The Imprinting escrita por Nessie Black Halloway


Capítulo 5
Sensações


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!! :)
Aqui vai mais um capítulo novo...
Quero agradecer pelos comentários de todos vocês, e também aos leitores que ainda não comentaram!
O acompanhamento e opiniões de vocês é realmente muito importante para a história, por isso não parem, please! :D

Boa leitura!



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Renesmee Cullen’s POV

Fiquei em silêncio por vários segundos. As palavras de Bella foram curtas e claras, mas demoraram a fazer sentindo para mim – câncer não é uma coisa comum quando se tem uma família de vampiros.

Mas de repente, lembrei-me que tínhamos a solução.

- Mãe, podemos transformá-la. – Eu disse, esperando que seu rosto se iluminasse outra vez – Carlisle... Carlisle pode transformá-la! Ela não precisa morrer, só precisamos falar com ele e...

- Não – disse Bella em um tom frio. – Eu não posso, Renesmee. Não posso simplesmente dar-lhe a imortalidade quando ela ainda tem uma escolha.

- Escolha?

- Sim. Reneé ainda pode lutar contra a doença. Os médicos não lhe deram chances, e ela não quer parar de acreditar nisso, mas Carlisle disse que ainda há esperança.

Os olhos da mamãe recuperaram um pouco do brilho, e ela forçou um sorriso.

- Ah, isso é muito bom! – Encorajei-a. – Carlisle pode cuidar dela.

- Sim – ela assentiu e suspirou. – Ele está a examinando agora.

- Mamãe, e sobre o segredo? – Perguntei, ligeiramente ansiosa – Ela descobriu alguma coisa?

- Bom... Antes de vir até aqui, ela foi à casa de Charlie, e ele lhe contou o que sabia.

- E ela aceitou?

- Sim, ela... pensa que está com os dias contados, e queria me ver de qualquer jeito. Essa foi a condição que Charlie lhe deu.

Por um momento, eu havia esquecido do pesadelo horrível que tivera – meu pai com aquela frieza na voz, a sensação de estar caindo do abismo, a impressão de ter perdido minha mãe, Jacob...

Minha cabeça agora parecia estar fervendo. Aquele fora o pesadelo mais estranho que eu já tivera. Mas era tão impossível! Como poderia haver um mundo em que existisse Edward e Renesmee sem Bella e Jacob? Inaceitável. Absurdo. Uma tortura. Desesperador...

- Tudo bem, amor? – Mamãe afagou meus cabelos. Eu sacudi a cabeça, tentando voltar ao presente.

-  Sim – Respondi rapidamente. Eu não queria que ela se preocupasse comigo naquele momento. Eu devia estar a apoiando, afinal, já podia pelo menos imaginar como é perder uma mãe.

Estremeci.

- Você parece nervosa.

- Não, mamãe... Estou bem. Só estou preocupada com Reneé.

Bella afagou meu rosto com a ponta dos dedos, fazendo movimentos circulares.

- Ouça, eu não quero que se preocupe com isso. – Sua expressão preocupada agora tornava-se convicta. Como sempre, mesmo que não tivesse certeza de algo, mamãe queria me passar segurança. – Vai ficar tudo bem.

Eu abracei-a pelo pescoço e dei-lhe um beijo no rosto.

- Já tomou café da manhã? – Perguntou ela.

- Não... Na verdade acho que vou ficar aqui fora um pouco.

Mamãe me observou por um momento e eu tentei não encontrar seus olhos para não me entregar. Achei o chão seguro e fixei os olhos lá.

- Tudo bem – disse ela. Beijou minha testa e entrou na casa.

Olhei para os lados, procurando por algum lugar agradável, e acabei indo para o jardim.

Sentei na grama e encostei-me em uma árvore. Fechei os olhos, decidida a tentar entender o tal sonho.

Seria um aviso? Será que as coisas iriam mudar quando fôssemos para o Canadá?

As imagens aproveitaram que minhas pálpebras cobriam-me a visão e lançaram as lembranças, repetindo o pesadelo inteiro, como um filme.

