POV Edward

O dia estava amanhecendo e eu permanecia acordado olhando o céu pela janela.

Eu tinha acordado por volta das 4 da manhã e não consegui voltar a dormir. Estava muito nervoso.

Nervoso por que hoje seria a minha entrevista de emprego, minha e do meu pai também. Nervoso por que hoje a minha vida provavelmente mudaria. E nervoso por que eu percebi que estou completamente apaixonado por Isabela.

E isso esta me deixando louco. Eu não sei como vou fazer, minha mente só pensa nisso. Tenho medo de deixar ela perceber e que isso acabe por deixá-la zangada comigo. Ou pior, que ela ache que eu quero me aproveitar dela ou de tudo que ela fez por nós.

Olho para o relógio e percebo que já são 7 da manhã.

Levantei e arrumei o sofá, quando estava indo para a cozinha Bella desceu as escadas.

– Bom dia Edward. Acordou cedo. Pensei que fosse dormir até mais tarde.

Ela tinha um sorriso lindo. Ela toda era linda.

– Bom dia Isabella.

– Quando vai começar a usar o apelido que sua irmã me deu?

Ela disse rindo e tomando minha frente para ir a cozinha.

– Gosta de Bella?

– de ombros.

– Combina com você. _ falei sem pensar.

Ela me olhou espantada pelo comentário e logo corou deliciosamente. Minha mão coçou para acariciar aquele rosto corado, mas consegui me segurar.

– Me ajuda a preparar o café? _ ela perguntou mudando de assunto.

– É só dizer o que tenho que fazer. _ falei solicito

– Pode ir espremendo as laranjas para o suco?

Peguei tudo que ia precisar e comecei a ajudá-la. Nós não conversamos muito durante o preparo do café. Na verdade eu estava praticamente mudo. Depois de arrumar toda a mesa para o café eu me ofereci para chamar minha família pra o café.

Subi as escadas rapidamente e entrei no quarto encontrando todos já acordados.

– O café já esta pronto!

– Nós já íamos descer. _ minha irmã respondeu.

– Podem ir que eu já vou.

Fui ao banheiro e resolvi tomar um banho para me acalmar um pouco. Eu estava parecendo a droga de um adolescente.

Enrolei um pouco no banho mas decidi que não poderia ficar ali para sempre. Fechei o chuveiro e me sequei me vestindo em seguida.

Desci as escadas e encontrei todos já terminando o café.

– Nós já vamos filho. _ meu pai anunciou.

– Tome pai. _ Falei lhe entregando as chaves do carro.

– Obrigada filho, vou aproveitar e levar Alice também.

– E você mãe?_ perguntei vendo que minha mãe também se levantava.

– Vou junto com Alice, talvez haja algo na creche que eu possa fazer, quem sabe até mesmo ajudar na cozinha.

– Mãe, você deveria descansar um pouco, tem passado por muita coisa, deixa que se tudo der certo, a senhora não vai precisar trabalhar.

– Deixa de bobeira Edward. Eu vou ficar radiante se puder trabalhar. É tudo que mais quero agora, ter uma chance de ajudar a recuperar tudo que tínhamos.

Minha mãe estava com os olhos brilhando de felicidade, todos ali estavam na verdade.

Todos estávamos emocionados. Então Bella puxou assunto para poder quebrar o clima estranho que ficou.

– Então.... tem certeza que não quer que eu vá junto Carlisle? Para mostrar o caminho ou mesmo para......

– Não se preocupe minha filha, você já fez de mais por todos nós, pode deixar que nos ajeitamos com tudo.

Então meu pai puxou Isabella para um abraço apertado e murmurou algo em seu ouvido. Ela apenas acenou com a cabeça e sorriu de volta.

– Você vai agora filho?

– Não pai, a minha entrevista esta marcada para as duas da tarde.

– Tudo bem, a essa hora já devo estar aqui. Nos vemos mais tarde.

– Boa sorte para todos vocês. _ digo com toda sinceridade do mundo.

– Nossa vida já começou a mudar Edward. Eu sei disso. _ Alice disse me dando um beijo no rosto.

