POV Nathan

– Só mais uma- Lena avisou atrás da câmera.

Fiz minha cara de safado, mas sem o típico sorriso.

Lena ajustou o zoom, o foco e tirou duas fotos.

– Ficaram boas?- desci do pequeno palco.

– Ficaram perfeitas- ela abriu um sorriso lindo.

Fui até o vestiário e troquei as roupas daqui pelas minhas; uma blusa branca de mangas curtas, uma calça jeans escura e meu tênis azul.

– Então eu vou indo- coloquei meu casaco de couro no ombro- tenho que encontrar uns amigos lá no Standdly. A gente se vê mais tarde.

Ela assentiu com um pequeno sorriso e eu dei um beijo na bochecha dela.

Saí do prédio da maior agência de modelos da cidade e entrei no carro.

Quando cheguei no restaurante, avistei os meninos, Spencer, Jack e Caleb, sentados em uma mesa no fundo do restaurante.

– Quanto tempo, porra- Caleb levantou e me deu um abraço seguido de um toque.

Ele tinha passado um tempo na Alemanha com a Ashley.

– Estávamos falando sobre os Sharks- Jack empurrou a cadeira dele levemente para trás, com os pés- quando é que vamos reinaugurar o grupo?

– Sei lá- respondi, sentando ao lado do Spencer- quando mais cedo, melhor.

– E quando vai rolar a reinauguração da melhor boate dessa cidade?- Caleb perguntou como se eu não fosse o dono.

– Não vai rolar- peguei um copo vazio e enchi de cerveja.

– Não vai rolar?- Caleb e Jack perguntaram ao mesmo tempo, incrédulos.

– Um idiota tem uma porrada de acusações minhas- dei um gole na bebida gelada- ou eu fechava o Scrush ou ele ia entregar tudo para a polícia- expliquei- eu quero saber quem é que faz pastas minhas comprometedoras para a polícia e sai dando para os meus inimigos. Droga- coloquei o copo na mesa.

– Quem é esse cara?- Spencer perguntou.

– Um tal de Jonas Densen- falei, tentando me lembrar- algo assim.

– Ele é o dono da Red Lights e pai do Erick.

– Ah não- soltei um suspiro pesado- puta que me pariu.

– Ta xingando tua mãe, cara?- Caleb riu- quem é Erick?

– O namorado da Katherine- falei, o que foi estranho porque o namorado dela na verdade sou eu; sempre fui e sempre vou ser, independente das merdas que nos separam- ele é um babaca. Ela precisa de um homem e não de um pivete.

– Você fala assim como se a sua idade mental fosse maior que a de uma criança de sete anos- Caleb me zoou.

– Pelo menos na cama eu me garanto- falei convencido, cruzando os braços- você não.

– Eita- Jack se intrometeu- a treta está ficando séria.

– Claro que eu me garanto- Caleb se defendeu- tá, beleza, você se garante na cama, mas para outras coisas você tem uma idade mental de sete anos.

– Caleb, vai tomar no seu cu- mandei.

Quem não nos conhece pensaríamos que estamos realmente brigando.

– Uma criança de sete anos não dirige carros, não vende drogas, armas e nunca assaltou casas e lojas- me defendi, relembrando atos de um passado distante e de um próximo.

– Você já assaltou casas e lojas?- ele ficou surpreso.

– James e eu. Éramos adolescentes- contei- era divertido. Na verdade a gente só queria um pouco de atenção dos nossos pais.

– Cara, era só falar "eu quero atenção"- Caleb implicou.

– Roubar é legal- Spencer estalou alguns dedos- vamos roubar um banco? A gente divide o dinheiro igualmente; muito dinheiro.

Começamos a rir, mas paramos quando percebemos que ele estava falando sério.

– Você quer sujar mais ainda a minha ficha?- brinquei.

– Eu tenho experiência nisso. É só você seguir o planejamento, ser esperto e pronto- Spencer disse como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

– Você tá louco- Caleb fez careta- roubar banco é coisa séria. Séria demais.

– Eu topo- aceitei.

Parece ser interessante, menos a parte que podemos ser presos. Novas experiências.

– Estou dentro também- Jack disse despreocupado.

Caleb olhou para mim, depois para Jack e para mim de novo.

– Eu topo - ele revirou os olhos- se a gente for preso, eu mato vocês três na cadeia.

– Ah, você me roubou dinheiro para porra- lembrei Spencer- pode me devolver.

– Já acabei com tudo- ele brincou.

– Vamos pedir logo alguma coisa para comer- Jack pegou o cardápio e deu uma olhada.

– Você nunca conseguiu conquistar a Helena?- perguntei para ele.

– Não. Ela é difícil demais, acha que eu não gosto dela de verdade. Se você puder falar com ela...vocês são amigos íntimos.

– Claro.

