Cause I Can't Live Without You escrita por Mah Yamamoto


Capítulo 4
Missing you




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P.O.V Mel

Eu nunca havia visto Peg tão... Deprimida.

Desde que Ian levou o tiro e Cal assumiu seu corpo, não vi ela dar um sorriso se quer, por menor e mais sofrido que fosse. Não era mais a Peregrina que eu conhecia: alegre, sempre rindo e sorrindo. Agora ela fazia de sua vida uma coisa monótona; acordava, trabalhava, comia e dormia. Tudo roboticamente.

Já fazia quase uma semana desde que tudo aconteceu e só agora estávamos saindo na incursão para pegar o novo corpo de Cal. Ele e Nate estavam morando conosco nas cavernas enquanto isso não se resolvia. Desde então, Peg veio dormir comigo e com Jared no nosso quarto. Ela não conseguia dormir sozinha, muito menos no quarto que antes ela dividia com Ian. Eu estava começando a ficar preocupada. No meio da noite era possível ouvir o choro baixinho dela, que com toda certeza, ela lutava para manter baixo.

– Tem certeza que vai ficar bem sozinha aqui? - perguntei pela milionésima vez. Peg estava deitada de bruços no colchão, o queixo apoiado nos braços cruzados na frente do corpo.

– Sim, Mel. Vou ficar ótima. Só quero que tudo isso acabe logo. - responde, sem nenhuma animação.

– Tudo bem. Não vamos demorar para voltar, uma noite, no máximo duas.

– Ok. - disse, triste. Eu não gostava nem um pouco de vê-la assim. Ninguém gostava.

Abri meus braços em um convite e ela logo veio, quase correndo, me abraçar com força.

– Fique bem, irmã. - sussurrei e ela me apertou mais ainda.

– Mel, temos que ir. - disse Jamie, aparecendo na entrada do quarto. Assim que Peg ouviu sua voz, levantou a cabeça e foi em direção a ele, abraçando-o também. Só então percebi as lágrimas em seu rosto.

– Tomem cuidado. - ela disse.

– Sempre tomamos. - respondemos Jamie e eu juntos.

Peg se afastou e voltou para o colchão, virando de costas para nós e se encolhendo como uma bola e soluçando.

P.O.V Peg

Era tudo tão injusto. Por que Ian? Por que não eu?

Depois de praticamente uma semana com Cal dentro do corpo de Ian - eu sendo obrigada a ter que olhar nos olhos azuis que eu tanto amava, e ver sempre o tom prateado por trás deles, para me lembrar que não era Ian me olhando - Melanie, Jared e Jamie saíram na incursão em busca do novo corpo para Cal.

Nesses dias, por mais que eu tentasse, não conseguia sorrir para ninguém, não conseguia olhar diretamente nos olhos de ninguém e evitava Cal ao máximo, mesmo isso não sendo totalmente possível nas horas de trabalho.

Assim que Mel e Jamie saíram do quarto, permiti as lágrimas que ficaram presas rolarem, marcando meu rosto que ultimamente, estava sempre marcado. Chorar era praticamente a única coisa que eu fazia no últimos dias. Eu até tentava ajudar no trabalho, mas não conseguia fazer nada, já que o meu estado emocional não deixava, e as pessoas também não me permitiam ajudar. Nem na cozinha.

Mas agora tudo iria se resolver. Em duas noites, Mel, jamie e Jared estariam de volta com outro corpo para Cal e Ian estaria de volta para ficar comigo, como antes. Eu acreditava nisso. Tinha que acreditar.

P.O.V Cal

Já haviam saído na incursão em bisca de um novo corpo para mim há aproximadamente 24h. Era difícil viver com esse corpo, não por questões de adaptação, mas pelo fato de que Peg não falava comigo nunca. Não que eu não entendesse o seu lado. Devia estar sendo muito difícil para ela. Mas eu queria minha amiga de volta.

Eu continuava tentando achar Ian na minha cabeça, tentando senti-lo de alguma forma, mas em vão. Eu estava sozinho.

Na noite seguinte da partida de Melanie, Jamie e Jared, fui procurar Peg no quarto em que ela estava para tentar conversar. Ela já havia deitado quando cheguei.

– Oi. - cumprimentei-a. Ela se virou, surpresa ao me ver.

– O que faz aqui essa hora? - perguntou, a voz baixa, quase num sussurro.

– Vim te ver. - respondi. - Você não tem falado muito comigo... - Ela voltou a se virar e ficou quieta.

– Peg, está com raiva de mim? - a pergunta saiu sem pensar. - Por estar no corpo de Ian , quer dizer.

Ela se virou para mim novamente e me fitou, parecendo ofendida e confusa.

– Claro que não! - respondeu e eu relaxei. - A culpa não é sua. Nem sua nem de Nate. O único culpado é aquele homem que deu o tiro em Ian. - sua voz falhou na última parte. - E em você.

– John...

– O que? - perguntou, confusa.

– John. É o nome do cara que atirou. - expliquei calmamente.

– E como sabe disso? - ela ainda estava confusa.

– Quando ele atirou em Ian, Jared deu uma gravata nele, que ficou inconsciente. Depois eles trouxeram ele para cá e ele se apresentou. Contou estar fugindo de buscadores...

– Ele está aqui? - ela me interrompeu com a pergunta e arregalou os olhos, ficando nervosa e assustada de repente.

– Sim. - confirmei, assustado e preocupado com sua reação.

– E por que eu nunca soube disso antes? - perguntou, levantando-se exaltada.

– Jeb achou melhor mantê-lo longe de você. Disse que você já estaria sofrendo demais. - fiquei quieto um tempo, pensando se deveria ter dito isso a ela. - Você quer vê-lo ou... - comecei a perguntar mas ela não deixou.

– Não! - respondeu, quase gritando. - Tudo que eu quero desse homem é distância. - completou, virando-se novamente e encerrando o assunto.

Ela ficou quieta e não se virou, então achei que tinha pegado no sono. Levantei-me e quando estava perto da porta, ouvi um soluço baixo de Peg e percebi que isso estava sendo muito mais que difícil para ela. Ela estava sofrendo muito, e eu ajudei para esse sofrimento crescer, dizendo a ela que estava dividindo o mesmo ambiente com aquele que cousou tudo isso.

A deixei sozinha para que pudesse descansar.

(...)

Não demorou muito para que Mel, Jamie e Jared voltassem. Chegaram no meio da tarde, um dia e meio depois que partiram. Voltaram com um corpo um pouco mais novo que o meu antigo; era alto, tinha cabelos castanhos, mas não tinha nada de especial.

Com o retorno deles, Peg ficou um pouco mais animada. A ideia de ter Ian de volta para ela a deixava - nem que fosse um pouco - mais feliz.

Na hora de tirar a alma do corpo do meu futuro hospedeiro, Peg não deixou que esperássemos para ver se ele iria acordar sozinho. Não aguentava mais esperar. Acompanhei a transferência da alma para o criotanque e logo depois foi minha vez. Deitei no catre e deixei Doc se aproximar com o clorofórmio. Ele prensou o pano no meu rosto e eu inspirei. Logo minha vista ficou turva e eu não conseguia ouvir direito. Mais alguns segundos e a escuridão me tomou por completo.


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