Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 30
- Feels like home.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, outra vez aqui e agora tô de férias... Era pra mim ter postado ontem, mas eu dormi no meio da tarde e quando acordei era de madrugada já. Feliz com os comentários do capitulo passado e esse em especial quero dedicar em especial a Aysa Salvatore pela recomendação, amei. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/386259/chapter/30

— WE WILL ROCK YOU... Canta comigo, Damon. – Gritou Ric, aumentando o volume do radio no carro.

Já estavam viajando há um pouco mais de uma hora. Provavelmente chegariam antes do previsto. As estradas da Virginia já eram normalmente desérticas, e hoje não havia exceção. Duke ficava próximo de Mystic Falls, só que ainda sim era um caminho significativo; Na volta com certeza estaria mais cheio e demoraria mais.

Nesse momento, só uma regra se mantinha na mente de Damon: Nada de beber. Duke possuía diversas testilharias.

Ficaria longe.

Não chegaria perto. Pelo tanto que estava deprimido por conta de Rose, admitindo ou não, sabia que se colocasse todo esse sentimento em um copo de álcool, sua vida não se reergueria tão cedo, e com todas essas mudanças que passou nos últimos tempos, cair não era uma opção.

Esfregou os dedos mais uma vez na calça, tinha medo que não pudesse resistir. A palma da mão ainda não suava, embora tremessem levemente por efeito colateral da abstinência; Fazia tempo que parou com o tratamento, afinal os terapeutas disseram que ele estava sob todo o controle, mas com os últimos ocorridos, sabia que tinha que dobrar sua vigilância própria.

— Ric... – Gritou Damon ofegante tentando soar mais alto que a rouca voz de Fred Mercury no rádio. – Nós não vamos beber, não é?

Alaric também sabia a resposta. Não respondeu de imediato, apenas olhou para Damon, que suava forte com a respiração acelerada no banco do passageiro. Damon olhava para o teto do carro e depois colocava a cabeça para fora da janela em busca de mais ar.

— Vai ficar tudo bem, Damon. Calma...

Se tinha algo que Damon aprendeu em sua vida era o quão a nostalgia poderia o derrubar. Já havia visitado todo tipo de bar vagabundo de esquina com Mason, por toda Virginia. Conhecia toda a poeira que esse estado carregava e por mais que tudo fosse tão sombrio, sentia falta. Sentia falta de ficar nos balcões e beber com os motoqueiros de meia idade de Philly. Rose sempre do lado, Mason também, antes dele saber que os dois dividiam os lençóis em sua ausência.

Que merda de amigo que eu sou.

Jurava que podia sentir o gosto do álcool descendo na garganta enquanto pronunciava esse pensamento.

Não tinha ideia do que faria hoje. Daria um jeito para fazer com que Elena não o odiasse, mas nenhuma ideia surgia na sua cabeça. Não podiam continuar com essa amizade, embora não fosse trata-la mal, não depois da relação amigável que os dois tiveram. Só que tudo isso também serviu para provar que era melhor que se afastassem, mas queria que ela compreendesse, não podia fazer com que Elena o odiasse assim. Ela tem sido uma companhia e tanto, devia isso a ela.

Ainda sem ideias para o que fazer, deitou-se no banco e conseguiu pensar em algo que não fosse Uísque.

—-----x-----

Ainda era muito cedo, não devia passar da 06h15min quando Elena fazia sua corrida matinal de volta da praça para sua casa. Normalmente só malhava com um personal ou com aparelhos próprios para ginástica ou yoga, mas como não podia ter nenhum desses luxos nesse fim de mundo teria de dar um jeito. Queria ter feito isso no fim da tarde, afinal era feriado na cidade e não tinha ninguém na rua, mas se deixasse para depois o centro estaria cheio com o comitê organizador para a festa de hoje e não podia deixar que ninguém a visse, suada, sem maquiagem e de rabo de cavalo. Seria pior que assistir um filme da Julianne Hough.

Talvez nem tanto.

Correu mais um pouco, já estava perto de casa. Tudo estava tão deserto. Havia folhas secas de arvores no chão, como se tivessem no ápice do outono ao invés da proximidade a primavera. Foi quando parou sua corrida por alguns segundos e resolveu olhar o céu. Cinza, sem nenhum vestígio do sol. Nuvens nem tão carregadas pela escuridão, era mais similar a uma tigela cheia de ar, só que de cabeça para baixo.

Uma onda fria passou pelo chão, levantando as folhas a alguns centímetros do solo, Elena fechou os olhos para que a poeira não pudesse entrar neles. Resolveu não correr contra o vento; Já estava perto, iria andando.

Não continuou nem ao menos cinco passos antes de se interromper novamente. Alguém a observava. Podia sentir um par de olhos sobre si. Não sabia de onde vinha, mas havia. Escondido em algum lugar, alguém a observava; Abaixou o olhar lentamente apertando as mãos sobre a legging preta. Se corresse, ele correria atrás, transformando isso em uma grande caça. Se ficasse... Bom, se ficasse ele...

Ah, meu deus.

Não conseguia ouvir seus passos, ou sua respiração. Somente sentia uma espécie de olhar atravessando-a. Teve um vislumbre de alguma coisa se escondendo nas arvores ao sudoeste da casa dos Smith. Se alguém que não fosse essa pessoa avistasse uma adolescente no meio da calçada parada de respiração ofegante e olhar assustador, a provavelmente levaria pra um hospício.

Forçou a vista em direção a árvore para ver quem era. Era um homem. Homem bem magro de estatura média e roupas rasgadas. Ele deu um sorriso perverso ao perceber que o olhar dela finalmente encontrou-se com o dele. Como se tivesse esperando por aquilo.

Um grito histérico saltou da boca de Elena. Não esperou nem mais um minuto, voltou a correr com todo vigor e força que tinha. Sentia como se seus braços pudessem facilmente cair de seu corpo, com velocidade que os debatia para ganhar impulso.

Virou a esquina para Ball Street e não o sentiu mais. De repente aqueles pés fortes correndo em sua direção sumiram.

Era ele...

O cara do bar que tentou violenta-la, quando Damon a salvou. Aquele sorriso amarelo horroroso ainda a atormentava.

Parou. Colocando as mãos no joelho e recuperando o fôlego perdido nessas ultimas quadras. Como ele havia a encontrado? O que esse cretino queria?

Olhou para os lados.

Pra onde ele havia ido? Estava bem ao meio da Ball Street com a Living Kane. Se ela seguiu reto e ele desviou... Ele só poderia sair...

Na Arion Place, bem atrás de...

Outro grito. E aquele corpo nojento a agarrando por trás novamente.

— ME SOLTA– Gritou Elena desesperada debatendo-se contra o desprezível cheiro daquele homem. – LARGA, ME LARGA.

Mas as mãos dele não a soltavam. E aquele cheiro de pinga a dominava outra vez

— Elena, Elena... – Gritava outra voz. Dessa vez mais conhecida.

Tyler.

Estava no quarto dele, na cama dele. A expressão confusa de Tyler denunciava que ele estava mais ambíguo que a própria Elena.

Sem ainda entender bem que fora apenas um pesadelo, Elena levanta metade de seu corpo para cima, de maneira que pudesse sentar na cama, puxando o lençol branco e tampando a nudez de seus seios.

