As Loucuras De Chris E Angie escrita por Keth, Carolzinha


Capítulo 14
Capítulo 14 - A Viagem


Notas iniciais do capítulo

Um presentinho para vocês, espero que gostem!



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POV Christopher

Olhei de um lado para o outro desesperado, Angela escondia o rosto nas mãos enquanto Anthony ria desesperadamente.

–Não é nada disso que você esta pensando... A minha mãe veio me fazer uma visita e passou o dia no escritório conosco, no final do expediente ela chamou a Angela para nos acompanhar no jantar, foi só isso! – Expliquei da forma mais resumida e clara possível, afinal era o Anthony, com ele as coisas tinham que ser ao pé da letra.

– Aham, ok Chris se você diz.

–Mas espera ai... E o que você e Nathalie estão fazendo aqui? – Perguntei tentando desviar o foco da conversa e foi quando reparei Nathalie tentando se esconder atrás do Anthony. Antes que ele pudesse responder, minha mãe interviu.

–Querido, será que você pode deixar essa conversa para outra hora? Esse vinho me deixou meio sonolenta, tenho certeza de que Angie também esta cansada e você ainda tem que levá-la em casa. Anthony querido coloque essa camisa para dentro da calça imediatamente, isso aqui é um restaurante e não um baile de escola.

–Sim senho... Dona Vivian – Minha mãe iria falar algo, mas resolveu deixar para la. Anthony quase cometeu o maior erro que alguém na face da terra poderia cometer: Chamar a minha mãe de "Senhora". Ela era capaz de fazer com que ele desejasse nunca ter nascido.

– Você tem razão! Todos estão cansados e querem ir embora. - Falei me virando para ir embora e consegui ver a Nathalie puxando o Anthony rapidamente na direção oposta. Quando olhei para frente a Angela já estava quase no meio do caminho.

Durante todo o trajeto até a casa da Angela, o desconforto reinou. De vez em quando minha mãe puxava um assunto mas assim que acabava, ninguém começava outro. A tensão e a vergonha era tanta que podia ser atravessada com uma faca já que Dona Vivian insistiu em ir no banco de trás para supostamente descansar.

Quando finalmente chegamos, tentei me despedir de forma rápida e bem discreta, mas não obtive sucesso.

–Chris, você não vai dar carona para Angie amanhã? Como pretende fazer isso sem combinar um horário? - Minha mãe perguntou antes que a Angela conseguisse sair do caro.

–Não precisa, tenho que ir mais cedo de qualquer maneira p...

–Claro que precisa minha querida, ele te levou para jantar e depois te trouxe em casa. Nada mais justo do que ele te levar amanhã já que você está sem carro. - Falou Dona Vivian cortando a Angela e me constrangendo pela milionésima vez em minha vida. Se eu não estivesse tão constrangido com a situação eu iria morrer de rir da cara vermelha que a Angela estava, parecia que iria explodir. Infelizmente eu estava na mesma situação.

–8:00? - Perguntou Angela.

–Perfeito! Até. - Respondi percebendo a urgência que ela tinha para sair do carro.

–Ok, até. - Respondeu enquanto saia voando.

No caminho de volta, eu estava tão irritado pela situação constrangedora que não conseguia nem olhar para minha mãe.

–Você esta calado. - Falou quebrando o silêncio.

–Não sei nem o que falar... - A verdade é que eu estava a ponto de explodir mas queria ver até onde ela ia com essa conversa.

–A Angie é uma moça muito bonita, é normal você se sentir atraído por ela...

–EU SABIA QUE VOCÊ IA FALAR ISSO! Mãe, você é inacreditável! Primeiro de tudo, ela se chama Angela, não "Angie". Segundo, ela é minha CHEFE e provavelmente vai querer me matar. Terceiro e último, ela é minha chefe! - Falei nem fôlego só. E lá se vai meu autocontrole.

–Não precisa ficar nervoso meu bem. Angie é um apelido carinhoso e desde quando os chefes trabalham junto com os subordinados? Vocês estão no mesmo nível e, além disso, ela é um amor de pessoa. - Respondeu calmamente enquanto se ajeitava no espelho antes de olhar para mim. "Amor de pessoa"? Angela? Ela não fazia ideia coitada. Podíamos até estar no mesmo nível em teoria, mas na prática não era bem assim.

–O que eu quero dizer é que não estou atraído por ela, por mais bonita que ela seja, nós trabalhamos juntos e nunca vai acontecer nada. Entendeu? - Falei um pouco mais calmo.

–Nunca é uma palavra forte meu filho, mas se é o que você diz... - Falou sorrindo levemente. Pude sentir um toque irônico ou algo do tipo, mas resolvi ficar quieto.

–Sobre a viajem que vocês vão fazer juntos...

–MÃE, Por favor, não! -Disse o mais firme possível.

Minha mãe abriu um largo sorriso e logo depois começou a falar de como estavam às coisas em casa, eles adotaram um cachorro e compraram um gato que se chama Ms. Fluffy. Quando paramos num sinal ela me mostrou a foto, meu Deus parece que viraram o gato do avesso e o cachorro parecia um rato gigante.

–Mãe, tem certeza que não é o contrario? Compraram o cão e resgataram um gato do lixo?

–Absoluta! Esse gato tem pedigree, E é muito caro. Já o Sweety, faz jus ao nome. Ele é uma graça. - Falou toda feliz e orgulhosa.

–Você deve estar com algum problema, isso não é um gato, nem pelo ele tem! - Falei impressionado com a foto do gato.

–Você é um bobo Chris, não sabe de nada. - Respondeu rindo.

Depois de ter chegado em casa e instalado minha mãe do quarto de hospedes, fui tomar banho para relaxar, em seguida me arrastei até meu quarto para descansar depois de um dia longo e cansativo, mas quem disse que eu consegui? Ao invés disso, fiquei pensando no que aconteceu hoje durante o dia, as coisas que minha mãe falou, depois na conversa do restaurante e do carro. Era de se esperar que minha mãe fizesse amizade com as pessoas do trabalho e me deixasse envergonhado, mas dessa vez foi diferente. Ela está escondendo alguma coisa, posso sentir.

Na incapacidade de dormir, dei uma de Anthony e fui jogar um pouco de vídeo game e quando olhei para o relógio, quase tive um ataque do coração, eram 4:00 e eu deveria acordar em duas horas. Larguei tudo e corri para cama.

(...)

POV Angela


Estava super atrasada, saí do banho eram 7:45 e assim que cheguei no quarto o telefone começou a tocar. Levou apenas alguns segundos para lembrar que ele estava na sala. Saí correndo e assim que eu o peguei parou de tocar. Tenho ódio quando isso acontece. Liguei de volta e uma mulher atendeu.

–Angela?

–Sim...

–Bom dia minha flor! É Vivian, mãe do Christopher.

–Ah... Bom dia. - Falei ainda tentando recuperar o fôlego.

–Liguei para avisar que o Chris vai se atrasar um pouco. Acho que ele foi dormir tarde e perdeu a hora. - Falou.

–Não tem problema, vai dar até tempo de tomar café. - Falei.

–MÃE! O que você está fazendo? - Ouvi a voz do Christopher do outro lado da linha e me segurei para não rir.

–Falando para a Angie que você vai se atrasar ué... Chris, cuidado com.... - Em seguida ouvi um barulho de coisa caindo seguido de muitos palavrões tentei falar alguma coisa, mas a ligação caiu.