Subitamente o ar gelado me fazia companhia, arrepiando não só meus braços, mas meu corpo inteiro. Abracei-me, tentando parar o tremor.

As palavras vagas do meu pai ecoaram em meus ouvidos, a frieza insegura fazendo-me encolher o corpo e abraçar minhas pernas dobradas, agora com os joelhos junto ao peito.

Precisamos ir, não temos mais tempo. Confie em mim e em sua mãe. Vai ficar tudo bem, confie em nós.

As últimas eram para me confortar, mas produziram um efeito completamente contrário em mim. Era como se ele dissesse: Vamos deixar tudo para trás. Bella não está aqui, mas precisamos seguir em frente.

Não, não, não.

Minha mãe é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ela e meu pai são as duas partes de um todo. Como eu poderia seguir em frente com apenas uma metade? Ela nunca me deixaria. Eu jamais a deixaria.

E onde Jacob entrava na história? Eu tinha a certeza que ele deveria estar no sonho, mas não estava. Meu pai ignorara quando perguntei sobre ele e apenas me guiou para o penhasco, para a morte.

Talvez ele pensou o mesmo que eu – seria melhor que morrêssemos a não termos as pessoas que amamos.

Mas não fazia sentido. Edward jamais desistiria de tudo, ele sempre fora determinado, sempre me afirmara que por mais difícil que fosse, sempre haveria uma saída.

Ao menos que o pesadelo tenha algo a ver com os Volturi...

O frio do ar pesado que me envolvia subiu alguns graus subitamente. Senti uma onda de calor pegar-me de surpresa como um abraço carinhoso, numa sensação aconchegante que eu conhecia muito bem.

Abri os olhos e vi Jacob ajoelhado à minha frente, olhando para mim com as sobrancelhas unidas.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou.

Ajeitei-me na grama e cruzei as pernas, passando os dedos rapidamente nos cabelos, tentando penteá-los. Eu sempre me arrumava para ver Jacob, mas quando ele decidida aparecer assim, sem avisar, era inevitável – ele sempre me pegava desprevenida.

Mas eu não devia pensar nisso agora, Jacob aparecera na hora certa. Eu precisava vê-lo, tocá-lo, ter a certeza que ainda o tinha.

- Oi, Jake.

Ele ainda estava com a expressão confusa, os olhos escuros penetrando em meus pensamentos e lendo tudo o que eu sentia – essa é uma das vantagens de se namorar o melhor amigo.

- Deixe-me adivinhar - Jake chegou mais perto e tomou minhas mãos entre as suas. O toque provocou um choque térmico em minha pele, e o frio foi sumindo aos poucos. – Pesadelo?

- Também.

- Hmm... – ele olhou para cima, pensando. – E por acaso eu estava incluído na pior parte?

- Também. – Tentei conter o nó em minha garganta.

- Então quem mais?

- A mamãe. Você e a mamãe... não estavam lá.

Tarde demais. Lágrimas quentes cegaram minha visão, eu curvei a cabeça, sentindo a confusão de pensar na possibilidade e ao mesmo tempo, o alívio de poder falar sobre isso com alguém.

- Ah não... Nessie – Jake sentou-se ao meu lado, pôs o braço em volta de mim e afagou meu ombro. – Não chore, está bem? Isso nunca vai acontecer.

Abracei sua cintura e enterrei a cabeça em seu peito, molhando sua camisa cinza. Jacob me abraçava com firmeza, me puxando para mais perto e me embalando em seu colo. Eu me senti uma criança nos primeiros anos de vida, assombrada por um pesadelo em que você é perseguido por monstros e fantasmas. Mas eu não podia evitar – perder as pessoas que amo seria pior do que qualquer medo bobo de seres sobrenaturais. Afinal, meu mundo é constituído por coisas nada normais em comparação ao suposto mundo real.

