(POV Lily)

            – Você vai contar para o Leo? – Pergunto à Meggie.

            Ela balança a cabeça, dizendo que não.

            – Ele também vai me impedir, tenho certeza.

            – Tudo bem. Então daqui a algumas horas nos encontramos na saída do Acampamento, tudo bem?

            – Claro.

            Dou mais um sorriso e volto para a fogueira. Caminho até Nico, fingido estar morta de cansaço.

            – Nico, estou muito cansada. Já vou dormir, ok?

            – Tudo bem – Nico se levanta e dá um beijo na minha testa, depois na minha boca. – Boa noite.

            – Para você também.

            (POV Lena)

            Estava na fogueira, ao lado de Meredith.

            – Meredith, fique tranquila. Vou trazer Rafael de volta. Essa missão vai ser perfeita para isso. Mas, não. Não vou sabotá-la, se é isso que você está se perguntando. Vou salvar Travis, Connor e Percy, mas, para isso, vou me encontrar com Rafael. Então vou convencê-lo.

            – Desde que tudo dê certo, para mim está ótimo.

            Eu suspiro. Sentia falta de Rafael. Olho para Meredith. Seus cabelos já tinham crescido um pouco, e uma filha de Afrodite cortou-o melhor, de forma que já não estava tão repicado.

            – Muito bem, mas seu quisermos mesmo salvar Rafael eu tenho que ir dormir. Boa noite.

            (POV Lily)

            Chego ao meu chalé e começo a pegar tudo que era importante e colocar numa mochila.

            Antes mesmo de terminar de arrumá-la lembro de Nico, e como ela vai ficar abalado por eu ter fugido.

            Olho para uma pequena bancada que tinha no chalé. Em cima dela, tinha papéis em branco, e canetas.

            Sem sequer pensar direito corro para lá e sento na cadeira, pegando uma caneta e um papel.

            Fico fitando o papel na minha mão sem saber o que colocar ali. Eu não era boa com palavras, esse era o trabalho de Kate.

            Bufo, cruzo os braços sobre a mesa e descanso minha cabeça nos mesmos. Como podia ser tão difícil escrever uma simples carta? Uma simples carta de despedida?

            Eu penso em Nico me olhando hoje no jantar, e descobrindo exatamente o que eu pensava. E foi só aí que eu percebi. Eu nunca precisei dizer nada para Nico. Ele sabia de tudo que eu pensava, quase tudo, na verdade. Era assim, o nosso amor. Ele me lia como se eu fosse uma carta. Palavras nunca foram tão desnecessárias para alo, quanto são para mim e Nico. Para nós, basta um beijo, um olhar, um sorriso ou um abraço, para sabermos o que se passa um com o outro.

            Imediatamente, larguei a caneta em cima de mesa e saí dali. Eu já me encaminhava para o banheiro, para tomar um banho, quando volto a olhar para a carta. Não podia ir embora sem mais nem menos. Não precisava fazer uma carta gigante, como Kate ou Annabeth fariam, só algumas palavras bastavam.

            Peguei a caneta e escrevi uma simples frase, com apenas três palavras. Mas cheia de sentimentos.

Eu te amo

            Dobrei a “carta” e saí do chalé. Precisava arranjar uma forma de isso chegar até Nico, de uma maneira que ele saiba que fui eu que escrevi.

            A primeira coisa que eu pensei em fazer foi deixar no chalé dele, mas ele não saberia que fui eu. Então, pensei em pedir para alguém entregá-lo amanhã à tarde.

            Se fosse em outra ocasião, falaria com Kate, mas não posso falar com ela sobre isso, muito menos com Lena e Annabeth. Poderia pedir para Meredith, mas do jeito que ela está, é melhor não perturbá-la.

            A única pessoa que sobrava era o Chris.

            Corri para o chalé de Atena e bati na porta, já entrando. Vi Chris deitado em um beliche, lendo.

            – Chris, posso falar com você?

            – Claro.

            Nós saímos do chalé de Atena, e fomos para o de Poseidon. Peço para que ele entre e começo a contar todo meu plano para ele.

            – Se você for quero ir junto! – Ele fala, assim que termino de contar.

            – Chris, é perigoso demais! Além disso, se você for, quem vai entregar minha carta?

            – Você escreve seu nome e deixa no chalé de Hades!

            – Mas ele acha que eu fui dormir!

            – Eu dou um jeito, sou filho de Atena! E lembra-se do que eu te disse de tarde? Onde quer que eu vá, desde que eu tenha você ao meu lado, vou me sentir em casa.

            Suspirei. Não tinha jeito, ele teria que vir.

            – Tudo bem, Chris pode vir conosco;

            Ele sorriu e me abraçou. Retribui o abraço, mas por pouco tempo. Escrevi meu nome, muito pequeno, na cartinha e dei para Chris.

            – Boa sorte – eu disse.

            – Não preciso de sorte – ele respondeu.

            Eu arqueei uma das sobrancelhas e ri, enquanto ele saía do chalé para cumprir a missão dele.

            (POV Christopher)

            Escondo a carta de Lily no bolso de trás de minha calça, e vou para o chalé de Hades.

            Quando eu chego, bato na porta e alguns minutos depois Lena abre a mesma.

            A me ver, ela faz uma careta.

            – Nico não vai gostar de saber que esteve aqui. Então, se der valor a sua vida, é melhor ir embora agora.

            Ela já ia fechando a porta, quando eu ponho o pé na frente, impedindo-a.

            – Eu não tenho medo – eu queria falar “filinho de Hades” ou “daquele menino emo”, mas me contive – eu só quero conversar.