Estava suando, sentia como se precisasse de aparelhos para viver de tão precária que sua respiração estava.

— Quer um copo d´água? – Perguntou ele preocupado, também puxando um pouco do lençol para cobri-se. Ela negou. – Me assustou... Tem certeza de que tá bem?

— Que horas são? – Deixou que ele a ajudasse a tatear o celular no criado mudo. – Ai Deus, 09h53min. Ah, bosta.

— Elena sem pressa. Você tá muito agitada, acabou de ter um pesadelo com sei lá o que. Se acalma primeiro. Eu também to assustado. Vêm, vamos colocar uma roupa e a gente toma um café.

— Não... – Disse ela mal humorada, impedindo que ele a levasse. – Minha vai me matar. Olha a hora que é. Já to melhor. Vou pra casa, Tyler.

Olhou em volta rapidamente. Suas roupas estavam jogadas na cadeira da mesa do computador dele, a outra parte estava na poltrona. Nem havia encostado a boca em álcool e sentia como se precisasse de meio vidro de aspirina.

Sonho maldito. Só de pensar já da vontade de não dormir nunca mais.

— Com o que você sonhou? – Nem percebeu que ele já estava do outro lado do quarto recolhendo as roupas. Colocou as suas em cima da cama e vestiu a cueca vermelha de ontem que estava no tapete.

Dizer que sonhou com o cara que quase a estuprou em um beco enquanto estava em um show com o Damon no fim do mundo não pareceu uma boa ideia. Só de pensar naquele rosto, seu corpo inteiro já se arrepiava de medo. Não era fraca o bastante pra chorar por conta de um pesadelo, por mais abalador e horroroso que fosse.

Não era fraca o bastante para chorar por criaturas que não valiam a pena.

Precisa mais do que isso pra me derrubar.

— Ah, sonhei que... – Disse ela sem conseguir pensar em muita coisa. Vestiu o sutiã roxo e depois a calcinha do mesmo conjunto. Ele repetiu a pergunta, impaciente: ‘’Então, Elena com o que diabos você sonhou?’’.

Que merda. Deu uma olhada no fundo do quarto, tentando ver algo que lhe dessa alguma ideia; Posters de mulheres sensuais na porta para a entrada do banheiro de Tyler. Gisele, Mila Kunis, Olivia Wilde, Scarlett Johansson, Jessica Alba e uma jovem e doce Britney Spears em volta de seus 20 anos... Isso. Perfeito. – Meu... Baby liss queimou enquanto tava no meu cabelo e eles caíram. Todinho. Fiquei careca, tipo Britney. – Completou ela tentando não olhar para o pôster.

Já Tyler a encarava como se fosse uma maluca.

— Serio? – Disse ele ainda a olhando daquela maneira. – Seu cabelo caindo? Esse foi seu grande e assustador pesadelo?

Não respondeu. Continuou colocando suas roupas porque se contrariasse ou inventasse muito ele desconfiaria e faria mais perguntas. E por falar em cabelo, o seu estava um horror de tão bagunçado; Levou em conta a ideia de tomar um banho na casa do Tyler, se trocar e fazer tudo direitinho, mas achou ir embora. Iria torcer pra ninguém há ver desarrumada no meio do caminho, mas não podia se atrasar se quisesse continuar viva.

Abriu a mochila e apanhou a escova de dente e umas presilhas. Terminou de escova-los e depois prendeu seu cabelo em um alto rabo de cavalo molhado.

Até que ficou bom. Pensou enquanto olhava no espelho.

Saiu do banheiro, Tyler já havia voltado da cozinha com uma meia maçã nas mãos e a outra metade na boca.

— A casa tá lotada. – Disse ele engolindo mais um pedaço da fruta. Usava apenas uma calça moletom preta, podia ver as marcas de suas unhas em volta do pescoço dele com facilidade.

Também pudera. A festa seria na casa dos Lockwood, segundo Caroline, todas as festas aconteciam lá. A maioria das pessoas deve estar no jardim trabalhando. Se saísse pela parte da frente ninguém a veria. Por sorte, seu carro estava estacionado na entrada. – Tem certeza de que não quer comer nada mesmo?

— Já disse... Estou atrasada.

— Não acredito que não vai na festa hoje. Por quê?

— Você faz muitas perguntas, Tyler. – Terminou de guardar o que faltava na mochila e se aproximou depositando um rápido beijo nos lábios do rapaz. – Mas pensa pelo lado bom, se eu fosse nessa festa, essa noite não teria acontecido. – Afirmou em tom malicioso, dando mais um beijo em Tyler.

— Mas eu queria ver você. De vestido, toda linda, cheirosa... – Gemeu ele em manha.

— Eu sempre to linda e cheirosa. Isso não é problema até onde eu saiba.

— Eu sei disso, eu sei que você é. Só que... Queria que tivesse lá comigo.

— Prometo recompensar. – Disse ela. Selou seus lábios pela ultima vez antes de pegar a mochila e descer para o andar de baixo. Segundo Tyler o interior se decoraria por ultimo. O jardim é que era a principal prioridade do bufê. Apesar de apenas alguns garçons circulando com caixas em direção à cozinha, não viu muita gente até seu caminho para saída.

Tyler a acompanhou até o carro.

— Não quero que você vá. – Afirmou ele triste. Debruçado sobre o vidro aberto do motorista no carro de Elena, enquanto ela já dentro do automóvel colocava o cinto preparando-se para ir embora. – Tem certeza que não vem na festa? Meu irmão vai tá. Você já conheceu a família inteira menos ele, e o Mason tá tão animado pra te...

— Tyler, Tyler. Já disse, não posso. – Preferiu o interromper, sabia que ele poderia continuar com essa chantagem emocional até que conseguisse a convencer. Estava decidida a não ir; Não poderia encarar nada agora. Jenna iria, Damon iria, sua família inteira iria. Se não quisesse vomitar no meio do salão era melhor ficar em casa. Esticou mais o corpo até que alcançasse os lábios dele novamente, se tinha uma maneira eficaz de calá-lo era aquela.

Separam as bocas. Tyler sorria bobo de olhos fechados.

— Eu te amo, Elena. – Disse ele, procurando os lábios dela para que pudessem sela-los ao seu novamente. Elena rapidamente desviou, arregalando todo seu globo ocular o máximo que pôde.

AH, NÃO.

Droga. Sentiu um grito evocar em sua mente. Apenas aquelas quatro palavras já bastaram para sua cabeça girar-se em mil voltas. Não a primeira vez que ouvia aquilo, mas quando ouvia dispensava o rapaz na hora, só que se fizesse o mesmo com Tyler... Ficaria sozinha e se ficasse sozinha tudo seria mais propicio para que pensasse em Damon.

Não, não, não.

Não tinha ideia do que falar, não queria mais enganar Tyler, mas ele estava complicando. A pior parte era que a culpa não era dele.

Desgraçado porque tinha que falar isso agora?

Tyler agora abriu os olhos. Percebeu o susto na expressão de Elena e rapidamente se desencostou do carro vendo o quão foi burro em dizer aquilo. Deu três tapas em sua cabeça e gemeu baixo de raiva.

