Fading Into The Light escrita por Return To Zero


Capítulo 7
Capitulo Bônus: O quarto de Kirishie


Notas iniciais do capítulo

Quanto tempo não atualizo esse meu bebê, hein?
Capitulo idiota, porém meio informativo. Espero que gostem!



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Eu os observei.

Os dias e os meses passaram tão depressa que nenhum de nós percebeu.

Charlotte continuava cega. Stark havia recuperado seus óculos e Kirishie ainda corria pra lá e pra cá com aquele livreto. Aos poucos, Charlotte mostrou certa habilidade com espadas, mas preferiu tomar como seu um pequeno punhal, que Kirishie batizou de “Zankoku”.

Ah sim, Kirishie é uma bruxa. e ela podia muito bem dar conta disso sozinha, mas não; tenho de ficar aqui, observando.

Saco.

Certa vez, Charlotte e Stark se encontravam na sala. Um silencio incomodo reinava ali, quando a morena ouviu o barulho de jeans roçando.

“Onde vai?” perguntou. A mesma voz inexpressiva de sempre.

“Kirishie-senpai está demorando. Eu vou subir e verificar.”

“Eu vou com você.” disse, tateando ao redor até encontrar as mãos de Stark que a guiaram escadaria acima.

Chegaram à porta e Stark bateu algumas vezes com o nó dos dedos e, tendo o silencio como resposta, resolveu entrar.

Girou o trinco lentamente, adentrando o quarto. “Kirishie?” perguntou, olhando ao redor. Charlotte também entrou e ambos permaneceram estáticos.

Nunca tivemos tempo para analisar o quarto da ruiva. Era enorme, aparentava ser muito maior do que a própria casa. Como se se encontrasse em uma torre, o teto era arredondado, com enfeites dourados que pendiam de um lustre cristalino no centro, que iluminava todo o comodo. No chão se estendia um carpete vermelho que estava sob alguns moveis aleatórios, todos em mogno, e uma enorme cama coberta por uma colcha avermelhada. Parecia um quarto da realeza, todo adornado em vermelhos fortes e dourado.

Atrás da cabeceira subia uma enorme imagem que ia até o teto. Dois homens, de corpos definidos e desejáveis, num caloroso e intimo abraço.

Imediatamente, Light cobriu os olhos de Charlotte e eu fiz o mesmo, apesar de já esperar algo assim.

“Tire a mão do meu rosto, seu imbecil” protestou, empurrando o empecilho para longe “O que está acontecendo?”

“Nada. Apenas dê graças a Deus por ser cega.”

Eu também queria ser cega agora.

Stark se aproximou da cama, notando uma certa movimentadão sob a grossa colcha. Pequenos ruídos agudos escapavam de lá e ele hesitou por algum instante.

Mas ora, já era bem tarde e, querendo ou não, tinham tarefas para cumprir. Decidido, puxou a colcha e lá descobriu.

Prendeu a respiração ao ver o corpo de Kirishie estirado no colchão. Estava em poucos trajes que revelavam uma pele alva, semelhante à porcelana. Os cabelos avermelhados espalhados pela fronha branca, os olhos semicerrados e uma das mãos enfiadas entre as pernas.

“Como eu queria ser cego.”

Eu também Stark.

Kirishie soltou um grito agudo, se cobrindo o mais rápido possível mas era tarde; aquela imagem ficaria, para sempre, queimando em nossas retinas.

Isso se eu as tivesse.

“Por que entrou sem bater?!” a ruiva ralhou, possessa.

“Eu não entrei sem bater.” Stark defendeu-se “Sabe que horas são? Ficou o dia todo dentro desse quarto.”

“Eu disse para nunca mais voltar aqui!”

Passou-se um tempo em silencio. Kirishie procurava não olhar para Stark e ele tentava não manter contato com aquele enorme e imponente poster que se erguia parede acima. Umedeceu os lábios e tomou a mão de Charlotte.

“Vá tomar banho e desça. Estamos quase acabando.”

***

“Stark. Vai contar o que me aconteceu?”

“Não aconteceu nada, Lotti. Já disse.”

Charlotte mirava Light com seus olhos transparentes e, embora ele soubesse que ela apenas via uma grande quantidade de nada, ainda se sentia desconfortável.

Era difícil saber o que a garota estava pensando, ou sentindo. Era impossível, alias. Os olhos raramente se moviam, e os lábios sempre estáticos - salvo as raras vezes em que resolvia falar. A voz era inexpressiva, não havia raiva, dor, ou felicidade em suas palavras. Frias, calmas e transparentes como as águas de um lago.

“Argh, não olhe assim pra mim!” ele reclamou, levantando-se da cadeira procurando algo na geladeira “Kirishie é uma maluca. Ela tem uns gostos estranhos e certa vez eu entrei no quarto dela e bem…”

“Bem?”

“Foi um pouco traumatizante.”

“Se sabia o que te esperava, por que entrou mesmo assim?”

“E-Eu precisa checar se--”

“Ou você se interessa pelo estranho hobby dela?”

“Calada, Lotti!”

As bochechas de Stark avermelharam no mesmo instante enquanto ele fuzilava a morena com o olhar, sem que ela notasse. Podia jurar que vi um esboço de um sorriso, mas quando olhei novamente, já havia desaparecido.

“Enfim,” ele pigarreou, voltando à cadeira “o quarto está diferente. Está… Pior. Bem pior. Será que a Sociedade sabe disso?” perguntou, em tom de indignação.

