Além das lembranças. escrita por Amanda Rodrigues


Capítulo 8
Capítulo VI - Atração incontrolável


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Como estão?
O capítulo de hoje iria ser bem longo, mas decidi postar apenas uma parte dele para não ficar muito cansativo para vocês. Eu sei que a vida é corrida e nem sempre a gente pode se dedicar a ler um capítulo enorme. A notícia boa é que não irei demorar muito para postar uma continuação.
Espero que gostem da leitura!



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Quando retornei ao palácio, me tranquei no meu quarto. Era estranho estar ali depois de tudo o que tinha acontecido. Ao longo do caminho de volta, eu imaginei que, ao ficar sozinha, lágrimas iriam escorrer incessantemente pela minha face. Mas isso não aconteceu. Meus olhos estavam secos. 

Contudo, isso não significava que havia paz em meu interior. Uma multiplicidade de sentimentos se agitava dentro de mim. Medo. Angústia. Desespero. Tudo se misturava formando um nó. Sesshoumaru iria morrer?

Não, isso não pode acontecer.

Como o fogo estava apagado, o cômodo encontrava-se frio e o meu corpo tremia de horror e fraqueza. Eu sabia que minha exposição à energia maligna iria gerar consequências. Eu só não esperava que essas consequências viriam tão depressa. Cada movimento que executava era penoso e, mesmo depois de ter acendido o fogo, o frio persistia. Era como se a frialdade daquela noite invernal tivesse se instalado nos meus ossos.

Sentada em frente ao fogo, fui dominada por uma forte náusea. Respirar era uma tarefa dificultosa. A sensação era de que os meus pulmões estavam em chamas. Enrolei-me com uma manta de pele de cervo. Apesar disso, meu corpo continuou gélido e trêmulo.

Minutos depois, senti um líquido viscoso escorrer de meu nariz. Quando conferi, descobri que se tratava de um filete de sangue. Logo, uma forte sonolência me acometeu. Minha vista ficou turva e minhas pálpebras, pesadas.

Lutei contra o desejo irrefreável de dormir. Entretanto, perdi a batalha. Logo, meu corpo caiu entre as almofadas espalhadas no chão e minha mente mergulhou numa escuridão apavorante. 

Durante o período em que estive imersa no breu, foi como se uma vida inteira tivesse se passado. Por um momento, cheguei a pensar que estivesse morta. Mas, não era o caso. A morte não proporcionaria tanto sofrimento, disso eu tinha certeza, pois convivi com sábias sacerdotisas que estudavam a espiritualidade e os mistérios do Além-Morte. 

Por muitos dias, permaneci embrulhada no futon, lutando contra a febre e a falta de ar.  Às vezes, eu sentia alguém forçando uma bebida amarga pela minha garganta. O sabor repulsivo das ervas que eram utilizadas para curar a febre me fazia querer vomitar, mas meu corpo estava exausto demais até para isso. Em outras ocasiões, eu sentia um pano úmido sendo colocado sobre minha testa.

Certa vez, ouvi um diálogo próximo a mim. Eu não tinha certeza se ele fora real ou fruto de um delírio. 

"Ela vai sobreviver, Venerável?", perguntou uma voz feminina.

Era o timbre Arina. Eu queria falar, mas não podia. Estava num estado de semiconsciência. 

"É provável que sim, minha senhora. A energia maligna lhe fez mal. Mas em breve irá se recuperar",  respondeu alguém do sexo feminino e de voz rouca. Concluí que era a Grande Bruxa. "É importante que continuem lhe dando as ervas".

Ouvi Arina soltar uma respiração.

"Que os Deuses nos ajudem!", murmurou ela, entre dentes. "Gostaria de saber que tipo de maldição é essa que paira sobre mim. Inu No Taisho foi seduzido por uma humana, agora meu próprio filho..."

"O coração tem os seus mistérios."

"Eu achei que seria diferente com Sesshoumaru", confessou Arina. "Eu o criei para que nunca se deixasse levar por sentimentos tolos. Eu o moldei para que não se tornasse como o seu maldito pai, mas... A cada dia que passa ele se torna mais parecido com Inu No Taisho".

"Senhora...".

"É tudo tão igual... Olhe só para essa menina, ela não se parece com Izayoi?"