Poderia consola-lo e dizer que não foi nada demais, e que tava tudo bem e que logo esqueceria aquilo, mas não era boa em confortar as pessoas, muito menos agora quando não conseguia nem pensar direito.

— É melhor eu ir embora. – Disse ela em uma mistura de pressa e vergonha. Fechou o vidro do carro evitando fazer contato visual com Tyler e deu partida no carro. – Argh. – Gritou cheia de raiva enquanto dirigia, dando um leve soco no volante. Era como se tudo ficasse cada vez pior; Tudo. Toda a situação e nada refletia melhoras, nada.

Chegou em casa e foi direto para o quarto tomar o banho que precisava. Teve sorte. Sua mãe estava na praça, provavelmente com a tia Jenna. Após o banho seguiu para a cozinha para encontrar alguma coisa que pudesse comer. Se fosse pra ficar em casa precisaria de algo que a alimentasse durante toda a tarde e a noite.

Na porta da geladeira, alguns avisos coloridos de Isobel estavam pendurados.

Típico.

Com a maluca obsessão por controle de sua mãe, isso não era uma anormalidade. Fazia até tempo que ela não deixava um desses bilhetinhos.

Vamos ver o que temos aqui.

O bilhete verde dizia:

‘’April.

Comprei seu vestido para a festa. Está no seu armário, espero que goste.

Beijos, mãe. ’’

Ainda bem que foi minha mãe. Pensou Elena fazendo uma cara de nojo. Se deixasse com April ela iria de jeans rasgado e all star.

Que horror...

Também tinha um amarelo no canto esquerdo da geladeira.

‘’Damon.

O dinheiro da conta de luz está em baixo do liquidificador. Consegue pagar pra mim até o final da tarde? Não quero que cortem.

Isobel’’

Sabia bem o que aquilo significaria. Ele viria aqui durante a tarde.

Teria que se trancar no quarto mais tempo do que imaginara.

O ultimo era um rosa pink posto no centro, por conta da cor e da tentativa de sua mãe de tentar ser engraçada, Elena presumiu que fosse para si. E como conhecia sua mãe, estava certa.

‘’ Elena, meu amor, sua janta (como dormiu fora de casa) está no micro-ondas, é só esquentar.

PS: Precisamos conversar muito sério. Urgente, na verdade.

Beijos, mãe’’

Revirou os olhos sem importar-se, sabia exatamente o que ela falaria. Sobre suas noites fora de casa... Pra ser sincera, queria mais que a opinião dela fosse para o inferno e queimasse até virar larva.

Decidiu desenhar. Seu caderno de desenhos, por algum motivo estranho, ainda estava com Damon. Pegou uma das folhas de sulfite e um pequeno estojo em seus aposentos. Colocou um apoio qualquer e sentou-se no pequeno sofá acoplado a janela do quarto.

Fechou os olhos e pesquisou em sua mente por alguma coisa.

Aos poucos começava a preencher a folha. Começou com traços de um corpo, do ombro para cima.

Ombros largos cobertos pôr uma jaqueta preta e uma blusa gola em V. O pescoço formado por pequenas farpas de uma barba por fazer ao redor.

Um rosto. De um forte maxilar, um nariz romano e maçãs de formato fino em baixo e redondo na parte superior. Olhos fundos, grandes e sobrancelhas espessas masculinas na parte final, perto das têmporas. Queixo não predominante e lábios curtos, nem muito cheio, nem muito fino. E por ultimo, um monte de fios escuros ao redor da cabeça, passou o indicador em volta para dar o sombreado e visual desarrumado que tanto gostava naqueles cabelos pretos.

Ao abrir os olhos para encarar o que se formou.

Sem surpresa viu o rosto que tanto martelava na sua cabeça.

Damon.

Sorriu brevemente com a figura no papel. Era como se estivesse vendo a própria imagem dele ali. Passou a mão por toda a extremidade da folha, em uma delicadeza que até então nem ela sabia que possuía, decorando com a palma cada traço da obra que acabara de fazer; Trazendo cada vez mais próximo de seu rosto, até que encaixasse a boca do Damon de seu desenho na sua.

Não ligou se aquilo poderia parecer solitário. Quando se sentiu pronta, guardou o desenho em seu closet junto com a foto que havia conseguido dele. Dormiu mal noite passada, em função da noite que ela e Tyler tiveram, e o pouco que conseguiu descansar, teve aquele horrível pesadelo.

Resolveu comer e depois dormiu novamente.

Deus me livre das olheiras.

—---X-----

Damon sentia que poderia dormir durante o caminho inteiro. Uma demora. Passou o dia inteiro em um escritório de pesquisa com Ric. Ajudando com as anotações do livro. Foi até uma boa jornada de aprendizado, não sabia nada de história e ao menos para alguma coisa serviu, um pouco de aprendizado extra não era ruim, ainda mais para um maluco por números.

Estavam a menos de 25 quilômetros de Mystic Falls e eram um pouco mais de 14h00min. Pediria ao Ric parar no mercado primeiro. Durante o caminho teve algumas ideias sobre o que faria com Elena.

Sim, de um lado sentia aquela sensação de que se fizesse isso, daria mais motivo para que ela o odiasse. Ser todo gentil e depois dizer que não voltaria atrás e que não poderiam continuar sendo amigos era algo horrível de se fazer, mas... Se fosse direto ao assunto e deixasse claro o que pretendia, ela poderia entender. Passou tempo suficiente sendo amigo dela para saber que Elena compreenderia.

— A gente conseguiu. – Comemorou Ric, assim que passaram a placa de ‘’Bem vindo a Mystic Falls’’. – Não bebemos... Fomos pra Duke, a maior cidade produtora de Uísque da Virginia e nós não bebemos. Nenhuma gota. – Por ora, toda a desolação sentida por Damon anteriormente se foi deixada de lado. Ric não era um viciado em controle, como Damon era. Ric simplesmente bebia por beber e não por vicio. E hoje abriu mão de todo o prazer e diversão para que Damon não sentisse a necessidade de repetir todos seus erros e deixar-se deslizar novamente.

Ele tinha mesmo um ótimo amigo ao lado.

— Única gota que eu preciso agora é de água. Um banho, pra ser mais especifico.

— Quer que eu te deixe no mercado ou em casa?

— No mercado. – Disse Damon olhando a hora no telefone. Daqui a pouco o comercio fechava; Feriado maldito.— Tenho comprar comida pro Sam ainda. Esqueci de comprar antes de sair, deve tá morrendo de fome coitadinho. – Mentiu. Preferiu não falar mais nada para que não se atrapalhasse.

Ric o deixou no mercado sem problemas. Estava quase fechando e não tinha muita movimentação; Normalmente em feriados, com todo o trabalho voluntario que a cidade se envolve, as pessoas vão a mercados, bancos e etc, tudo de manhã. Há essa hora todos deveriam estar na praça cuidando de trabalhos manuais para a festa de dia dos fundadores.

