— Ai ai ai, minha boca! — Gritei quando tentei absorver os poderes de um daqueles “bichinhos” de fogo que perambulam no jogo do Kirby.

Kirby fez uma cara preocupada e olhou para as meninas. Alice pôs a mão no rosto e a Cait e a Vi tentaram me confortar com coisas do tipo:

— Ah garota, pelo menos dessa vez você conseguiu sugá-lo.

— Na próxima você consegue, vai lá!

Tentei novamente e quase consegui. Depois de várias tentativas, consegui absorve-los com facilidade. Os de fogo me faziam ficar vermelha e cuspir fogo; Os de pedra me faziam ficar mais pesada e esmagar absolutamente tudo; Os de gelo me congelavam completamente e eu podia atirar adagas de gelo; Os de ar me faziam voar e eu podia formar pequenos furacões. Mas o que eu mais adorava era o fato de me sentir leve, poder voar.

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Mais tarde, no crepúsculo, comemos novamente. Eu estava faminta e muito cansada. Nem acreditava que meus poderes iriam despertar no dia seguinte.

Todos estavam sérios e em silêncio, o que eu estranhei bastante.

— Gente, o que houve? Estão todos calados. Não estão animados por que depois de amanhã já poderemos começar a traçar os planos para invadir o castelo do Eggman? — Falei animada.

Alice engoliu seco e olhou para Mário e Raiden com uma expressão estranha.

— Raiden, não contou a ela ainda? — Disse Alice.

— Pensei que era você que ia falar sobre isso com ela. Está passando mais tempo com ela. — Respondeu Raiden friamente.

— Ta, eu converso com ela. Aria, pode vir comigo um instante? — Disse Alice.

Eu me levantei e segui ela até um pouco longe da casa do Link. Ela suspirou.

— Aria, já deviam ter te contado isso mas infelizmente deixaram para a pior hora: um dia antes de acontecer.

— Alice, qual o problema em meus poderes despertarem?

— É que... — Ela suspirou novamente. — Quando seus poderes despertarem completamente amanhã, você será oficialmente uma personagem de um jogo, ou seja, fictícia. Você não vai poder voltar para casa.

Eu fiquei parada na frente dela sem acreditar no que ela havia dito. Por que não me contaram antes?

— Mas e meus pais? E meu amigo? Não vão sentir minha falta ou algo do tipo?

— Todas as memórias que eles têm de você serão apagadas completamente. Aquele será mais um casal sem filhos prestes a se divorciar e seu amigo Tony continuará a vida dele normalmente, mas sem você.

Eu fiquei tão confusa, tão perdida, não sabia o que fazer. Não tive chance nem de dar um adeus a todos eles.

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Naquela noite, me deitei com a cabeça cheia de pensamentos, mas lá no fundo eu estava triste. Me arrependi muito quando lembrei daquela frase que eu disse “Eu queria ser um personagem de vídeo-game”. Estava tão frustrada.

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Na manhã seguinte, me levantei cedo. Dormi muito pouco por causa do que a Alice havia me falado. Por mais que eu não quisesse, eu me preocupava.

Sai um pouco da casa do Link para tomar um ar fresco, quando de repente senti uma dor forte no peito. Gritei muito alto, cai de joelhos e depois direto no chão. Todos se levantaram rapidamente e me viram jogada na grama.

— Alice, acho...meus poderes...despertando. — Eu sentia tanta dor que não conseguia nem falar direito.

— Calma Aria, isso já acaba, agüenta firme! — Disse Link.

Eu me sentia quente, sentia dor. Um brilho azul escuro saia da minha pele. Eu senti que ia morrer.

Todos se preocuparam mais ainda, pois Locusts, Colossal Ruins e anjos começaram a surgir por todos os lados. Eles queriam impedir o despertar dos meus poderes. A partir desse ponto, não fiquei mais preocupada comigo e sim com os que estavam a minha volta e iriam me proteger a qualquer custo.