Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 50
- The Birthday. Part 2.


Notas iniciais do capítulo

Meninas, consegui terminar a tempo e postar hoje, espero que gostem. Dedico esse capítulo a xuxu que me fez uma recomendação linda, na verdade a agradeço em dobro, pois chequei o perfil dela e vi que era a primeira recomendação que fazia. Me senti tão especial... mto feliz.



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Damon podia jurar que por um segundo o neon roxo vindo do teto o cegou, ao se contactar com seus olhos. Os fechou e depois piscou-os fortemente para que se recuperassem.

Quanto mais atentava sua percepção pelo velho e único clube de festas da cidade mais irreconhecível ele ficava, não só para Damon quanto para todas as, em média, 500 pessoas ali. Parecia que fora reformado ou trocado por uma boate daquelas que se tem cidades como Las Vegas ou Dubai. A decoração tendia-se entre o sofisticado e luxuoso para o animado e festeiro.

Sofisticado pelos lustres de prata de cristal que penduravam-se pelo teto, junto a flores ao estilo da babilônia, tanto no telhado como na mesa de vidro que se localizavam os doces no fundo, ornando com fotografias (um tanto quanto sensuais) de Elena espelhada em grandes telas na parede imitando uma exposição de arte. O tema: Nova York, ficava explícito pelo bolo em forma de estatua da liberdade e dos edifícios enormes da cidade, além dos diversos táxis amarelos comestíveis em volta.

A parte festeira ficava por conta das músicas eletrônicas e da quantidade de pessoas dançando por todo o salão. Alguns artistas de circo fazendo malabarismo ao redor das pessoas e outros fazendo show de tecido pelo palco branco e preto que imitava uma típica avenida Nova-Iorquina, junto a algumas contorcionistas. Já na entrada todos eram recebidos por um engolidor de fogo.

– Tá vendo aquele lustre? – Alaric perguntou apontando para o objeto. Estavam os dois em um canto qualquer enquanto todos se divertiam no meio do salão.

Damon voltou os olhos para onde o dedo do amigo indicava. Deu os ombros, desinteressado.

– Bonito. O que tem ele?

– O que tem ele? Uma pedrinha daquilo é o nosso salário em um ano. – Ele disse com certa indignação. – Na verdade, o preço dessa festa inteira deve valer... Acho que a minha vida.

– Garanto que vale muito mais. – Disse Damon sarcástico, não podendo evitar um riso.

Alaric revirou os olhos.

– Cala a boca. – Damon reparou que ele parecia entediado. – Acredita que eu já rondei essa festa inteira e nenhum desses garçons tinha uma bebida decente nessas bandejas? Sinceramente, não entendo esses ricos.

Fingindo-se por desentendido controlou suas reações para que não aparentasse que era o motivo para tal revolta do amigo. Se contasse o que Elena havia feito ele novamente o acusaria de estar dando algum tipo de esperança para ela e já bastava todo o discurso que ouviu quando contou que voltaria para a residência dos Gilbert.

Achou melhor que mudasse o rumo da conversa.

– Meredith não vem mesmo?

Em resposta, Ric negou com a cabeça.

– Ela disse que seria muito difícil conseguir trocar de plantão com alguém. – Após isso, assumiu uma postura mais séria. – E a Rose? Ela vem? – Em outro momento que fosse, Alaric deteria-se em perguntar aquilo. Mas a muito tempo tinha percebido que Damon se mantinha cada vez mais indiferente aquele assunto que antes o matava tanto.

Damon nem ao menos se sobressaltou pela menção do nome, confirmando as suspeitas de Ric.

– Não sei. Tenho falado muito pouco com ela. Tá muito ocupada com o tratamento do pai.

– Ele foi de novo pra reabilitação? Daqui a pouco quebra o seu recorde.

Em alto, Damon gargalhou junto à ele.

Rose havia voltado com suas aulas de filosofia na Mystic Falls high school há duas semanas. Que foi quando a desconfiança de Ric acendeu, justamente pela reação tão controlada de Damon que nem ao menos suava as mãos ao estar com ela na sala dos professores outra vez. Nem quando o diretor comunicou perante a todos os docentes enxergou algum vestígio que fosse do antigo Damon que tremia ao reconhecer o cheiro da mulher amada à metros de distância. O único momento no qual sentiu a espinha contorcer-se fora quando soube que ela não lecionaria para o terceiro ano poupando-lhe a grande dor de cabeça emocional em ter que imaginar Rose e Elena em uma sala de aula.

Agradeceu aos céus infinitamente depois.

A batida alta já impregnada em seus ouvidos, cessou-se ao meio da canção assustando a todos de imediato e o retirando, tanto Alaric como Damon, de seus pensamentos. Uma leve vaia por conta das pessoas que dançavam animadamente substituiu o que antes era música.

Silêncio

Instantes após isso, um homem de em média 35 anos e uma mulher, quer dizer, uma adolescente, subiram junto a microfones no palco. Os artistas de circo já não estavam mais lá.

– Ah mais quantas pessoas bonitas. – O rapaz falou ao se colocarem no centro da plataforma. – Exceto por uns e outros como aquele de camisa roxa, mas ok. – Disse provocando risos na platéia e recebendo um tapa indolor da menina.

– Apresento à vocês, meu querido amigo Tripp. Mas não liguem pra ele e nem muito menos pro que ele fala.

– E essa é minha bela amiga Vicki. Eu diria pra eles também não ouvirem as coisas que você falar, mas é bem provável que todos já estejam olhando pros peitos dela então não vão ouvir de qualquer jeito mesmo. – Novamente risos foram ouvidos e Vicki se fingiu de ofendida lhe dando mais um tapa, um pouco mais forte dessa vez.

– Mudando de assunto. – Entoou com ênfase. – Estão gostando da festa? – Perguntou em resposta, recebendo um sim em conjunto.