Havia duas festas, a primeira que era a festa dos fundadores, como uma apresentação; Que foi quando aconteceu àquele incidente vergonhoso entre ele e Lexi com Elena e Tyler. Algo para se esquecer. E hoje era a festa em comemoração a data de fundação da cidade. Tudo era um rito anual na qual ele já se via acostumado e totalmente cansado. Se tinha algo que mal podia esperar era pra ir embora e nunca mais ter que assistir esses cerimoniais ridículos que essa cidade tinha mania em fazer por falta de ocupação na vida.

Comprou as algas e rações necessárias para Sam. Estava entre o caixa e o corredor de massas. Era como um mar de duvidas o carregando para tão longe que não conseguia ver mais nada. Teria que fazer isso, precisava, teria que superar todas as hesitações que o seguravam, mas teria que fazer.

Voltou em passos lentos até o corredor de alimentos. Dentre uma das diversas coisas que aprendeu sobre Elena na vez que leu seu blog foi principalmente seus gostos. Elena era do tipo refinada que gostava de algo bem chique e elaborado. Uma das coisas escritas naquele questionário do blog era: Se quer me agradar, seja digno de mim. Faça como eu faria e não poupe esforços. Simplicidade pode ser sim algo bom e sofisticado, mas também é próximo do cafona e do pobre; O caminho certo para o meu total desprezo.

Sim, soava superficial, sim soava como uma típica metida nojenta, e sim, ela pode ter esse lado, mas a conheceu durante esse tempo e sabia que ela não era somente isso. Ela é uma patricinha mimada, mas não era apenas isso que moldava sua personalidade, eram outras coisas na qual ele foi capaz de aceitar e conviver de uma maneira tão especial. Se for para pôr um ponto final nessa amizade, colocaria, mas sem ressentimentos. Ela não merecia isso, não depois das ultimas coisas que fez para ajudá-lo e pelo tempo de amizade que tiveram. Ela foi a primeira a tomar a iniciativa de paz entre os dois e de uma convivência boa; Elena não era esse monte egoísta que aparentava ser.

Não era.

Enquanto Ric trabalhava na pesquisa, Damon investigou a fundo sobre pratos simples, mas que se feito da maneira correta aparentariam ser de grande estirpe. Encontrou essa receita de ovos recheados com bacalhau na qual parecia apropriada. A maioria dos pratos sugeridos era ao molho de algum tipo de vinho e não pareceu uma boa ideia devido a seus limites por bebida.

Comprou os ingredientes necessários e passou no caixa normalmente.

Como foi com Alaric para Duke, seu carro estava em casa e teria que ir a pé. Preferiu pegar o desvio e andar. Daria a volta pelo quarteirão e seguiria pela rua de trás em direção ao bairro. Demoraria um pouco mais, só que não poderia suportar a ideia de passar de frente a praça e ver aquele bando de gente feliz.

Em casa estava tudo silencioso, como esperava. Todos deveriam estar na praça colaborando com os preparativos para a festa, mas como Elena não iria, tinha duvidas se ela estava ajudando com a organização, mesmo não indo, ou se estava em no quarto.

Talvez ela esteja com o namorado.

Não gostava do fato dela estar com Tyler. Não que fosse da conta de Damon, Elena era livre, namora quem ela quiser não era problema seu, mas ele era um Lockwood. Irmão do Mason; E a ideia de que aquela família inteira, que o odiava, estava novamente se misturando com Elena, uma pessoa na qual ele contou coisas significativas e considerou uma amiga. Não era um pensamento muito agradável.

— Elena? – Chamou ele ao pé da escada subindo apenas alguns degraus. Subiu mais outros e a chamou novamente, dessa vez mais baixo. – Elena? – Sem respostas. Ascendeu mais dois degraus, decidindo completar a subida após mais um intervalo de silêncio. A porta do quarto estava encostada, com apenas um frete de luz iluminando uma pequena parte do corredor. Foi estranho, o tempo hoje não estava tão frio, mas também não estava quente o suficiente para Elena estar com o ar condicionado ligado. Conseguiu ouvir o barulho do aparelho na metade da escada.

Apenas um leve empurrão e a porta se abriu devagar. No centro do quarto, Elena dormia tranquilamente na cama.

Tão serena, tão em paz. Aqueles deviam ser um dos raros momentos na qual ela deveria aparentar esse tipo de realidade. Elena é normalmente tão agitada, tão elétrica; Agora na visão de Damon parecia-se com um anjo branco feito de porcelana.

Aproximou-se mais um pouco. Ficando apenas alguns centímetros do corpo em descanso. Estava frio ali dentro. A soma do ar gelado que entrava da janela aberta, com o ar condicionado intensificava o gelo. Elena descoberta, apertava as pernas com os braços por estar sem cobertores.

Tentou não abalar-se pelo excesso de pele por conta do pequeno pijama que ela vestia.

Se tivesse um concurso sobre quem possuía as menores roupas de dormir ela com certeza ganharia.

Houve varias situações parecidas com aquela entre os dois. A vez do baby doll, do espartilho, a vez em que se esticou daquela maneira para alcançar aquele maldito DVD na prateleira...

Era algo meio cômico de se pensar. Como nas vezes em que alguma aluna sua ia de minissaia para a escola e insistiam em ficar cruzando as pernas de dois em dois minutos, tudo com a intenção de causar provocação. Sim, era uma tarefa complicada não olhar o que está bem diante de seus olhos, algumas vezes era mais forte do que si próprio e acabava dando uma olhada ou duas, só que sempre via isso com os mesmos olhos. Apenas respondia a um instinto, desde que não deixasse se abalar, não era nada. Nunca se deixou, afinal, sua ética era maior que qualquer instinto, mas não via mais Elena como mais uma aluna bonita que tinha entre tantas outras. Não reparou no par de pernas expostos e nem no decote profundo que a parte de cima daquele conjunto de seda tinha. Reparou apenas no rosto dela ali dormindo e em sua tranquilidade no sono; E a olhou, com admiração, com ternura. Que era o que sentia por ela. Não tinha instinto, apenas admiração. Admiração ao que ela fez por ele nos últimos dias, admiração à beleza que ela tinha, admiração ao amor que ela possuía pelo que fazia, admiração pela coragem que ela esbanja...

Como se tivesse adquirido um impulso paternal por ela. Ou fraternal. Acabou desenvolvendo uma amizade maravilhosa com Elena precisava protegê-la. Faria isso não só para cuidar de si mesmo, mas também para preserva-la.

Só esperava que Elena entendesse.

Não fazia ideia de onde ela guardava os cobertores de inverno. Andou até a janela ao fundo e fechou trancando-a e passando as persianas laranjas. O efeito do escuro ajudou a amenizar a sensação térmica, apesar de ainda não serem nem 15h00min e a claridade ainda penetrasse o cômodo com facilidade. Procurou um pouco pelo closet e achou um edredom azul escuro. Rapidamente o algodão foi aquecendo a pele de Elena, assim que ele a cobriu.

Depois, foi até a escrivaninha à esquerda e escreveu em um pequeno papel um bilhete, o colocando no criado mudo para que quando acordasse, visse o recado.

—----x-----

Elena acordou novamente naquela situação de hoje de manhã. Pele suada e respiração ofegante. Segurou toda sua voz na garganta para não gritar.

O mesmo sonho.

