Back In Time escrita por Hunter Demigod


Capítulo 13
Karma


Notas iniciais do capítulo

Hey, desculpem a demora para postar... Mas para compensar esse ficou bem maior e com maiores explicações...
Não falta muito para a fic acabar...
Enjoy...



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POV Miles

Eu só tinha mais três dias.

A semana havia passado muito rápido. Mais rápido até do que eu queria. Minha memória estava horrível. Não me lembrava da minha infância, as vezes, esquecia até como se falar. Quando tentava dizer uma frase completa eu parava no meio, tentando lembrar a palavra que deveria se usada para continuar a falar.

Minha mãe dormia comigo agora, já que, quando eu acordava, passava algum tempo tentando lembrar-me como levantar e andar. Era como se meu cérebro estivesse regredindo. E isso ficava pior a cada dia. Eu estava descendo as escadas cuidadosamente para que não caísse e fui até a cozinha. Meu pai estava lá.

Seus olhos eram cheios de preocupação. Ele me ajudou a sentar a mesa e me deu um copo de leite com chocolate e um sanduíche de presunto. Comi devagar, sem falar.

Aquele homem estranho que havia falado comigo alguns dias atrás não havia aparecido mais. Nem um sinal dele e isso me preocupava porque, de algum modo, eu sabia que era ele o culpado por tudo aquilo.

Assim que fui dar mais uma mordida meu corpo paralisou. Eu estava de olhos abertos, mas não conseguia ver nada a minha frente. Foi então que aquela voz sibilou na minha mente...

-Miles... Eu sei que você quer saber quem sou. Quer saber exatamente o que quero de você e o que quero que faça... Não vou falar isso agora. Não, agora não. Mas por que não nos encontramos? Vá no parque, pequena Miles, e de lá eu conduzo você até mim.

Assim que ele terminou de falar, minha visão voltou ao normal e meu corpo voltou a obedecer meus comandos. Meus pais me encararam por um segundo.

-Miles, você está bem? -perguntou minha mãe

-Sim, Eu... Eu estou... bem. -falei -Eu vou no parque.

Me levantei mas meu pai me impediu de dar um passo até a saída da cozinha.

-Por que? -perguntou

-Eu quero... -parei no meio da frase, tentando me lembrar das palavras... Parecia uma garota de 3 anos -Eu quero ar fresco.

Ele olhou para minha mãe que assentiu. Saiu da minha frente e eu corri desajeitada até a porta, indo o mais rápido que podia até o parque. Minhas pernas vacilavam mas eu continuava correndo. E, a cada passo que eu dava, minha coordenação motora parecia voltar ao normal. Quando faltavam alguns metros para o parque, já estava correndo como antes e minha memória parecia estar boa. Ainda não me lembrava da minha infância, não havia recuperado as memórias, mas as palavras agora pareciam não fugir da minha mente. Entrei no parque e fiquei parada, olhando para os lados procurando quem quer que fosse.

Minha cabeça girou e eu fiquei tonta. Fechei os olhos por um instante e senti que já não estava mais no mesmo lugar. Ao abrir os olhos, vi uma sala de estar completamente destruída. Alguns móveis estavam jogados para o lado, de cabeça para baixo e o chão estava sujo. Ouvia o barulho de água gotejando do teto em algum lugar perto de mim. A minha frente, havia uma mesa em perfeito estado que não combinava com o local. Todo tipo de comida que você pudesse imaginar estava sobre ela. Percebi que haviam algumas velas no local.

-Você veio. -a voz que havia falado comigo se pronunciou

Me virei e encontrei quem procurava. Antes, ele havia dado um jeito de apagar seu rosto de minha mente, mas agora suas feições vinham com clareza. Os cabelos cor de areia estavam bagunçados. Ele tinha um sorriso de canto nos lábios e seus olhos eram verdes. Verdes e amedrontadores. Olhar nos olhos dele me fazia sentir medo. Fazia com que eu quisesse voltar para casa e me abraçar a minha mãe. Não sabia como, nem o por que, mas sabia quem era ele agora.

-Lúcifer... -minha voz saiu fraca e seu sorriso alargou-se

-Ora, vejo que me desmascarou. -ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo

Minha respiração ficou mais pesada. Em uma das mãos ele tinha uma adaga prateada. Senti medo ao vê-la. Lúcifer olhou para sua mão e olhou para mim novamente.

-Não se preocupe, não vou te machucar... Pelo menos, não se você se comportar. -ele disse

-O que você quer? -perguntei

Foi então que eu percebi que não havia demorado para pensar nas palavras. A frase veio imediatamente. Sem interrupções. Lúcifer riu.

-Dei um jeitinho em seu “problema com palavras”, garota... Não queria lerdeza em nossa conversa. -ele alegou

-Você pode ler minha mente?

