Nicest Thing escrita por Nina Spim


Capítulo 1
Chapter One


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Essa é a minha primeira fic sobre Glee; revelem quaisquer erros. Aproveitem!



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Não quero me erguer da cama. Meu corpo é minúsculo nela, levando-me a retornar ao passado. Há um mês. Uau.

Franzo a testa, porque acho que me confundi. Isso não pode estar certo. Eu me equivoquei, tenho certeza. Estimei os números errados. Permaneço encolhida, debaixo das cobertas, de olhos abertos. Um mês é muito. Parece pouco para os outros, mas para mim... É quase uma eternidade. Sinto o ar gelado se infiltrar pelos meus pulmões de uma maneira que me faz querer adormecer novamente. Quando repenso nisso, solto um gemido. Kurt está em cima de mim. Não é muita coisa, uma vez que temos quase o mesmo peso, mas me dói. Dói de um jeito quase insuportável, porque ele me recorda outra pessoa. A pessoa que, definitivamente, não quero que seja sempre acionada pela minha mente.

– Calda de chocolate ou groselha na sua panqueca, Srta. Depressiva? – Kurt, como habitual, está com aquela sua voz alegre que me provoca certa inveja.

Ele ainda está de pijamas, mas por poder sentir a fragrância suave de seu sabonete preferido, sei que já está de banho tomado. Outro pensamento me acerta: estou atrasada. Mais uma vez. É o 30º dia consecutivo. Deste modo, posso perder o restante de meu autocontrole.

– Aceito um pouco de ácido sulfúrico. Tem? – noto que minha voz está quebrada e rouca demais. O frio a modifica, mas tenho ciência de que Kurt está com a razão: estou me tornando depressiva. Até mesmo minha voz está me sinalizando isso.

– Certo, você precisa de chocolate – Kurt decide por mim, não achando nada engraçado a minha “piadinha”. Ele é um amor, não me entenda mal. Mas sei que está cansado de me assistir ser assim, uma garota chorona e ridícula – Vou precisar usar toda a garrafa, posso pressentir...

Quero concordar com ele. Preciso de toneladas de chocolate. Ele, como um garoto com alma de garota, sabe melhor do que eu. Toneladas de chocolate o curaram todas as vezes que ele e Blaine “deram um tempo”. Para a felicidade geral da nação, eles apenas passam uma semana sem se falar, quando essa situação ocorre. Blaine pede abrigo para Sam e aquele cara enquanto Kurt passa seus dias em frente ao musical Moulin Rouge comendo barras e barras de Hershey’s.

Eu não o entendia até me ver completamente enterrada na mesma circunstância. Apesar de ter certeza de que, na semana seguinte, Blaine estaria de volta ao nosso Loft do Paraíso – apelido concedido pelo próprio Blaine, pois diz ele que aqui é tudo muito brilhante e perfeito demais para alguém conseguir sair –, Kurt sofria como se tudo estivesse terminado para sempre entre eles. Como se, algum dia, Blaine fosse capaz de traí-lo.

Suspiro, porque estou cansada. Isso é irracional, considerando que minhas noites estão tão vazias que não consigo fazer nada além de dormir. Meu corpo está dolorido e fico pensando em matar a aula de dança no terceiro tempo. Não sei se conseguirei suportar passar duas horas pulando e fazendo movimentos que debilitarão ainda mais meus músculos rígidos.

Kurt sai de cima de mim, porque sabe que não tem meios de mudar a minha situação a menos que eu aceite alguma ajuda – e, no momento, apenas quero retornar ao mundo dos sonhos; não quero pedir ajuda, ainda que saiba que precise. Vejo Kurt lançar um olhar impotente para Blaine, que está na bancada provando alguma coisa nova que preparou, e me deixa mais uma vez sozinha. Sinto-me culpada, porque Kurt e Blaine estão sendo maravilhosos comigo; não deixam de tentar elevar meu humor e fazem questão de me tratar como se eu fosse a mulher da vida deles. Bem, de certo modo, realmente sou.

Decido que preciso retomar as rédeas da minha consciência, que sempre esteve mais alerta e composta que as dos outros. Empurro a coberta para longe, e o ar congelado do loft me ataca imediatamente, provocando-me mais cansaço. Não dá para acreditar que, além daquele cara ter feito o que fez, foi capaz de me deixar justamente no inverno! INVERNO, ESTAÇÃO NA QUAL UMA GAROTA NECESSITA URGENTEMENTE DE UM NAMORADO!!!!

