Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 65
- After the storm.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, bom como a fic tá quase acabando... tive um bloqueio de criatividade, pq a verdade é q n quero q acabe tão cedo rsrs então resolvi atrasar por conta disso. Até sábado, pelo menos, me comprometo a publicar outro capítulo pra vcs pra recompensar.



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A camomila, em pouco tempo, fez jus ao nome e a fama, diminuindo a tremedeira nas mãos de Elena. Rose a olhou atenta esperando os nervos da outra se acalmarem para que a fala dela saísse sem interrupções por soluços.

Para Rose em si não era tão difícil de se acreditar. Era algo que temia há muito tempo de se acontecer, só não imaginava que aquela seria a proporção de tudo. Gaguejando, Elena conseguiu comentar que Damon estava no apartamento de Alaric há essa hora. Sua vontade era ir até lá, mas a figura em seu sofá também necessitava de sua ajuda.

– Trouxe esse pijama. É meu. - Ela regressou para a sala com as roupas e um par de cobertores na mão. Elena ainda não havia terminado o chá. - Pode tomar banho se quiser.

Uns segundos após assimilar as palavras, a mais nova assentiu.

– Obrigada. - Agradeceu, com a voz mais firme.

– Ainda não dá pra acreditar nessa história. - Rose sussurrou abrindo o sofá cama para ela.

Quando Elena se acalmasse na manhã seguinte pediria para ela contar tudo novamente, necessitava ouvir com mais firmeza para que adentrasse em sua mente.

Ou talvez não.

– Elena... Se incomodaria de tomar banho agora? - Perguntou, hesitante. - É que de noite... Tem faltado água e...

– Claro, claro. Sem problemas. - A outra lhe interrompeu, compreensiva. Rapidamente, Elena apanhou o pijama que Rose havia lhe emprestado.

– Tem uma escova de dentes sem abrir no armário lá dentro. Pode pegar se quiser.

Assentindo, Elena adentrou pelo corredor sem reclamações. O chá ainda estava inteiro na mesa de centro. Rose não queria mentir, Elena provavelmente já havia ouvido muitas mentiras ao longo daquele dia, mas precisava que ela fosse para o banheiro e se distraísse. De imediato, apanhou o celular e discou o número de Alaric.

Precisava ouvir o outro lado daquela versão para que pudesse cair sua ficha.

–--x---

No dia seguinte...

O silêncio, cada vez mais constrangedor, se alastrava por aquela mesa com a medida que os segundos se passavam. Ninguém nem ao menos se encarava. Ainda abatidos, Jeremy e April fitavam o prato sem apetite, enquanto Isobel parecia cada vez mais fixada na porta e no relógio. Já John cantarolava uma música qualquer enquanto se deliciava com uma fruta.

Um tanto raivosa por sua atitude, Isobel o encarou indignada.

– Não sei como você pode tá tão tranquilo. - Cuspiu suas palavras com repugnância. - Nossa filha passou a noite sabe lá onde e você age como se fosse nada.

John interrompeu a ida do garfo até a boca, entediado.

– Isobel as vezes você parece esquecer a filha que tem, sabia? É da Elena que estamos falando. Até parece que ela aguenta ficar mais de um dia sem as coisas dela. Assim que ficar com saudades de passar um batom, ela volta. Não tem o que se preocupar.

Por mais complicado que fosse, John tinha que admitir que Elena havia o surpreendido ontem. Não achou que ela sairia porta a fora sem uma mala que fosse, pelo menos um conjunto de roupa ou um sapato que gostasse, quem sabe até um creme. Tentou convencê-la a ficar utilizando seus pertences e dinheiro em troca, achou por um minuto que ela se renderia. Só que ela era teimosa e John tinha plena consciência disso. Mesmo assim, tinha certeza que logo a filha regressaria de cabeça baixa. Faria birra, protesto, greve de fome, entortaria os olhos, bufaria, mas tinha fé que a paixão pelo luxo seria mais predominante no fim do dia.

Por isso não preocupava tanto.

Com esse argumento, Isobel também acalmou-se. John tinha razão, Elena voltaria, bastava a saudade de algum vestido bater.

Sem aviso prévio, John levantou-se da mesa antes de terminar seu prato.