– E a comida?- Caleb perguntou- eu to com fome e vocês não pedem logo essa porra.

Joguei o restinho da minha cerveja na cara dele.

– Para de ser chato, porra- reclamei.

– Ta vendo?- ele apontou para a cara molhada dele- idade mental de sete anos.

– Vamos pedir frango frito- Spencer sugeriu.

Nick chegou e sentou ao meu lado.

– Chegou cedo, hein?- Caleb ironizou- todos a favor de frango frito?

Todos estavam a favor então foi o que pedimos.

– Como é que é ser pai?- Caleb perguntou, enxugando o rosto com um guardanapo- espero que eu não seja tão cedo- ele ergueu as mãos para o alto.

– Eu não tenho nada com a Lily então não é ruim. Eu não preciso perder meu sono, não preciso trocar fralda e nem nada disso- me reencostei na cadeira, colocando as mãos atrás da cabeça.

– Espertinho- Jack, Spencer e Caleb falaram ao mesmo tempo.

Em compensação, ‘‘perdi’’ a Katy.

– Mas você não vai ter que cuidar dele hoje?- Nick perguntou- vai ter que trocar fralda, dar mamadeira, colocar para dormir...Os meninos riram.

– Eu não sei nada dessas coisas. A Lena vai me ajudar- expliquei.

Caleb chamou o garçom e pediu mais garrafas de cerveja - Vamos sair daqui brisados- ele disse.

Ri do "brisados".

– Tenho que encher muito a cara para ficar bêbado - falei, enchendo o copo.

– Coisa que você faz o tempo todo, né?- Jack riu.

Conversamos sobre o jogo de hockey passado e o frango frito chegou junto com mais garrafas de cerveja e uma de vodka.

– Você estava dizendo que o Erick é o melhor para a Katherine. O que te fez mudar de ideia?- Nick perguntou, mudando o rumo da conversa.

Eu tinha mandado mensagens para ele falando do plano da festa.

– Que eu parei de ser otário e admiti que eu sou o melhor para ela. A Katy pode até correr perigo comigo, mas pelo amor tudo vale a pena e eu vou protegê-la.

Enchi um copo limpo com whisky e gelo.

– Você está muito romântico- Caleb jogou um pedaço de frango em mim- dá até vontade de vomitar.

– Se quer vomitar, vomita. Ninguém está te segurando- joguei o frango de volta. Bateu bem na testa dele.

– É isso aí. Estraga comida- Jack reclamou e eu joguei nele também, bem no nariz.

– Eu pensei que frango fosse para comer- ele jogou de volta e eu desviei. Caiu no chão.

Muito maduros.

O garçom trouxe copinhos com molhos. Eu peguei um e despejei todo o conteúdo verde dentro da cerveja do Spencer. Ele nem notou porque estava tentando pegar um frango, mas Caleb não deixava. Spencer foi beber e acabou engolindo junto o molho consistente.

– Que porra é essa?- ele fez careta, olhou para o copo e viu pedaços verdes flutuando e no fundo.

Começamos a rir, exceto ele.

Meu celular começou a tocar.

– Oi, Possy- atendi.

– Eu pedi para o Spencer não te contar, por isso ele não contou- ela falou rapidamente- eu descobri ontem que a Lily, aquela quenga, falsificou os exames. Queria estar aí para ver a sua cara agora e falar ‘‘eu estava certa o tempo todo. Chupa’’.

Demorei uns segundos para responder.

– Sério?

Fiquei mais uns segundos processando a informação.

– Puta...- sussurrei.

– A Lily?

– Não. Que pariu; puta que pariu. Eu não acredito nisso.

Estava surpreso demais para ter qualquer tipo de reação além dessa.

– O que foi cara?- Caleb perguntou.

– Vitor não é meu filho- mordi o lábio inferior, pensando- não acredito que terminei com a Katherine por porra nenhuma.

Segurei os palavrões. Quero muito xingar.

Lily me fez criar sentimentos pelo Vitor. Colocou a Katy contra mim. Quase fudeu minha vida.

– Caralho, isso é maravilhoso!- Caleb gritou- mano, que putaria o que a Lily fez.

As pessoas das mesas mais próximas desviaram a atenção para nós.

– Eu já imaginava- Spencer disse sem expressar surpresa porque, como a Possy me disse, ele já sabia.

– Caralho. Isso vai dar uma treta do inferno- Jack falou- sei como é a Katherine. Ela vai querer matar a Lily.

– Meu Deus- Nick fitou o nada- que puta.

– Você já contou para a Katy?- perguntei esperando que sim porque quero muito encontrar com ela.

– Já, mas eu não posso contar o que ela disse- Possy riu baixinho.

– O que? Não pode me contar?- perguntei indignado- ah não, Possy.

– Não é para ir atrás dela.

– O que? Como assim?

– Boa sorte na festa- Possy desligou.

