo.
Eu andava sensível demais, claro.
Leo se afastou de mim. Suas bochechas estavam rosadas. O garoto não ficava corado com muita frequência. Eu achei isso tão... bom, não sei descrever, apenas me inclinei em sua direção e depositei um beijo na sua bochecha.
– Obrigada pela armadura. Não vou te decepcionar, Tocha Humana.
Ele sorriu um tanto desconsertado e finalmente colocou o elmo na minha cabeça. Notei Annabeth nos observando de rabo de olho, ostentando um olhar de ‘ Eu sei o que vocês estão fazendo, meus amigos’ típico de Piper. Ela se despediu de Percy e me desejou boa sorte, antes de sair das coxias com Leo em seu encalço.
Tentei espantar a tensão pré-luta jogando papo fora com Percy. Quando conversávamos sozinhos, só falávamos besteiras e coisas sem sentido. Não era a toa que Annabeth dizia que éramos muito parecidos. Na verdade, até nossos aniversários eram próximos. As risadas que dei junto à Percy fizeram meus músculos relaxarem um pouco. Ele aparentava estar tão confiante e seguro de si que me senti uma perfeita amadora.
Ryler não cansava de me lançar olhares cheios de ressentimento. Com certeza havia visto o beijo que dei na bochecha de Leo e não deveria estar nem um pouco feliz com isso. Mas a verdade é que eu não dava a mínima, e não fazia questão de retribuir seus olhares. Ryler não mais desempenhava um papel em minha vida.
Porém, eu rezava em silêncio para não ter que duelar com ele logo no primeiro dia de torneio. Pelo que conhecia de suas habilidades, tinha o pressentimento de que chegaria com facilidade as semifinais. Pensando dessa forma, um confronto entre nós seria iminente, pois eu também intencionava chegar a essa altura do torneio. Eu conseguia prever a brutalidade que usaria ao lutar comigo devido aos acontecimentos anteriores. E seria covardia negar que estava preocupada.
Eu fui chamada para formar a quarta dupla de combate. A dupla que lutara antes foi composta por um dos irmãos de Annabeth e uma brutamonte do chalé de Ares, que provocou um ferimento sério no tornozelo do garoto. Segundo as regras da competição, ferimentos eram permitidos desde que não levassem ao óbito. O ‘x’ da questão resumia-se ao fato de que o sr. D elaborou as regras, e sendo o deus do teatro e da loucura, considerei que a proibição do derramamento de sangue foi um milagre.
Quando Quíron adentrou as coxias, chamou por mim e um garoto do chalé de Hécate chamado Guy Hogan. Ele era menor que eu e usava uma armadura de bronze gasta. O que me impressionou foi seu elmo completamente feito de metal negro. A cimeira era longa e composta de pelos tingidos de roxo. O conjunto da obra não soava nem um pouco harmonioso, mas eu sabia que na hora da luta, isso não importaria.
Quíron revistou o rapaz. Uma das outras regras do torneio se resumia à não utilização de magia ou artefatos mágicos. Ele não estava portando nenhum artefato mágico, aparentemente. Revista feita, Quíron saiu das coxias e nós esperamos pelo som da concha que anunciaria nossa entrada.
Ao escutarmos o som e o alvoroço dos espectadores, trocamos um breve olhar e andamos rumo ao centro da arena, cada um em direção a um lado diferente. Os campistas gritaram e aplaudiram ao nos posicionarmos. Vi meus irmãos, Annabeth, Leo, Piper, Tyson e Ella erguendo as faixas de incentivo para mim e para Percy, além de cantarem canções de arquibancada. Num camarote improvisado erguido no meio da arquibancada, eu vi o sr. D, aparentemente mais animado do que em qualquer outra vez que o encontrei. Ao redor dele se amontoavam garotas que vestiam roupas prateadas e usavam tiaras: as caçadoras de Ártemis. Até então, nunca havia notado a quantidade enorme de campistas que o Acampamento abrigava.
– Do lado direito da arena temos ela, quebrando todos os tabus que rodam o chalé de Apolo: PATRICIA VELOSO! – a voz de Connor Stoll invadiu o lugar, e eu procurei sua origem. Travis e Connor estavam sentados num segundo camarote que fora erguido no lado oposto da arena oval, ambos a frente de um microfone. Estive tão absorta dentro das coxias que não notei a narração feita pelos irmãos. Mas tal fato não deixava de ser estranhíssimo. Imaginei as lutas do filme ‘O Gladiador’ sendo narradas por dois adolescentes travessos.
– Essa filha do deus do sol tem 1,70 de altura e uma ótima envergadura. Seus hobbies preferidos são: chutar traseiros de feiticeiras malucas e tocar guitarra. Com todo respeito a vocês, filhos de Hécate. Sua arma, feita de ouro e bronze celestial tem até nome! Kallistei, para a mais bela. – foi a vez de Travis falar. Os campistas irrompiam em gritos e alguns de meus irmãos assopravam cornetas e apitos estridentes. Já eu, não sabia onde enfiar a cara.
– Pattie enfrentará nosso conhecidíssimo Guy Hogan. – continuou Connor. O chalé de Hécate explodiu em vibrações. – Filho da deusa da magia, 1,68 de altura, sua arma é uma bela espécime feita de ferro estígio e prata. Ele diz que seu hobbie preferido é chutar o traseiro de semideusas novatas metidas a esgrimistas. Uau! Acho que é hora de vermos quem vai levar a melhor, então. Sr. D ...
O sr. D se levantou de sua poltrona no camarote. Eu e o garoto de Hécate ‘desembainhamos’ nossas espadas. Esse termo não se aplicava muito bem a Kallistei, já que eu apenas precisava abrir a tampa do isqueiro. Dionísio falou sonoramente:
– Que a luta comece.