O pensamento apenas me encoraja a sair da cama. Não preciso mais de você, querido colchão quentinho! Posso muito bem empurrar minha vida sem você – exceto pelas noites, é claro. Preciso dormir. Se bem que, depois de tantas horas somente dormindo, posso passar alguns dias completamente acordada, dando muitas festas! Kurt e Blaine vivem reclamando que desperdiçamos completamente o espaço por não recebermos ninguém além das mesmas pessoas. Vivem dizendo que sou muito certinha e que preciso de bebidas para aprender a passar pela vida com um pouco mais de felicidade, e se não for com festas, com o que vou aprender a viver?

Eu digo: com o canto e com a dança. Mas essa minha resposta nunca se mostra suficiente para eles.

Espreguiço-me, já em pé. Meu pijama de lã é grande demais para alguém do meu tamanho e me sinto satisfeita por isso. Assim, condiciono um pouco mais do calor que mantinha instantes antes. Caminho para nosso banheiro. Ainda que eu conviva com dois homens, eles são tão limpos e organizados que mal dá para inferir que eles realmente moram comigo. Realizo a minha higiene matinal, demorando mais que de costume, simplesmente porque me esqueço do tempo enquanto fico dentro da banheira. Fico agradecida por Kurt ter me convencido a comprá-la, um tipo antigo e adorado por pessoas como nós.

Quando saio para o restante do loft, Kurt e Blaine já estão devidamente vestidos e alimentados. Meu cabelo ainda está úmido e preciso escolher roupas quentes para enfrentar o inverno chuvoso de NY.

– Finalmente a Bela Adormecida saiu da cama! – Blaine comemora com um sorriso. Ele vem na minha direção, sem se intimidar pelo meu corpo envolto apenas pela toalha azul, e me abraça. Imediatamente, posso sentir que ele está feliz.

Tiro a minha franja dos olhos e respiro fundo durante o abraço. Abraços podem ser a cura bem mais do que chocolate. Não que eu esteja completamente curada. Mas coisas assim – pequenos gestos que se tornam grandiosos quando necessitamos deles – modificam todo um dia inteiro. Parece que, agora, posso respirar com um pouco mais de regularidade. Como se a escalada não estivesse me forçando tanto.

– Quinze minutos? – imploro, olhando para Kurt.

Ele está verificando seu e-mail pelo iPhone como se sua vida dependesse disso. Por um momento, ergue os olhos da tela e me analisa.

Eu me arrumo em quinze minutos – ele faz questão de ressaltar. Realmente, é incrível a habilidade dele de estar pronto para qualquer ocasião mais rápido do que personagens de desenho animado – Você vai demorar pelo menos meia hora – constata, sabendo que não está dizendo nenhuma mentira. E me alerta: – Tenho prova em menos de uma hora, Rach.

– Quinze minutos, eu prometo – digo, já me livrando dos braços de Blaine. Ele não se ofende, porque sabe que vai ser uma Corrida Maluca para eu estar pronta no tempo que indiquei.

Kurt é o único que tem carro; seu pai lhe presenteou com ele quando soube do ingresso do filho na universidade. Então, eu e Blaine sempre estamos dependendo dele, nos dias de semana. Esse é o primeiro dia, depois de 29, que retorno a abusar da generosidade de Kurt. Depois do terceiro dia de atraso, Kurt simplesmente entendeu que não havia por que ficar me esperando, uma vez que nada indicava que eu me levantaria da cama tão cedo. Não às oito da manhã para suportar aulas com Cassandra, ao menos.

Tento não perder a cabeça. Tento pensar com racionalidade. Roupas. Cabelo. Maquiagem.

É uma maratona que quase não venço. Sou lerda demais, especialmente sobre pressão.

Kurt cantarola de forma irritante enquanto Blaine termina de editar algum trabalho. Evito pensar em trabalhos/estudos, porque tenho ciência de que estou em falta com os dois. Mobilizo minha consciência para que eu consiga realizar tudo com a destreza Rachel Berry de sempre. Nos últimos dias, minha destreza simplesmente deixou de existir. Talvez porque eu mesma tenha deixado de existir. Mas quem poderia me julgar? Está frio, meu namorado me deixou e eu não encontro minhas botas preferidas!

POR QUE EU NUNCA ENCONTRO NADA NESTE LUGAR?