-Não, mas com essa cara de idiota que você fez, típica do meu irmão, devo dizer, até uma anta saberia o que você está pensando. -ele deu de ombros

Foi então que caiu a ficha... Eu era sobrinha do diabo. Lúcifer era meu tio... Podia ficar pior? Acho que não.

-Então, tio Lú, o que quer comigo? -perguntei rindo (por que mesmo eu estava rindo? Eu não sei... Acho que quero morrer. Deve ser isso.)

-Não me chame de tio Lú. Esse apelido... -ele parou e respirou fundo

-Prefere que eu te chame de Luci? -perguntei, me questionando de onde eu havia tirado esses apelidos

Ele fechou a cara e seus olhos voltaram a me apavorar como antes. Acho que não iria querer ver o manda chuva do inferno com raiva... Poderia trazer-me sérias consequências... Só acho.

-Vou tentar manter minha paciência com você, Miles, mas peço que me ajude nisso. -Lúcifer disse, sua voz parecia mais um sibilo de uma cobra naquele momento

Não é a toa que na bíblia (eu leio a bíblia, ok? Meu pai me fazia ler) ele apareceu para Adão e Eva como uma cobra. Sendo que, naquela hora, “pisar na cabeça da serpente” era meio difícil, já que a “serpente” era mais alta que eu (valeu papai e mamãe, por serem tão baixinhos).

-Bem, espero que esse seu silêncio seja um sim. -ele ponderou -O que eu quero de você, Miles, é que saia do meu caminho e me deixe matar seus pais.

Demorei alguns segundos para processar o que ele disse e, quando finalmente caiu a ficha de que o que ele queria dizer era tipo: “Eu quero que você seja uma boa garotinha e fique longe de mim para eu matar seus papaizinhos queridos”, eu franzi o cenho.

-E por que acha que eu deixaria você fazer isso? -perguntei

-E por que não deixaria?

-Bem, primeiro, eles são meus pais. Segundo, se você matar eles, eu morro. E terceiro, ELES SÃO MEUS PAIS!

Ele rolou os olhos e fez um movimento com as mãos. Um frasco apareceu flutuando acima da mão dele... Vou adicionar isso à lista das coisas que eu quero aprender... O frasco tinha um líquido branco brilhante (aquele brilho estava me distraindo um pouco, tenho que admitir), e que eu não sabia o que era.

-Isso, pequena Miles, é a graça de um anjo. -ele falou

-Você tirou o senso de humor de um anjo? -perguntei na maior cara de pau

Ele franziu o cenho, confuso com minha pergunta idiota e passou a mão no rosto, impaciente. Ouvi ele murmurar alguma coisa como “tinha que ser filha do paspalho” (por que eu sabia que ele se referia ao meu pai?) e me olhou já pronto para me estrangular no próximo brilhante comentário que eu falasse.

-Você nunca ouviu falar de “A graça e a paz do nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco”? -ele perguntou e eu comecei a rir -Por que você está rindo?

-Ah, nada não, é só que é engraçado ver o diabo falando uma coisa dessas... -eu comentei -Você sabe algum versículo da bíblia ou coisa assim também?

O rosto dele pareceu ficar meio sombrio.

-Acredite, pequena Miles, eu conheço a bíblia melhor que muitos “crentes” por aí. -e riu sem nenhum humor, ainda como o frasco flutuando em sua mão

Engoli em seco e resolvi ficar calada.

-Isso, minha querida Miles, são os poderes de um anjo... Se você usar isso, vai ser imortal e seus poderes vão se aperfeiçoar. -ele disse fazendo com que o frasco flutuasse em minha direção -Tudo que você precisa fazer é não me atrapalhar.

O frasco brilhante agora flutuava na minha frente. Agora eu podia perceber que não era um líquido que estava dentro do frasco. Se assemelhava com um tipo de ar condensado que se movia dentro do frasco, tentando escapar... Essência de anjo.

Uma ideia maluca passou pela minha cabeça. Não sabia se ia funcionar, não sabia se ia estar viva para comprová-la, mas precisava tentar.

-E... Quanto disso eu precisaria usar para ser imortal e ter meus poderes aperfeiçoados? -perguntei

-Metade desse frasco já faria você ser imortal, ele todo e seus poderes ficariam com força máxima. -ele disse, animado, provavelmente pensando que eu iria aceitar sua proposta -O que me diz, Miles?

-Antes de tudo... Eu queria saber... Por que toda essa obsessão em meus pais? -perguntei

Ele se virou com raiva, encarando a parede com as mãos juntas em suas costas. Mas esqueceu de tirar o frasco da minha frente. Aproveitei sua distração e o peguei do ar e escondi em um dos meus bolsos.