– Onde você vai? - Perguntou Jeremy, confuso.

– Eu e sua mãe vamos sair. - Avisou decidido, para a surpresa até mesmo de Isobel. - Vamos à delegacia. Temos uma queixa pra prestar. Lembra?

–--x---

Um dia depois.

Cada vez que os ponteiros do relógio se adiantavam para o futuro, mais Elena concentrava-se no passado. Sua mente se baseava em flashbacks de momentos bons, de momentos difíceis, de momentos péssimos, maravilhosos até o trágico de algumas horas atrás. A atitude de seus pais não a surpreendia mais, embora continuasse inaceitável. Pensava em sua mãe, em como havia evoluído toda sua relação com ela e em como tudo se transformara em uma mentira. Mas desde quando ela sabia?

E daí? Não importava.

Com toda certeza não voltaria mais para aquela escola e Damon muito menos. Então, o que os prendia ainda em Mystic Falls? Seu cartão estava bloqueado, mas se voltasse para Nova York poderia facilmente ganhar algum dinheiro fazendo presença em eventos, o que já seria bom o suficiente para eles por uns meses. Não havia mais razão para almejar luxo por agora. Olhou '' suas'' roupas, vestia uma calça jeans de Rose e uma blusa listrada azul que também era dela, roupa de aparência gastada e que era similar há algo que deveria ser considerado moda ultrapassada até mesmo nos anos 90; Usava um tênis esportivo um tanto acabado. Para completar estava sem maquiagem, de olhos e nariz avermelhados repleta de olheiras e seu cabelo, a cereja do bolo, se encontrava preso em um rabo de burro mal feito e preguiçoso. Mas isso também eram coisas que não pareciam importar mais, ou pelo menos, naquele momento.

Talvez Grace poderia ser um motivo para o manter em Mystic Falls, mas com toda a situação ela poderia compreender e até mesmo apoiar. Tinha um dinheiro vivo guardado, escondido em seu quarto, pensou nele para dar entrada em algum advogado caso fosse necessário para Damon, mas poderia usá-lo para saírem da cidade. Ao menos para a passagem era suficiente para os dois. Ele poderia ficar no apartamento de Stefan por um tempo e ela na casa de Vicki ou na de Hayley, ou qualquer outro amigo até que ambos pudessem se estabilizar e viverem juntos, o que não faltava em Nova York eram amigos e agora todos já estavam de volta das férias.

Não pôde evitar de sorrir com aquela ideia. Era irônico essa situação, há meses atrás, quando a situação estava em absoluto controle e ninguém desconfiava de ambos, esse pensamento poderia ser considerado só um sonho bobo seu, mas agora com tudo desmoronando, aquilo parecia mais possível do que nunca. Talvez fosse verdade que após a tempestade vem a bonança.

Um pouco mais animada, procurou mentalmente por seu celular, antes de lembrar-se que o ateou ao fogo.

Rose não estava em casa, havia ido para suas aulas e disse que lhe daria dinheiro para que comprasse roupas intimas assim que saísse da escola. De imediato quis negar e dizer que não precisava pois não queria causar gastos para ela, mas o fato de estarem dividindo roupas já era incomodo o suficiente para precisarem dividir também peças mais pessoais. Julgou que seria melhor aceitar.

Apanhou o telefone fixo e discou o número de '' Alaric '' embora quem procurasse fosse a visita dele. No terceiro toque, uma voz atendeu. Uma voz feminina.

Meredith.

– Alô. Meredith? - Ela logo respondeu. - É a Elena. Como vai?

A outra voz parecia hesitante em relação a sua presença.

– Oi, Elena. Vou bem e você? - Disse desconfortável, embora não soasse grosseira.

– Vou levando. - Soou cansada. - O Damon está? - Silêncio. Um silêncio arrastado, embora interrompido por algumas vezes em que Meredith gaguejou. - Aconteceu alguma coisa, Meredith? - Estava nervosa.

– Elena não sei como te dizer isso, então é melhor falar de uma vez. - Os pelos de Elena se arrepiaram com aquela sentença. - A xerife Forbes apareceu aqui hoje, há uma hora mais ou menos com um mandado de prisão provisória, preventiva... Não sei direito. E... Eles o levaram.