"Senhora Arina, se me permite, está se deixando levar por sentimentos tolos neste exato instante.", observou a Grande Bruxa.

"O quê?".

"O ciúme, senhora, é um sentimento tolo."

Ao longo do período em que estive enferma, fui acometida por estranhos delírios e sonhos fantásticos. Um deles chamou minha atenção. Eu estava subindo uma imensa escadaria no alto de uma montanha. Uma neblina pálida e densa dificultava a visão. A sensação era de estar indo ao coração do inverno.

Mesmo sem saber onde as escadas iriam me levar continuei subindo. E então, para a minha surpresa, percebi que trajava vestes de sacerdotisa. Não fazia sentido nenhum. 

Quando finalmente atingi o topo da montanha, fiquei diante de dois pilares vermelhos. Era um templo. O lugar estava vazio, como se, há muitos anos, tivesse sido abandonado. Empoleirada em cima dos mastros, como um gato, havia uma majestosa raposa branca.

Certamente, não era uma raposa comum e sim, um youkai. A criatura me encarava com orgulho e serenidade. Era um ser impressionante. Existia algo de divino nele e eu quase cedi ao impulso de fazer uma reverência. 

Notei que havia símbolos sagrados espalhados pela sua fronte e suas caldas (a raposa possuía mais de uma) eram sopradas pelo vento. 

Por um instante, lembrei-me das palavras da Grande Bruxa sobre os Youkais do Norte e senti medo dela. E antes que eu pudesse me comunicar com a criatura, o sonho terminou. 

Certo dia, depois do que me pareceu ser uma eternidade, despertei. 

A princípio, a primeira imagem com a qual me deparei a foi do teto do quarto. Senti uma umidade atípica em minha testa e levei a mão ao local. Eu não sabia se era água ou suor. Assim que fiz o movimento, ouvi um som de sobressalto no quarto e logo avistei um rosto branco pairar acima do meu. 

Era Yuriko. Ela me fitava com uma expressão de espanto. 

— Senhorita! Ah, graças aos deuses! Finalmente despertou! — exclamou ela, com um sorriso.

Tentei me sentar, porém meu corpo ainda estava debilitado. Havia um gosto desagradável em minha boca. Provavelmente, por conta das ervas.

— Por favor, Yuriko, ajude-me a sentar — pedi.

Ela o fez. Sentada, eu olhei ao redor e me dei conta de que havia um futon ao lado do meu. Era de Yuriko? Se sim, ela decerto ficara ao meu lado durante todos os dias em que estive doente. Observei que o cômodo continuava o mesmo, mas possuía um aroma incomum que julguei ser de chá e ervas. 

— Permaneça deitada e não se mexa, senhorita — instruiu a serva. — O seu corpo ainda está fraco. Precisa continuar descansando.

— Por quanto tempo fiquei desacordada?

— Uma semana — respondeu Yuriko. 

Fiz uma careta.

— Ah, deuses! Tempo demais!

— Não deve se incomodar com isso. O importante é que está bem. Estávamos todos preocupados com o seu estado de saúde, principalmente o senhor.

Senti um solavanco no estômago.

— Sesshoumaru? Por acaso ele... Veio me visitar? — perguntei.

— Ah, sim. Todos os dias. Ele sempre pergunta como a senhorita está — informou Yuriko. — Agora vou pegar o seu remédio.

Fiz novamente uma careta. 

— Por favor, Yuriko, poupe-me dos chás e das ervas por um momento e providencie para mim uma refeição de verdade. Estou faminta — implorei.

Yuriko fez uma reverência para mim.

— Sim, senhorita. Vou até a cozinha e pedirei para providenciarem — disse ela. — Também irei comunicar ao senhor que já está desperta. Ele pediu para ser avisado.

Assenti. Então, eu iria encarar Sesshoumaru. Será que eu podia voltar a dormir? 

Sem dúvidas, ele não estava nada satisfeito com a confusão que aprontei no dia da celebração. Fiquei alguns minutos pensando no que eu iria dizer a ele. Não tentaria justificar minhas ações porque não existia nenhuma justificativa plausível. Eu iria assumir o meu erro e lidar com as consequências dele. Era isso. 

Quando a porta de correr do meu quarto foi arrastada, eu olhei ansiosa esperando ser Sesshoumaru, porém não era. Para o meu alívio, era uma serva trazendo uma bandeja com o meu café da manhã. Sorri, alegre. 