– Como não iriam gostar? Comendo e bebendo de graça comida de um buffet milionário qualquer um adoraria. – Damon percebeu o olhar mais desaprovador de alguns adultos para o rapaz que era obviamente homossexual. – Só por favor, na hora de roubar um docinho pra jogar na bolsa e comer em casa, não peguem muito. Vamos respeitar cota, ok? – Fora impossível para sua mente não deixar de lembrar-se da última vez que viu aquele olhar, por sorte a maioria daquelas pessoas eram jovens e apesar dos pensamentos dos pais sabiam que em Mystic Falls a geração atual era mais progressista, mesmo que escondesse da família. Prova disso eram as risadas bem humoradas que ele e suas piadas estavam causando.

– Primeiro. – Dessa vez a menina disse mais cordial, deixando as graças de lado. – Eu quero agradecer em nome da própria Elena a todos que vieram e também aos organizadores do evento... E sim, isso não é uma festa, isso é um evento, festa são para os fracos. Palavras da aniversariante.

– Quanta profundidade tem a nossa Eleninha. – Interviu Tripp com ironia.

– Enfim... – Vicki fingiu uma tosse, como uma indireta para que ele parece de falar. Se a apresentação atrasasse demais Elena era capaz de matá-los. – Nenhum evento é evento sem uma atração principal. Na verdade nem mesmo uma festa. E é por isso que eu peço pra todo mundo receber com toda animação o motivo para estarmos todos aqui. – As luzes do ambiente, antes coloridas mudaram o tom para preto e branco, onde demonstrava um tom de mistério. Fumaças artificiais começavam a encher o palco. – A celebração da vida de alguém especial para todos nós. – No fundo, uma espécie de cortina de papel branca revelava a sombra preta de alguém lá trás. Uma silhueta de mulher, com a mão na cintura e pose de modelo com um corpo de curvas esguia. Damon reconheceu quem era. – Peço a todos novamente, não uma salva de palmas. E sim, uma salva de gritos pra ela...

– A única. – Os dois mostravam sua animação.

– ELENA GILBERT. – Gritaram juntos, dando a deixa para que aquela silhueta atravessasse a cortina de papel, a rasgando-a ao meio.

Em imediato uma música sensual na qual Damon não soube identificar o nome invadiu o lugar. Por conta do aumento da fumaça no palco não conseguiram ver a imagem dela com clareza, até que um forte holofote caísse em na direção de Elena, que já dançava acompanhando o ritmo da batida da canção.

Rapidamente a atenção de todos fora direcionadas para ela, contendo o choque na expressão de cada um pela audácia. A roupa, ou melhor o pano ajustado a cada curva como cola e transparência preta trilhando um caminho como se fosse levar ao mapa do tesouro ressaltava a exata proporção de tudo, há poucos centímetros de exibir intimidades. A maquiagem escura e esfumaçada e o cabelo em cachos propositalmente bagunçadas, junto a um sapato de saltos altíssimo preto e dourado.

Ela parecia não se importar, continuava sua dança normalmente ao som de sua música e de incessantes gritos das pessoas.

Os olhares de indignação e surpresa, em segundos se substituíram pelos de luxúria, malicia e desejo da parte masculina. Dessa vez atingindo a todos, fosse pai com pensamentos retrógrados típicos de Mystic Falls até jovens rebeldes. Das mulheres, algumas se contorciam pela inveja, se debulhavam pela vontade de querer ser como ela ou estavam ocupadas demais dando leves tapas e beliscões em seus namorados e/ou maridos.

Damon sentia-se divididos entre dois sentimentos. O primeiro de que em sua frente via a velha Elena, na qual refletia aquela imagem que ela passava ser para as pessoas, ao invés a que era de verdade. Do outro vinha o maldito desejo que se debatia para entrar. Como homem, o segundo sentimento venceu e não demorou para se hipnotizar pela imagem que vinha do palco; Relembrando-se do dia em que conheceu por total aquele corpo e tocou a fundo aquela pele, na qual agora era mais do que nunca o objeto de desejo de todos ali.

E ela sabia disso, tanto que sorria vangloriada cada vez que seus olhos se encontravam com alguém da platéia.

Ao fim da música, por um segundo um silêncio aconteceu, não por não estarem gostando e sim, para que saíssem cada um de seu transe. Mas quando o aplauso veio, chegou mais forte do que nunca onde nenhuma vaia feminina pudesse ser ouvida.

– Obrigada. Sejam bem vindos e aproveitem a festa. – Agradeceu vitoriosa, descendo do palco em seguida. Onde foi cercada por um grupo de pessoas.

Damon despertou de seu próprio transe após perder a visão dela entre as pessoas. Esperou poder falar algo para Alaric assim que sua respiração voltasse ao normal, culpando-se por querer que aquela dança durasse para sempre. Logo outra música correu pelo lugar e aos poucos, as pessoas atônitas voltavam a dançar normalmente.

Ao finalmente olhar o amigo, encontrou-o com os olhos fechados com as mãos sob eles.

Damon não pôde evitar seu riso.

– Que merda é essa? – Perguntou sem deixar de gargalhar.

– Minha garantia de que não vou ser preso. – Ainda '' vendado'' Alaric respondeu choramingando. – Vou me arrepender pelo resto da vida de não ter assistido.

– Não se sinta mal, você não foi o único que não viu até o fim. – Em primeira instância o amigo interpretou como um consolo. – Alguns homens depois de trinta segundos correram pro banheiro. – Completou ainda em risos, recebendo o olhar desaprovador de Ric.

Mesmo com todo o show e comentários, a preocupação ainda estava na mente de Elena. Saiu do palco se infiltrado no meio de seus amigos e continuou a dançar, dessa vez junto a todos da festa na pista de dança.

Será que ele me achou uma vulgar? Perguntava para si mesmo o tempo inteiro. A verdade era que a ideia que bolou com seus amigos também estava a deixando ansiosa por tamanhas possibilidades de tudo ou nada.