De imediato, as primeiras lágrimas começaram a descer. Não houve tempo para ficar surpresa, já esperava. Seu pai entrou com a queixa.

– Meredith, você poderia fazer um favor pra mim? - Ela enxugou aquelas águas, tinha que se manter forte. Como a outra tinha dúvidas em dizer sim ou não, resolveu adiantar-se. - Fala pro senhor Saltzman ligar para o advogado, ele sabe o que estou falando e eu mesmo vou pagar como prometi. Mas... Preciso que pagem a passagem dele, se não for muito incomodo. Eu vou devolver cada centavo, não se preocupem.

Sem opções, não havia como Meredith negar aquele pedido.

– Tudo bem, Elena. O Ric está lá na delegacia e provavelmente já deve ter entrado em contato com o advogado, mas falo que você ligou.

Ainda perturbada com a situação ela se despediu antes de desligar o telefone. Queria chorar em sua cama coberta por um travesseiro bem aconchegante, mas não havia tempo para isso. Na verdade, nem uma cama ela tinha mais. Precisava agir para tirá-lo de trás daquela cela o mais rápido possível. Olhou o relógio, já estava perto do fim do horário escolar. Como John provavelmente estava em sua casa, seus irmãos com toda certeza foram para escola. Teria que se apressar.

Procurou por algum boné e um par de óculos escuros para poder ao menos tentar não ser reconhecida, tinha ciência de que a cidade inteira já deveria estar a par de seu escândalo. Ao considerar-se suficientemente disfarçada, saiu do apartamento em direção ao colégio.

–--x---

Não havia como eles escaparem. Sempre na saída da escola, no caminho para a casa, seus irmãos tinham que passar em frente aquele beco. Eles normalmente usavam o ônibus escolar na hora da ida, já que ainda não podiam dirigir, mas na saída preferiam optar pelos próprios pés ao invés das rodas de um automóvel. Já havia visto alguns rostos conhecidos passarem. Logo um pensamento de como seus irmãos iriam reagir ao seu pedido surgiu, nunca havia sido a melhor irmã mais velha do mundo. Quase nunca os dirigia a palavra e quando fazia era para quase sempre os ofenderem, tudo isso sem motivo algum aparente. Apenas por uma futilidade natural sua. Deixou que seus ataques de menina mimada o privarem de tantas coisas ao longo desses anos. Eles não tinham obrigação alguma de lhe ajudarem, embora agora ela necessitasse desesperadamente. Mas tinha que se projetar para o positivo, até porque caso o negativo acontecesse suas ideias estariam esgotadas.

Com essa dúvida em mente, avistou dois corpos familiares atravessando uma esquina há uns 100 metros de si. Escondeu o rosto olhando para baixo e adentrou um pouco mais adentro do beco para que eles não à vissem. Esperou quase um minuto.

– Jeremy! April! - Os chamou, assim que os viu novamente.

Ambos pararam e olharam para trás tentando encontrar aquele timbre, deram mais uma volta com a cabeça para outro lado até finalmente encontrá-la. Pareciam surpresos.

Deixando o súbito susto de lado, foram até a irmã já que era obvio o risco caso ela fosse até eles.

– Elena, o que tá fazendo aqui? Não vai dizer que tem dormido nesse beco? - April foi a primeira a se manifestar.

– Não, não se preocupe. Estou dormindo em um lugar seguro. - Julgou que seria cedo para que eles soubessem onde estava.

– Seguro onde? - Jeremy insistiu.

– Confie em mim, estou bem. Sério. - Assegurou-os com confiança e os apanhou pela mão. Aquele gesto surpreendeu os dois, mas mantiveram-se quietos.

– Soubemos que o senhor Salvatore foi preso. O pai deu queixa ontem de manhã. - April repetiu a história, imaginando que a irmã não soubesse.

Jeremy assentiu em confirmação.

– Ele e a mãe brigaram ontem... Ficaram discutindo a noite inteira porque você não voltou. Ela tá muito preocupada.

Sua vontade naquele momento era dizer que não se importava para nenhum dos dois, mas segurou-se.