Fiquei na porta olhando eles entrarem no carro e percebi que tanto Alice quanto minha mãe vestiam vestidos bonitos, provavelmente de Bella, roupas novas e não pareciam ser baratas. E ela emprestara assim a pessoas que nem conhecia direito. E a roupa do meu pai também, parecia muito elegante, uma calça social cinza, uma blusa preta e um paletó preto também. Sapatos pretos, ele estava muito parecido com o homem que era a mais de dois anos atrás.

Então a voz de Isabella me tira dos meus pensamentos.

– Eles vão conseguir o trabalho Edward, não precisa se preocupar.

Me virei pra ela já fechando a porta.

– Muito obrigada mais uma vez, eu nem sei o que dizer.

– Não diga nada, seja feliz e reconstrua a sua vida. Assim já estará me agradecendo.

Tive vontade de abraçá-la mas me contive mais uma vez.

– Bom, já que ainda tenho tempo de sobra eu acho que vou cortar sua grama.

– Edward, por Deus! Quando vai entender que não precisa trabalhar para mim. Eu não quero que faça nada só por que estou lhe ajudando.

Ela parecia zangada enquanto falava.

– Foi você quem me disse que eu deveria retribuir um dia por tudo que você esta fazendo por todos nós, ajudando outras pessoas, então?! Vou começar por ajudar você.

– Cortando minha grama?

– Sim, se não daqui a pouco vai haver lobos e leões da montanha se mudando para essa mata que esta se transformando o seu gramado.

Começamos a rir da minha brincadeira.

– Esta um pouco grande não é?

– Um pouco é bondade sua. Acho que dá até para soldados se camuflarem ali.

– Deixa de exageros. _ ela disse me dando um soco de leve no braço.

– Digamos que eu e o cortador de grama não nos entendemos muito bem. _ ela disse sem graça.

– Então eu vou ser o intermediário entre vocês dois. Eu já volto ok?

– Tudo bem, você já sabe onde esta tudo, enquanto isso vou arrumar lá em cima.

Ela logo subiu as escadas e eu fui até o porão buscar o cortador.

[...]

Já fazia uma hora que estava trabalhando no gramado de Bella. Eu não havia exagerado muito não, a coisa estava feia ali. E também tinham as plantas e flores que estavam precisando de uma atenção. O sol, por incrível que pareça, estava brilhando forte hoje, o que junto com o esforço me fez suar, então mais uma vez eu tirei a camisa ficando apenas de calça jeans trabalhando.

Parei por um momento para descansar e ao olhar o céu e tenho a impressão de ver a cortina de uns dos quartos balançando.

Será que Isabella estava me olhando?

Olho para meu corpo e percebo que estou com o peito coberto por uma fina camada de suor. Fico constrangido por ter sido pego assim, mas também me lembro de que essa já é a segunda vez que ela fica olhando meu corpo. Será que a agrado?

Olho para o jardim e vejo que já acabei o serviço, guardo todas as ferramentas que usei e resolvo guardar o cortador de grama também. Ao subir de novo decido tomar um banho antes de qualquer outra coisa, mas Bella me chama da cozinha.

– Estou aqui.

– O almoço esta pronto Edward. _ ela diz sorrindo, mas ao se virar e me encarar o sorriso some de seus lábios.

A vejo descer os olhos pelo meu corpo e engolir em seco como da primeira vez, então rapidamente ela volta a mexer nas panelas.

– Melhor você tomar um banho antes de comer, pode ir eu te espero.

Eu apenas concordo com um aceno e vou para o banheiro. Deixo a água descer pelo meu corpo enquanto penso nas reações que Isabella tem perto de mim. Já é a segunda vez que a vejo ficar nervosa comigo e por um lado isso me anima, mas por outro, ela apenas reage ao meu corpo, e não é isso que eu queria. Isso me deixa de certa forma triste, pois se ela viesse a gostar de mim eu queria que fosse pelo que eu sou e não pelo que eu pareço.

Saí do banho e vesti uma bermuda qualquer e antes de colocar uma camiseta eu resolvo me olhar no espelho.

