P.O.V Caroline

Eu devia estar sonhando, não é possível. Eu me beliscava sem parar, batia a cabeça na poltrona do avião, eu realmente estava parecendo uma maluca demente.

- Ei! – ah droga, eu esqueci daquele garoto ali me encarando – Para com isso, a gente precisa conversar e urgentemente!

- Ta, mas antes, 1. Como você sabe meu nome? 2. Por que tinha um fúria no avião? 3. E quem é você?

- Olha, sinceramente eu esperava perguntas mais difíceis. – o garoto não parava de rir, como se aquilo que eu acabara de falar fosse uma grande piada – Mas ok, eu sei seu nome porque eu meio que sou responsável por você. A fúria é porque ,caso você não lembre dos avisos da Annabeth, você é uma semideusa, e semideuses atraem monstros. E bom, meu nome Guilherme, eu também  sou semideus como você.

Eu ainda não sei como não tive um ataque. Sejamos sinceros, mitos gregos na vida real? Bom isso com certeza explicaria varias coisas, mas ainda assim...

Minha avó costumava dizer que eu sempre descobria quando alguém mentia pra mim, e se meu detector interno de mentiras ainda trabalhasse direito esse tal de Guilherme não estava mentindo.

- Vamos ao interrogatória intensivo agora ok Guilherme?

- Claro – disse ele revirando os olhos – me avisaram que isso seria necessário mesmo.

- Você é filho de quem?

- Hermes.

- Esse não era o deus que roubava as coisas? Mas ta, você ta indo pro Acampamento Meio-Sangue também?

- Ei, ele não rouba sempre ta bom? Ele é muito divertido por sinal queridinha. E sim, você achou que sendo eu seu protetor deixaria você chegar lá sozinha? Essa é minha primeira missão, não posso desapontar Quíron!

- Se você é meu protetor, por que não te conheci antes?

HAHA peguei ele, a cara dele estava hilária! Não não Caroline, contenha o riso, continue o interrogatório.  Eu estava a espera de uma resposta, mas se não viesse logo seria difícil conter a risada. Dava até pra ver as engrenagens trabalhando em sua cabeça. Depois de um tempo realmente não aguentei e comecei a rir.

- Ei! Por que você esta rindo?

- Sua cara realmente te entrega colega, sejamos sinceros. Você estava por aí se divertindo e eu tive que me virar por um tempo, quando soube que eu iria pro acampamento resolveu ir comigo para passar a impressão de que sempre esteve comigo e me ajudou. Acertei?

Eu o tinha pego, certeza. Sua cara o entregava, não havia como negar.

- Ahn... Não é bem assim ok? Eu não estava “por aí me divertindo”, só não queria interferir na sua vida, então deixei ela do jeito que estava.

- Mas e se eu precisasse de ajuda? Você é maluco!! Você mesmo disse que monstros poderiam me perseguir, e nem se importou com a minha segurança!

- Como assim “poderiam”? Eles não te perseguiam?

- Não tente fugir do assunto.

Ok, eu tinha ficado brava. Mas vamos de convir que ele só estava ali para aparentar ter feito um trabalho que não verdade ele nem se importou. Agora ele me olhava como se estivesse perdido, com medo, assustado sei lá mais o que. Não era pra menos também, ele teria que dar uma boa explicação pra ter feito isso.

- Não estou fugindo do assunto, apenas digo que é meio anormal que monstros não te seguiam. Olha, eu tinha que resolver algumas coisas. E outra, olhe pra mim, só tenho 18 anos, eu deveria estar por aí aproveitando a vida mas estou tendo de cuidar de você e resolver mil problemas então não me culpe se não era isso que você esperava de mim.

Agora era oficial, eu estava com raiva! Que ele exploda em mil pedacinhos, que seja lançado nas profundezas do Tártaro, que um cão infernal o coma, que Zeus o queime! Eu não tinha que aguentar isso.

Resolvi que o silêncio seria melhor, antes de xingar ele de tudo quanto é nome, apesar dele merecer. Que tipo de problema seria mais importante que a segurança de alguém?

Passamos a viagem em um silêncio desconfortável, mas não seria eu a quebra-lo. Acabei adormecendo, mas aparentemente não durou muito porque acordei com um Guilherme me chamando.

- Acorde Carol, já estamos chegando!

Ainda não estava pra papo com ele, então simplesmente me ajeitei, virei pro outro lado e aumentei o volume da musica que ouvia pelo fone. Tive a leve impressão de vê-lo revirando os olhos pra mim.  Acho que não preciso nem mencionar que a viagem de taxi ate perto do Acampamento foi da mesmo forma certo?

Assim que adentramos nos limites do Acampamento eu já me sentia renovada e com um humor totalmente diferente do da viagem. O lugar era lindo, e não só ele lógico.  Havia muitas pessoas, digamos assim, “interessantes”! O lugar estava cheio de campistas então seria meio complicado de achar a Annabeth, porem se eu queria respostas teria que acha-la.

Tudo bem que quando me contaram sobre mitos gregos serem reais eu aceitei facilmente, mas vê-los pessoalmente era uma coisa totalmente diferente! Pégasos voavam acima de nossas cabeças, perto de onde os campistas treinavam arco e flecha havia um centauro, e não esquecendo do dragão que guardava um pinheiro na entrada do Acampamento.

Eu estava realmente deslumbrada com tudo aquilo que até me esquecerá do Guilherme ali, mas ele estava acenando a mão na minha frente.

- Planeta terra chama Carol – ele repetia

- Estou aqui! Onde esta Annabeth? Preciso falar com ela.

- Serve essa Annabeth aqui?

Era uma 3ª voz, uma voz feminina que ao mesmo tempo que me trazia paz e tranquilidade me dizia que se eu fizesse algo errado eu estaria morta, vai entender. Me virei e me deparei com uma garota de cabelos loiros e olhos que mais pareciam uma tempestade presa em pequenas órbitas, com uma camiseta laranja e um shorts, sem esquecer de mencionar uma espada em  uma das mão. Não pude evitar sorrir, querendo ou não aquilo tudo era realidade, e por mais estranho que pareça, o lugar me fazia ter a sensação de estar em casa.