Duas vezes em um mesmo dia. Não era possível. Sentia-se como em um filme psíquico de terror oriental. Não se lembrava de ter pegado cobertor, nem muito menos de ter fecho à janela. Olhou rapidamente para o relógio eletrônico no criado mudo.

21h17min

Deus, dormi demais. Dormi muito.

A festa começou às 20h30min, então todos já deviam estar. Estava sozinha. Sonhou com esse pesadelo horrendo, duas vezes no mesmo dia e agora teria que ficar em casa sem ninguém. Deveria ser a única pessoal no bairro há essa hora.

Nem morta.

A festa acabaria pra lá das duas da manhã. Não queria ficar ali por si só, ninguém a ouvia. Não havia ninguém; Apurou mais um pouco os ouvidos e nem passarinhos ela conseguia ouvir. Somente o barulho do ar condicionado. Iria se arrumar e ir para essa festa, nem em um milhão de anos ficaria ali sem alguém consigo.

Presumiu que Isobel deveria a ter coberto antes de sair. Bebeu todo o recipiente de sua água na garrafinha, tentando fazer seu corpo se acalmar. Após engolir todo o conteúdo, reparou em uma folha branca em baixo de uma caixa pequena qualquer para bugigangas. Recordava-se perfeitamente de ter posto o desenho de Damon em sua gaveta no closet.

Esperou que a água efetuasse no seu organismo e se acalmar mais um pouco. Assim, que se julgou em seu estado normal apanhou o papel para ver do que se tratava.

Presumiu ser mais um bilhete de aviso de sua mãe ou só outro rabisco seu pronto para ser jogado fora, mas não.

Reconheceu a letra assim que seus olhos penduraram-se naquelas linhas.

‘’ Não sei que horas você vai acordar; torço pra que seja tarde. Se todos já estiverem saídos para a festa na hora que despertar, eu te imploro... Se arruma e desça. Fiz um jantar pra gente, acho que precisamos conversar sobre algumas coisas. Sei que você acha que tudo já se pôs um ponto final, mas sinto que nós dois temos direito a uma conversa e um acordo.

Sem pressa dessa vez, quero falar sobre meus motivos e quero ouvir os seus. Estou no andar de baixo. Por favor, venha.

Damon’’

Não podia acreditar naquilo. Ele não havia ido à festa; Queria que se afastassem e que não fossem mais amigos e fazia isso. Planejava jantar, ficava em casa justo quando sabia que estaria ali sozinha. Achava que já tinham conversado tudo que havia para ser conversado, mas pelo jeito, o ponto de vista de Damon era um pouco diferente do seu.

Passou o resto do tempo ali, olhando para a parede, até tomar sua decisão de descer. Se não descesse, ele subiria.

Nesse momento odiava o fato de que não poderia evita-lo.

Pois bem, se era isso que ele queria. Pensou ela, olhando-se ao espelho encontrando-se com a melhor faceta sedutora que possuía.

Tomou um banho rápido, não tinha tempo a perder. Como seu cabelo estava bom, pelo banho de mais cedo, apenas lavou-se com os sabonetes aromáticos que encomendou da patagônia.

Queria deixar o cabelo cacheado, mas provavelmente demoraria demais, então o deixou com seu liso natural e passou uma prancha para dar algumas camadas e pequenas ondas na frente, depois o prendeu em uma trança espinha de peixe.

Que droga, minhas unhas.

Estava com o mesmo esmalte preto de três dias a trás.

Será to tendo outro pesadelo? Só pode ser.

Foi cuidadosa na maquiagem, com uma linha grossa e forte de delineador e uma linha bem fina de lápis de olho, dessa vez mais fraca. Queria estar o ápice do sexy. Uma sombra esfumaçada dourada e preta pareceu a melhor opção. Abriu a caixa de cílios postiços no canto da pia. Não se lembrava de onde estava a porcaria do rímel.

Aposto que foi minha mãe, filha de uma...

Não tinha tempo para pensar nisso. Delicadamente os colocou sobre seus cílios e os colou passando o curvex logo depois. Em seguida, foi para as bochechas depositando um pouco de blush em pêssego. Ao fim, um batom coral bem claro deu o contraste final.

Sorriu com o resultado. Era mesmo genial quando se tratava de se produzir.

Se bem que ter um rosto maravilhoso como esse que tenho, facilita... E muito.

Sentiu-se perdida ao entrar no closet, qualquer um diria que possuía diversas opções e que era louca por achar isso, mas sentia que não tinha absolutamente nada que fosse bom o bastante.

Teve um rápido flash do vestido que havia separado quando pensou que iria para a festa.

Um lindo miu-miu branco de renda e mangas longas, com as costas de fora e a saia rodada. Era perfeito. Era delicado e daria um bom equilíbrio com a maquiagem mais pesada que fez, e as costas nuas também daria um toque mais sensual.

A parte dos sapatos foi bem mais fácil, sabia exatamente o que combinava. A sandália metalizada de tiras douradas da Chanel. Sem pensar.

Deu mais uma olhada no espelho. Dessa vez viu um pouco de sua confiança esvaziar, dando lugar ao nervosismo que sentia sempre que estava com ele.

Lembrou-se do outro jantar, na qual se encontrou na mesma situação em dificuldades de se arrumar. Enquanto isso Bonnie e Caroline levaram Isobel para o bar encheu sua mãe de Álcool, os meninos, Matt e Tyler convidaram Jeremy para uma noite de vídeo games e Rebekah ficou com April para que a ajudasse na organização do grande teste para as lideres de torcida.

Tudo um plano para atraí-lo. Tinha uma mínima noção do que falar ou do que aconteceria naquela noite, mas agora era tudo um grande borrão de duvidas e incertezas. Sentia como se nem mil ensaios a prepararia o bastante para aquela conversa.

Uma gota de perfume e pronto. Estava pronta.

Desceu as escadas lentamente. Tudo parecia normal; O corredor, a sala. Ouviu o barulho de algo sendo feito na cozinha. Provavelmente ainda devia estar preparando o jantar.

Seguiu o aroma de ovos mexidos no cômodo e o encontrou decorando a refeição sob a travessa. Aquela imagem só lhe fez sorrir. Ainda sem perceber a presença de Elena ali, Damon alinhava a extensão da comida com pequenas bolinhas de azeitona pretas.

Nunca entendeu muito bem quando algumas de suas amigas diziam achar sexy a figura de um homem cozinhando, nunca a importou na verdade. Jantava sempre em restaurantes da alta sociedade e nunca se influiu em ligar se era um homem ou uma mulher que preparava os pratos, mesmo quando alguém era contratado para cozinhar em sua casa.

Agora entendia o que suas amigas falavam.

Ele ali, com tanta precisão e comando sobre o prato e sobre seus movimentos próprios. Sabendo o que fazia com tanta atenção, controle, criatividade... Imaginou se ele seria assim também em quatro paredes.

Prensando-a com toda força e dominância contra sua cama, agarrando suas mãos e afundando contra o colchão sem deixar espaço entre os dois corpos, contrariando todo tipo de física que dissesse que aquilo não era possível.

Arfou alto com seu pensamento, jogando a cabeça levemente para trás e mordendo o lábio inferior com um fraco aperto. O gemido bem pequeno saído de seus lábios foi o bastante para despertar Damon da comida e a nota-la na soleira da porta.