Eu sou alto, aproximadamente 1,90, cabelos da cor cobre( que eu detesto, mas minha mãe diz que é lindo), olhos verdes. Meu corpo é malhado devido a anos de academia, mas prestando bastante atenção agora eu percebo que estou mais musculoso agora do que quando malhava. Talvez por que agora eu pego peso constantemente, e vivo fazendo trabalhos manuais e pesados. Meu abdômen é definido e tem algum gominho como as mulheres chamam, meus braços tem músculos definidos, nada como um halterofilista, mas mesmo assim sei que chamam atenção. Minhas pernas também são grossas. Fisicamente falando, pelo menos agora que voltei a vestir roupas limpas, eu sei que sou desejável a qualquer mulher, mas com ela é diferente. Ela sabe tudo que houve comigo, sabe que moro nas ruas, que não tenho nada a oferecer e que talvez não tenha nenhum futuro.

Então batidas leves chamam a minha atenção.

– Já acabou de se admirar ou ainda vai demorar muito. _ ela pergunta divertida.

– Er.... não eu não estava..... quer dizer.....

Eu fico sem saber o que dizer por ter sido pego me admirando como se fosse uma noiva se arrumando para o casamento.

– Eu estou brincando seu bobo, vim te chamar, a comida vai esfriar.

– Vamos descer. _falei colocando uma camiseta e descendo com ela.

Almoçamos em silencio, agradável da parte dela e constrangedor da minha parte. Já estávamos quase acabando quando ela resolve falar.

– Você é um homem muito bonito.

– O que? _ pergunto me engasgando com a comida.

– Eu vi você se olhando lá no quarto, estou dizendo que para mim você é um homem muito bonito.

– Obrigada. _ falei quase enterrando minha cara no prato.

Ela deu um sorrisinho e voltou a comer. Então pensei que talvez fosse a hora de tentar descobrir um pouco sobre ela.

– Acha mesmo que sou bonito?

– Acho sim.

– Você também é linda!_ digo sincero e a vejo corar de vergonha.

– Viu só como é bom ficar constrangido?!_ digo debochado.

Ela zangada me taca o guardanapo bem na cara.

– Isso não tem graça. _ ela diz fazendo um biquinho irritada.

– Desculpe, mas é verdade, você é linda.

– Obrigada. _ ela diz completamente sem graça.

– E então? Já estou aqui a dois dias e nem sinal de nenhum homem. Não tem namorado?

Pergunto casual , mas estou morrendo de curiosidade e logo percebo que ela fica toda desconfortável com o assunto.

– Desculpe, não é da minha conta.

Murmuro e volto a comer. Mas logo ela solta um suspiro e resolve falar.

– Você não fez mal em perguntar, é só que esse é ....... um assunto complicado.

– Namoro complicado? _ eu chuto.

– Sim.

Então isso me deixa triste, mais uma vez percebo que não tenho nenhuma chance com ela.

– Na verdade, é um ex-namorado complicado.

O assunto fica mais interessante e me vejo afastando o prato e esperando que ela comece a falar. Logo ela me imita e começa.

– Eu nunca fui do tipo namoradeira Edward. Tive uns 4 namorados em toda a vida. Se bem que um não conta muito, foi na época do orfanato e tudo que fazíamos era andar de mãos dadas. _ ela falava com um sorriso nostálgico no rosto.

– Quase todos meus namoros foram curtos, nada muito grandioso. Mas o meu último namorado foi diferente, nós nos conhecemos no meu último ano do colegial, ele é filho de um amigo do meu pai, mas não morava por aqui e sim com a mãe, só o conheci quando se mudou para a casa do pai, logo começamos a namorar, mas quando chegou a época de ir para a faculdade terminamos. Achamos que um namoro a distancia não seria legal, mas combinamos de quando a faculdade acabasse, se eu estivesse sozinha e ele também nós tentaríamos de novo. Bom, eu não levei muito a sério, mas ele sim, e quando eu voltei para casa formada ele não demorou em me procurar. Retomamos a amizade e em um mês estávamos namorando de novo. Mas ele estava diferente dessa vez. Possessivo, ciumento. Chegamos a terminar algumas vezes mas ele sempre voltava arrependido e pedia mais uma chance. Mas então, depois da morte de Charlie ele ficou ainda mais obsessivo, queria mandar em mim.

Ela ficou calada um pouco, depois logo voltou a falar.