Havia uma variedade de alimentos, como sopa, pão, ovos. Fiz a refeição com um apetite voraz. Assim que Yuriko retornou aos meus aposentos, perguntei para ela sobre Sesshoumaru. A meio-youkai pediu para Jaken comunicá-lo sobre o meu despertar. Ela não o fez, pois ele estava em audiência em seu salão de guerra.

"Sesshoumaru já está se preparando para o confronto", pensei. 

No decorrer do dia, tentei lidar com o tédio da melhor forma possível. Conversei com Yuriko sobre os seus filhos e a administração da limpeza do palácio. Não comentei nada sobre noite da celebração, pois temi falar o que não devia. 

Em determinado momento, pedi para que Yuriko voltasse para o manso servil, pois eu estava bem e poderia ficar sozinha. Ela já tinha cuidado de mim o suficiente e precisava descansar. 

Relutante, Yuriko deixou o quarto e aproveitei a solidão para refletir sobre tudo o que tinha acontecido até então. Minha vida mudou completamente desde que eu passei a morar no palácio de Sesshoumaru. Eu não queria ir embora, mas sentia saudades dos meus amigos da aldeia e precisava conversar com Vovó Kaede. Ansiava pelos conselhos dela. Agora mais do que nunca. 

Como meu corpo ainda estava abatido, adormeci. No entanto, algo, talvez a intensidade do olhar de alguém, me fez acordar. 

Quando abri os olhos, deparei-me com a figura elegante de Sesshoumaru. Ele me fitava com um semblante inflexível. A sua presença parecia preencher todo o cômodo. Há quanto tempo ele estava ali? 

Assim que o encarei, me senti envergonhada, como uma criancinha que foi pega no flagra cometendo algum desvio. Ao longo do dia, eu tinha ensaiado mil possibilidades de diálogo. Agora que estava diante dele as palavras me escapavam. 

Sentei-me automaticamente no futon. O movimento brusco fez minhas costas doerem, porém disfarcei a dor com um sorriso, o qual, sem dúvidas, saiu forçado.

— Como está se sentindo? — questionou Sesshoumaru, rígido.

— Estou bem — respondi. — Quero dizer... Ainda estou fraca, mas a febre passou.

Um silêncio constrangedor se instalou no cômodo e notei que cabia a mim quebrá-lo. 

— Você deve me odiar agora — falei, quase num sussurro.

Minhas palavras suscitaram a curiosidade de Sesshoumaru.

— Por que eu odiaria?

— Eu desobedeci sua ordem, arruinei a sua noite e interferi no ritual de casamento. Acho que ultrapassei todos os limites.

— De fato, você ultrapassou — concordou o Dai-youkai.

Senti um calor se espalhar pelas minhas bochechas e desviei o olhar para minhas mãos.

— Vai me mandar embora?

— Você quer partir? — ele devolveu a pergunta.

— Não. Claro que não — disse apressadamente. — Senhor Sesshoumaru, eu sinto muito. De verdade. Eu nunca deveria ter saído do quarto. Nunca deveria nem sequer ter pisado no salão principal.

Como ele não falou nada, acrescentei:

— Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente.

Sesshoumaru soltou um suspiro, como se estivesse exausto do assunto.

— Não se culpe tanto. Eu também contribui para que o festim fosse um desastre — falou, por fim. — Sempre desprezei a nobreza youkai, embora eu faça parte dela. A maioria dos nobres não passam de covardes e fanfarrões. Estão mais preocupados com o luxo do que com a honra. Eles não me interessam.

— E as alianças que perdeu? E a sua reputação? — indaguei.

— Sim. Isso será um aborrecimento para mim nos próximos meses. Mas talvez eu possa negociar com daimyos que sempre foram leais ao clã Taisho. Não ficarei isolado. Sempre confiei mais nas alianças antigas do que nas dos daimyos convidados. Quanto a minha reputação... Bem, meu poder fala por mim. Os servos que quiserem deixar os meus domínios estão livres para partir. Os que ficarem terão a minha proteção.

— Entendo... — murmurei, pensativa. — Daisuke pode ser um aliado, certo? A propósito, o que houve com ele? 

Notei que o semblante do Dai-youkai ficou ainda mais sisudo. Ele claramente não havia gostado da minha pergunta.