– As botas Peter Pan? – Kurt lê meu desespero antes mesmo que qualquer coisa possa escapulir de minha boca – Debaixo daquele monte de coisa esquisita que você desenterrou debaixo da sua cama outro dia – ele faz o imenso fazer de apontar para o canto esquerdo do que é chamado “meu quarto”.

Corro até o lixo acumulado – não há outras palavras para descrever o que vejo. Kurt está certo, as botas estão lá. Confiro o relógio colorido perto da pia. Três minutos. Ainda tenho de pegar minha bolsa e verificar o que tem lá dentro. Da última vez que a olhei havia tantos lencinhos usados que não conseguia achar nada além de um monte de meleca. Calço as botas num átimo e desisto de usar a bolsa enfestada de lencinhos. Jogo tudo para cima da minha cama e caço apenas o que verdadeiramente preciso: chaves, celular, estojo de maquiagem, estojo de higiene bucal, estojo de utensílios femininos e minha agenda.

Enfio tudo na outra bolsa, na cor de aveia, apenas porque o tempo se esgotou. Ajeito minha franja mais uma vez e faço uma anotação mental para aparar o cabelo.

– Se tivéssemos apostado, eu arrancaria algum dinheiro de vocês – eu digo, postada na frente de Kurt e Blaine. Kurt ainda está na sua caixa de e-mail, e me pergunto o porquê de sua obsessão. Será que isso é um aviso? Será que eu mesma devo dar uma olhadinha nos meus e-mails? Mas quem poderia me mandar e-mails, agora que a única pessoa que verdadeiramente fazia isso com alguma frequência saiu da minha vida? Fico repentinamente nervosa.

– Eu ficaria grato por gastar algum dinheiro com você – Kurt me responde. Eleva os olhos para meu rosto e arregala os olhos – Com o seu cabelo, por exemplo. Ai, meu Deus, já ouviu dizer que hoje em dia existem ótimos cabeleireiros, inclusive no nosso bairro?

– Obrigada pelo elogio – fecho o rosto, porque sei que meu cabelo necessita de um tratamento capilar emergencial – Vamos? Não quero que se atrase para depois jogar isso na minha cara.

– Eu sempre jogo alguma coisa na sua cara – Kurt responde, indiferente – Vou precisar adicionar algum adstringente dessa vez, porque sua pele está pronta para uma guerra.

– Dá um tempo, ok? – Blaine oferece ajuda a mim, fechando o protetor de seu iPad – Sabe quantas barras de chocolate ela comeu nesses trinta dias? Eu contei. Foram sessenta e oito.

– Comi-as no café da manhã e como lanche da noite – confesso a eles, porque não há motivo para vergonha – Gostaria que as pessoas parassem de me oferecer chocolate sempre que digo que não tenho mais namorado.

– Avisarei a todos para lhe mandarem flores – Kurt me oferece um sorriso.

– Seria ótimo – acabo concordando.

Todos estão mais do que prontos para partir do loft e iniciar mais um dia. Para mim, no entanto, mais parece que estou me reinserindo na sociedade nova-iorquina. Tento me acalmar, porque tenho certeza de que, invariavelmente de quaisquer expressões tristes que me fizerem, ao menos estou dando o primeiro passo. Estou reiniciando minha vida.

– Não se esqueça de que mais uma candidata aparecerá durante o almoço – Kurt me avisa.

Minha mente breca por um instante. E então me recordo de que não sei se poderei retornar para o loft na hora do almoço. Provavelmente terei de reajustar algumas pendências, por conta das minhas faltas.

– Não podemos almoçar com ela na Juilliard? – pergunto.

– Pensei nisso também. Porque, com certeza, a vaca da Cassandra fará meus pés sangrarem até eu implorar para que pare de berrar a respeito dos meus saltos serem “demasiado sem elegância” – ele se irrita por um momento, mas eu o entendo. Ser calouro é um saco, especialmente se você tem de aguentar a Cassandra cinco dias por semana, por duas horas seguidas. Ele volta a abrir sua caixa de e-mail e diz – Vou encaminhar o último e-mail da garota a você para facilitar. Você sabe ser bem mais convincente do que eu.

Abro um sorriso, levando aquilo como um elogio.

Temos vinte e sete minutos para chegarmos ao campus, caso contrário posso perder meu melhor amigo e o restante da minha competência.