– Você ainda não me conhece, mas eu sou muito temperamental, faço o que quero e não gosto de receber ordens. Ainda mais de namorados ciumentos.

Ela disse fazendo careta.

– Ele cismou com um médico do hospital onde trabalho, começou a querer me levar e buscar no trabalho em todos os plantões. Era desagradável e por varias vezes ameaçou brigar com o Eric.

– Eric?_ questionei.

– O médico que ele tem ciúmes, mas nós somos apenas amigos, ele é noivo coitado, nunca se quer me olhou desse jeito, tudo sempre foi coisa da cabeça ciumenta do Jacob, então a dois meses atrás ficou tudo insuportável, e ele se instalou aqui em casa.

– Como assim? _ perguntei realmente confuso.

– Um dia cheguei do meu plantão no hospital e o encontrei aqui, de mudança e tudo. Ele já estava instalado no meu quarto. Quando perguntei o que significava aquilo ele disse que estava se mudando para cá, que moraríamos juntos. Eu não aceitei aquilo, nós nunca nem chegamos a falar sobre morar juntos. Então ele ficou com raiva e disse que se eu não aceitasse morar com ele que estava tudo acabado entre nós. Eu o mandei ir embora e tudo acabou.

Ela suspirou e olhou para mim.

– Naquela mesma noite eu me perguntei por que não estava triste com o termino do namoro. Quer dizer, eu estava aliviada entende? E não era isso que eu deveria sentir depois de terminar um namoro que no total durou mais de 2 anos. Foi quando eu entendi. Eu nunca amei o Jacob, ele era apenas o meu amigo. Foi tudo uma confusão de sentimentos que eu por comodidade nunca percebi. Então quando ele me procurou uma semana depois pedindo desculpas e pedindo para voltar eu não aceitei e isso o enfureceu. Ele passou a me perseguir, no trabalho, em casa, cheguei a ter que passar noites em casas de amigas para fugir dele, foi por isso que tirei férias. Eu queria me afastar daqui então fui para casa de uma prima onde passei 3 semanas. Troquei o numero do meu celular, o numero daqui de casa. Eu só espero que com esse tempo ele tenha entendido.

Ela terminou dando de ombros.

Eu estava confuso. Uma parte de mim sentia alivio por ela me dizer que estava livre, mas outra parte de mim estava nervosa, afinal esse cara parecia ser louco, quem garante que ele não voltaria a persegui-la? E ela ficaria aqui sozinha?

– E você não tem medo? Que ele volte?

– Não. Acho que ele entendeu afinal ele não voltou a me procurar desde que cheguei, já fazem 3 dias.

– Não deve ficar sozinha ou andando sozinha por aí.

– Eu sei me cuidar, pode deixar. Mas obrigada pela preocupação Edward._ ela disse com um sorriso tímido.

– Mas e você? Muitas namoradas?_ ela parecia genuinamente curiosa.

– Não muitas, acho que só tive uma namorada firme e foi também no último ano do colegial.

– Nossa, depois mais nenhuma? _ ela parecia surpresa.

– Bom, na época da faculdade eu não queria saber de compromisso sabe? Aquela fase onde os caras só querem....

– Sexo casual? _ ela perguntou com um sorriso.

– Bom, eu ia dizer noitadas, mas acho que no fundo é isso mesmo. Não que eu me orgulhe disso, mas na época eu só pensava que uma namorada iria atrapalhar e muito a minha vida.

– Hoje pensa diferente?_ ela parecia muito interessada.

– Sim, nesses dois anos eu senti muita falta de um ombro amigo, de alguém para conversar, desabafar, ou mesmo de um abraço e um beijo sem cobranças ou expectativas. Não que uma namorada iria ficar comigo nas condições que eu me encontro. _ eu digo realista.

– E por que não?

– Fala sério Bella, que mulher namoraria um cara de rua?

– Qualquer uma que se apaixonasse por você! _ ela disse revirando os olhos.

– Bella a paixão só vem com o tempo. Que mulher perderia seu tempo comigo? Um cara que não tem futuro e nada a oferecer.

– Bom, pensando assim acho que nenhuma!_ ela disse dando de ombros

Eu sabia que era verdade, mas ouvir a confirmação dela me machucou.