— O daimyo de Miyake pode ficar em seu palácio. Não gostaria de vê-lo outra vez aqui depois do incômodo que causou — respondeu Sesshoumaru.

—  Foi tudo um mal entendido. Eu juro. Senhor, ele é um amigo querido — disse.

Porém, minhas palavras não pareceram convencer Sesshoumaru que continuou sério.

— Ele ficou muito machucado? — quis saber.

— Não o suficiente — falou Sesshoumaru. — Ele lhe deixou algo. Um presente de despedida. Mandarei um servo trazer.

— Não precisa. Acho que eu mesma posso buscar. Talvez andar me faça bem.

— Rin, não deve se esforçar — repreendeu o Dai-youkai. — Não se esqueça de que você ingeriu uma grande quantidade de energia maligna e que essa energia ainda está no seu corpo.

— É claro. Eu compreendo. Ficarei quietinha aqui. Prometo.

Sesshoumaru lançou-me um olhar desconfiado.

— Você possui um longo histórico de desobediência. Portanto, deixarei uma serva em seu quarto para ajudá-la no que precisar. 

— Certo...

— E Rin...— a hesitação na voz do Dai-youkai me fez ficar atenta. — Há algo que precisamos conversar.

— O quê?

Ele meneou a cabeça.

— Agora não é o momento. Você acabou de despertar depois de uma semana de febre. Quando você estiver recuperada, conversaremos.

— Também há algo que preciso conversar com o senhor — falei, aproveitando a oportunidade. — É sobre a noite do ritual. Alguém foi ao meu quarto. Não chegou a entrar. Mas chamou o meu nome. Era uma voz desconhecida. Essa criatura atiçou-me a sair. Ela me procurou porque queria que eu interferisse.

Sesshoumaru ficou alguns segundos em silêncio, refletindo.

— O feitiço no seu quarto. Pode ter sido a mesma criatura. Tem algum suspeito em mente? — perguntou ele.

— Não. Mas tentarei descobrir. Quando tiver respostas, procurarei o senhor.

O Dai-youkai assentiu. Depois, deu às costas e deixou o cômodo.

* * * 

Assim que Sesshoumaru saiu dos aposentos de Rin, ele teve certeza de que precisava de uma dose de saquê. E depressa.

Era bom ver Rin consciente e falante. Contudo, a incontrolável atração que sentia por ela era um problema. 

Rin era bela e talvez nem soubesse disso. A jovem exalava um aroma de ar livre e campos floridos. Ao contrário das mulheres bem nascidas da espécie humana, ela não possuía aquela palidez doentia (exceto agora que estava enferma) que as damas tanto se orgulhavam. Suas bochechas eram coradas, seus lábios eram rosados, sua constituição física era forte e saudável. Era fácil imaginá-la cavalgando por florestas verdejantes, cabelos salpicados de sol movendo-se ao sabor do vento.

Não era de se surpreender que ele não tivesse resistido a ela na noite do ritual. Nenhuma das jovens youkais eram capazes de rivalizar com a beleza dela. 

E o mais impressionante de tudo isso era que Rin não fazia ideia do que causava nele. Era totalmente alheia, totalmente inocente. 

As armas que manejava a fazia pensar que estava madura. Mas a verdade era que Rin ainda possuía a ingenuidade de uma menina-moça. E ele não desejava corrompê-la, pois, desde que a conheceu, sua prioridade era protegê-la e só de imaginar algum infeliz colocando suas mãos impuras nela fazia com que crescesse dentro dele uma fúria bestial.

Na noite do ritual foi difícil manter-se longe, mesmo após recuperar o controle de sua mente e de seu corpo. Os seus instintos mais primitivos imploravam pelo cheiro da pele dela. Queria possuí-la. Sim, ele sabia que essa reação tinha a ver com o rito. Era o seu lado animal falando e não o racional. Ainda assim, ele a queria. E, por isso, teve uma noite difícil. 

No dia seguinte, acordou irritadiço. Embora pudesse saciar os seus desejos com outra mulher, era ela quem ele queria. Uma substituta só aumentaria sua frustração.

Então, uma serva veio lhe comunicar que Rin foi encontrada desacordada no quarto. 

