"Mãe, vou procurar um banheiro, já volto." "Okay" respondeu, sem nem me olhar. Sorri e saí saltitando até a floresta; estava tudo tão calmo, repleto de árvores e ruídos de animais que me faziam querer apenas sentar e relaxar. As flores dos arbustos me faziam sentir especial, como se houvesse alguma magia nelas, automaticamente peguei uma azul com alguns tons roxos e a coloquei delicadamente atrás da minha orelha direita. 

"Oi" parei na frente do garoto, ele me olhou de baixo para cima e sorriu. "Olá. Bonita flor." respondeu, apontando para a minha orelha, sorri como um agradecimento. Ele fez um sinal para que eu me sentasse do seu lado. "Qual é o teu nome?" "Luana." "Felipe, prazer." ele sorriu novamente. Covinhas; os dentes dele eram tão bonitos, eram brancos e simetricamente perfeitos; também nunca tinha visto olhos tão verdes. Cabelo preto levemente bagunçado com uma mecha que cobria seu olho esquerdo. Nariz meio grande porém não ofuscava seu brilho. 

Ficamos alguns instantes observando a floresta e ouvindo os sons dos animais. Achei tão... romântico. Não, espera... eu tenho namorado! Nossa relação está caindo mas isso não quer dizer que vou traí-lo.

"Eu gosto de ficar olhando a natureza." soltei. "Eu também, me faz bem, acho" respondeu, ele sorriu e continuou: "Me fale sobre você." "Okay. Bom, eu gosto de ler, tenho um filhote de cachorro como animal de estimação, moro com meus pais, sou filha única e ah, 14 anos." sorri assim que acabei. "E você?" ele suspirou e respondeu: "Felipe. 15 anos. Órfão mas nunca liguei para isso. Sou fã de futebol. Moro sozinho. Filho único; e tenho um rato como animal de estimação... brincadeira." completou, ao ver minha expressão. Sorrimos um para o outro mas ele logo parou. "Quer passear?" perguntou; era pra eu ter dito não, quero dizer, acabei de conhecê-lo mas ele me mostrou aquele sorriso de novo. "Para." murmurei sem querer. "Para o que?" "Nada. Esquece, vamos lá" disfarçei, me levantando e limpando as gramas que foram parar em minha calça.

[...]

"Então, o que te trouxe até aqui?" "Você." eu corei. "Não a floresta, o cemitério." "Ah, eu gosto de ficar por aqui, me lembro do meu avô." Nossos olhares se encontraram e adivinha? Ele sorriu. Me concentrei em desviar o olhar. "Ah, sinto muito. Meu tio morreu semana passada." "Sinto muito." "A gente não se falava." "Ah, então foi por isso que você foi me encontrar." disse ele, sorrindo maliciosamente. "Basicamente sim." corei. "Você está vermelha." disse, percebendo. Em vez de responder, sorri. Queria que retribuisse mas ele só continuou olhando para a floresta. De repente, ele parou. "Estamos perdidos."