Em média uma hora havia se passado, depois de sua grande entrada, e mesmo assim não conseguia permitir a si mesmo que relaxasse e curtisse aquele momento. Ao menos por dentro, já que por fora tinha que continuar sendo a mesma pessoa na qual todos a conheciam por ser. Dançou cada música que pôde da maneira mais animada que podia parecer, conversou, riu, tirou inúmeras fotos e deu atenção a cada um que vinha até si. A imagem perfeita da garota feliz sabendo como viver e aproveitar, sendo completamente absurda a ideia de que internamente estava tão tensa.

Pra ela era fácil agir de tal maneira, estava tão acostumada a fingir ser alguém para as pessoas que as vezes sentia-se como se possuísse uma dupla identidade; E de certa forma, se avaliasse bem, possuía.

O único momento mais chato que a Elena de fora teve que ter aconteceu quando Kol, aproveitou-se de uma música mais lenta para grudar em sua cintura e deixar clara suas intensões. Não queria que nada atrapalhasse o que havia planejado para ela e para Damon, por isso o levou até um canto qualquer e deixou bem explicado que as coisas haviam mudado. Não citou nomes e nem razões explícitas, mas havia sido o suficiente para ele entender, até porque o que houve entre os dois nunca tinha sido sério o bastante para haver compromisso.

Tripp, Vicki, Hayley e Nádia dançavam bem próximos de si, fez questão de que eles ficassem o mais perto possível para que não tivesse que caçá-los festa a fora. Não demoraria muito até que sentisse alcançando seu ponto de ebulição e sabendo disso, temia que respondesse a seus impulsos e sua impaciência estragando tudo.

Era a hora. Não podia mais esperar.

– Pessoal. – Juntou os quatro, pondo-se no meio deles. Não precisou de muito, apenas pela sua postura já sabiam o que significava. – Não aguento mais esperar, senão eu morro aqui. – Confessou sua saturação.

Eles a olharam com certa dor por enxergar seu sofrimento. Queriam esperar pelo menos umas meia hora, mas era claro o esforço que ela estava fazendo para ainda estar na frente de cada um e não indo agir por conta própria.

– Tripp. – Hayley o chamou e ele rapidamente atendeu a olhando. – Você e Nádia cercam o lugar e não deixem ninguém passar, ok? – Eles assentiram em concordância já cientes do que cada um iria fazer.

– Eu e a Hayley vamos lá falar com ele. – Disse Vicki, fazendo um arrepio forte vir a Elena.

– Gente eu to com medo. – Choramingou, balançando uma das mãos no ar. Não se surpreenderiam se ela desmaiasse na frente de todos. – E se não der certo? E se ele não me achar? E se...

– Calma Elena. – Nádia a segurou pelos ombros, lançando um olhar de compreensão. – Vai ficar tudo bem. Você sabe o que tem que fazer, não é?

Ela assentiu, de olhos fechados. Tentando relaxar.

– Sei.

– Então para com isso. Tenta respirar. – Tripp aconselhou, irritando-se em seguida. – Que droga, mas que ideia foi essa de não ter bebida aqui? Um copinho de vodka pra esses seus nervos não faria mal.

– Chega. – Esforçou-se para não gritar. – Eu vou indo. Vou indo... Antes que eu caia dura aqui.

Ninguém pensou em detê-la, era melhor que fosse mesmo e acabassem logo com aquilo. Conheciam Elena o bastante para saber de sua ansiedade insaciável por resultados e neste momento a única droga capaz de acalmá-la era exclusiva entre todos naquele lugar.

Dividiram seus grupos, onde Tripp e Nádia partiram para próximo de onde Elena se localizava, fariam o papel de seguranças. Onde garantiriam que ninguém estivesse por perto na hora que ambos estivessem juntos.

Hayley e Vicki seguiam para o outro lado. Sem exceção até mesmo da própria Elena, sabiam que fariam a parte mais complicada e por isso fora impossível não sentir certas pitadas de medo enquanto atravessavam a sala em direção a ele e pelo pouco que Elena falou sobre Damon era o suficiente para que amedrontasse um pouco.

Homem sério, introspectivo e difícil de se aproximar.

Quando alcançaram o canto em que ele estava, e se viram frente a frente viu que era impossível desistir. Esperaram que o amigo que estava com ele saísse para agir.

– Você é o Damon, não é? Que mora com a Elena? – Hayley resolveu começar, já que estava menos nervosa.

De imediato, Damon as olhou sem compreender o porquê estavam ali

– E porque querem saber? – Elena não havia mentido ao dizer que ele não era de conversar.

Disfarçaram o medo.

– É que... Ela sumiu. – Vicki foi direta, se ensaiasse demais perderia a coragem.

Assustado, Damon não conseguiu controlar sua reação.

– Sumiu como? – Gritou, sendo impedido pela música alta que todos ouvissem.

Atrapalhadas, elas se entreolharam decidindo que era melhor que Hayley falasse.

– É que... Ouvimos ela brigar com a Isobel sobre alguma coisa e depois disso, ela ficou com raiva e sumiu. Já procuramos em tudo que é lugar e não encontramos.

– Estamos com medo que ela tenha pego o carro. A gente sabe que ela sofreu um acidente por dirigir nervosa há alguns meses e... Não sei, to preocupada.

Damon não parecia perceber todo o teatro, estava ocupado demais com a mente repleta pelo medo das coisas que elas falavam.

– E já falaram com a Isobel? Com os irmão dela?

Não preparadas para a pergunta. Pensaram antes de responder.

– Ainda não achamos ninguém. Na verdade você foi o primeiro que a gente encontrou então...

Por mais que condenasse seu pensamento, Vicki não pôde conter o orgulho que sentiu por tamanha mentira.

Dando continuidade ao plano, Hayley lembrou-se da próxima parte do roteiro.

– Vicki... – A amiga a olhou. – E aquele cantinho atrás do palco? Aonde ela tava antes de entrar e fazer a apresentação... Lembra?

Vicki fingiu sua melhor expressão de eureca.

– Ah, sim. Aquela escadinha, né? Ali é bem escondido, ninguém pode ver... Talvez.

– É, mas pensando melhor eu não acho bom a gente ir lá.