– Preciso que me escutem. Depois falamos disso, ok? Tenho que ser rápida. - Ainda sem largar as mãos uns dos outros, os mais novos se atentaram à ela. - Damon e eu tínhamos uma relação, uma relação de verdade e a prisão dele é injusta. Por isso preciso que me ajudem.

Ambos se assustaram com as últimas palavras dela.

– Mas Elena o que a gente pode fazer? Nada. - April disse obvia.

O irmão parecia concordar.

– A April tem razão Elena. A gente gostaria de ajudar, mas não tem como...

– Tem sim. - Elena contrariou, gentilmente. Expondo esperança em sua fala. - No meu closet, em uma das gavetas... tem um fundo falso e lá dentro tem três mil dólares, eu sempre gastei demais e aquele dinheiro acaba que não é muito, mas preciso dele. E também preciso de algumas das minhas joias, vou empenhá-las.

April e Jeremy se entreolharam.

– Não faz isso. - April advertiu, seriamente. Elena a encarou sem entender. - O pai... Como você tem a chave, ele deduziu que você poderia tentar entrar pra pegar alguma joia, ele disse que ia falar com alguns donos de casa de penhores da região sobre você.

A expressão de Elena se contorceu em ódio. Desgraçado.

– Ouvimos ele falar isso com a mãe. - Jeremy endossou.

Sentindo a fé abandonando seu corpo, o coração de Elena se acelerou em desespero trazendo consigo aquela antiga vontade de chorar. Tudo estava desmoronando sem lhe dá tempo nem ao menos de lutar por sua vida. Imaginou Damon, imaginou como ele deveria estar agora. Atrás de umas grades imundas, arrependido por tudo, desesperançoso da vida, com aqueles pensamentos negativos sobre si mesmo. Teve uma visão rápida do futuro, de alguém sem emprego, sem uma perspectiva e, em seguida, morto por como alcoólico ou algo do gênero. Não, não com ele. Um fio repentino lhe acendeu uma ideia na qual parecia pronta para fracassar, mas não havia mais muito o que perder.

– Preciso do dinheiro de vocês então. - Disse sem medo de demonstrar seu desespero.

– Qual dinheiro nosso? - A mais nova perguntou confusa.

– Dinheiro da pensão que o John mandava todo mês. Vocês juntaram alguma coisa desse dinheiro?

April negou com a cabeça.

– Eu não tenho nada, tenho comprado muitos livros ultimamente porque vou fazer uma prova de pré-vestibular ano que vem.

O olhar da mais velha logo se voltou para o irmão. Pensativo, Jeremy fitou o chão. Estava começando a juntar algo para fazer uma viagem com Anna daqui há dois meses, quando fosse seu aniversário de 16 anos. Sabia da relação de Elena com Damon, lembrou daquele dia no acampamento de férias quando tiveram aquela rápida conversa, mas que para ele foi bastante significativa. Conseguia ver que ele gostava de Elena, embora não entendesse no começo. O senhor Salvatore parecia ser alguém tão sério e amadurecido para estar em um relacionamento com alguém tão superficial como sua irmã, mas agora em sua frente via outra pessoa. Alguém que poderia ter facilmente a sua admiração.

– O que eu tenho não é muito. - Avisou ele, mas para ela não parecia importar.

– Tudo bem, eu preciso Jeremy. Eu preciso mesmo.

E Jeremy conseguia ver o quanto.

– Tenho dois mil. Com seus três é cinco. - Suspirou preocupado. - Mas sabe que pra vencer John Gilbert em um tribunal vai precisar de um advogado bom... E cinco mil seria só um adiantamento pra consegui um cara do nível dele.

Nisso Elena já havia pensado e era isso o que temia.

– Só preciso de alguém com ambição. Inteligente, com conhecimento de sobra e que esteja no começo de carreira, mas que ainda sim seja muito ambicioso.

– Mesmo assim vai custar. - April alertou. - Esse cinco mil não vai dá nem pra cinco meses... e o pai quer levar isso pra juri popular. - Alertou de novo. - O que pretende fazer pra continuar bancando?

Só havia uma coisa a ser feita, algo que nunca em sua vida como Elena Gilbert, uma das grandes socialites e herdeiras da América pensou que precisaria fazer.

– Vou arranjar um emprego.


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