– Nossa, valeu o banho de sinceridade._ falei sarcástico.

– Eu não disse que é o que eu acho. Disse que pensando como você fica difícil. O seu maior problema é você mesmo Edward, você é muito preconceituoso com você mesmo. Será que não enxerga a pessoa maravilhosa que você é?

– E o que tem de maravilhoso em mim? _ perguntei em desafio.

– Nossa, você é um idiota que não se enxerga mesmo! Será que não vê tudo de bom que tem em você? Você tem inúmeros problemas e se preocupa comigo. A 5 minutos atrás estava todo preocupado com o fato de eu morar sozinha ou dirigir sozinha por aí. Se preocupa em concertar as coisas na minha casa e a deixar bonita. Gosta de conversar comigo, é amável comigo, mostra gratidão quando tem tudo para ser uma pessoa rancorosa e fria. É um irmão maravilhoso, tinha que ver o desespero em seus olhos no dia que chegou. É um filho exemplar. A maioria dos homens da sua idade teria virado as costas para o seu pai e continuaria com sua vida na faculdade. Você é um homem único Edward. Tem inúmeras qualidades e eu tenho certeza de que a maioria eu nem sei ainda. Teria que conviver uma vida com você para descobrir.

Ela dizia sincera.

– Qualquer mulher de valor percebe logo o homem maravilhoso e incrível que você é, independente de você ter dinheiro ou casa, você tem um coração, uma alma linda.

Então antes que eu percebesse ela acariciava meu rosto.

– Você é lindo por dentro e por fora Edward, nunca duvide disso. Qualquer mulher ficaria honrada em ser sua namorada. Você tem tanto direito de ser feliz como qualquer outro homem.

Então do mesmo jeito que sua mão tocou meu rosto ela se afastou.

– Nunca se esqueça disso.

– Vou tentar me lembrar Bella. _ então eu respirei fundo e tomei coragem.

– Mas talvez eu precise que você me lembre sempre disso. Você vai ficar ao meu lado para me lembrar?

– Ficarei ao seu lado pelo tempo que quiser. Para sempre.

Então um sorriso doce apareceu em seu rosto.

– Amigos são para isso. _ ela completou.

– Claro. _ digo sem graça.

– Bom, melhor me arrumar, já esta na hora de ir para a entrevista.

Então eu me levanto e vou para o quarto pensando em tudo que ela me disse. Será que eu teria chances com ela?

[...]

– E então?

Eu havia acabado de chegar da entrevista de emprego com o Emmett, amigo da Bella. Todos estavam ansiosos por respostas, mas a Bella estava me esperando na porta de casa e mal estacionei o carro e ela correu para mim.

Por um segundo eu achei que ela fosse se jogar em meu colo, mas no último minuto ela parou e pareceu meio constrangida e me perguntou como havia sido.

– Bom...... _ eu comecei a falar e parei coçando a cabeça, queria fazer um suspense para ela.

– Ah, pelo amor de Deus Edward, diz logo, a Bella já estava aqui fazendo buracos no chão de tanto andar de um lado para outro ansiosa por você chegar. _ Alice disse logo atrás de Bella.

Olhei para Bella que agora parecia um pimentão de tão vermelha e minha vontade de tocar seu rosto veio com força total. Não me contive a tempo e acariciei suas bochechas rubras.

– Estava preocupada comigo?_ perguntei carinhoso

– Sim. Ansiosa na verdade. _ então ela tirou minha mão de seu rosto e a segurou. _ diz logo Edward. Como foi?

Então por um instante eu me esqueci de tudo a pegando no colo e a girando no ar.

– Eu consegui o emprego Bella!!!!!! Eu vou trabalhar. Ter um salário!

Ficamos todos rindo até que eu me dei conta de que ainda a abraçava. Gentilmente e lentamente fui me soltando dela e comecei a contar como havia sido tudo. Eu tentava disfarçar e acho que estava conseguindo, menos por Alice que me lançava olhares a cada dois minutos como se dissesse ~ Eu já entendi tudo Edward. ~

Estávamos todos sentados na sala conversando animadamente. Hoje havia sido um dia incrível para todos nós. Todos havíamos conseguido empregos.