~*~

Estou satisfeita por ter feito a minha escolha. Não é como se elas tivessem se reunido secretamente e dado o veredito de que eu deveria me preparar para arranjar outro lugar para dormir. Aliás, devo muito às duas, foram as únicas que me acolheram quando eu necessitei. Não há por que eu reclamar agora.

É verdade que a Santana ficou completamente indignada quando deixei escapar o meu prospecto. Ficou dizendo que se recusava, depois de todo aquele tempo – somente sete meses, para ser sincera –, a se “livrar” de mim, porque eu já tinha me tornado a sua segunda melhor amiga. Claro que eu sou muito agradecida por isso, afinal não há como entender que alguém como a Santana tenha concedido ser legal com alguém como eu, que já cometi tantos erros que preciso andar com uma lista no bolso para me recordar de todos eles.

Sei que vou sentir falta das noites de sábado, nas quais nos reuníamos na frente da TV para assistir aos piores episódios de quaisquer seriados antigos que estivessem sendo reprisados. E do Lord Tubbington, o gato – possivelmente esquizofrênico – de Brittany. E das coisas sem sentido que escutava e não compreendia. Por outro lado, porém, existe uma tentativa de conquistar um pouco mais do mundo. Conquistei um pedaço estando com Santana e Britt, mas sei que há muito mais. Mais pessoas. Mais conversas. Mais risadas. Mais noites de sábado. Posso estar perdendo muita coisa apenas porque me acomodei. E não posso nem cogitar retroceder, uma vez que prometi a mim mesma que nunca mais olharia para trás. Sei que o passado nos faz quem somos no presente, mas não quero que meu presente seja definido desta forma. Porque sou uma pessoa melhor do que era há um pouco mais de um ano. Não há como negar que não me orgulho de quem sou, agora. Não preciso de ninguém – não dos meus pais, nem da minha irmã. Muito menos de um namorado.

Quando me encontro com Santana na biblioteca a cutuco. Ela dá um pulo, porque devo ter acertado suas costelas com muita força.

– Você precisa comer, sabia disso? – pergunto, observando o rosto amassado dela se franzir. Ela adormeceu mais uma vez em cima de um grande livro sobre estatística inferencial.

Mas tudo o que Santana quer saber é:

– Cadê a Britt?

Adoro essa coisa chata entre elas. Essa força gravitacional que as impede de dar cinco passos sem sentir saudade ou sem deixar de perguntar informações sobre a outra. Mas, sinceramente, fico um pouco aliviada por estar me distanciando um pouco disso. Porque, ao contrário do que a mente de Santana acha, eu não ando por aí tendo ciência da localização exata da Brittany. Para falar a verdade, me encontro bem mais com Santana do que com Britt fora do apartamento.

– Não sei – digo rápido, para evitar que ela tenha tempo de rebater – Deve estar almoçando sozinha em algum lugar, ou então algum garoto deve estar tentando se aproveitar da inocência dela – não deixo de adicionar o básico, o que venho constantemente dizendo a ela nos últimos dois meses: – Você deveria parar de dormir em cima de todas as mesas da biblioteca só um pouquinho e ir conferir isso de perto, afinal você é a namorada dela.

– Nossa, parece que alguém acordou tentando acabar com o meu dia. Quer um aplauso por isso? – ela é um pouco ferina, mas apenas porque sabe que tenho razão. Além do mais, suas noites de sono têm sido muito prejudicadas por conta de seu trabalho final e isso a deixa parecida com uma vilã sem coração, mas bonita demais – Tudo bem – ela rola os olhos, meio que rosnando para mim –, vou ir à caça da Brittany.

– Almoce, ouviu bem? – completo, arqueando as sobrancelhas para enfatizar meu conselho.

– Você não vai almoçar conosco?

– Não, vou à Juilliard. Meus possíveis futuros companheiros de república estão me esperando.

– Não acredito! – Santana praticamente berra no meio da seção de Administração – Já arranjou outro teto? Assim, tão rápido? Não faz nem um mês que você disse que precisa dar o fora do nosso ninho de amor!

Não posso evitar rir da sua descrição de nosso apartamento. Ele já era um ninho de amor antes de eu chegar, mas Santana enfatiza que ele só ficou completo depois que eu espalhei todos os meus cremes de menta e erva-doce e os sabonetes de damasco pelo minúsculo banheiro.