— Você... – Disse ele, exclamando alegremente. – Pensei que não ia acordar. Tá aí há muito tempo? – Damon deu alguns passos e pegou a colher de madeira para espalhar um tipo de pasta em um pequeno pote.

— Não muito, só tava observando você. – Falou Elena, engolindo em seco.

— Está maravilhosa. Vem, senta aqui no balcão, já to terminando. – Damon repuxou uma das cadeiras por perto com a mão livre. Ajeitou de frente para o lugar onde estava e retirou um pano de prato em cima do acento o liberando para que ela sentasse.

Deu um pequeno impulso para subir no alto banco e acomodou-se um pouco desconfortável no inicio.

— Ainda to confusa com isso tudo. – Também não tinha ideia do que falar. Qualquer coisa que viesse na mente serviria para espantar todas essas duvidas, então resolveu que iria direto ao assunto. – Porque me chamou? Se quer que a gente fique longe porque você resolveu fazer isso? – Questionou o obrigando a tirar a atenção do preparo da comida. Damon não tinha ideia do quão àquilo era difícil; Se fosse há algumas semanas, ficaria triste com essa decisão dele, mas seria bem mais fácil de superar, mas agora estava apaixonada e ainda sim tinha que vir encarar essa situação.

— O que acha de jantar primeiro? – Sibilou Damon gaguejando lentamente. Apanhou a travessa com a refeição e saiu da cozinha evitando contato visual. – Leva o potinho com o molho pra mim, Elena? – Foi tudo que disse antes de sair.

Elena revirou os olhos e bufou ironicamente. Antes que pudesse apanhar o pote com toda a raiva que tinha, as luzes da casa piscaram por duas vezes seguidas, bem rapidamente, e voltaram.

Olhou em volta confusa, e parou. Logo quando Elena tentou descer do banco, as luzes piscaram novamente, dessa vez apagando-se por completo.

Só pode ser brincadeira.

O bilhete de sua mãe avisando para pagar a conta; Damon não devia ter visto provavelmente.

— Elena? Elena? – Dizia Damon em voz alta, quase gritando. Vinha da sala de jantar; Não conseguia ver direito, mas ouvia levemente o barulho do corpo dele encostando-se sobre os moveis.

— Aqui... – Respondeu ela no mesmo tom. – Tem lanternas na cozinha. Vem... – Depois da noite do jantar com Damon e da chuva que aconteceu; Havia comprado algumas lanternas em uma de suas vizitas ao shopping.

Finalmente sentiu a voz dele mais perto de si.

— Tem lanternas... – Repetiu Elena. –Terceira gaveta. Consegue achar?

— Espera. – Damon lentamente começou a tatear pelo balcão a procura de algo. – Me ajuda a achar meu telefone? Tá aqui, eu deixei aqui no balcão. – Pediu ele, sugestivo. Levantou-se do banco e começou a procurar também, tomando cuidado para não esbarrar e quebrar nada que fosse de vidro.

Tentou forçar os olhos para que visse alguma coisa. Enxergava varias sombras, mas nenhuma compatível com o toque. Palpou por mais algumas áreas até encontrasse com um pequeno retângulo quase na outra ponta da mesa.

Antes que pudesse pegar, a mão de Damon agarrou o aparelho mais rápido. Em puro reflexo, Elena segurou o punho do rapaz com voracidade. Mesmo sem enxergar, sentia que ele também a encarava; Sua pele se arrepiou ao toque, e os olhos castanhos de Elena, incontrolavelmente fixos no contato de suas mãos, suavizaram-se um pouco. Estava disposta a não largar o pulso dele até que Damon se afastasse, caso contrario, passaria a vida inteira ali com todo prazer.

Recompondo-se, Damon os separou ainda com um pouco de acanhamento. Não disse nada, apenas ligou o aparelho e iluminou a volta com uma luz fraca.

— Onde disse que estava mesmo? – Perguntou ele, sem emoções.

— Terceira gaveta... À esquerda.

Não ligou em mostrar sua tristeza pelo jeito com que falou. Damon rapidamente foi em direção da gaveta e achou as lanternas, apanhando duas e as colocando em cima da mesa. Elena pegou uma e deu mais uma passada em volta do cômodo. O bilhete de sua mãe ainda estava na geladeira pendurado.

— Acho que tem velas aqui. No armário.

Em hesitação, Elena perguntou:

— Damon... Você não viu o bilhete da minha mãe?

— Que bilhete? – Indagou Damon, retirando o amontoado de velas vermelhas do fundo do armário.

— Esse bilhete. – Voltou o flash branco da lanterna para a localidade do papel na geladeira. Damon rapidamente foi até o móvel e o arrancou em frustração.

— Droga. – Disse ele. Voltou à mão para a testa a bagunçou os cabelos em raiva. – Que bosta. É melhor eu ir colocando as velas... Não acredito nisso. – Bufou irritado.

Em passos fortes, Damon saiu da cozinha voltando para a sala de jantar, logo após apanhar os fósforos e levar as velas, que por sorte tinha bastante. Achou melhor esperar na cozinha até que tudo tivesse iluminado suficiente.

Não estava mais tão nervosa. Aquele era um dos motivos pelo qual se apaixonou por ele, sempre que estavam juntos se sentia menos pesada e mais tranquila. Demorou em cerca de vinte minutos para que Damon a chamasse de volta, conforme andava a presença da lanterna se tornava cada vez mais prescindível.

Mas somente quando chegou a sala de jantar foi quando sua surpresa foi maior. Não acreditou quando viu tudo aquilo. Damon havia coberto a mesa com uma toalha preta de seda e também espalhou algumas tulipas vermelhas soltas ao redor dos pratos brancos e os talheres de prata do conjunto de sua avó, só que eram as velas distribuídas ao meio da mesa e no enorme aparador na parede que davam aquela doçura e peso romântico no ar.

A comida ainda estava na travessa, os pratos estavam postos na mesma posição da outra vez que jantaram nessa mesma sala. Ele na cadeira principal e ela no lado esquerdo. Sem taças, o que significava, sem bebidas.

Ele ainda tentava. Pensou ela dando um leve sorriso breve.

— Tinha bastante velas. – Disse Damon após Elena sentar-se.

—Pelo cheiro tá ótimo.

— As aparências enganam. – Respondeu em ironia, dando um leve sorriso. – Gosta de bacalhau com ovos? – Damon abriu à travessa e um pouco de fumaça foi solto no ar. Elena assentiu respondendo que sim.

Queria ser educada e dizer ‘’Não, Damon, deixa que eu sirvo’’ ou ‘’ Eu te ajudo a servir’’, mas não tinha ideia de como cortar e não poderia arriscar em sujar seu vestido. Esperou que ele terminasse e se aprontasse na cadeira e começaram a comer.

— Precisamos conversar. – Falou ele após terminar uma garfada.

— Já imaginava isso.

Ela respirou profundamente esperando que ele começasse a falar.