Pelo visto o Christopher começou a manhã com o pé esquerdo. Subi para o quarto e terminei de arrumar com calma. Olhei para o relógio, 8:20, Resolvi caprichar no café já que tinha tempo, estava até mais tranquila até separei um pouco para o Chris. Enrolei um sanduíche em papel alumínio e coloquei um pouco de café em uma garrafa térmica. Estava indo pegar a minha bolsa para ir espera la em baixo, quando o interfone tocou e o porteiro me avisou que ele tinha chegado.

POV Christopher

Acordei atrasado, para variar, só que hoje era o único dia da minha vida que eu não poderia acordar atrasado, iria dar carona para Angie, se eu me atrasar, ela se atrasa, o Ethan fica puto e nós somos demitidos. E para deixar tudo pior, minha mãe ligou para ela para avisar. Se ela não tivesse avisado, eu estaria atrasado só que ninguém precisaria ficar sabendo do motivo.
Me arrumei em tempo recorde, e dei tchau para a minha mãe, quando estava quase saindo ela me interrompe.

– Você já vai? Sem tomar café?

– Não tenho tempo nem de respirar Mãe. Tchau, te vejo no almoço.

–Mas espera, não vamos jantar hoje? - Minha mãe levantou da mesa vindo em minha direção. Ah não Dona Vivian, hoje eu estou sem tempo para drama de mãe.

–Hoje é sexta mãe, hoje à noite eu vou pegar o avião para ir aquela conferência com a Angela. Devo sair na hora do almoço, almoçar com você, vir para casa, fazer as malas e pegar o avião. - Falei e comecei a abrir a porta do apartamento.

–Espera, você não pode sair assim, será que eu e seu pai não te ensinamos nada? - Minha mãe veio até mim e começou a bater o meu blazer para tirar a poeira, ajeitou a minha gravata, alinhou a minha camisa e depois ajeitou a gola. Coisas de mãe.

– Pronto, agora o cabelo...

–Mãe, não ouse encostar no meu cabelo. Agora tchau que estou mega atrasado - Dei um beijo nela e sai em disparada para a casa da Angie.

–Dê um beijo nela por mim! - Ela gritou antes da porta bater.

Dirigi que nem um louco até o condomínio da Angie o trânsito hoje não estava ajudando. Ao chegar lá, esperei alguns minutos até ela aparecer cheia de tralha na mão.

– Boom dia! - Falou sorridente. - O que só me deixou ainda mais irritado.

–Porque você demorou tanto, sabia que estávamos atrasados e sabe-se lá porque hoje o trânsito não está ajudando em nada. - Resmunguei de volta.

–Relaxa Chris, trouxe café para você. Falou me entregando um garrafa térmica e um sanduíche. - Encarei por um instante com cara de surpreso.

–Tem veneno? Porque você não esta nervosa ou irritada pelo horário? - Me arrependi na mesma hora.

–Não sua besta! Depois que sua mãe ligou... Bem, eu sei que seu dia começou meio, digamos, difícil quem sabe um bom café da manhã gostoso não te anime?

–Humilde você hein. - Falei já me sentindo mais relaxado.

–Sou mesmo. - Disse rindo.

Cada vez que parava em um sinal eu dava uma mordida no sanduíche que estava incrivelmente gostoso.

–Nossa, esse troço está realmente gostoso, o que você colocou nele?

–Ah, o de sempre... - Falou dando de ombros.

–Claro, claro como pude esquecer, você sempre faz o café da manhã eu já até decorei.

–Pão, maionese com pedaços de frango, milho e noz moscada para dar um toque especial.

–Você diSSe noz moSScada?!?! Não acredito nisso! - Aquela altura já tinha terminado de comer a droga do sanduíche.

–Muito bom não acha? Porque você está falando assim?

–SOU ALÉRGICO A NOZ MOSSCADA!

–Ai meu Deus Chris, desculpa! Não sabia! Quer que eu te leve a um hospital? - Perguntou preocupada.

–Não preciSSa, acho que tenho o remédio na minha meSSa.

–Então é só uma leve alergia? Tem certeza?

–AbSSoluta.

Após um breve silêncio, cometi o erro de perguntar a Angela sobre a reunião, foi eu abrir a boca que ela entrou numa crise de risos tão intensa que me deixou a beira de um ataque de nervos.

Dirigi o resto do caminho emburrado e calado já qualquer tentativa de falar, me mexer, ou até mesmo olhar para o lado desencadeava uma crise de risos.

–Pronto Segamos, deSce agora que eu vou eSStacionar.

–HAHAHHAHA! - Foi tudo que ela conseguiu dizer antes de sair do carro.


POV Angela


Por incrível que pareça, quando chegamos não havia muita coisa a ser feita e como o Christopher ajudou, terminamos tudo antes das 11h. Depois disso ele saiu da sala irritado graças a minha incapacidade de me controlar quando ele falava. Passado alguns minutos, o celular do Christopher tocou várias vezes sem descanso. Quando eu finalmente me irritei e levantei o telefone parou de tocar e o meu começou.

–Alô?

–Angela minha querida, não consegui falar com o Chris... Enfim, teria como avisar a ele que não vamos mais ao restaurante porque eu resolvi fazer o almoço? - Perguntou a mãe do Chris.

–A... Claro. Pode deixar que eu aviso sim.

–Se você tiver tempo e quiser almoçar com a gente, o convite está de pé. Eu ficaria muito feliz em ter sua companhia.

–Obrigada Dona Vivian, se eu puder ir eu aviso. - Falei gentilmente. Afinal, ainda não tinha terminado de arrumar minha mala.

–E eu te mando por mensagem o endereço. Combinado então... Se você for é claro... Bye Angie.

–Bye... - Mal desliguei o telefone e entra o Christopher na sala resmungando.

–Nossa seu humor só melhora com o passar do dia, o que aconteceu dessa vez? - Perguntei já começando a arrumar minhas coisas.

–O idiota do Anthony pareceu que estava tendo uma convulsão enquanto tava rindo e derramou café em mim. - Falou se jogando no sofá.

–Hahaha realmente hoje não é seu dia... Importa-se se eu sair mais cedo? Ainda não terminei de fazer minha mala...

–Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. Nem comecei a arrumar minha mala, isso não é desculpa para sair mais cedo. Além disso, ainda vou almoçar fora com a minha mãe. - Reclamou.

–Já que você tocou no assunto... Sua mãe mandou avisar que não irão comer fora porque ela está fazendo o almoço. - Falei cruzando os braços e encarei com cara de poucos amigos.

–Quer saber... Pode ir, vai com Deus e vê se não se atrasa. - Disse irritado.

–Obrigada Chris! Você é um fofo. - Disse dando meu melhor sorriso de agradecimento. Agora era só correr e arrumar a mala.

POV Christopher

Estava quase chegando em casa quando minha mãe liga pela segunda vez querendo saber porque da demora. Não queria dizer que o atraso era culpa da Angela que esqueceu de me avisar que já tinha adiantado o trabalho de segunda e tudo que eu precisava fazer era revisar.

Assim que a porta do elevador se abriu, o cheiro da comida invadia o corredor me deixando com água na boca.

–Mãe, da para sentir o cheiro da comida do corredor, você não sabe como eu senti falta disso. - Entrei já desesperado para começar a comer.

–Você não é o único com saudades de comida caseira. - Falou minha mãe colocando a comida na mesa. - Assim que cheguei na cozinha vi Angela ajudando minha mãe com o resto da comida e quase dei para trás.

–Achei que você não fosse chegar nunca. - Falou Angela enquanto se sentava ao lado de minhã mãe.