– E porque não? – Vicki segurava o desejo de rir por tamanho teatro mal feito.

– Não quero me meter nas coisas da Elena. Faz muito tempo que a gente não se vê e... Ela parece tão diferente agora, não é mais aquela Elena que a gente conhecia. Eu não sei mais como agir, não é mais a mesma coisa de antes. Mas se você quiser ir, pode ir.

Vicki pensou um pouco e não evitou de se entristecer verdadeiramente. Querendo ou não, aquilo que estava sendo dito não era uma mentira.

– É. Acho que você tem razão... – Lamentou. – É melhor a gente deixar assim mesmo.

Voltaram-se para Damon outra vez. Ele escutava tudo atento, como se estivesse dividido entre o pensamento distante e atenção presa em cada palavra que ouvia.

– A gente já vai indo. – Disse Hayley vendo que não tinha mais volta.

– Se você encontrar a Elena, pede pra ela falar com a gente?

Atordoado pelos pensamentos, Damon piscou os olhos antes de assimilar a pergunta.

– Sim, sim. – Foi o que conseguiu falar.

Não percebeu o momento exato em que as duas foram embora. Parou para explorar o que haviam dito sobre Elena não ser mais a mesma. Conseguia enxergar essas mudanças e analisava as diferentes perspectivas dessas novas ações. Seus amigos não aprovavam, enquanto ele torcia para que ela fosse cada vez mais ela mesma, já que o pensamento de que a Elena que todos conhecem é bem diferente da verdadeira se fixava cada vez mais em sua mente, se alegrava em saber que esse muro se quebrava cada vez mais.

Surpreendeu a si mesmo ao ver-se indo até o lugar onde as amigas desconfiavam que ela estaria, nem ao menos deu o trabalho de raciocinar as consequências que viriam caso fosse. Não dessa vez. Respondeu em bom grado ao impulso do primeiro pensamento, afinal era inegável que aquela era sua verdadeira vontade.

Caminhava lentamente em sua travessia pelo salão, onde devido a alta concentração de pessoas desvia-se de um por um como uma moto em um tráfico entre carros, ônibus e caminhões. Não podia aparentar que estava apressado. Ao finalmente alcançar o palco, suspirou em decepção que a única maneira de chegar a onde ela provavelmente estaria seria subindo nele e indo para a coxia, como em um teatro. Não adiantaria reclamar, a única maneira de fazer isso seria contando com a sorte de que ninguém o visse, o que parecia impossível com tantas pessoas presentes; Olhou mais uma vez para todas as direções, parecia todo mundo concentrado demais em seus passos de dança ou na pose para as selfies que faziam.

Arriscou-se e aludiu para cima do palco, olhando para o chão e com a mão direita cobrindo metade de seu rosto, tentando inutilmente se mascarar caso alguém o visse. Não esperou um segundo que fosse e logo correu até a lateral em direção a coxia, que era coberta por cortina preta de veludo. Ao sair do palco, deparou-se com uma escada de ferro bem pequena de em média 5 andares que levaria provavelmente a um camarim pequeno ou a um banheiro e quem sabe até uma saída. Não aprofundou a mente para descobrir, estava ocupado demais com a figura sentada no último andar, de cabeça baixa sem parecer perceber a presença dele ali.

Ignorou o pensamento de tocar as costas expostas pela transparência do polêmico vestido preto. Poderia ficar daquela maneira, olhando-a mesmo que de costas. Porque a verdade era que desconhecia a razão do porque estava ali. Não podia ajudá-la, não podia estar mais com ela mesmo que desconhecesse a razão para aquilo. Simplesmente resolveu, pela primeira vez, fazer algo sem usar a razão e acabou que pensou muito menos do que deveria pois agora não sabia nem ao menos como se portar.

Era melhor sair dali.

Com esse pensamento virou o corpo bruscamente de volta para o palco domado pela pressa, indo de encontro com um vaso de planta onde o choque provocou um pequenino barulho.

– Damon? – Elena elevou a cabeça, assustada virando-se para ele. Há alguns degraus acima de si.

Envergonhado, ele demorou a assimilar a situação.

– Oi. – Sorriu acanhado.

– O que tá fazendo aqui? – Tentou aparentar tensidade, quando tudo o que sentia era alivio por ele ter vindo atrás. Duvidou que por ele pensar sempre duas vezes em todas suas ações, fosse realmente ir.

– Na verdade nem eu sei. – Achou melhor não tentar inventar nada, afinal não havia explicação boa o bastante para cobrir aquela situação. – Soube que você tava aqui e... Me deu vontade de vir.

Elena não esperava que ele fosse dizer a verdade.

– Mas já ia embora não era? Tava indo quando... Esbarrou na plantinha.

Damon desceu os andares que restavam até pôr-se ao lado dela, sentando-se em seguida.

– Como eu falei... Nem eu sei porque eu to aqui. Então, achei que seria melhor ir. – Outra vez era inútil mentir.

– Pois achou errado. Pra mim não teria companhia melhor agora. – Elena preferiu esquecer qualquer roteiro, a partir do momento em que estivesse com ele qualquer plano ia para os ares sobrando apenas os dois. Sorriu pela reação tímida dele.

– O que aconteceu com entre você e a sua mãe? Soube que brigaram.

Ótimo, voltamos ao roteiro. Pensou Elena, com um tanto de raiva. Ele estava sendo tão verdadeiro que odiava ter que mentir.

– Ela não gostou do que aconteceu lá no palco. – Explicou tristemente, repetindo o que combinaram. – A dança... O vestido. Enfim, você entende não é? – Ele assentiu, esperou que ele dissesse algo mas não fez. – Você concorda com ela? Achou que foi muito vulgar? – Aquilo não era parte de script algum, tinha realmente aquela duvida martelando em sua cabeça sobre o que ele pensaria desde que viu a roupa.

– Quer saber mesmo o que eu penso? – O tom gentil e tranquilizador, a acalmava. Fechou os olhos por alguns segundos e assentiu, inebriada por aquela voz. – Eu acho que você é uma menina linda... E que não precisa disso pra ser notada ou ser desejada. Mesmo de tênis... De jeans, ainda sim você seria capaz de causar uma guerra.