— Eu to aqui, hoje, porque eu senti que você ficou... Chateada comigo pelo que aconteceu e que eu fiz. – Começou ele, franzindo o cenho e dividindo a atenção de seus olhos entre algum ponto fixo da mesa ou os próprios olhos de Elena, que o encarava com atenção. – Eu sempre ouvi do meu pai que às vezes precisamos magoar as pessoas pra que elas entendam pra que elas aceitem e que a dor é necessária pra fazer com que os outros caiam na realidade e vejam o mundo além do próprio umbigo. – Por conhecidência, na cabeça de Elena aquilo combinava totalmente com algo que Giuseppe diria. – Eu sei que soa maldoso e um pouco frio, só que por mais que a gente odeie alguém, essas pessoas são sempre umas das que mais marcam sua vida e todas as suas ações acabam sendo estranhamente voltadas pra elas. Seja pra chamar atenção, pra buscar algum tipo de aprovação interna ou pra seguir suas filofias de vida ou seus sonhos, não importa. No meu caso, é o meu pai. No meu caso, infelizmente, são todas as opções, dependendo logicamente da situação. – Quando os olhos dos dois se encontraram Elena pôde ver toda angustia que ele punha para fora enquanto falava tudo aquilo. Sabia do que se tratava; Seus problemas com bebida, sua mudança de personalidade, tudo foi por conta de seu pai. – E hoje, eu simplesmente resolvi contrariar qualquer tipo de pensamento ou influencia dele nos meus atos, nas minhas decisões ou em qualquer parte da minha vida. Ao menos essa noite.

— Damon... – Sussurrou ela tentando o interromper, mas ele a cortou. Damon desmoronaria se continuasse e não queria vê-lo assim.

— Você não merece sofrer por minha causa, Elena. Você tem direito a isso, eu devo isso a você... Me ajudou com a sua mãe, me ajudou com o cancelamento do meu casamento, eu tive meses pra fazer isso e eu não fiz, Ric tentou, eu tentei, mas só você conseguiu que eu fizesse. E isso tudo. – Gesticulou ele apontando em volta do cômodo, dando ênfase em todas as palavras que dizia, arrastando sua voz em um esforço lento. – Isso tudo... – Repetiu em um tom bem mais fraco e levemente rouco. – Foi pra você, no meu agradecimento. Da mesma maneira que você fez em solidariedade, eu faço expressando o meu muito obrigado.

Elena mal sentiu as pequenas gotas de lagrimas espalhar por seus olhos. Lagrimas finas e minúsculas nas quais foram fáceis de disfarçar perante a visão fixa de Damon na sua. Assistindo sua reação.

— É como se a gente tivesse revivendo tudo. Bem aqui. – Afirmou Elena. A cada som liberado de sua boca, sentia cada vez mais suas lagrimas encherem-se. – A vez que jantamos juntos, sozinhos, quando ficamos sem eletricidade naquele domingo... Até a festa, quando eu cheguei aqui com o Tyler, e hoje uma festa quase igual a essa. Tudo, Damon. – A luz amarela que saía das velas não impedia que enxergasse os finos fragmentos de água já soltos no canto das bochechas de Damon. Agora ambos sentiam que era uma despedida.

— Eu não queria que fosse desse jeito, Elena, mas tem que ser. – A voz dele lhe soou embargada e entupida, mas não conseguia enxergar lágrimas naquelas olhos, por mais que a luz faltasse, era possível vê-lo bem. – Os motivos não mudam, eu só espero que...

— Ei. – Interrompeu Elena com delicadeza. Aproximou-se finalmente agarrando, por cima, as mãos fechadas de Damon. Tanto a dele quanto a sua já suavam. – Não importa; Vamos fazer, vamos continuar com isso, encerrar a nossa amizade, mas dessa vez... – Retirou uma de suas mãos das dele e levou para a curva do pescoço de Damon, apertando levemente. – Dessa vez, ou melhor, agora teremos não só a despedida, mas também a celebração pela amizade que a gente teve. Que foi a melhor coisa que me aconteceu depois que eu me mudei pra cá. Você não é o único que quer agradecer. – Aquele era o momento perfeito para dizer o que sentia, mas ao mesmo tempo também era o pior. Estavam se despedindo, dessa vez sem rancor ou sem nenhum tipo de impedimento para poderem se expressar, pelo menos não da parte de Damon; Se levasse em conta a vontade que ela tinha de beija-lo e abraça-lo para sempre. Era tão engraçado pensar em como tudo começou, não poderia falar que se iniciou com uma mentira ou com um plano, mas não importava. Agora, estava acabado, mas encerrava-se da maneira mais verdadeira possível.

— Ainda falta um momento pra reviver.

— Como assim? – Perguntou suavemente, elevando uma das sobrancelhas. Damon manteve o silencio, deu um sorriso presunçoso e levantou oferecendo a mão direita para Elena o acompanhar.

Mantendo a expressão curiosa no rosto, Elena foi sem hesitar.

A sala também mantinha quase a mesma quantidade de velas como na sala de jantar. Queria que a lareira não fosse elétrica, ou que tivesse madeira para acender. Imaginar o fogo alto esquentando o ambiente nesse frio do sul Americano.

— Uma pena não ter luz e não der pra ligar o som – Lamentou Damon. A voz dele não aparentava mais choro – Só que a gente pode dar um jeito. – Sorriu em divertimento apanhando o celular em um dos bolsos de seu jeans. Começou a questionar se sua expressão de confusão causava tanto assim o entretenimento dele. – Não tenho Without Love aqui. Tenho outras da Mindy, mas não essa... Infelizmente.

Quando dançaram no Grill... Without Love da Mindy McCready.

Não acreditava no que estava vendo. Damon procurava no aparelho alguma musica concentradamente, mas tudo que conseguia pensar agora era no quão incrível ele poderia ser. Tinha sorte por ser apaixonada por alguém como Damon, mas ao mesmo tempo tinha todo um azar de não poder tê-lo. Virou-se bruscamente para trás ao sentir uma lagrima escorrer por seu rosto, limpou-a antes que ele pudesse ao menos perceber e se afastou um pouco.

— Ah, achei. – Disse Damon comemorando. Ele delicadamente aproximou-se de si, olhando fixamente em seus olhos.

Elena encostada perto de uma das estantes jogava cada vez mais seu peso em cima do móvel pela aproximação de Damon. Sua respiração, ofegante mantinha-se ganhando cada vez mais som. Não queria que ele reparasse o quão desnorteada sua expressão estava, encarou o chão vendo apenas o reflexo dele por sua visão periférica. Mas ainda o via se aproximar.

Quando Damon finalmente se pôs em sua frente foi quando teve a coragem de olha-lo. Ele parecia triste, claramente não queria que as coisas fossem assim; Jurou que a mão dele se voltaria para sua cintura. Murmurou baixo e ofegante pelo desejo do toque de Damon, mas ele apenas elevou a palma para colocar o celular em um dos andares da estante atrás do corpo de Elena.

http://www.youtube.com/watch?v=t-ouxPhYy7Y

Ele estendeu a mão para ela outra vez e sem pressa conduziu Elena ao meio da sala. Ela logo aproximou seu corpo lentamente ao dele e reconheceu a musica que saía do celular logo na primeira batida. Era feels like home da Chantal Kreviazuk. Uma de suas músicas prediletas. Seu rosto recostou-se nos ombros dele. Deixou-se conduzir-se docemente no embalo das palavras cantadas pela canção, que por pura ironia do destino, traduzia exatamente tudo que estava sentindo.