– O que você está fazendo aqui? - Foi tudo que consegui falar.

–Christopher, não seja mal educado! Ela é visita, você vai ficar ai parado ou vem comer? - Falou minha mãe enquanto servia Angela.

De todas as vezes que eu almocei ou jantei com a Angela, essa foi uma das mais estranhas. Ela tentava disfarçar a vergonha assim como eu mas era praticamente impossível esquecer o que aconteceu na noite anterior. O que me deixava ainda mais sem graça. Tirando o dia da festa da Dior, eu nunca havia prestado atenção nela mais do que "normal". Nunca havia notado em como ela fica bem de batom vermelho e em como ela fica sexy segurando uma taça de vinho...
“Concentre-se no seu prato Christopher!”, Eu pensei, mas era impossível, deixar de encará-la. Ela tomou mais um gole do vinho, desviou o olhar para mim e nos encaramos por alguns segundos. Fui pego!

– Mãe, dessa vez você se superou, está maravilhoso. - Falei assim que terminei de comer na esperança de afastar os pensamentos inconvenientes.

–Obrigada querido, experimente a sobremesa, acho que você vai adorar! - Falou sorrindo gentilmente.

Torta de limão, a especialidade da Dona Vivian.

–Nossa! Torta de limão, delicioso mãe, igualzinha quando eu era pequeno! - Disse todo animado. Angela deu uma risadinha, provavelmente rindo da minha infantilidade... Nem ligo, tem quase um ano que não vejo minha mãe e como o bom filhinho de mamãe que eu sou, vou bajulá-la até ela ir embora.

–Eu falei para você que estava perfeito e que ele iria amar. - Minha mãe falou sorrindo para Angela que aquela altura estava tão vermelha quanto seus cabelos.

–Eu não estou entendendo nada, mas a sobremesa está divina. Será que você poderia fazer mais antes de ir embora?

–Hahaha meu querido, foi a Angela que fez a sobremesa, não eu. – Falou pegando o prato e indo para cozinha. Bajulei a pessoa errada. Na mesma hora engasguei e olhei para Angela, ainda vermelha virou a cabeça e se levantou para levar o prato para cozinha.

–Vivian, obrigada pelo almoço, mas eu preciso ir. - Ouvi a Angela se despedindo da minha mãe – Até mais tarde Chris, o nosso vôo é as 9:00, então chegue lá umas 7:30. Não se atrase!- Balancei a cabeça ainda meio atordoado e com uma colher cheia de torta a meio caminho da boca.

–Querido, tem glacê no seu nariz, será que eu não te ensinei a comer direito não? – Limpei meu rosto com um guardanapo e fui ajudar minha mãe com a louça. Para a minha sorte ela não fez nenhum comentário. Ainda meio embasbacado, fui terminar de fazer minhas malas.

(...)

Eram sete e meia quando, depois daquele trafego maldito, eu finalmente consegui chegar ao aeroporto. Angela iria comer meu fígado com as mãos. Peguei minhas malas, paguei o taxista e sai correndo para a área de embarque.

–Desculpe, eu...

–Está atrasado, me diz uma novidade.- Essa garota é bipolar, não é possível.

– Ok, vamos passar um fim de semana inteiro grudados um no outro, será que dá para ser um pouco mais gentil? Você consegue quando quer. – Ela pensou por alguns minutos até que bufou e se virou para mim.

– Desculpe, é que... Sei lá, você, você... Me irrita. O fato de você ficar o tempo todo me contrariando e com esse sorriso irônico, me deixa...

– Te deixo...?

– Encabulada!

– EU DEIXO VOCÊ ENCABULADA? HAHAHA. Por essa eu não esperava. Primeiro, eu não te contrario, só dou a minha opinião e você tem todo o direito de não gostar, mas não precisa me dar foras o tempo todo... Vamos fazer assim, eu abaixo o nível da minha ironia e você pode ser um pouco mais gentil. Ok?

– Ok.

Depois de meia hora de atraso, estávamos finalmente em nossos assentos no avião.

–Angela, está tudo bem? Você está pálida.

–Está tudo ótimo! - Disse tensa e balançando a perna num tique nervoso.

–Se você está bem, pelo amor de Deus, para com essa perna! - Falei já agoniado com o “treme treme”.

Obviamente ela não estava nada "ótimo" após alguns breves minutos, o treme treme recomeçou. Tentei ignorar mas justamente na hora que eu iria falar ela pediu uma vodka com gelo e só voltou a ficar tensa quando o avião decolou. Depois da terceira ou quarta dose eu achei melhor intervir.

–Angela, eu acho que já chega de bebida né?

–Hum? Ok. Aviões... Preciso usar o... Já volto. - Disse me entregando o copo e se levantando devagar, provavelmente já meio tonta.

–Angela, o banheiro é para o outro lado.

–Ah... Sim, claro.

Acompanhei com o olhar todo o trajeto até o banheiro, na saída é que foi o problema. Ela tropeçou e quase foi no chão, nessa hora me aprecei para ajuda-la, graças a Deus a primeira classe estava meio vazia a maioria das pessoas estavam dormindo então ninguém viu.

–Precisa de ajuda ai? - Falei colocando o braço ao seu redor para apoia-la melhor.

Estávamos quase chegando nos nossos lugares quando o piloto falou: "Atenção senhores passageiros, aqui quem fala é o comandante Jerry Smith, em cerca de alguns minutos iremos passar por uma leve turbulência, devido a uma nuvem. peço a todos que não entrem em pânico pois deve durar apenas alguns minutos." Na mesma hora senti as unhas da Angela cravando no meu braço.

–Aaaai, Angela calma... - Tentei calma-la mas ela não prestou atenção porque o avião começou a sacudir e ela continuou a apertar meu abraço. Praticamente arrastei ela de volta aos assentos e acabamos caindo por sorte nos nossos lugares. Se ela não tivesse tão apavorada seria hilário.

Angela passou todo o período de turbulência agarrada em mim, seria engraçado se meu braço não estivesse dormente.

–Angela, eu sei que é bastante óbvio mas, você tem medo de avião?

– Quem disse? ESTOU PERFEITAMENTE BEM... - Olhei para ela como quem diz "ta bom, me engana que eu finjo que acredito"

– Ok, talvez um pouco... Mas só um pouquinho, e se você contar isso para alguém eu rebaixo você para faxineiro!!!

– Minha boca é um tumulo! Sabe, eu tenho uma técnica, não sei porque, mas funciona! Me permite?

Ela, me olhou meio desconfiada, mas finalmente fez que sim com a cabeça. Virei de frente para ela e ela para mim.

– Feche os olhos.

Coloquei minhas mãos em seus ombros e comecei a dedilhar, fiz um caminho passando por seus cotovelos até chegar a suas mãos e fui até a ponta dos dedos, relaxando todos os seus músculos. Notei que ela estava começando a relaxar e sua respiração ficava mais profunda a cada toque. Voltei subindo, passando ainda mais lentamente pelos seus cotovelos, clavícula, pescoço, maxilar e terminei fazendo uma massagem em suas têmporas.

– Hmm... Isso é muito bom. Aonde aprendeu isso?

– Com uma massagista Sueca - Falei brincando e ela abriu os olhos só para ter certeza de que era mesmo uma brincadeira. - Feche os olhos. - Ela sorriu e voltou a fecha- los.

–De novo?

– Por favor!

Sorri e comecei tudo de novo. Após uns três ciclos da massagem ela finalmente ela pegou no sono, eu fui parando aos poucos até que ela adormeceu na poltrona, aproveitei para recostar e dormir também.