Sesshoumaru sentiu o sangue gelar. Os deuses sabiam que ela era a coisa mais importante do mundo para ele. Riqueza, castelos, poder. No fim das contas nada disso importava se ela não estivesse bem e viva. 

Será que alguém tinha a envenenado? Ele foi dominado mais uma vez por uma emoção que conhecia perfeitamente: o medo de perdê-la. Os seres humanos eram frágeis. Era muito fácil matá-los. 

Sesshoumaru disparou rumo ao quarto de Rin e, assim que entrou, encontrou-a no chão, desmaiada. Duas servas estavam de pé ao lado do corpo, sem saber o que fazer. Inferno! Por que a deixaram no chão? Por que não a colocaram no futon? 

Sesshoumaru bradou para que saíssem da frente e pegou Rin nos braços. O corpo dela era leve, como o de um passarinho. 

Ele pôs a jovem cuidadosamente no futon e, em seguida, tocou a pele lívida do rosto dela. Estava gelada e febril. Vociferou para que as servas trouxessem panos frios para baixar a febre. Malditas! Será que todos os seus subordinados eram inúteis? 

Quando os panos foram providenciados, mandou chamar a Grande Bruxa. Sim, a mesma coruja velha que havia previsto sua morte. Assim que a bruxa chegou, pediu para conferir o estado de saúde de Rin. Ela então o tranquilizou: não era nada grave. Só os efeitos da energia maligna. No ritual havia uma imensa quantidade dessa substância no ar. Os humanos não reagiam muito bem. Logo Rin se recuperaria. 

Os dias se passaram. Ele a visitava frequentemente. Certa vez, entrou no quarto e ordenou que a serva Yuriko trocasse as cobertas de Rin. No instante em que ficou a sós com ela, perguntou-se se não deveria enviá-la de volta a aldeia da sacerdotisa Kaede. Ela estaria segura lá. Ao seu lado, ela correria risco de vida. Talvez, fosse melhor mandá-la de volta, mesmo sob protestos. Rin o odiaria. Mas isso ele poderia suportar. Em breve ela o esqueceria e se casaria com algum camponês simplório...

Contudo, Sesshoumaru não queria separar-se dela novamente. Queria mantê-la próxima de si, por mais egoísta que isso fosse.

Enquanto a observava, Sesshoumaru ousou tocar os fios escuros do cabelo de Rin, os quais se espalhavam pelo futon. 

O ritual. Ele tinha a escolhido sob o testemunho dos deuses. Pela tradição, deveria desposá-la. Era isso que a Grande Bruxa aconselharia. A decisão de recusar o casamento iria despertar a fúria das divindades. E isso para alguém que estava sendo rondado pelo abutre da morte era preocupante.

Mas Sesshoumaru não gostava de pensar que estava se aproveitando da situação para tomar Rin para si. 

Além do mais, caso ela se tornasse sua senhora, estaria ainda mais exposta aos perigos. 

No decorrer dos dias em que Rin esteve adoentada, esses dilemas o consumiram. Por vezes, Sesshoumaru desejou que Inu No Taisho ainda estivesse vivo para que pudesse pedir conselhos. Ele não tinha ninguém a quem recorrer. Arina, sem dúvidas, não era uma opção.

Agora que Rin estava desperta, Sesshoumaru planejou abordar o assunto do casamento com ela. Primeiramente, iria explicar que essa era a tradição. Porém, quando a fitou pálida, sonolenta e indefesa no futon se deu conta de que ela era mesmo jovem e concordaria com o arranjo sem hesitar porque ainda era inocente e nutria por ele um amor fraterno. Esse amor a faria aceitar um matrimônio, caso soubesse que ele protegeria Sesshoumaru da cólera dos deuses. 

Por conta disso, o Dai-youkai não disse nada. Ele não era sujo a esse ponto. Não iria se aproveitar da situação só porque desejava Rin.

Assim, ele usou a desculpa de que trataria do assunto quando ela estivesse recuperada. 

Quando Rin o perguntasse sobre o que ele gostaria de conversar, Sesshoumaru inventaria alguma coisa. Qualquer coisa que não envolvesse casamento. Ele deixaria esse assunto morrer. 

Era o certo a se fazer. 


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Notas finais do capítulo

Bem, gente. Esse foi o capítulo de hoje. Não se esqueçam de comentar! Façam uma autora feliz ♥