A presença de Jacob fez com que as lágrimas parassem de jorrar, mas agora eu também pensava em Reneé e na situação em que mamãe estava, pensando se deveria transformá-la ou não.

- Tem mais alguma coisa? – Perguntou Jake.

Contei-lhe da chegada repentina de Reneé e do que Bella me dissera. Ele surpreendeu-se, fazendo perguntas como: Ela está aqui?! Ela descobriu? Quanto tempo vai ficar?

Depois respirou fundo, balançando a cabeça, parecendo reprovar tudo o que eu dizia.

- Bella deve estar péssima! – Disse ele.

- É, está.

Houve um momento de silêncio, então Jacob pegou meu rosto e fez com      que eu o olhasse nos olhos, limpando as últimas lágrimas dos meus olhos com o polegar.

- Na verdade, eu vim aqui fazer um convite.

Eu assenti, esperando.

- Vamos fazer uma festa na fogueira esta noite – disse. – Você sabe, histórias antigas da tribo, churrasco.... Quer ir?

Eu sorri, admirando seu rosto, que agora estava iluminado.

- Claro que eu quero!

****************

Por volta das três da tarde, meus tios chegaram de Paris. Emmet e Jasper contaram, exasperados, dos momentos bons da viagem e dos “ataques femininos” que tiveram de sofrer com Rose e Alice. Emmet não cansava de dizer que estava um francês nato, usando expressões da nova língua o tempo todo.

Como eu esperava, Alice e Rosalie me encheram de roupas e sapatos novos. Passei mais de uma hora experimentando as “novas tendências do estilismo francês”, como dizia tia Alice, enquanto as duas me contavam das maravilhas da cidade do amor, e insistindo na ideia de que eu teria de ir para lá com Jacob um dia.

Antes de anoitecer, eu estava escovando os cabelos na frente do espelho, esperando que Jake fosse me buscar, enquanto pensava no que Alice e meus pais conversavam em particular. Geralmente, a conversa deles era rápida e prática, considerando a capacidade de entendimento absurdo entre um telepata e uma vidente, mas eles estavam há mais de meia hora no quarto de Carlisle, e isso me preocupava.

Tratava-se de Reneé – disso que tinha certeza -, mas em quase sete anos de membro da família Cullen, jamais me acostumei em ficar por fora dos “assuntos complicados” e ser a última a saber.

- Aquele cachorro vai perder a cabeça esta noite – disse Rose quando saí do quarto, aprovando a escolha que fiz com um vestido novo.

Antes que eu dissesse algo, ouvi o som da buzina inconfundível do lado de fora.

Corri para a porta, mas parei ao ouvir meu pai atrás de mim.

- Renesmee.

Ele estava com a expressão dura, me olhando cuidadosamente.

- Me perdoe, mas não pude deixar de ouvir – disse ele.

Eu não havia falado com Edward desde cedo. Ele havia saído para caçar com Emmet quando depois da sua chegada – Emmet dissera que os ursos da França não eram nada em comparação aos de Forks, e que queria compensar o tempo perdido fazendo apostas com meu pai -, e certamente ouvira meus pensamentos do dia depois que chegou, inclusive soubera do meu pesadelo, já que eu não conseguia parar de pensar a tarde inteira.

Ele pegou minha mão e a apertou, afagando-a suavemente.

- Você sabe que eu jamais faria isso, não é? – Perguntou.

- Eu sei, pai – respondi com convicção, embora a imagem de um Edward inseguro e misterioso atrapalhasse meus pensamentos. – Foi apenas um sonho.

Papai sorriu, mesmo sabendo o que se passava em minha cabeça, e me deu um beijo na testa.

- Divirta-se – disse ele. – E volte antes da meia noite.

Assenti e corri para fora. Jacob havia buzinado mais três vezes antes de eu sair.

Quando me viu, abriu um largo sorriso, olhando para o que eu vestia.

- A demora valeu a pena – disse ele, e se inclinou para beijar meu rosto. – Branco realmente é a sua cor.