Ainda embalados pela melodia, o rosto de Damon descolou-se de seus cabelos e afastou-se um pouco para olha-la. Uma sombra dourada iluminada pelas luzes das velas, mas os olhos de Elena brilhavam tanto quanto seu sorriso. Os lábios do rapaz pareciam prontos para descer em direção dos seus. Os dela já estavam entreabertos e receptivos. Pronto para os deles.

Damon. Pensou ela.

Fechou os olhos esperando. Lembrou-se de tudo que aconteceu na sua vida nos últimos tempos. O divorcio, os momentos de desgaste com seus pais, a mudança, toda sua indignação por ter que abandonar tudo, o plano de Bonnie, seus novos amigos, os momentos com Damon como o jantar, a dança no bar, o começo da amizade quando ficaram aqui assistindo filme sem luz, quando ele ficou fazendo companhia para ela no seu quarto, quando ele a salvou daquele homem estuprador... Que hoje, novamente a causou temor em seus sonhos.

Um homem mais velho. Um homem bem mais velho do que ela... Damon.

De repente a imagem de Damon transformava-se na face daquele homem, daquele agressor, cruel, malvado, aproveitador. Um homem bem mais velho.

‘’ Linda você... Agora tenho uma coisinha para me divertir’’. Dizia ele naquela noite.

Um homem mais velho... Como... Como... Damon.

Soltou-se do abraço transformando a magia do momento em pânico.

— O que foi, querida?

Cambaleou um pouco, dando alguns passos para trás e encarando o rapaz que a olhava sem confuso e sem entender.

— O que foi? – Perguntou ele novamente, preocupado.

— Nada. É que eu... Eu... Me desculpa.

Deu-lhe as costas e correu escada a cima em direção a seu quarto, trancando-o.

O sono não chegava. Nada vinha. Somente pensamentos assustadores na qual não queria dar nem atenção. Despiu-se, vestiu uma camisola rosa clara de cetim e jogou-se na cama embaixo das cobertas. Nada conseguiria diminuir o ritmo acelerado de seu coração. O corpo estava imóvel, mas a mente corria em uma velocidade onde cada pensamento tropeçava-se no outro.

Não sabia quanto tempo havia passado. Na casa, na rua, no bairro, só silêncio.

Porque ficou tanto medo? Que Damon fosse como aquele cara? Um canalha que estuprava adolescentes na saída de bar em um beco? Ou tinha medo de encarar mais mudanças? Medo de si mesmo. Se mudasse totalmente a visão dele sobre si, teria que mudar a de todos. E ela gostava de ser assim, de ser como é. Não importa se dizem que é uma mimada que não sabe de nada da vida ou que é egoísta, era quem era. E não mudaria isso.

Mas e o plano? Não o plano de Bonnie. O plano que fez ao se mudar pra cá, de que evoluiria e que se dedicaria mais aos estudos para entrar em uma boa universidade e voltasse para Nova York. Naquele dia, prometeu a si mesmo que faria um esforço e nada... Novamente as prioridades típicas de Elena Gilbert a invadiram. Unhas, compras, cabelo, arranjar um gatinho para passar o tempo.

Damon uma vez lhe disse que nem sempre se pode conseguir tudo que quer, e que tudo tem uma consequência e nada nunca é perfeito. Sua vida era perfeita, até o divorcio; A fama aumentou os contratos de publicidade e os fãs também, mas dentro de casa eram só brigas, gritos e mais brigas. E quando veio para cá, houve momentos que se viu feliz, mesmo sem um holofote ou um paparazzo a fotografando. Vários sonhos seus se realizaram. Porque não mais um? O sonho de montar um blog para meninas saiu de sua cabeça e virou realidade a trazendo muito mais coisas do que imaginou. Porque o mesmo não poderia acontecer agora?

Levantou-se e destrancou a porta. Saiu para o corredor em direção as escadas, silenciosamente, como um gato. Ao começar a enxergar a luz dourada das velas da sala, Elena percebeu nitidamente a presença de Damon no pé da escada. Ele vinha correndo para o andar de cima. Talvez com a mesma intenção que a sua.

Quando a viu, ali. No topo da escadaria, ele parou e a olhou descarregando todos seus olhos pela felicidade que sentiu ao saber que ela estava fazendo o mesmo que ele. Separados por uma média de oito ou dez degraus, lentamente cada um foi andando na direção do outro. Elena descendo e Damon subindo, sem quebrar o contato visual nem por um segundo.

Sorriram ao chegarem juntos no meio da pilha de degraus, nunca uma escada havia parecido tão longa para os dois. Elena manteve-se um degrau a cima, ficando um pouco mais alta do que ele. Sentiu as mãos de Damon suavemente apoiadas em sua cintura, apertando-a com certa hesitação e delicadeza. Dessa vez a sombra sob as velas que descia em encontro aos lábios eram os de Elena para os dele.

Damon sorriu e ela então selou suas bocas ao encontro uma da outra, formando um selinho demorado e sem pressa, onde ambos puderam sentir a maciez e textura daquele contato que finalmente foi conseguido. Damon afastou-se um pouco, olhando dentro dos olhos dela e vendo o mesmo desejo que estavam nos dele, e voltou a colar seus lábios, dessa vez não foi só um selinho calmo e longo. Fora um beijo louco e cheio de luxuria, onde as línguas de cada um puderam se encontrar e vagar por suas bocas, matando toda aquela curiosidade e saciando seus desejos, ao menos por agora.

Elena não sentia essa sensação quente dentro de si, desde quando saiu de Nova Iorque. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia-se no seu lugar, sentia-se que deveria estar exatamente ali, no lugar certo na hora certa. Sentia-se em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ufa, até cansei gente. Bom, espero que gostem. Desculpem os erros é que não deu tempo de corrigir... Tenho um comunicado em especial para fazer, esse capitulo foi muito importante para mim escrever, teve horas que eu até chorei e demorou bastante eu fiquei uns 4 dias escrevendo; Então hoje em comemoração a esse capitulo eu peço para que todos vocês que acompanham a fic e que tem conta no nyah, por favor, comentem... Só hoje eu peço isso. Somente hoje, por favor. Foi muito especial pra mim e eu espero que seja pra vocês também. Por favor, comentem... todos vocês. Estou muito feliz e espero a presença de todos nos comentários, como eu disse, é só por hoje, se não quiser comentar nunca mais, tudo bem, mas hoje, por favor.

Essa é a roupa da Elena no capitulo

http://lushacessorios.com.br/vestido-manga-longa-branco-de-renda-com-as-costas-de-fora-e-saia-rodada

E esse é o sapato.

http://www.oqvestir.com.br/sandalia-metalizada-tiras-dourada-34945.aspx/p

89 leitores, 10 recomendações e 44 favoritos depois... Está aí. Beijos pessoal, até a próxima semana, POR FAVOR COMENTEM... SÓ HOJE.
E aqui tá a tradução da música, caso alguém esteja interessado.
http://letras.mus.br/kreviazuk-chantal/21904/traducao.html