            Lena revirou os olhos.

            – Depois não diga que eu não avisei. Espere aqui fora, vou chamá-lo.

            A garota encosta a porta, impedindo de eu ver como o chalé de Hades era por dentro. Alguns minutos depois, Nico aparece, com uma cara mal-humorada.

            – O que você quer? – Pergunta ele.

            – Posso entrar? – Pergunto, como se ele não tivesse falado nada.

            – Não. Agora fale de uma vez, ou te expulso daqui.

            – Eu vi pedir desculpas, e quero falar sobre Lily. Mas não aqui fora.

            Sabia que ele me deixaria entrar se eu falasse desse jeito. Mencionasse Lily.

            Ele dá um passo para o lado, permitindo minha entrando. Eu dou alguns passos para frente, entrando no chalé treze.

            Antes mesmo de eu olhar em volta, procuro a bancada. Quando a vejo me encosto lá, com as mãos no bolso de traz. Uma posição que ninguém estranharia, acharia que eu estava confortável, até.

            – Agora fale – diz Nico.

            – Olha cara, eu não quis te irritar. Também não quero nada além de amizade com Lily, se é isso que te preocupa. Eu vim pedir desculpas, por qualquer coisa que tenha feito. E pedir para sermos amigos, por Lily.

            Nico me olhava de braços cruzados, analisando atentamente cada palavra minha. E enquanto eu falava, fui tirando a carta de Lily do bolso e colocando, disfarçadamente, em cima da bancada.

            – Eu te perdôo, acho, porém nós nunca vamos ser amigos. – Responde ele, após alguns segundos.

            Levanto os braços, em sinal de redenção.

            – Tudo bem, mas...

            – Agora saía do meu chalé! – Dispara Nico, antes que eu possa completar minha frase.

            Desencosto da bancada, e vou para a porta. Quando chego lá, Nico já tinha aberto-a, e esperava, ansiosamente, pela minha saída.

            Assim que eu ponho os pés para fora do chalé, escuto a porta batendo com força, mas sorrio. Tinha conseguido fazer o que Lily tinha me pedido.

            (POV Meggie)

            Não queria partir sem Leo, muito menos partir sem ele. Mas era necessário. Percy já fez tanto por mim, estava na hora de retribuir isso.

            A primeira coisa que eu pensei assim que entrei no plano de Lily foi me despedir de Leo. Porém não podia pessoalmente, então escrevi algo para ele.

            Já estava no horário que Lily tinha marcado quando acabei de escrever minha carta. Todos no chalé de Afrodite já estavam dormindo, deixei a carta em cima da minha cama, peguei minha mochila e saí do chalé

            Quando passo pelo chalé de Hefesto, minha vontade é entrar correndo e dar trezentos beijos no Leo, mas não posso.

            Respirando fundo sigo em frente.

            (POV Lily)

            Chris me explicou como ele tinha deixado a carta e eu dei pulinhos. Ele era tão inteligente! Nunca teria pensado nisso!

            – Já está quase na hora de encontrarmos com Meggie à porta do Acampamento, melhor irmos indo, não é? – Pergunto.

            – Sim, claro.

            Saímos do chalé de Poseidon, mas Chris tem que passar no chalé de Atena para pegar sua mochila. Então sigo, sozinha e silenciosamente, para o ponto de encontro.

            Eu chego lá, e ia sentar, já que Meggie ainda não tinha chegado. Porém eu vejo algo se movendo pelas sombras. Algo com um formato humano.

            Aquilo vai caminhando em minha direção, e, quando estou prestes a pegar minha arma, a pessoa saiu da sombra e vem para a luz. Nico di Angelo, filho de Hades e meu namorado estava ali.

            Arregalo os olhos, em sinal de surpresa e depois murcho. Ele vai não vai me deixar fugir.

            – Vai me mandar voltar para o meu chalé, não vai? – Perguntei, olhando para o chão.

            – Não.

            – Não?

            – Eu sabia que mesmo eu falando para não fugirmos, você ia fugir do mesmo jeito. Mas valia a pena tentar. Então estou aqui desde que Christopher foi ao meu chalé e “acidentalmente” deixou cair isso por lá – ele me mostrou a carta, já aberta.

            Olhei para o chão, envergonhada.

            Ele pegou meu queixo e me fez olhar nos seus olhos. Então eu vi, como ele tinha ficado feliz com minha carta. Como ele estava feliz em me acompanhar nisso. Como ele estava feliz por estar ao meu lado.

            – Eu também te amo, Lily.

            Ele se inclina levemente e me beija. Um beijo calmo, lento e apaixonado.

            Passos me fazem desgrudar de Nico e olhar para trás. Chris andava lentamente em direção à nós.

            – El também vai?! – Perguntou Nico, praticamente gritando.

            – Sim Nico, algum problema? – Perguntei. – E fale mais baixo.

            Nico cruza os braços sobre o peito e se senta. Fico conversando com Chris, mas alguns segundo depois Nico me puxa e me faz sentar ao lado dele. Perto demais, como se quisesse mostrar a quem eu pertencia.

            Logo depois Meggie chega e completa nosso pequeno grupo. Agora bastava esperar até de manhã.

            – Quem monta guarda primeiro? – Eu perguntei.

            – Precisamos montar guarda? – Indaga Meggie. – Estamos dentro do Acampamento.

            – Claro. Todos precisam dormir para estarmos descansados amanhã de manhã. Mas se todos dormissem ao mesmo tempo, pode ser que Kate, Lena e Annie saiam e nós nem percebamos!