(...)

– Atenção senhores passageiros, aqui é o Comandante Jerry Smith. Vamos aterrissar no Aeroporto Internacional de Denver em alguns minutos. Por Favor, apertem os cintos e permaneçam sentados até a aeronave parar completamente.

Acordei com o queixo apoiado na cabeça de Angela e com ela agarrada em meu braço. A voz do comandante saía dos alto falantes e as comissarias de bordo andavam de um lado para outro acordando os outros passageiros.

– Angie, acorde!... Angela... - Dava pena de acorda- la, ainda mais depois do inferno que ela passou até conseguir dormir! Era quase uma hora da madrugada e acordamos cedo, não era a toa que estávamos tão cansados. Angela ressonava e resmungava enquanto dormia. Peguei meu celular e tirei uma foto, essa vai para a minha coleção!

–Senhor, já vamos pousar, ela precisa se... - A comissaria de bordo apareceu se certificar de que estávamos com os nossos cintos. Fiz sinal de silencio para que ela não a acordasse.

– Pode deixar, eu acordo ela! - Ela deu um sorriso e continuou andando pelo avião.

Puxei meu braço lentamente e comecei a chama- la até que finalmente Angela abriu os olhos.

– Onde eu estou?

– Denver, Colorado... Já vamos pousar, você precisa se sentar direito e afivelar o cinto. -

– Ok -

Angela se sentou, olhou para os lados, alisou sua blusa e começou sua luta com duas coisas, a primeira era manter seus olhos abertos e a segunda era afivelar o cinto.

– Deixa eu te ajudar - falei pegando o cinto de suas mãos encaixando os dois lados.

Normalmente ela iria travar uma batalha falando que conseguiria sozinha, mas na atual conjuntura, sua batalha já havia sido perdida para o cansaço. Então ela apenas esperou e encostou em meu ombro. Sorri e apoiei meu queixo em sua cabeça. Angela era muito mais engraçada e legal quando não estava tentando mandar em mim o tempo todo.

– VOCÊ DISSE QUE VAMOS POUSAR? AI MEU DEUS!

– Angela, calma! Pelo amor de Deus - Segurei seu ombro, forçando seu corpo para baixo.

A comissaria olhou para nós dois com cara de assustada e eu fiz sinal de que estava tudo bem.

– EU ODEIO AVIÕES! - Angela disse com o rosto escondido no meu ombro. Coitada, ela estava quase chorando. Acariciei suas costas enquanto repetia para ela se acalmar, até que finalmente pousamos e o avião parou.

Quando o avião parou ela levantou o rosto e olhou diretamente em meus olhos com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

– Já acabou? - Fiz que sim com a cabeça e ajudei ela a se levantar.

As pernas de Angela ainda tremiam quando deixamos o avião. Pelo visto, nenhum dos dois queria falar sobre o ocorrido, de forma que não tocamos no assunto.

Pegamos nossas malas e seguimos para o ponto de táxi. Agora que o nervosismo da Angela tinha acabado, o meu começava.

– Vamos sair daqui logo? - Comecei a puxar Angela para andarmos mais rápido.

– Porque a pressa? Queria tomar um café!

– Você nunca esteve no Aeroporto de Denver não é? - Logo vi que ela não sabia de nada dos mistérios que rondavam aquele lugar maldito que me deu pesadelos por meses.

– Não, porque? - Angela perguntou enquanto abria uma barrinha de cereal e me dava outra.

– Você nunca ouviu falar dos mistérios desse lugar? - Peguei a barrinha de sua mão e comecei a lhe explicar sobre o lugar,

– Tem vários mistérios envolvidos na construção e nos monumentos. Primeiro tem a pedra no Hall do Aeroporto. Há símbolos maçônicos na pedra e no relevo que parece estar escrito em braile. As pistas dos aviões se você olha de cima, tem a forma de uma suástica. Tem Gárgulas para todos os lados, o que no mínimo é para causar arrepios... - Conforme eu ia falando, Angela virava a cabeça e reparava em cada um dos detalhes que eu lhe explicava.

Nos dirigimos até a parte de fora para pegar um táxi até o hotel onde foram feitas as reservas para o fim de semana "animado" que iríamos ter. Ainda estava terminando de explicar para Angela sobre os mistérios do lugar quando chegamos na entrada.

– ...E é claro, tem o Cavalo do Apocalipse, uma escultura assustadora de um cavalo que simboliza uma passagem da bíblia, é o quarto cavalo do livro do Apocalipse e apropriadamente chamado Morte. O cavalo matou seu criador, enquanto estava trabalhando nele. - Terminei minha explicação do porque aquele lugar me dava arrepios.

Angela virou para mim com os braços cruzados e um sorriso torto, como se tudo que eu tivesse explicado fosse mentira.

– Chris, isso é tudo folclore, não é verdade.

– É mesmo? Olha para trás. - Assim que Angela se virou, deu de cara com o cavalo demoníaco e saltou para trás dando um gritinho agudo.

– "AI CHRIS, ISSO É TUDO FOLCLORE, NÃO É VERDADE" - Falei colocando as mãos na cintura e fazendo a minha melhor imitação de Angela. Acho que eu daria um ótimo ator.

– Cala a boca e vamos embora logo daqui. - Comecei a rir enquanto empurrávamos nossos carrinhos para o ponto de táxi.

(...)

Saímos do táxi em frente ao Four Seasons Hotel Denver, era exatamente 2:30 da madrugada e meu corpo só pedia cama. Praticamente arrastei Angela para fora do táxi. Fomos até a recepção fazer o check in, pegamos a chave do quarto e subimos para o nosso andar.

– Pronto, quarto 613.

– Finalmente, eu preciso dormir! - Angela disse carregando a sua bagagem de mão, enquanto eu carregava as malas dela e as minhas. Segundo ela, minha mãe criou um cavalheiro.

– Nem me fale, sabe que a gente tem que acordar em seis horas né? -

–Shiuuu... Não precisa me lembrar, abre logo esse quarto.

Abri a porta do quarto e ele era enorme! Tinha uma ante sala com uma mesa de jantar com seis lugares. A sala era dividida em dois ambientes e a outra parte tinha um sofá de três lugares, duas poltronas reclináveis e uma televisão. Coloquei as malas para dentro, tranquei a porta do quarto e peguei o telefone para ligar para o serviço de quarto e pedir alguma coisa para comer, estava faminto.

– Angela, você quer comer alguma coisa?

– Pode ser... PUTA MERDA, TEMOS UM PROBLEMA.- O que houve agora? Fui até ela e olhei para onde ela apontava.

Um quarto, com banheiro, uma varanda com uma mesa pequena, duas cadeiras e uma cama de casal no centro do quarto... PERA! UMA CAMA DE CASAL?

– Eu não creio nisso, e agora?

– E agora? liga para a recepção, antes que eu tenha um ataque de nervos. -

– Vou fazer melhor, vou até la. Esses filhos da mãe. -

Sai do quarto enfurecido, a reserva era para um quarto com suítes duplas, esses viados nos colocaram em um quarto com uma suite só, é hoje que eu mato um.

Me dirigi até a recepção onde havia um homem loiro baixinho de terno e usando óculos, respirei fundo antes de começar a falar.

– Com licença...

– Michael, me chamo Michael. - Ele falou apontando para o crachá, como se eu fosse algum tipo de idiota. Eu vi que o indivíduo possuía um crachá, eu só estava com sono e com preguiça demais para lê- lo

– Michael, você é o gerente certo?

– Isso mesmo senhor, posso ajuda- lo?