Com a força da vontade derrubando qualquer portal entre seu cérebro e o coração, outra vez o pulso latejando e a respiração acelerada mostrou que não aguentaria por muito tempo; Queria perguntar mais coisas, só que não seria possível. Deu por encerrada a mínima distância que havia entre os dois, mas não o beijou. Ao invés disso, elevou o nariz para uma das bochechas dele passeando-o pelo local numa leve roçada. A respiração de Damon falhou, desejando que ela o beijasse logo, pois tinha medo que não obtivesse a coragem suficiente para completar tal ação. E queria. Queria muito, mas só de ir até ela todo seu limite de impulso fora saturado e não cabia espaço para mais um.

– E eu acho que qualquer guerra iria ser inútil. Eu já tenho dono.

Dito isso, percorreu o caminho até os lábios frios que a receberam ainda com certo medo, mas isso não durou muito e logo ele correspondeu ao beijo com a mesma volúpia que ela. Entorpecidos por tanto saudosismo, não demorou muito para as mãos dele irem para sua cintura e apertando-as com força, como se quisesse marcar que estava de volta ao poder daquele corpo. Em um rápido movimento tomou o impulso que precisava para senta-se no meio das de Damon, esforçou-se para não quebrar o elo entre as duas bocas. Temeu que ele desaprovasse a atitude e a descesse de seu colo acabando com tudo, mas assim que sentiu as unhas de Damon rasgando-se por suas coxas sorriu mentalmente por ter vencido a guerra contra a intacta moral que tanto fora seu empecilho.

– Que saudade. – Ele gemeu com os olhos fechados ao sentir a boca dela em seu pescoço. Elena sentia o mesmo. Não aguentando ficar muito tempo sem beijá-lo e logo regressou aos lábios.

– Vamos sair daqui. – Sugeriu com a voz abafada. Para assegurar que ele não negaria seu pedido, rebolou levemente por cima de seu quadril sentindo-o endurecer embaixo de seu corpo. – Por favor. – Emitiu um gemido aveludando sua voz mais do que o normal.

Apesar de demorar um pouco para responder, quando assentiu positivamente aquela demora de um segundo, que para Elena pareceram horas, fizeram tudo valer a pena. Mesmo sem ela saber que não foram o gemido sensual e nem o incentivo que ela fez ao mexer a cintura no meio de suas pernas que o fizeram aceitar, e sim o olhar tão profundo implorando na qual Elena o encarou esperando sua resposta.

Com aquele simples olhar ela poderia ter tudo dele.

Levantaram-se lentamente sem querer sair daquela posição. O incentivo de que um contato maior viria em seguida caso levantasse foi o afrodisíaco principal para que o fizessem, caso contrário, ficariam assim por muito tempo.

Como de costume para eles, ao botar os pés no chão a realidade voltou e com ela a razão e o pensamento. Em principal para Damon.

– Mas como é que a gente vai sair assim? E sua mãe?

Elena deu os ombros e o abraçou em seguida. Não podia perdê-lo para a vida real novamente.

– Como a gente tá brigada ela não vai me procurar. E também normalmente nas festas ela sempre vem embora primeiro do que eu, já tá acostumada.

– E seu pai? Seus amigos?

– Meu pai já foi pra pousada tem uns 20 minutos e meus amigos... Esses estão ocupados demais festejando, não se preocupa.

Feliz pelo fim de suas dúvidas, Damon sorriu lhe beijando em seguida. Dessa vez com mais calma e, novamente, desacompanhado do medo de alguém abrir aquela cortina. Sem imaginar, claro, que Tripp e Nádia estavam do outro lado certificando-se de que ninguém entraria.

Sorriram um para o outro ao separarem seus lábios e apertaram-se fortemente em um caloroso abraço.

– Façamos o seguinte. – Ele disse em seus ombros. – Vai pro estacionamento e fica perto do meu carro... A minha chave tá com o Ric, eu vou atrás dele e depois te encontro lá. O que acha?

– Perfeito. – Nesse momento, Elena faria qualquer coisa que ele ordenasse.

– Então eu vou indo. Me espera.– Lhe deu um beijo casto, despedindo-se pelos próximos minutos, como ela Damon também não queria prolongar a tortura, já que quanto mais tempo ficassem, mais demorariam para chegar lá.

Após isso ele saiu, deixando para trás uma Elena que mais parecia um reflexo da felicidade do que uma pessoa em si. Sabia que Tripp e Nádia ao vê-lo sair logo invadiriam o local em busca de novidades, então por isso resolveu ir antes que eles fossem mais rápidos.

Ao regressar para a festa era como se todo o resto sumisse de sua visão. Caminhou com a velha confiança da velha Elena Gilbert, exalando poder a cada passo seu, não ficou para olhar para os lados e nem muito menos ver o que acontecia a sua volta. Tomou-se pelas lembranças e pensamentos impróprios do que começaria a viver nos próximos 20 minutos.

Sentia-se voltando a vida, voltando a ver sentido em parar de seguir no automático e no mecânico. Era amedrontador pensar o poder que Damon tinha sobre todo seu ser. Apesar da certeza de que ele a amava perguntava-se se tinha o mesmo poder sobre ele. Era bem provável que não. Damon era sério demais, misterioso, era impossível desvendar o que ele pensava em grande parte do tempo.

Mudaria tudo daquela noite em diante, não só voltariam como seria uma nova Elena. Durante seu percurso prometeu para si mesmo que era a última vez que dizia uma mentira para ele; Contaria tudo, absolutamente tudo, mas depois, mais tarde, quando ambos já estivessem sido postos em cheque mate pelo prazer. Não agora.

Pelo pouco que o conhecia, havia sido suficiente para ela saber que Damon perdoaria um arrependimento, mas não uma mentira prolongada e Elena cansava-se cada vez mais daqueles jogos

Pois bem. Eles acabariam hoje.