“O que é a Sociedade?”

Light suspirou, aliviado por terem mudado de assunto.

“Meio complicado de explicar. Podemos dizer que é um tipo de sindicado para essas coisas sobrenaturais, como eu e você. Eu prevejo o futuro de uma forma excêntrica, e você é uma besta incontrolavel.”

“Não me chame assim.”

“Ofendida?”

“Vá pro inferno.” Light gargalhou, voltando a contemplar Charlotte “E Kirishie, o que ela é?”

“Uma raposa.”

“O quê?”

“Uma bruxa, bruxa.” Stark revirou os olhos “Na cultura dela, ela é uma raposa.”

“Que estranho.”

“Sim. Eles são meio doentes.”

“Ah, hidoi yo. Não somos doentes.” A voz de Kirishie se fez presente, fazendo os dois se viraram na direção da voz “Vocês não tem um pingo de cor nos cabelos ou nos olhos, e nem por isso saio por aí chamando vocês de anomalias.”

“Mas bem que poderia.” Charlotte disse, se levantando.

“Aonde vai?”

“Ao banheiro, Stark. Posso?”

“Leve ela, Light.”

Os dois desapareceram pela porta da cozinha, deixando Kirishie sozinha.

Ah sim, bons tempos os da Academia.

Sim, temos uma Academia e tudo o mais para essas entidades sobrenaturais, e depois podemos integrar à sociedade, ou simplesmente vivemos nossas pacatas vidas.

Nós, da Sociedade, somos responsáveis por preservar a paz nessa nossa dimensão especial, apesar de ser composta quase somente por Bruxas.

Kirishie sempre foi um pouco… Bem… Obcecada pela magia. Acabou se tornando uma excelente bruxa, com poderes tão grandiosos que acabou sendo isolada na Terra.

Mas acho que tanto conhecimento acabou deixando-a maluca e como ninguém a aguentava mais, transformaram-na em uma especia de “guia” para os de primeira viagem, como Charlotte.

Muitas vezes eles se tornam confusos, e saem por aí, matando qualquer coisa que esteja em seu caminho. São bestas incontrolaveis, mas essenciais para nós.

Uma vez controlados, chamamo-os Caçadores. Mesmo que possamos controlar toda a atividade sobrenatural que aconteça, um ou outro acaba escapando e apenas um Caçador pode cuidar dessa situação.

Light Stark é alguém que pode prever o futuro. Melhor ainda, ele pinta o futuro. No porão de Empty Skies há centenas de quadros antigos, de acontecimentos catastroficos que já aconteceram.

Um pouco confuso?

Bem, ninguém sabe ao certo a data de nascimento de Stark.

Morreu em guerra, talvez milênios atrás, ainda jovem. O mesmo processo de Charlotte se passou com ele e, eternamente jovem, Kirishie encontrou-o e domou-o e hoje, ele trabalha para nós. Lucro para os dois lados!

Quando Light preveu a vinda de Charlotte, todos perceberam que estavam em perigo.

Ela não era apenas uma besta, era uma catástrofe.

Uma catastrofe que esperamos que Kirishie adie o máximo possível.

***

“Vamos ver o que você aprendeu!” Kirishie berrou, elevando um braço à sua frente e usando a unha do polegar para fazer um corte no pulso, deixando o sangue escorrer no carpete, conjurando sua AkaRyouba. Empunhou-a como uma criança brinca de espadas. “Abra seus olhos, minha besta!”

Imediatamente, os olhos amarelados de Charlotte se foram engolidos por um mar carmim e um grande sorriso se abriu. Tirou um punhal de sabe-se lá onde e aparentava estar animada. “Olá Kirishie. Sentiu saudades de apanhar?”

“Você não tem jeito mesmo.” Charlotte revirou os olhos, avançando contra à ruiva que bloqueou o ataque com sua espada. Trocaram alguns golpes e no final, Charlotte estava tentando matar Kirishie novamente.

“Lotti, solte a senpai agora!” Stark gritou, se aproximando da morena e aplicando-lhe um poderoso chute que a jogou na parede, fazendo Kirishie, que estava suspensa no ar, cair ao chão.

“Não podia ter sido um pouco mais gentil?” questionou, massageando uma das coxas e gemendo de dor “Acho que quebrei meus quadris.”

“Velha do jeito que está.”

“Lotti!” Stark ralhou, e ela simplesmente fez uma careta “Vamos, chega de treinar. Para sempre. Ela está pronta.”

A ruiva se levantou, limpando a poeira da roupa e caminhando com certa dificuldade até os dois “Sim, ela está.” sorriu, cheia de esplendor e orgulho “Alias, antes de fazermos qualquer outra coisa, eu preciso falar com a recepcionista.”

“O quê?” Light indagou, arqueando as sobrancelhas “Não podemos adiar esse tipo de coisa, Kirishie. Onde está sua responsabilidade?”

Urusai! Eu sou uma bruxa, eu faço o que eu bem entender.”

E dizendo isso, saiu pela porta.

-- Toc toc toc

Fizeram os saltos de Kirishie pela galeria.

“Ela está irritada com o que aconteceu lá no quarto?”

“Provavelmente…” Stark suspirou, estalando os dedos. Num solavanco, os olhos de Charlotte voltaram a ser esbranquiçados e a vida sumiu de seu rosto “Vamos indo.”


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Notas finais do capítulo

Sétimo chappie o que significa que só mais três chappies para que B O N D S comece! Quem está animado?!
Eu sei, ninguém.



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