– É, foi inesperado. Encontrei um anúncio do jornal do bairro na sexta e entrei em contato com um dos caras.

– Caras? – Santana está mais chocada do que nunca – Você vai dividir um apartamento com caras?! Quantos caras? – ela não me dá chance de réplica, porque já está falando como se eu nem estivesse ao seu lado, de modo muito rápido – Não dá para acreditar que eu nem mesmo consegui com que você apreciasse namorar meninas! E agora você vai viver com um bando de caras que, muito provavelmente, não vai respeitá-la por você ser tão estilo princesinha! Aí está! – ela grita com extrema alegria – Você não pode se mudar! Não posso estar de acordo com a minha segunda menina dividindo o quarto com meias sujas e mulheres peladas nas paredes!

Esqueço de que estamos ainda na biblioteca e, sem me conter, um riso muito alto escapa da minha garganta.

– Santana! – exclamo, escutando uma das bibliotecárias perto de nós reclamar sobre a minha impertinência – Você não me deixou falar nada!

– É porque você não tem argumentos – ela me responde.

Atingimos o corredor, enfim livres do silêncio irritante da biblioteca.

– Primeiro, são dois caras e uma garota. Está ouvindo? Há uma garota! Segundo, quer parar de se referir a mim como “uma princesinha”? Você sabe que a minha ficha de idiotices não permite que ninguém fique achando que sou do tipo “princesinha”! Terceiro, existe, sim, a possibilidade de eu me mudar. Conversei com um dos garotos durante o fim de semana todo por e-mail, e nem ele nem o namorado dele parecem ser do tipo que apreciam garotas peladas nas paredes.

– Ah, meu Deus! – Santana parece sufocar ao meu lado – Garotos gays! Onde eles estiveram durante todo esse tempo? Por que não encontro nenhum garoto gay com gel no cabelo e gravata colorida andando pelo meu prédio?

– Você não gosta de garotos, muito menos de garotos gays!

– Nunca conversei com um para saber a diferença entre um garoto imbecil e um garoto gay imbecil. Será que dá para distinguir somente ao bater os olhos?

Franzo a testa, porque ela está me atrasando e porque já perdeu todo o foco da conversa. E isso está me deixando confusa e irritada.

Tanto faz! – me exalto, lançando um olhar nada amigável para ela – De verdade, preciso muito ir – olho meu relógio de pulso e calculo mentalmente quanto tempo ainda tenho para conseguir chegar ao campus da Juilliard – Vemo-nos antes do último tempo, tudo bem? Só, por favor, por favor, por favor, encontre a Brittany e coma alguma coisa. Não a Brittany, digo comida. Salada. Ou arroz com ervas. Qualquer coisa, Sant – já estou um pouco longe dela, mas não tenho vergonha de gritar. Porque a verdade é que eu me apeguei muito a ela, tanto quanto uma criança se apega à sua boneca preferida.

Mesmo à distância, Santana manda um beijo para mim e acena. Tenho vontade de arrastá-la até alguma lanchonete e forçá-la a engolir algum lanche, mas não me resta mais tempo. Preciso ser rápida se ainda quero ter novos colegas de vida.

Por conta do trânsito, levo bastante tempo para chegar ao local indicado pela garota do e-mail. Mas, quando enfim consigo descansar minha consciência e minhas pernas, não posso deixar de sorrir. Porque, a duas mesas de onde estou, estão sentados dois garotos com trajes impecáveis e uma garota que parece que acabado de sair de Oz, com seus cabelos revoltos e sua franja longa demais.

– Moradores do Loft do Paraíso? – ando até os três e inquiro.

O trio maneia os pescoços e me avalia. O garoto com óculos coloridos me oferece um sorriso gentil; o outro, sem óculos e com uma gravata vermelha brilhante, está muito contente, sei disso porque ele é o único que se levanta e vem me abraçar como se eu fosse uma velha amiga. A garota, por um momento, fica impassível, mas então sua expressão denuncia surpresa – uma surpresa que diz “Alguém está me enganando, tenho certeza!”.

– Lucy? – o garoto que acabou de me abraçar pergunta.

– Oi! Kurt, certo?

– Kurt – ele concorda, ainda parecendo muito feliz. Vira-se para os outros e os apresenta – Blaine e Rachel.

Blaine lança outro sorriso simpático a mim, mas Rachel apenas diz:

– Tem alguma coisa errada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Maiores explicações nos próximos capítulos! Beijos!



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