–-x--

– Mas porque você vai embora? – Alaric lamentou, embora estivesse confuso.

Damon torcia para que fosse convincente. Mais do que odiar mentiras, odiava mentir.

– Tô cansado. – Deu os ombros. – E não me faz bem ficar nessa festa. Você sabe porque...

Sem precisar dar mais detalhes Alaric entregou-lhe as chaves. Pensou seriamente em ir com o amigo e seguir o caminho de casa também, mas estava divertindo-se com os alunos, na qual sempre teve amizades mesmo que fora das classes.

– Tudo bem então. – Disse, abraçando-o em seguida. – Me liga quando chegar, ok?

Em resposta, Damon assentiu após dar três tapinhas nas costas do colega. Não ficou para despedir-se dos alunos que estavam a sua volta conversando com Alaric.

Imaginou que ela já estivesse no estacionamento, já que não tinha demorado tanto para encontrar Alaric e recuperar suas chaves, mas era bem provável que ela tivesse ido logo em seguida a ele. Não imaginou que a falta dela era tanta a ponto de permitir que ela subisse em seu colo com tamanho riscos de serem pegos por mais de 300 pessoas. Mas valeu a pena, e valeria, pois tinha a convicção de que não teria arrependimento algum no final da noite.

Apressou o passo ao ver-se finalmente próximo a saída, com o pensamento no alto e a atenção também longe, o que não viu foi o corpo pequenino que esbarrou de leve acidentalmente.

Isobel.

Eles sorriram ao reconhecer o outro.

– Distraído? – Ela perguntou, era a primeira vez que o via desde que chegou.

– Um pouco. To indo embora.

A mesma lamentação de Alaric, refletiu-se nela.

– Mas porque? – Expôs sua lástima.

Iria responder o mesmo que para o amigo.

– Cansado. Não tenho mais pique pra essas festas de adolescente.

– Ah, que bobagem. Tem certeza de que não quer ficar mais um pouquinho?

– Não, eu preciso mesmo ir. – Você nem imagina o quanto. Pensou, tentando controlar a ânsia.

– Tudo bem então. – Forçou um sorriso, o beijando no rosto em seguida.– Boa noite, viu? – Damon retribuiu com gentileza, vendo-se pronto para atravessar aquela porta e ir em direção a onde endereçava todos seus problemas e suas soluções. O seu céu e o seu inferno.

O grande extremo de sua vida.

Parou. Há algum tempo queria arranjar uma maneira de retribuir por mais mínimo que fosse o gesto que ela havia feito ao incentivar sua mãe a ir procurá-lo. Nesses meses que passaram, ele e Grace tem se encontrado uma vez por semana. Antes os encontros eram na casa de Alaric e sempre acompanhados por Stefan através da tela, o que tem sido disparados os melhores momentos de seu dia.

Desde que voltou para os Gilbert não conseguiu falar com ela, já que decidiram que por telefone seria muito arriscado, mas encontrariam uma solução. E era por isso que sentiu que deveria tentar fazer o mesmo por ela, de alguma maneira ou de outra. Não mentiu ao dizer para Elena que para sempre seria grato a ela, por tal ação.

– Isobel. – A chamou, voltando a sua direção, surpreendendo a mulher.

– Desistiu? Vai ficar?

Ele sorriu timidamente.

– Não, não é isso. É outra coisa. – Não sabia como Elena reagiria a isso, mas mesmo assim faria. Na verdade, faria como ela, sem esperar nada em troca. – Eu ouvi, uma meninas... Amigas da sua filha comentando que vocês brigaram hoje. Por causa do que ela fez no começo da festa, com o vestido e a dança...

Isobel franziu o rosto, sem compreender, resolveu interrompê-lo antes que ele continuasse.

– Não, eu acho que você deve ter ouvido errado. Por algum milagre eu e a Elena estamos muito bem ultimamente.

Agora quem não estava entendendo era ele.

– Mas vocês não brigaram? Pela dança, pelo...

– Quer dizer, eu não gostei. – O interrompeu de novo. – Mas faz tanto tempo que eu me acostumei com as loucuras da Elena que eu prefiro nem discutir mais.

– Mas então você não falou com ela sobre isso? – Conteve a raiva que sentia.

Isobel não pareceu perceber.

– Na verdade, não nem vale mais a pena. E o pai também pensa assim, então se for pra conversar vai ser amanhã ou depois, não hoje.

Entendendo o que havia acontecido não demorou muito para que Damon juntasse as peças do quebra-cabeça. Sua vontade era socar a parede mais próxima por tamanha ingenuidade, caíra no mesmo truque. Não uma vez, mas várias.

– Ok então. Devo ter ouvido errado. – Pensou na primeira desculpa que lhe veio a cabeça, mas ainda sim apesar de simples atrapalhou-se um pouco.

Deixou um outro abraço para Isobel, dessa vez mais forte e apertado. Estava agradecendo-a por ter o salvado de outra picada daquela cruel serpente.

Logo perdeu de vista a placa que indicava a saída. Nem ao menos sabia a razão pela qual ainda ia até lá, onde o certo seria que a deixasse esperando por horas a fio. Cansava-se do enigma de quem aquele rosto angelical realmente era por dentro, mas era impossível persuadir sua mente para que convencesse sua imaginação de tais palavras.

O fato de Isobel ter o livrado da serpente não significava que já não tivesse provado do veneno, e nesse caso não só sentiu o gosto como também queria mais.

Perguntava-se se era possível possuir alguma dignidade no ar.

Não houve tempo de responder aquela pergunta a si mesmo, ao chegar ao local combinado todo seu ser estatizou-se ao ver aquele sorriso tão alegre vindo em sua direção, com o braços abertos e sedentes pelo que ele, há poucos minutos atrás, também queria.

– Demorou. – Reclamou em manha o beijando rapidamente em seguida. Esquecendo qualquer medo de que alguém os visse.

Não houve tempo o bastante para também tocarem suas línguas, Damon logo os separou.