– O negócio é o seguinte, MICHAEL. A minha assistente fez as reservas para essa viajem de negócios á semanas atras, o quarto reservado era uma suite dupla com sala compartilhada, para mim e minha colega de trabalho, as reservas estão no nome de Angela Baxter, certo?

– Isso mesmo, é isso o que consta no sistema.

– Ok, perfeito. ENTÃO VOCÊ PODE ME EXPLICAR COMO EU FUI PARAR EM UM QUARTO COM UMA SÓ CAMA DE CASAL?

– Sinto muito senhor eu...

– Olha, nós dois sabemos que você vai dizer que não pode fazer nada, quando na verdade,isso é uma grande mentira. Então você mexa os seus pauzinhos nesse sistema maldito e me arranje a droga do quarto que eu pedi... Nesse instante. Ou eu vou ser forçado a fazer algo que eu não quero fazer. Vou chamar a minha colega de trabalho aqui e ela vai partir você ao meio, igual ela faz comigo todo santo dia. Você não faz ideia das coisas que eu tive que fazer para sobreviver. E sabe como eu consegui?

–Nã- Não senhor.

– POIS É, NEM EU! Eu dei muita sorte. Até semi nu eu já fiquei nessa merda. Você, vai querer arriscar MICHAEL?

– Eu já estou verificando se há algum quarto vago no hotel senhor, só um minutinho

Sentei no sofá da recepção e esperei alguns minutos, que pareceram horas, até que MICHAEL apareceu.

– Senhor Morrinson, eu sinto muitíssimo, mas o quarto que foi reservado para vocês não ficou pronto a tempo e só vamos poder libera-lo amanha a tarde.

Tentei de todas as formas conversar com o maldito MICHAEL, e pelo jeito, não tinha outra solução, iriamos ter que nos virar naquele quarto mesmo.

Subi puto da vida, Angela iria me matar. Cheguei no quarto e entrei como um furacão.

–Angela você não vai acreditar... Angela?

Procurei ela em todos os lugares. Quando entrei no quarto a vi deitada na cama, desmaiada, de sapatos e toda encolhida de frio. Foi impossível não rir, essa filha da mãe é esperta, agora eu vou ter que dormir no sofá. Peguei meu celular e tirei outra foto dela dormindo, virou minha nova obsessão... Qualquer dia eu faço uma montagem em um Banner gigante e coloco bem na entrada do prédio da empresa.

Fui até a sala e carreguei suas malas até o quarto, tirei seus sapatos e sua jaqueta sob protestos. Angela resmungava toda vez que eu mexia nela. A cobri com um cobertor, peguei um dos travesseiros e uma coberta para mim. Sai do quarto e a deixei dormir, teria que me arranjar pela sala mesmo.

(...)

Sol, cheiro de café, dor nas costas, sono e... CAFÉ! Esses foram os meus únicos pensamentos quando eu acordei no dia seguinte. Tentei me levantar, foi uma péssima ideia, estiquei meu braço, peguei meu celular e a luz do visor quase me cegou. 7:30, ainda está cedo, a reunião era as 9:00. Estava prestes a reclamar quando um flash me cegou.

– Há, a vingança é doce! - Angela ria enquanto segurava uma daquelas câmeras Polaroid que imprimem a foto na hora. Pelo jeito, ela tinha acabado de acordar também, ainda estava com as roupas de ontem e seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo.

– Ha.ha.ha... Isso não tem graça, eu estou cego - Angela ria enquanto olhava a foto impressa e se jogava no sofá e cima das minhas pernas.

– NUNCA MAIS FAÇA ISSO. Mais um pouco para a sua direita e você ia arrumar um problemão. Aonde tem café? - Falei libertando minhas pernas que estavam debaixo dela e me sentado enquanto empurrava a coberta para longe.

– Café? Que café? - Angela olhou para mim se fazendo de desentendida.

– Ah por favor, eu sinto cheiro de café de longe.

– Esta em cima da mesa seu viciado - Levantei, me estiquei e senti todos os meus ossos estalarem, maldito sofá - Está ficando velho Christopher? -

– Eu não estou velho, estou crocante... - Angela riu da minha cara, claro, não foi com ela. - Vai rindo, se não conseguimos o nosso quarto essa noite, vai ser a sua vez de dormir no sofá!

– Ainda bem que sonhar é de graça, porque só nos seus sonhos eu vou dormir no sofá. Uma noite nesse sofá e eu nem me levanto no dia seguinte.

–Há, quem está ficando velho agora? PERA, QUE DIA É AMANHÃ? - Perguntei desesperado para Angela, que deu um pulo devido ao meu desespero.

– Meu Deus, calma. Amanhã é Domingo!

– DIA DO MÊS!

– DIA 20. Para de gritar comigo porque eu não sou tuas negas. O que tem de tão importante amanhã?

– Meu aniversário! Eu esqueci do meu próprio aniversário!

– Você esqueceu do seu aniversário? Como é que alguém esquece do próprio aniversário? - Angela ria enquanto perguntava.

– Eu... esqueci! Achei que fosse domingo que vem!

– Eu pedi para Cassidy comprar passagens para hoje a noite mas não tinha vagas em avião nenhum. Podemos voltar mais cedo amanhã, assim você passa o seu aniversário com a sua mãe. Agora vamos, temos que preparar tudo para a reunião.

Depois de um rápido café, fomos para a sala de reuniões do hotel para preparar tudo para os membros do conselho. Sem assistente, tivemos que providenciar tudo do projetor ao cafézinho com biscoito. Assim que terminamos de colocar os relatórios na mesa eles, os tubarões, chegaram e foram se sentando.

Felizmente foi tudo tranquilo, eles sorriam e faziam perguntas ao longo da apresentação e no final nos parabenizaram pelo ótimo trabalho.

Saímos da sala de reuniões e eu não conseguia parar de sorrir, Angela e eu tínhamos nos saído perfeitamente bem. Olhei no relógio e já estava na hora do almoço

– Aonde vamos almoçar? - Olhei para ela surpreso! Ta ai uma coisa que eu não esperava, um convite implícito para almoçar da Angela. - O que? Você não esta com fome ou...

– Não, não é isso... Podemos ir ao Cafe Brazil, Gosta de comida brasileira?

– Sabe que eu nunca comi... Ou se comi eu não lembro.

– Sério? Ah você precisa experimentar, vamos chamar um táxi?

Pegamos o elevador e fomos para a entrada do hotel, passando pela recepção tive um reencontro com MICHAEL. Passamos direto pelo balcão, mas eu não deixei de lembra-lo sobre o que conversamos na noite passada. Apontei para Angela, sem que ela percebesse e balbuciei as palavras: "PARTIR VOCÊ AO MEIO". Pegamos o táxi e fomos para o restaurante.

– Bem vindos ao Cafe Brazil, posso anotar o seu pedido? - Quando nos sentamos, uma garçonete veio nos atender, como Angela não conhecia a culinária brasileira e estava ocupada demais com seu celular para olhar o menu, pedi para nós dois.

– Mas então, Chris Monroe... Como você conhece tanto Denver? - Angela perguntou quando a garçonete se retirou para pegar os nossos pedidos, usando meu apelido ridículo de infância.

– Pelo amor de Deus, quem te contou esse meu apelido maldito?

– Eu perguntei primeiro. - Ela disse antes de beber um gole do seu suco. Suspirei ruidosamente, antes de responder.

– Quando eu e Anthony terminamos o ensino médio, passamos seis meses viajando pelo país de ponta a ponta e depois mais seis meses viajando pela Europa.