Alice trabalharia mesmo na creche e já havia até dado entrada na papelada do colégio. Ela começaria a estudar no próximo semestre.

Minha mãe que havia ido junto acabou conseguindo não uma vaga como ajudante de cozinha como ela pensou e sim como uma das supervisoras da área dos bebês. Afinal, ela era uma mulher madura e com filhos e isso contava e muito como experiência e assim ela estava qualificada para o cargo.

Meu pai também havia conseguido a tal vaga como químico. Começaria o trabalho na próxima segunda.

E eu? Bom, depois de eu ter sido ameaçado, interrogado e quase torturado por um homem que mais parecia um urso feroz que atende pelo nome de Emmett, fui aceito para o cargo. Eu seria o gerente da pequena concessionária/oficina mecânica. Era um trabalho simples, mas que necessitava de alguém de total confiança, uma vez que mexia diretamente com dinheiro e teria total acesso a todas as chaves e sistema de segurança do lugar. Eu também começaria na próxima segunda. E o salário era maravilhoso! R$ 4000,00 Dólares.

Emmett ainda havia pedido desculpas dizendo que no momento não tinha como me pagar mais, mas prometeu em breve um aumento. Eu não podia estar menos preocupado com isso. Isso era muito mais do que o dobro do que eu ganhava como funcionário de lanchonete. Mesmo com minhas horas extras. Sem contar que agora que todos estavam trabalhando eu não precisaria dar todo meu dinheiro. Poderia começar a guardar e pensar no meu futuro também. Poderia voltar a sonhar.... poderia tentar ter um futuro com.......

– Volta pra terra Edward. Esta tão longe maninho.......

Alice dizia rindo me fazendo voltar a realidade daquela sala.

– Deixa ele sonhar Alice. Ele hoje deve estar realizando um sonho.... deixa ele fazer planos._ Bella disse me defendendo.

– Bella tem razão Alice. Deixa seu irmão viajar na felicidade. A vida tem sido muito dura pra ele, deixa ele curtir isso um pouco, ele merece.

Eu ri junto com todos e me desculpei por ter me afastado da conversa. Voltei a fazer parte do assunto e deixei para sonhar mais tarde.

{...}

Naquela noite todos jantamos animados. A confraternização foi até quase meia noite, quando percebemos que já era tão tarde. Todos fomos dormir para descansar para a mudança do dia seguinte.

Sim, nós decidimos que já estava na hora de ir embora. 3 dias abusando da boa vontade de Isabella já era demais.

Eu não havia contado a ela quando cheguei, esperei que ela fosse para seu quarto para contar aos meus pais e a Alice. Emmett havia me oferecido uma pequena casa que ficava atrás da oficina. Era uma espécie de casa para caseiro ou vigia noturno, mas estava vaga no momento. Como ele sabia da minha situação ele me levou lá para mostrar e me ofereceu para que eu morasse ali com minha família. Não era nada grande como ele havia comentado, mas servia muito bem para quem já havia dormido no carro por noites seguidas. Era uma modesta casa com dois quartos, uma cozinha, um banheiro e uma sala pequena. Era tudo pequeno e simples mas era tudo limpo e mobiliado com coisas simples mas conservadas.

Emmett havia me oferecido para ficar ali até ter condições de alugar algum lugar para minha família, mas eu percebi que na verdade ele estava incomodado pelo fato de estarmos todos na casa de Isabella. E eu não podia tirar a razão dele, quem gostaria de saber que sua melhor amiga que mora sozinha acolheu 4 moradores de rua que ninguém nunca viu na vida? E eu ficava feliz por ela ter um amigo assim. E embora doesse meu peito eu sabia que já estava na hora de sair da casa dela. Conversei com meus pais e Alice e decidimos que iriamos embora no dia seguinte.

Já a tarefa de comunicar isso a Isabella não foi tão simples. Ela se negou a aceitar tal coisa no inicio. Perguntou o que estava nos faltando ali. Se ela tinha feito algo errado ou se estávamos chateados com algo. Demorou para ela entender que nós tínhamos que seguir com nossas vidas. Que ela já havia feito muito por todos nós e que de agora em diante nós tínhamos que caminhas por nós mesmos. Ela relutou, relutou mas acabou aceitando. Ela e Alice se abraçaram e choraram um pouco, acho que a amizade daquelas duas seria muito grande realmente. Com meus pais também não havia sido diferente. Todos não sabíamos o que teria acontecido em nossas vidas se Isabella não tivesse entrado nelas.