– Relaxa não tem ninguém aqui. – Percebeu sua tenção, deduzindo que fosse por isso. Voltou a sorrir, parecia a cada segundo mais feliz. – Conseguiu as chaves?

Sem dizer uma palavra sequer e ainda tomado por sua típica frieza, retirou o chaveiro de seu bolso e o elevou até onde os olhos de Elena pudessem ver, agradecida ela suspirou aliviada exalando contentamento.

Não acostumada por tamanha ação de delicadeza, Elena guiou o rosto dele para que ficasse rente ao seu, olhando profundamente ao azul que julgava ser o céu.

– Eu to muito feliz que isso aconteceu. – Segurou, com força cada lado do rosto dele, desejando juntá-los ali mesmo. A convicção e honestidade na fala de Elena quase fez regressar a ilusão, mas ainda sim não era o bastante. Tinha que se lembrar com quem estava lidando.

Damon forçou um sorriso.

– Eu também tô muito feliz que isso aconteceu. – Disse seco, se Elena não estivesse tão coberta pelo encantamento perceberia que algo estava errado. O sorriso mesmo que não sendo verdadeiro, sumiu instantes após sendo substituído por uma ira que a assustou. Rapidamente, afastou-se dele. – E sabe também o que me deixa feliz? – Perguntou retoricamente num misto de raiva e sarcasmo. – Me deixa feliz que eu pude retribuir o que você fez por mim, em relação a minha mãe.

Com medo do que aquilo significava, Elena preferiu não perguntar de imediato. Mas acabou sendo vencida pela curiosidade.

– Como assim? – Afastou-se um pouco mais, sendo atravancada pelo carro atrás de seu corpo.

– Como assim? Como assim que... Enquanto eu tava vindo pra cá encontrei sua mãe e resolvi te ajudar. Dá um conselho pra que ela não brigasse com você pelo que aconteceu naquele palco, te ajudar.

Droga. Elena pensou derrotada, expressando tudo isso para ele em sua postura. Sabia o que ele pensava e tinha ainda mais a certeza de que nenhuma explicação supriria qualquer ideia de um Damon de cabeça quente. Amaldiçoou-se por ter cometido o mesmo erro novamente e Damon também culpava-se por mesma essa razão, assim como Elena.

Tentou encontrar nas maiores profundezas uma boa desculpa, mas aí se lembrou que foram essas mesmas desculpas que a colocaram nesse labirinto em forma de situação. Por mais horrível que fosse a única saída plausível era encarar.

– Damon, eu... – Tentava articular algo. – Eu ia contar.

– Não me venha com desculpinhas de que foi sem querer, aquelas meninas falando tão ensaiadinhas cada detalhe da onde você estaria só me mostra como isso foi bem articulado entre vocês.

– Eu só queria arranjar um jeito de poder falar com você. – Não pôde evitar um grito. Ou gritava ou chorava na frente dele e optou por machucar a garganta. – Tentar falar a verdade, eu ia falar.

– Inventando mais mentiras?

– Como queria que fizesse? Já que quando eu tentei me explicar você não me ouviu.

Rapidamente, já sentiam-se roucos.

– Como queria que eu ouvisse mais depois tantos absurdos? Mas quer saber... Chega já tivemos essa discussão antes e eu não aguento mais brigar por isso, quando eu já esqueci.

– Exato. – Exclamou esperançosa, dessa vez sem gritar. Voltou aos poucos a pôr-se perto dele. – Já esqueceu, e eu também acho que é hora de seguir em frente. Se você quiser eu te explico tudo e a gente conversa. – A contra gosto de Damon, apanhou a mão esquerda do rapaz; De início ele não queria, mas logo cedeu. – Eu não quero mais brigar Damon. – Sorriu e ele outra vez enxergou sua sinceridade. – Dessa vez eu quero resolver. – Não precisavam ir para a casa e fazer o que antes planejaram, nem se fosse apenas para botar tudo as claras e poder contar a ele tudo que realmente aconteceu, afinal já sentia que Damon tinha superado essa história. Apesar de por estar mal resolvida, se tornava um estorvo para que a apagassem.

Já estavam mais calmos. A expressão pensativa dele a enchia pelos sentimentos positivos de que só precisava de apenas uma hora daquela longa noite para que acabasse com qualquer mentira. Queria cumprir com sua promessa e faria apesar do resultado, embora via seus dedos cruzados como os de uma criança de nove anos que torcia para que fosse a boneca que tanto queria por debaixo daqueles embrulhos de presente.

Ao ver o vazio e a decepção no olhar dele, foi quando toda sua estrutura interna desmoronou-se.

Prevendo o que viria, encarou o chão, com o receio de não poder controlar o abatimento.

– Eu também quero resolver. – Disse ele baixo, como se sussurrasse um grande segredo. – Só que você mentiu pra mim mais uma vez e eu preciso de alguém que não só se arrependa pelos seus erros, mas que os concerte. Com ações. E eu tenho medo Elena, eu tenho medo que você se mostre ser essa menina incapaz de demonstrar um sentimento verdadeiro por alguém na qual... Tanta gente diz que você é. – Nessa parte Damon se identificava pois também passava essa impressão. A diferença era que quando sentia, mesmo que timidamente, demonstrava e Elena sempre parecia estar sendo possuída por um algum fantasma de uma diva icônica dos anos 40. – E pra mim já basta eu mesmo me auto-destruindo, não preciso de mais alguém. Ainda mais de uma pessoa que não consegue falar duas palavras sem mentir pra mim.

Elena identificou em sua pele o que Damon havia provavelmente sentido quando disse para ele tamanhas palavras naquela noite para obedecer o pedido de Mason. A árdua batalha entre o desamor e a humilhação, para competir sobre qual feria mais seu coração. Odiava saber que aquilo era verdade e odiava por ter falhado outra vez em uma nova tentativa de concertar, odiava ter que admitir que era uma perdedora. Um fracasso quando se tratava de amor.

Não houve nem tempo para negação, assimilou cada sílaba dita junto com a amargara de tamanha dor interna pela sensação de ter seu peito afundado em direção ao chão frio.