– Nossa...

– Calma, não sou milionário... Nós fomos de mochileiros

– Ah sim...

– Feijoada com picanha ao molho vinagrete arroz a piamontese, batatas cozidas e salada de alface tomate e rúcula para o casalzinho ternura. Bom proveito!

Após a garçonete trazer o nosso pedido e nos classificar como um casal, comemos em silencio por um tempo. A comida estava uma delicia, igual a anos atras quando eu vim aqui com Anthony. Quando estávamos quase terminando o almoço, a minha curiosidade foi maior.

– Agora me responda, quem te contou sobre o meu Apelido? foi o Anthony ou a minha mãe? - Esperei Angela parar de rir para enfim começar a falar.

– Sua mãe! Ela só não teve a oportunidade de me falar como você adquiriu esse apelido, só me disse que você era apaixonado pela Marilyn Monroe. -

– Ai Dona Vivian... Por que comigo? - Coloquei as mãos no rosto e respirei fundo.

– Mas me explica, como você virou o Chris Monroe? - Olhei para Angela incrédulo, ela acha mesmo que eu vou revelar meu segredo mais obscuro? Não sou maluco, nem mesmo o Anthony é tão maluco.

– Ah fala Chris... eu juro que não conto para ninguém, minha boca é um tumulo. - Angela colocou a mão em meu ombro e sorriu encorajadoramente para mim e esperou. Não acredito que eu vou dizer isso

– Ok, mas você tem que saber que as únicas pessoas que sabem disso são o Anthony e a minha mãe... - Comecei a falar e Angela colocou os dois cotovelos na mesa e apoiou o rosto nas mãos, esperando pacientemente - Quando eu era pequeno, eu tinha acabado de ver The Seven Year Itch com a minha mãe, é um dos filmes favoritos dela, e eu fiquei apaixonado pela Marilyn Monroe. O meu apelido surgiu quando minha mãe entrou no meu quarto com o Anthony em uma noite e me encontrou beijando o travesseiro e chamando ele de Miss. Monroe.

Terminei a minha explicação e esperei com a cabeça baixa. Angela não disse uma palavra até que eu olhei para cima e ela estava sorrindo, mas não sorrindo como se estivesse rindo da minha cara. Apenas sorrindo.

– Você não vai dizer nada? Não vai rir da minha cara, nem sair por ai contando tudo para a Nathalie?

– Chris, por favor... O nome do meu travesseiro é Leo DiCaprio até hoje. E o engraçado é que o Anthony também sabe desse meu podre.

Olhei para ela e demorou alguns segundos até cairmos na gargalhada, fazia tempo que não ria dessa lembrança minha. E quanto ao Anthony, acho que ele sabe os podres de Deus e o mundo.

Terminamos o nosso almoço e ficamos conversando amenidades por alguns minutos. Ao saímos do restaurante, resolvemos voltar andando para o hotel, ficava a apenas 20 minutos dali.

– Então Mr. Guia de Denver... O que tem de bom nessa cidade, alem de um aeroporto amaldiçoado pelo capeta? - Angela perguntou depois que saímos do restaurante.

– Nada, LITERALMENTE, nada. - Angela olhou para mim esperando uma explicação - Essa cidade só tem, Museus, Parques e mais Museus, e um Centro Comercial que eles chamam de Shopping.

– Melhor do que nada... TÁXIII -

De acordo com Angela, era crucial irmos visitar pelo menos parte da cidade, então após 10 minutos nós chegamos á Commercial 16Th Mall Street Onde ficamos rodando por horas e horas. Até que finalmente Angela se cansou e fomos para o Hotel, como ela conseguia ter tanta energia? Nós dormimos pouco meu Deus, e ela ainda queria andar mais.

Chegamos no hotel e fomos direto falar com o MICHAEL, aquele maldito que me fez dormir no sofá. Como eu não consegui nada da última vez, Angela disse que iria cuidar disso, hehehe, era agora que o circo ia pegar fogo!

Tocamos o sino da recepção duas vezes até que ele apareceu.

– Olá Michael, tudo bem? Prazer, meu nome é Angela. Tenho certeza de que Christopher já lhe explicou a nossa situação e tenho certeza de que você, sendo o funcionário que eu penso que é, já conseguiu resolve-la.

– Olá senhorita Angela, sim ele me explicou tudo e... MINHA NOSSA, adorei seus sapatos! - Pera, volta a fita e para. Ele era gay? Ele não parecia gay ontem a noite. - A.do.ro Manolo Blahnik.

– Ai obrigada, comprei em New York - O pior, a Angela caiu nessa.

– Vocês são de NY? Que tudo, Arrasou! - Angela e Michael trocaram um High-Five enquanto eu ficava apenas olhando tudo enquanto eles conversavam sobre cabelo, bolsas e sapatos e nosso quarto foi para o espaço. Após 15 minutos daquela palhaçada eu resolvi intervir, afinal as minhas costas estavam em jogo.

– Então MICHAEL, quanto ao nosso quarto....

– Sim, sim claro Christian...

– É Christopher. - Já to cansado dessa merda de ninguém acertar meu nome nessa bagaça, já é a segunda vez que isso acontece!

– Christopher, então... Infelizmente eu disse ontem que o quarto estaria disponível a tarde mas, como ninguém veio solicita-lo até as 6h, nós tivemos que passa- lo para frente. - Ele disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Você fez o que?

– Ah, tudo bem Michael, a gente se vira naquele quarto mesmo. - Claro que a gente se vira, não era ela que iria dormir no sofá.

– Ai que bom querida, iria me sentir péssimo se alguma coisa atrapalhasse a viajem dos dois pombinhos.

– Ah não, não somos um casal... Somos colegas de trabalho. - Já é a segunda vez hoje que nos confundiam com um casal.

– Hmmm, sei! Ok, então, tem mais alguma coisa que eu possa ajuda-los? Qualquer coisa?

– Não, obrigado MICHAEL! - Eu. Quero. Distancia. Desse cara. Ele é pior que a Angela, tanto que ele dobrou ela em apenas alguns minutos... Eu venho tentando fazer isso a meses!

– Na verdade tem sim, será que você poderia mandar o serviço de quarto entregar dois Sanduíches de frango de 30 cm com salada de acompanhamento para o nosso quarto 613?

– Claro que sim querida e por conta da casa. Como desculpa pelo terrível mal entendido!

Subimos para o nosso andar e Angela foi colocar as sacolas no SEU quarto, eu não acredito que ela me convenceu a dormir de novo no sofá... Eu quero chorar...

Assim que nosso lanche chegou, sentamos para comer no sofá da sala

– Só para constar, eu prefiro batata frita como acompanhamento. Falei enquanto desembrulhava o meu sanduíche.

– Para de reclamar e come... Batata frita engorda!

– É para isso que eu malho! - Terminamos de comer e ficamos sentados na sala vendo TV.


POV Angela


Ao terminar o nosso lanche me virei para o Christopher e foi impossível não rir, ele estava dormindo com a cabeça apoiada no braço do sofá. Levantei, desliguei a TV e o ajeitei melhor no sofá, colocando um travesseiro e o cobrindo com o cobertor. Apaguei a luz e fui para o quarto.

Assim que entrei no quarto, fui direto para o meu Notebook... Durante o almoço, enviei emails para os nossos amigos e mandei uma mensagem para a mãe de Christopher. Fiquei com pena de saber que ele teve que vir nessa reunião no fim de semana do seu aniversário e chamei todos para vir a Denver. Agora eu precisava ver se todos tinham confirmado e se conseguiriam chegar. Amanhã, eu teria que manter ele fora durante a tarde para não acontecer um "acidente" e encontrar com alguém que a gente conheça.