Seus lábios provocaram arrepios em minha nuca, um ar frio fazendo meus cabelos voarem, indicando que a noite se aproximava.

- Estamos atrasados? – Perguntei.

- Não. Antes quero lhe mostrar uma coisa.

- O quê?

- Você vai ver.

Subi na garupa da Harley Sprint preta e apertei meus braços em volta da sua cintura.

Estávamos seguindo a estrada em direção à La Push, quando Jake parou e disse para eu descer.

- Para que tanto mistério? – Perguntei, curiosa.

- Para valer a pena. Se você souber perde a graça – ele pegou minha mãe e começou a me conduzir para a floresta. – Feche os olhos.

- O quê?

- Vamos, Nessie, feche os olhos.

Suspirei, ainda relutante, mas obedeci.

Andamos por mais de dez minutos, Jacob segurando minha mão com firmeza e me orientando onde eu devia levantar os pés para não tropeçar em uma raiz, ou segurando em meu ombro para que eu abaixasse a cabeça para não bater em um galho mais baixo. Eu estava louca de curiosidade, pronta para protestar e olhar de uma vez, quando senti uma brisa mais gelada e forte soprar e, meu rosto. Os sons da floresta ficavam para trás, e agora eu ouvia apenas o som de uma forte corrente de água.

Jake soltou minha mão, mas ainda ficou perto, e sussurrou em meu ouvido.

- Pode abrir.

Respirei fundo e abri os olhos. À minha frente, estava o pôr-do-sol mais lindo que já vi. A silhueta do sol descia lentamente, destacando e mudando as cores do céu a sua volta – amarelo, laranja e cor-de-rosa -, e fazia com que a imagem parecesse uma pintura precisamente detalhada de um pintor perfeccionista. Aves cruzavam a luz alaranjada em movimentos leves ao baterem as asas, emitindo um som de liberdade ao passarem pelas nuvens espalhadas. Meus pensamentos voaram lá para cima, parecia que como aquelas aves, eu podia voar também, pois em minha visão periférica, não via nenhum sinal de terra firme, embora sentisse que estava sob algo sólido.

- Esse lugar me lembra você – sussurrou Jacob em algum lugar perto de mim. Eu não conseguia tirar os olhos daquele céu perfeito, só identifiquei onde Jacob estava porque ouvi sua voz e senti sua respiração logo acima da minha orelha.

Seu comentário me fez sorrir, eu queria falar algo, agradecer, dizer que a vista era linda, mas as palavras não vinham, eu estava completamente paralisada, contemplando o céu.

Jake sabia o que eu precisava me trazendo àquele lugar. Se a ideia era relaxar, com certeza ele conseguiu. Eu me sentia leve, feliz, uma tranquilidade me envolvendo em braços compridos, fazendo-me esquecer de tudo.

Continuei fitando o sol, que agora começava a se esconder no horizonte, deixando as cores à sua volta em um tom mais escuro. As aves dançavam em sincronia, seus sons agora mais curtos, como se dessem um até logo para o sol e boas-vindas para a lua e as estrelas.

Pisquei uma vez, tentando sair da “hipnose” e entender onde eu estava. Olhei primeiramente para os lados, vendo as árvores altas ao longe, depois olhei para baixo. Péssima ideia! Tudo o que vi foram pedras pontiagudas e águas ferozes quebrando-se em ondas gigantes a muitos metros abaixo de nós. Jacob e eu estávamos à beira do penhasco de La Push, exatamente como no sonho – a diferença é que eu estivera com meu pai.

De repente, a sensação de paz desapareceu, e tudo estava tal qual o pesadelo – o vento gelado, o céu escurecendo rapidamente, o modo como eu queria me abraçar para parar de tremer.

Minhas pernas falharam e meus joelhos penderam para frente, parecia que algum tipo de força invisível me puxava para baixo, para a água, para as pedras. Então, em uma tentativa de equilíbrio, meus pés atrapalharam-se em alguma coisa, e escorreguei.


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Notas finais do capítulo

Espero os reviews! :) :)