Meu oponente atacou sem hesitar. Eu bloqueei seu ataque com meu escudo, que era assustadoramente leve. O ouvi soltar uma risadinha de deboche ao capturar os desenhos esculpidos no metal. Uma onda de irritação percorreu minhas veias e eu devolvi o ataque com brutalidade e força, fazendo-o cambalear para trás ao se defender. A plateia soltou um urro.
O garoto não ficou para trás. Ele tentava atingir meu flanco esquerdo, desprotegido pelo escudo, a todo custo, mas evitava se aproximar muito. Eu me defendia com o escudo e Kallistei, mas estava cansada desse joguinho infame. Não fazia muito meu tipo.
O filho de Hécate atacou uma última vez. Defendi seu ataque no alto e dei um giro rápido, como Percy havia me ensinado, para acertá-lo com o punho de minha espada bem no peito. A força que empreguei foi tanta que ele cambaleou mais uma vez, desequilibrado. Aproveitei-me da oportunidade para chutar seu escudo. A peça deslizou pela areia da arena e vi os olhos de Guy fervilharem de raiva. Seria covardia permanecer usando meu escudo, por isso usei-o para me defender uma última vez antes de jogá-lo no chão.
Travis e Connor continuavam narrando, mas eu não prestava atenção. Os campistas gritavam de excitação e outros vaiavam (chutaria que os chalés de Hécate, Ares e Afrodite eram os responsáveis pelas vaias), enquanto eu me concentrava ao máximo em golpear meu oponente.
– Isso é tudo o que você sabe fazer, vadia? – ele rosnou, finalmente golpeando meu flanco esquerdo e fazendo-me cambalear. Sua espada retiniu com força contra minha armadura, na região das costelas, e eu admito que a dor foi quase insuportável. Entretanto, eu travei meu maxilar e apertei Kallistei com força, desacreditando das palavras daquele garoto insolente. Recompus-me em questão de segundos e me aproximei em posição de ataque, dizendo:
– Vamos ver se você consegue repetir o que disse, idiota.
Se ele tinha intenção de retrucar, não teve nenhuma chance de fazê-lo. Eu ataquei Hogan com o triplo de vontade, me concentrando nos seus pontos fracos. Até mesmo arranquei um tufo de pelos da sua cimeira num ataque aéreo. Eu soava e só conseguia escutar meus irmãos e Leo gritando, apoiando minha postura feroz e movida à raiva concentrada. Eu nem sequer conversara com esse filho de Hécate antes; quem ele achava que era para me julgar e me ofender sem motivos aparentes?
O primeiro a ser desarmado ou cair inconsciente, perde a luta. A regra era simples e clara. Hogan não fazia nada além de bloquear meus ataques. Sua feição de debochada passou a preocupada, e ele recuava cada vez mais. Eu contive um sorriso ao lhe aplicar uma rasteira, que o fez cair de bunda no chão e quase largar sua espada. Não fui piedosa e continuei a atacá-lo, mas suas habilidades iam além do que eu esperava. Permaneceu bloqueando até conseguir rolar rapidamente pela areia e se reerguer.
Não deixei barato: mal permiti que se equilibrasse e dei um chute no seu estômago. O garoto quase caiu pela terceira vez e cambaleou alguns metros para trás até se estabilizar. Eu corri em sua direção e dei um pulo alto (oh deuses, como eu havia treinado isso com Percy), acertando o punho de Kallistei em seu elmo com tanta força que ouvi o barulho do metal retinindo. Hogan levantara sua espada para me atacar, mas a ponta da mesma apenas quicou na minha armadura de ouro. Em uma fração de segundos, ele desmontou no chão, a lâmina escapando de seus dedos e se misturando à areia. Não sabia dizer se estava inconsciente ou tonto demais para se manter em pé.
– Me chame de vadia agora, Hogan. – eu não podia sair sem colocar esse garoto definitivamente em seu lugar. A sua resposta foi um resmungo incompreensível, abafado pelos gritos dos campistas.
A arena explodiu. Temi que a parte da arquibancada onde meus irmãos e amigos estavam fosse desmoronar, de tanto que eles pulavam. Johnny até levantou Leo no colo, o que foi bem ridículo. O sr. D me olhava demonstrando uma satisfação relutante. O chalé de Hécate parecia estar no meio de um velório.
Quíron surgiu ao meu lado na arena. Estava tão aturdida que não processava muito bem o que acontecia ao meu redor. Ele ergueu meu braço esquerdo e a plateia me saudou com aplausos.
– MAIS APLAUSOS PARA PATRICIA VELOSO! – berrou Connor Stoll. – Essa garota é incrível! Agora, vamos ao nosso próximo combate do dia!
Quíron sorriu para mim e andou junto comigo até as coxias. Eu tirei o meu elmo, e Percy, que ainda não tinha lutado, correu para me parabenizar. Ryler me fitava ao longe, mas não sabia dizer o que pensava naquele momento. Só queria comemorar minha primeira vitória no torneio com meus amigos e irmãos.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam da nossa Pattie badass? Hahaha comentários, críticas, sugestões, demonstrações de afeto (lol) são muito bem aceitos! E mesmo você que lê e não comenta: nós vemos e agradecemos ;)
É isso aí, pessoal. Espero que tenham gostado desse capítulo e DON'T PANIC! Logo postaremos o VII.
Beijinhos, Let ♥
Ps: Shippa Leo e Pattie? Então use a hashtag #Lettie para nós sabermos! Hahaha.



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