Falei com sua mãe e ela adorou a ideia, ela chegaria amanhã bem cedo e iria arrumar o restaurante junto com o Anthony. Nathalie iria vir com o Matthew, que praticamente se convidou. Zoe e Ethan viriam sozinhos, disseram que teriam problemas para resolver na parte da tarde, mas que chegariam a tempo para a festa.

Agora eu só tinha um problema para resolver. A reserva do restaurante do hotel. Após responder todos os emails sai silenciosamente do quarto, peguei o elevador e fui para a recepção.

– Angela querida... - Me aproximei do balcão e agarrei sua gravata antes que ele falasse mais alguma coisa com aquela voz de "falso gay".

– O Negócio é o seguinte meu QUERIDO. Eu não cai nessa de "não temos quartos disponíveis" muito menos você dizendo que adorou meus sapatos que nem são da Manolo Blahnik, são originais Jimmy Choo. E eu sei muito bem que você não é gay, pois um gay saberia a diferença. Eu poderia ter armado um barraco aqui, mas eu não te envergonhei na frente dos outros hóspedes e funcionários, porque eu preciso de um favor seu e é melhor você fazer esse favor para mim. Apenas uma ligação minha para os advogados da minha empresa e eu coloco esse hotel abaixo e quando eu acabar com você, nem como atendente do McDonald você vai ser contratado, entendeu?

– Do que você precisa? - Ele me olhava com medo nos olhos.

– Está vendo aquele restaurante? Eu preciso dele amanhã das 8h até as 22h da noite.

– Mas isso é IMPOSSÍVEL! - Ele começou a suar frio e eu soltei o coitado.

– Sabe o que não é impossível? Uma manchete de jornal dizendo "Hotel Four Seasons fecha devido a processo milionário".

– Considere feito. - Quando sai da recepção ele já estava no telefone providenciando a reserva do restaurante para amanhã.

Eu poderia muito bem alugar um dos salões de festa, mas não tínhamos tempo para chamar um buffet. Voltei para o meu quarto na ponta dos pés para não acordar Christopher que estava no sétimo sono, entrei no quarto, tomei um banho e fui dormir.


POV Christopher


Acordei ouvindo uma movimentação na sala e ouvi a voz de Angela falando com o cara do serviço de quarto... CAFÉ! Ouvi Angela agradecer o entregador e fechar a porta.

– ANGELAAA - Chamei desesperadamente.

– Meu Deus o que foi? Você está bem? - Ela correu até mim e agachou do meu lado.

– Não, me ajuda a levantar. - A seção de gargalhadas que veio dela, foi no minimo irritante!

Esperei pacientemente até ela parar de rir e me ajudar a sentar no sofá minhas costas queimavam e protestavam de dor... Queria só ver na segunda feira como eu iria fazer para ir trabalhar... Será que isso pode ser considerado acidente de trabalho?

Depois de muitas reclamações, consegui fazer Angela me trazer uns analgésicos, torrada e café! Ela reclamou porque segundo ela" NÃO SOU TUAS NEGAS PARA VOCÊ FICAR MANDANDO E DESMANDANDO A HORA QUE BEM ENTENDER"

Tomei os analgésicos, bebi meu café e comi as torradas em tempo record.

– Angela, você ainda vai usar a cama?

– Não, estava pensando em sair para fazer mais umas comprinhas você quer vir? - Quando ela terminou a frase, eu já estava deitado na cama em estado de pré-sono.

POV Angela

Assim que Christopher dormiu a mãe dele me mandou uma mensagem avisando que tinha chegado com o Anthony, bem na hora. Eram 8 horas, exatamente o horário que eu havia combinado com o Michael. Desci para encontra-los na recepção e começarmos os preparativos.

– Vivian, aqui!

– Angela, querida! Uma festa surpresa, adorei a ideia. - Nos abraçamos e só então eu reparei em Anthony carregando varias sacolas com material de festa para a decoração do restaurante.

– É Angela, ótima ideia, fazer o Anthony de burro de carga!

– Para de reclamar e comece a levar as coisas para o restaurante! - Vivian disse apontando para uma placa que apontava a direção do restaurante do hotel. - O lugar já esta liberado não é?

– Não sei, ESTÁ LIBERADO MICHAEL? - Me virei para o balcão onde Michael estava escutando a nossa conversa.

– S- sim senhorita, está liberado. Q-quer ajuda em alguma coisa? - Ele se virou e perguntou para nós duas.

– Pode sim, se o Christopher passar por aquelas portas, me avise imediatamente, pode ser?

– S- sim senhorita. Pode d-deixar comigo! - Michael respondeu fazendo uma continência e sorrindo nervosamente.

– Esse homem é gago? Isso ai é gagueira meu filho, um fonoaudiólogo cura isso viu? - Nós duas rimos e deixamos o pobre do Michael a ver navios no balcão da recepção.

Passamos algumas horas arrumando o restaurante, não sei como Vivian conseguiu, mas tinha enfeite ali suficiente para duas festas.

– Acho que está quase tudo pronto... Só uma pergunta, o que você fez com o Chris? - Anthony perguntou enquanto me passava os enfeites para pendurar no teto com uma mão e me segurava com a outra. O certo seria ele estar em cima da escada, mas esse palerma tem medo de altura.

– Matei e comi o figado - Olhei para ele com ironia, enquanto ele me dava o dedo do meio. No outro lado da sala Vivian desatou a rir.

– Mas é uma boa pergunta Angie, o que você fez com ele? - Depois de um tempo, acho que ela ficou preocupada que eu pudesse drogar o filho dela. Não vou mentir, essa possibilidade passou pela minha cabeça...

– Ele tomou dois analgésicos por causa das dores nas costas e desmaiou, só deve acordar durante a tarde - Olhei no relógio, 14h, acho ainda tínhamos algumas horas.

– ELE ESTÁ VINDO! ELE ESTÁ VINDO!- Michael entrou desesperado no restaurante.

– Grita mais alto, acho que na lua não te ouviram! - Desci da escada e fui correndo para os elevadores, onde Christopher havia acabado de sair.

– Oi. - Ele disse acenando, enquanto eu colocava meu melhor olhar de paisagem. - Como foram as compras?

– Foi tudo bem! Você vai subir? - Por favor, diz que sim!

– Não, estava pensando em almoçar no restaurante do hotel...

–NÃOO... A comida la é horrível! Acabei de sair de la! Mas me conta, e as suas costas? - Falei enquanto puxava ele em direção ao elevador.

Enquanto subíamos de volta para o quarto, ele falava alguma coisa que eu nem prestei atenção. Estava preocupada com o tempo... Aquela decoração precisava ficar pronta e eu precisava tirar Christopher desse hotel antes que algo desse errado.

Entramos no quarto e ele foi usar o seu Notebook, enquanto eu sentei no sofá da sala e liguei a TV, esperando algum milagre acontecer e eu ter uma ideia.

– CHRISTOPHER, MEU DEUS!

–O que? O que houve? - Ele fechou a tela do Note e se virou para mim aterrorizado.

– Eu esqueci! Eu preciso ir até aquele centro comercial de novo. Comprei uma blusa para a Nathalie e é do tamanho errado... Precisamos voltar la! - Ele me olhou incrédulo por alguns segundos.

– Quer que eu chame um táxi?

– Não, quero que você vá comigo! AGORA! - Falei já levantando e colocando meus sapatos.