Esforçou sua voz ao máximo para que pronunciasse alguma coisa. Em seguida fez o mesmo com a consciência, mas essa nada disse, por estar totalmente a mercê pelo padecimento. Quis ajoelhar-se aos seus pés como uma digna (ou indigna em seu caso) Maria Madalena e convencê-lo com seus melhores argumentos para que não atirasse tamanhas pedras em sua direção. Mas não adiantaria, pois a sensação que tinha agora era a de uma enorme rocha em cima de sua perna, impedindo seus movimentos e implorando por seus gritos.

Apesar de seu orgulho já ter se esvaziado sempre que se tratava de Damon, continuou paralisada, como se a ligação entre o cérebro e os nervos houvessem sido rompidas, já que o elo entre ele e o coração também já tinham se partido.

Com a total falta de reação, linguística dela, interpretou como se não houvesse mais o que se dizer.

– Eu vou indo. – Foi tudo que disse antes de subir em seu prius e partir em alta velocidade.

Ela apenas encarava o chão, esperando por lágrimas que não vieram.

Após a partida de Damon com o carro, Elena continuou parada, na mesma expressão e posição, por mortais segundos, como se estivesse voltando a realidade novamente. Tentou-se, em vão, se convencer de que fora um pesadelo ou até mesmo uma visão, mas não. Caminhou de volta ao salão como uma materializada personagem de um filme sobre zumbis, qualquer um que a encontrasse teria a sensação de estar cruzando com um cadáver em sua direção.

–--x---

A culpa pelo prazer de estar ali elevava o perigo por todo seu organismo no qual nenhuma dopamina poderia substituir. O suor nas mãos não lhe causavam hesitação alguma, a única coisa que provocava alguma possível dúvida seria se o arrependimento viria ou não junto ao amanhecer do dia.

Socou a mão contra a madeira outra vez demonstrando sua impaciência. O olhar do outro indicava o acerto em sua suposição. Estava na dúvida se faria ou não.

Era o único daquela sala que estava indeciso sobre tal decisão. Já ele, mantinha-se em total certeza, na verdade desejava aquele momento há muito tempo.

Mas tudo ganhava voz agora e Elena era a garganta.

Podia prender a mente e martirizar-se pensando em cada detalhe de toda angústia, agonia e sofrimento que residia em seu mais profundo, só que era uma questão de escolha. Ou lamentava na mente, ou lamentava em atos. Nesse caso partiu em direção a segunda opção, com seu carro indo ao bar, que tanto conhecia, logo após deixá-la em pleno estacionamento.

– Só não arruma mais confusão por aqui. – O garçom ironizou colocando o veneno no copo, junto a garrafa, como havia pedido.

Depois seguiu para o fundo do estabelecimento com sua melhor expressão de '' isso não vai dá certo''. E por mais loucura que pudesse parecer, Damon pensava da mesma maneira.

Mas aquela dor precisava ir embora, ou ao menos queria ignorá-la, talvez não senti-lá mais por algumas horas... Algo que fosse.

Dessas vez as mãos tremiam ao apanhar finalmente o causador de tantos de seus pesadelos. Um flash back rápido de todos esses momentos, dos mais pequenos aos mais decisivos regressou com impacto destruindo-o antes mesmo do primeiro gole.

Não adiantaria, não tinha mais como fugir.

Virou o copo de uma vez, fechando os olhos durante todo o caminho dele para a boca, e apertando-os. Tudo para que o impedisse de pensar.

Quando o amargo chocou de encontro com a garganta todo seu sangue subiu de volta aos olhos, continuou com eles fechados, dessa vez aproveitando o prazer. Em reação tombou a cabeça para trás sentindo todo aquele alívio, os pelos se arrepiaram, enquanto suspirava o aroma que irradiava de dentro de sua boca. Não imaginava que a falta era tanta. O fato de que aquilo talvez pudesse matá-lo enxia-o, estranhamente, pela sensação de estar vivo. Vício era o nome e masoquista, o sobrenome.

Sorriu entre um e outro gemido e depois regressou ao que o popular conhecia como consciência.

Não, queria voltar para lá.

O copo já estava vazio, engoliu tudo em um gole só. A garrafa 500 ml também não era capaz de preencher o nível de satisfação que necessitava. Nenhum rio ou oceano daquele líquido jamais seria.

– Mike! – Não poupou o desespero em sua voz, afinal não estava mais ninguém ali.

Já prevendo do que se tratava, o garçom reapareceu mostrando-se entediado.

– Já acabou? – Olhou-o de cima a baixo.

– Nem comecei. – Faltava ar de novo. Já não ansiava por falar, ansiava por ter seu pedido atendido e estar se deliciando junto a ele. – Me traz mais três garrafas, que hoje a noite aqui vai ser longa.


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Notas finais do capítulo

Então meninas o que acharam? Bom, n sei se vocês repararam, mas esses dois capítulos do aniversário foram inspirados em rebelde, mas especificamente em mia e miguel; Quando o miguel leva o café da manhã pra mia, depois quando ela se finge de bêbada e ele descobre e os dois brigam. Foi daí que me inspirei, mas fiz de um jeitinho diferente. Ficou bom?
Outra coisa... era pra mim ter posto no capítulo passado, mas me esqueci, mas vcs provavelmente tbm já repararam que a Elena tem um segredo envolvendo a arte? O fato dela ter gostado tanto do quadro, de ter uma razão por ela não querer trabalhar nem com a moda ou com o desenho e fingir q ver como um hobby e também em questão da personalidade dela tbm. Bom, há um enigma e uma razão para isso, que futuramente revelarei, mas n agora.

Uma leitora minha está escrevendo essa fic aqui --->
link:http://fanfiction.com.br/historia/415153/If_you_love_me/ se tiverem interesse vão lá.

Mereço comentários? Favoritos? Se acharem que mereço, recomendem, adoro receber recomendações rs. Obrigada mais uma vez por mais uma semana, beijos.