-Seu pai é o verdadeiro culpado disso tudo, Miles. Ele atrapalhou o destino, ele causou tudo isso. Sua mãe não era para ser dele, e sim minha... Era para que ela estivesse comigo em minha jaula. Minha eterna tortura pelo erro que não cometi. Ela seria meu alento em meio a aquilo tudo... Seria minha ruína também, mas não podia negar que gostaria de ir a ruína se fosse ela quem me levaria. -ele abaixou a cabeça e eu franzi o cenho -Mas seu pai... Ah, seu pai... Meu querido irmãozinho tinha que se meter nisso e tirar o que era meu... No fim das contas, acabei ficando com ela na minha prisão, mas o ódio pelo fruto de Eva era maior do que o desejo... Eu a torturava... -não pude ver seu rosto mas sabia, pelo tom de sua voz, que ele sorria -Como era bom tortura-la, dia pós dia. Mas ela escapou, graças a Miles original... Sua irmã... Era para ela ter morrido como sacrifício para que eu saísse de minha prisão e eu e meu irmão, Miguel, pudéssemos lutar, para causar o apocalipse... Mas não funcionou. Continuei preso, sozinho na minha jaula, esperando para sair novamente. E devo dizer que a culpa foi de Miles. Ela estava do nosso lado, eu sabia o ódio que ela tinha do pai e iria dar tudo certo... Mas é claro que Miguel tinha que estragar tudo. Ela mudou de lado. A consequência foi à morte e eu fui obrigado a esperar... Mas eu saí de lá. Finalmente saí de lá e voltei para cá, para este tempo para matar seus pais e conseguir o que eu queria.

-E por que, simplesmente, não vai arranjar sua briguinha com Miguel? -eu agora estava com raiva e minha respiração era pesada

-Enquanto eles estiverem vivos, pequena Miles, eu não vou concluir meu propósito. Seus pais são, para mim e Miguel, nossos carmas. -ele se virou -E é por isso que eles precisam morrer.

Seus olhos brilhavam assustadoramente, mas não senti medo. A raiva que sentia dele era maior. Confesso que sentia pena dele também, mas isso não mudava o que eu iria fazer.

-Mas tem uma coisa que você precisa saber, Lúcifer...

Ele franziu o cenho e pareceu notar a ausência do frasco naquela sala, pois começou a andar em minha direção.

-Eu sou seu novo carma. E, esse aqui, não vai ser tão fácil de se deter. -falei

Ele levantou a adaga prateada e eu desviei do golpe que iria atravessar minha cabeça em cheio. Sorri convencida e joguei Lúcifer longe. Tive que me controlar para não pular de alegria por ter conseguido fazer aquilo sem treinamento.

-E sabe por que? -perguntei

Ele se levantou e veio para cima de mim novamente. Segurei a mão com a adaga com toda força que eu tinha, já quase sendo perfurada no pescoço por ela. Me lembrei que meu pai conseguia criar coisas do nada. Concentrei o poder que eu tinha em minha mão que segurava no braço dele. Ela ficava cada vez mais quente, como se estivesse pegando fogo. Lúcifer soltou um gemido de dor ao sentir o calor vindo de minha mão, mas não parou de pressionar a adaga em meu pescoço. Ele sorriu e falou:

-Por que eu não poderia deter você, garotinha?

Minha mão ficava cada vez mais quente e sentia que estava doendo até em mim. Empurrei ele com a força que eu não tinha e tirei a adaga de meu pescoço. Olhei para minha mão. Ela estava completamente vermelha e soltava fumaça. Ordenei para mim mesma que parasse e ela voltou ao normal. Lúcifer levantou novamente e desta vez eu não consegui ser tão rápida. Ele abriu um talho no meu braço e eu caí de joelhos. Ele me fez levantar a cabeça e posicionou a adaga no meu pescoço novamente. Fechei os olhos e me concentrei no sofá que estava jogado de cabeça para baixo no cômodo. Não demorou muito para que eu ouvisse um baque surdo em minha frente. O sofá tinha ido com tudo para cima de Lúcifer o fazendo ficar atordoado. Peguei a adaga que havia caído de sua mão e pus no cós do short que eu usava, verificando se o frasco ainda estava lá e se estava inteiro. Ele se levantou com cuidado e me encarou com toda raiva do mundo. Sorri novamente.

-Você não vai consegui me deter, tio Lú, por que sou a filha do arcanjo e da humana que detiveram você. Eles fizeram isso juntos e eu sou a junção dos dois... Não tem chances contra mim. Vai voltar para sua jaula em pouco tempo. Até lá... Passar bem. -e saí dali

A ultima coisa que me lembro é de ter me teletransportado para casa e caído no chão, sentindo o talho no meu braço doer e meus pais correrem até mim.


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Notas finais do capítulo

Rewiens? *-*
Eu escrevi esse capítulo ouvindo "Cavalo Pocotó Preto" da Cátia Perry o Ornitorrinco e.e (Eu gosto da Katy Perry, ok? Isso não foi um insulto a ela muito menos a música...)