O Mascarado Contraditório escrita por eviltwin


Capítulo 3
Jealous


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de 6 meses de um bloqueio criativo extremamente chato resolvi voltar a postar a fic. Peço desculpas aos leitores que estavam esperando e agradeço aos que comentaram e favoritaram. No meio do capítulo tem um link com uma música. Sugiro que ouçam na hora indicada :D



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— Acordem, mocinhos — Dona Luísa despertou a filha e Cebola ao entrar pela porta de sua casa. Ambos haviam adormecido e se encontravam abraços no sofá. — Já imaginou se fosse o seu pai entrando, Mônica? Apesar de vocês não estarem fazendo nada, você sabe o quanto ele é rígido.

A senhora colocou a sacola de compras sobre a mesa da sala e se direcionou ao "namorado" da filha.

— Oh, Cebola, meus sentimentos, querido. Como sua mãe está?

O garoto ajeitou o cabelo e sentou no sofá.

— Dona Luísa, obrigado — Ele sorriu de lado, aquele sorriso de menino bonzinho que consegue ganhar a confiança de qualquer mãe em poucos segundos. — Ela tá triste, mas você sabe, é normal.

Ela afirmou com a cabeça e seguiu em direção à cozinha, deixando os adolescentes sozinhos na sala.

Cebola respirou fundo e olhou para Mônica.

— Será que ela achou ruim?

A dentuça riu e fez que não com a cabeça.

— Ela gosta de você, Cê.

Eu também, Mô. Vou levar as flores pra ela colocar num jarro.

Mônica disse um "ok" baixinho e voltou a atenção para o celular do troca-letras que vibrava na mesa próxima ao sofá. Queria ver a mensagem e quem a enviava, mas uma parte de si dizia que seria uma imensa invasão de privacidade, e Cebola não gostaria nem um pouco disso. Tentou se distrair mas o celular vibrou novamente. Impulsiva como era, pegou o aparelho rapidamente leu as seguintes palavras enviadas pelo whatsapp:

Irene: Cê, você não vem não?

Irene: Tô esperando no lugar que a gente marcou.

Mônica estremeceu por dentro. Ela tentava ao máximo não ser ciumenta e brigar atoa, mas ele não a ajudava nem um pouco. Já haviam conversado sobre o "assunto Irene" e Cebola disse que se afastaria. O sorriso que estampava seu rosto foi rapidamente substituído por uma expressão dura e ilegível. Bloqueou o celular e o deixou em cima da mesa.

Quando ele voltou para a sala, ela disse de modo frio.

— Acho que ouvi seu celular vibrar.

Ele o pegou e ao ler as mensagens, arregalou os olhos por alguns segundos e depois voltou ao normal, como se tentasse disfarçar algo.

— Tenho que ir, Mô. Preciso fazer um favor pra minha mãe.

Mônica arqueou uma sobrancelha.

— Pensei que ela chegaria só daqui uns dias.

Cebola engoliu em seco.

— Mas ela vai chegar só daqui uns dias mesmo. Ela mandou uma mensagem pedindo que... que eu passe na casa de um amigo. Eu volto mais tarde, tá bom? — Então foi despedir-se da menina com um selinho, mas ela virou o rosto e sorriu friamente.

— Ok.

— Você tá bem, Mô?

Ela respirou fundo e contou até dez mentalmente. Mônica odiava mentiras, do fundo de seu coração. Odiava mais ainda sentir ciúmes. Quantas vezes havia prometido pra si mesma que seria mais compreensiva e calma? Aquilo a matava por dentro. Porque ele mentiu? Qual o motivo? Sua raiva aumentava cada vez mais, chegando ao ponto de fazê-la sentir-se menos culpada pela noite anterior.

E enquanto a dentuça se matava mentalmente, Cebola saía pela porta.

Sometimes I want to walk in your shoes

Do the type of things that I never ever do

I take one look in the mirror and I say to myself

'Baby girl you can't survive like this no

— Mãe, vou dar uma volta — Mônica disse um tanto alto e saiu de casa rapidamente.