Mas estranhamente eu havia me mantido afastado nessa hora e Isabela também não fez menção de vir falar comigo. Eu estava nervoso e com medo. Com medo de tentar falar algo com ela sobre o que sentia e ser rejeitado e medo de me afastar dela e perder a chance de ser algo a mais que um amigo. Eu não sabia o que fazer.

Fui beber um copo de leite para ver se me ajudava a dormir. Mas quando entrei na cozinha dei com a porta dos fundos aberta. Assustado fui ver se tinha alguém lá fora e vi Isabella sentada um uma das cadeiras que havia ali olhando pra o céu.

Me aproximei dela e falei baixo para não assustá-la.

– Você não tem noção do perigo? Aqui fora..... sozinha e de madrugada?

Ela não disse nada. Apenas começou a negar com a cabeça e a sorri. Olhou para o chão e disse baixinho.

– Vou sentir falta disso.

Percebi que ela se referia ao fato de eu sempre ficar me preocupando com ela.

Nessa hora meu coração disparou e eu me aproximei dela e me sentei de frente para ela.

– Também vou sentir sua falta Bela. Muita. Acredita em mim?_ perguntei olhando em seus olhos.

– Mas você vai embora._ ela choramingou. _ todos vocês vão.

– Bela_ a chamei e segurei seu rosto para que me olhasse. _ Você precisa me entender. Nós precisamos ir, precisamos viver por nós mesmos. Você nos deu mais do que uma ajuda. Você nos deu um alicerce para podermos nos reerguer, agora é com a gente. Se não fizermos isso por nós mesmos ........ não vai ser a mesma coisa entende. Precisamos agora não depender de ninguém para poder seguir em frente.

– Mas vocês não dependeriam de mim, estariam aqui, morando comigo como amigos.

A palavra amigo me fez soltar o rosto dela e respirar fundo antes que fizesse alguma besteira.

– Eu sei, você é um anjo e não duvido nada que nos deixaria morar aqui para sempre, mas não pode ser assim.

Ela já ia abrir a boca para argumentar, mas eu a interrompi.

– Nós precisamos recuperar o nosso orgulho Bella. Todos nós temos sonhos, temos metas. Eu para ser sincero não sei qual é a deles, mas sei qual é a minha, e eu quero muito.... muito alcançá-la, mas só vou poder fazer isso quando eu for totalmente independente. Me deixe fazer isso..... me ajude a conseguir o que eu mais quero na vida._ eu pedi de uma forma tão intensa que eu mesmo me assustei ao ver o quanto eu precisava dela.

– E o que é? Você nunca me disse nada sobre um sonho. _ ela parecia curiosa.

Me afastei dela e soltei uma risadinha.

– Prometo que se eu conseguir você vai ser a primeira a saber.

Ela sorriu, mas logo voltou a ficar triste.

– Sabe, por muito tempo sempre fomos meu pai e eu nessa casa. E depois..... quando fiquei sozinha...... eu nunca tinha reparado em quanto era solitário.... Até agora..... ter a casa cheia depois de tanto tempo sozinha. Ter sempre alguém para conversar, alguém para se preocupar comigo.... é estranho ver o quanto eu precisava disso.

– Ei... eu vou continuar me preocupando muito com você. E pode ter certeza de que não vou ser o único. Você estará em nossas vidas para sempre Bella. Não tem jeito, você não vai conseguir se ver livre de nós agora. Nós só vamos nos afastar um pouco para conseguir de volta o nosso orgulho próprio, mas nos afastar de você? Nunca. Eu prometo.

Ela sorriu e me abraçou.

Ficamos mais uns minutos ali fora em silencio, só observando o céu. Então decidimos entrar e ir dormir.

A minha vida iria recomeçar no dia seguinte e eu mal podia esperar para tudo se ajeitar e eu poder finalmente dizer a ela tudo que eu sentia. Nesse meio tempo só me restava ter fé de que ela iria me dar uma chance de conquistá-la.

Continua.....