Mas que porra.

‘‘Boa sorte na festa’’. Katherine quer me encontrar lá.

– Não sei se eu fico puto ou...

Caleb virou a garrafa de whisky gelada em cima de mim. Foi do nada. Eu só percebi quando senti a bebida na minha cabeça.

Jack e Spencer, dois idiotas, me seguraram na cadeira pelos ombros. Tentei me soltar em vão.

– Filhos da égua, vocês estão ficando loucos?- levantei e observei minha roupa colada ao meu corpo.

Os olhares das outras pessoas em mim começaram a me incomodar. Algumas começaram a tirar fotos de formas indiscretas.

– Você precisa comemorar- Caleb tirou algumas notas da carteira e colocou em cima da mesa- apesar de estar puto com a Lily, precisa comemorar.

Ele ergueu a garrafa e antes que eu pudesse dizer para ele não fazer isso, Caleb a arremessou na parede e soltou um grito.

Eu não me segurei e comecei a rir.

As pessoas ao redor ficaram horrorizadas, sem entender nada.

– Vamos sair daqui- peguei meu casaco e fui andando apressado em direção à saída, ainda rindo.

Eu resolvi ir falar com a Lily. De qualquer maneira eu já ia até a casa dela para cuidar do Vitor junto com a Lena.

– A máscara caiu, Lily- falei no instante em que ela abriu a porta.

Entrei e cruzei os braços.

– Quando você vai parar?- perguntei realmente querendo saber a resposta.

Ela franziu as sobrancelhas.

– Oi? Não estou te entendendo.

Puro teatro.

– Você falsificou os exames, porra- minha paciência começou a diminuir- para de se fingir de santa que não cola mais.

– Eu não falsifiquei nada- ela inclinou levemente a cabeça para o lado.

Revirei os olhos.

– Para com essa palhaçada, garota. Isso aqui não é novela para você estar atuando. Porra, estou perdendo toda a minha paciência.

Lily se aproximou e colocou as mãos abertas em cima do meu peito.

– Isso é whisky? O que aconteceu?- fingiu preocupação.

A falsidade em sua voz está super explícita.

– Não muda o assunto, Lily- afastei seus braços- como pode mentir sobre algo tão sério?

– Eu não sei do que está falando, neném- ela colocou as mãos ao redor do meu pescoço.

Meu Deus, que ódio.

Me afastei dela.

– Não toca em mim- falei seriamente.

Claro que ela não deu ouvidos. Lily passou os dedos pelo meu abdômen.

A peguei pelo braço e empurrei até a parede.

– Eu mandei você parar- cerrei o maxilar.

– Neném ta com raivinha?- ela riu com maldade- foi aquela puta da Katherine que descobriu, não foi?

– Lindinha, a única puta aqui é você- falei sem dó, com os olhos vidrados nos dela- nunca mais se atreva a chamar a minha namorada assim. Ela não é você.

Finalmente consegui atingi-la. Sua expressão ficou amarga.

– Ex- namorada, esqueceu? O que aquela desgraçada fez com você? Sinto falta do Nathan que só queria saber de diversão- com a mão livre ela acariciou meu rosto- e agora o que você quer? Casar e ter filhos com a Katherine? Me poupe, neném.

– Casar e ter filhos, coisas que você nunca vai fazer comigo.

Mais um ponto para mim. Atingi ela novamente, mas em troca, recebi um tapa.

– Ta maluca?- a soltei e passei a mão pela minha bochecha.

– Te odeio- cuspiu as palavras. O ódio fervia em seus olhos.

Bipolar. Do nada ela se transforma.

– Você é obcecada por mim- falei- eu que te odeio. Você só serviu para foder a minha vida.

Segurei seu pulso antes de receber mais um tapa.

– Para- ordenei- chega de gracinhas. Agora responde logo as minhas perguntas.

– Sabe aquela noite maravilhosa que você se entregou para mim?- ela abriu um sorriso malicioso- vamos repetir? Que tal fazer melhor ainda?- aproximou os lábios do meu ouvido.

Qual é o problema dela?

– Porra, Lily- dei dois passos para trás.

– O que foi, neném? Não está resistindo?

Ri, soltando ar pelo nariz.

– Resistindo? Você não faz metade do que a Katherine faz- cruzei os braços- porque não aceita que eu não te amo e para de encher o meu saco?

– Fiz mesmo- ela falou baixo- eu fiz mesmo!- gritou- e eu faria de novo se eu pudesse!

– Mas não pode e nem vai. Eu sou homem de uma mulher só agora e essa mulher não é você. Lembra quando disse que sentia falta de quando eu só queria saber de diversão? Pois é, isso é o que você foi: uma diversão. A mulher que eu amo não. Ela é tudo para mim e você não é nada. Se ousar chegar perto dela para fazer algum mal, eu juro que vai se arrepender.