And I hate you for your lies and your covers

Bateu a porta sem querer e em passos rápidos começou a andar sem uma direção exata. Lembrou-se da noite anterior novamente e como se arrependera. Agora se sentia mal por ter se arrependido. Mônica não queria de modo algum um relacionamento desequilibrado construído sobre mentiras. Buscava algo estável e que lhe proporcionasse segurança. Cebola a oferecia ótimas risadas e momentos alegres, mas não oferecia a certeza de que ele estaria sempre ali por ela, sendo companheiro e presente, assim como qualquer namorado.

Onde eles estavam se encontrando? Irene mencionou algum local marcado. Então eles já possuíam um lugar fixo? Um lugar somente deles? O único motivo para que ele mentisse o que faria seria o fato dele provavelmente estar fazendo algo errado.

Precisava que alguém a consolasse e dissesse que tudo ficaria bem. Desesperadamente, com suas mãos trêmulas, discou o número de Magali.

Merda. Caixa postal.

And I hate us for making good love to each other

And I love making you jealous but don't judge me

And I know I'm being hateful but that ain't nothing

That ain't nothing

I'm just jealous

I'm just human

Don't judge me

Tentou de novo e nada. Estranhou. Magali sempre atendia o celular, sempre estava disponível.

Aquele definitivamente não era o seu dia.

Com sua atenção presa a seu celular, esbarrou em alguém e estava prestes a levar um baita tombo quando uma mão firme e quente a segurou.

— Mas que por...?

— Mônica?

Ela olhou pra cima. Do Contra. Ótimo. Como se já não bastasse tudo o que estava passando ainda teria que aturar as teorias contraditórias do amigo.

— Ah, DC, oi.

— Você tá bem? — Ele arqueou a sobrancelha e a olhou profundamente. Seus olhos estavam mais negros do que o normal. Mônica ficou intimidada com o olhar e por um instante sentiu seu corpo presenciar um pequeno déjà vu, como se já tivesse encarado aqueles olhos inúmeras vezes e pudesse se perder na escuridão de sua íris a qualquer momento. Contudo, a sensação logo passou — Quer companhia?

Mônica afirmou com a cabeça, tentando deixar o estresse de lado. Forçou o máximo que pôde para dar um sorriso e fracassou. Realmente, não estava com ânimo algum em aguentar as contradições loucas do amigo. 

— Você tá triste.

A facilidade de Do Contra ler as pessoas a irritava e ao mesmo tempo a atraía. Ele era uma boa pessoa para conversar.

— É... não dá pra ser feliz sempre — deu de ombros.

— Mas você é forte — ele disse encarando algum ponto qualquer no horizonte — Vem cá.

DC a puxou pela mão e a guiou até a pracinha do Limoeiro, que ficava ali por perto. Sentaram-se em um banco perto de um jardim com flores rosas e vermelhas. A paisagem era muito bonita para um dia tão triste. Parecia até irônico, pensou Mônica.

— Quer falar sobre?

Ela já havia perdido a conta de quantas vezes havia respirado fundo naquele dia. Mas assim fez novamente. Olhou para o amigo.

— Já se sentiu como se você desse mais do que recebesse para as pessoas que ama? Digo, já te faltou reciprocidade? Ah, DC, não sei.. digo no sentido de não se sentir importante para as pessoas que você mais considera. 

DC sorriu, ainda a analisando.

— Acredite, o tempo todo.

Provavelmente ele está falando isso apenas para me agradar, era o que ela pensava.

— Não, DC. Eu tô falando sério.

Os lábios dele se juntaram, formando uma linha reta e uma expressão indecifrável. Ele pegou uma mecha do cabelo de Mônica e colocou atrás de sua orelha. A encarou de modo profundo, novamente.

— Ah, linda... quantas vezes preciso dizer? Eu nunca mentiria pra você.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Enfim, o que acharam? Não esqueçam de comentar.



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