– Por que eu tenho que ir?

– Por que você conhece essa cidade melhor do que eu e estou com medo de me perder... Chris, porfavorzinho! - Falei segurando suas mãos e olhando em seus olhos.

– Eu sei que eu vou me arrepender disso!

Comemorei minha vitória internamente enquanto pegava o meu celular e enviei uma mensagem para o Anthony e Vivian.

*LIMPEM A RECEPÇÃO, O MONROE ESTÁ DESCENDO*

Dois minutos depois eu obtive a resposta

*ENTENDIDO DICAPRIO*

Saímos do quarto, pegamos o elevador e saímos do hotel o mais rápido possível. Demorei mais uns 15 minutos na frente do hotel para convence- lo a ir andando... Assim demoraríamos mais e daríamos mais tempo para eles prepararem tudo.

Consegui enrolar ele no Shopping por várias horas. Fingi que não sabia mais qual era a loja, depois falei que estava com fome, fiz mais compras, visitamos dois museus e quando eu percebi já eram quase 18h. Mandei uma rápida mensagem para Anthony e segundo ele, todos haviam chegado.

– Então, vamos voltar para arrumar nossas coisas e pegar o avião?

– Graças a Deus!TAAAXIII!

POV Christopher

Como uma coisa tão pequena consegue andar tanto? Eu não tenho palavras para descrever o meu alivio quando finalmente ela quis voltar para o hotel. Puta merda, foi Deus atendendo as minhas preces!

Nós três entramos no táxi, sim nós três! Eu, Angela e as sacolas dela que ocupavam um lugar inteiro dentro do carro.

Chegamos no hotel e eu estava A.CA.BA.DO. e doido para ir para casa.

– Vamos jantar no restaurante? - Só pode ser sacanagem.

– SÉRIO? Achei que você tivesse dito que a comida de lá é ruim.

– EUUU? Ficou maluco? Eu nunca disse isso. - Falou já me arrastando pelo saguão em direção ao restaurante do hotel. Porra, essa mulher vai me deixar maluco.

Passamos pelas portas do restaurante e estava tudo escuro, não conseguia enxergar um palmo na frente do rosto.

–Angela, acho que está fecha...

– SURPRESAAA!!! -

Em apenas um segundo a luz acendeu e revelou todas as pessoas escondidas e algumas mesas dispostas ao longo do restaurante, havia uma mesa enorme com um bolo, doces e uma faixa gigante escrito " PARABÉNS CHRISTOPHER". Tinha um palco pequeno com uma banda e um espaço para dança, mas o que mais chamou a minha atenção foi que estavam todos ali! Zoe, Ethan, Nathalie, Anthony, minha mãe e alguns amigos meus de Denver.

– MAS O QUE É ISSO, MÃE? - Minha mãe veio em minha direção e me abraçou quase chorando.

– Parabéns meu filho! Não me agradeça, foi tudo ideia da Angie!

Procurei por ela em todos os lugares, mas as pessoas queriam me parabenizar e entravam na minha frente o tempo todo. Rodei o lugar enquanto a banda tocava e alguma pessoas entravam na pista de dança improvisada.

– ZOE!

– CHRIS!!! - Zoe veio em minha direção e me abraçou. Estava com saudades dela, trabalhávamos no mesmo andar mas, quase nunca nos víamos!

– E ai, como esta se saindo no meu antigo cargo?

– Tudo ótimo, quando você foi promovido o trabalho que você tinha foi reduzido quase pela metade e me permitiu ter uma vida social. - Zoe fez uma cara de felicidade que foi impossível não cair na gargalhada.

Passei algum tempo conversando com Anthony, ele passou o tempo todo reclamando que fizeram ele de burro de carga o dia inteiro e por causa disso ele tinha dores nas costas. Coitado, sei exatamente como ele se sente.

Fui para a recepção do hotel para procurar Angela, e nada. Andei até o balcão onde estava MICHAEL.

–MICHAEL, você viu a senhorita Baxter.

– Não senhor... Se ela passar por aqui eu lhe aviso! Esta gostando da sua festa?

–Estou sim... - Muito estranho ele de repente começar a me tratar cordialmente, esse viado esta aprontando alguma coisa. - Me diz uma coisa MICHAEL, como foi que Angela conseguiu alugar esse restaurante inteiro por uma noite?

– Ela... Me quebrou ao meio senhor! - Ele disse com a cabeça baixa.

– Bem vindo ao time MICHAEL. Você ainda não viu nada! - Depois desse fim de semana, MICHAEL iria fazer analise para o resto da vida.

– Chris, vamos cantar parabéns! - Me chamaram da porta do restaurante e eu fui forçado a interromper a minha busca.

Fui para trás da mesa enquanto todos batiam palmas e cantavam "parabéns para você", cortamos o bolo, comemos doces, bebemos champanhe e nada da Angela.

Após alguns minutos encontrei ela dançando com Matthew na pista de dança. Coitada, ela parecia desesperada e me pediu ajuda silenciosamente. Fui até eles e cutuquei as costas de Matthew.

– Será que eu posso interromper? - Ele me olhou como se fosse me comer vivo.

– Na verdade Sr. Morrinson... -

– Por favor Sr. Mclistter, gostaria de uma dança com a organizadora da minha festa de aniversário. - Não sei o porque, mas não gostava nem um pouco desse Matthew, ele era o único naquela empresa que me tratava com desdem e me chamava pelo sobrenome. Mesmo depois de eu ter conseguido aquele contrato milionário com a Calvin Klein, nem mesmo um parabéns eu recebi dele.

Angela se soltou dele e se virou para mim.

– Qual é o lance entre você e esse cara?

– Nós tivemos um lance na adolescência e quase namoramos, ele chegou a brigar com o Ethan por causa disso... Bobeira de adolescente. - Angela explicou fazendo um sinal de desdem com as mãos.

– Enfim, acho que eu te devo desculpas - Disse colocando minha mão esquerda na sua cintura e puxando-a para uma dança.

– E pelo o que exatamente? - Ela disse enquanto pegava minha mão direita e colocava a sua esquerda em meu ombro.

– Bom primeiro, por ter te xingado mentalmente a tarde inteira e segundo por ainda não ter de agradecido pela festa.

– Hahaha... Não foi nada, eu apenas dei a ideia, sua mãe e Anthony chegaram hoje para arrumar tudo e a unica coisa que eu fiz foi manter você ocupado a tarde toda e conseguir o aluguel do salão e... Ok, foi difícil para caralho. - Nós rimos e começamos a nos mexer pela pista de dança.

Assim que começamos a dar os primeiros passos, a música mudou para um tango, um tango que eu conhecia muito bem, PUTA MERDA!

Na mesma hora fiquei tenso e arregalei os olhos, será que ela iria descobrir tudo agora? Foi impossível não rir.

– O que foi? Por que esta rindo?

– Por nada, é só... Essa música, me traz lembranças! - Disse ainda rindo... Uma hora ela iria ligar os pontos.

– Eu adoro essa música, tocou no baile de gala da Dior e... NÃO PODE SER! ERA VOCÊ? - Parei a dança, dei um beijo em sua bochecha

– Obrigado pela festa, e pela dança... Te vejo amanhã - Dei uma piscadela e sai do restaurante a tempo de ouvir seu xingamento.

–SEU FILHO DA PUTA!- Ri e entrei no elevador.


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Notas finais do capítulo

Ufa! Terminou. Depois desse capítulo gigantenorme merecemos muitos comentário e até mesmo uma recomendação ;p