Maisy tinha um olhar estranho que demonstrava vários sentimentos ao mesmo tempo. Isso me assusta até hoje, mas confesso que também me deixa intrigado. Quando ela disse que queria fazer um acordo comigo, como não a conhecia bem, achei que ela falava dos olhos de shinigami, mas foi aí que tive minha primeira surpresa e aprendi a primeira lição a respeito dela: Maisy é imprevisível.

– Hehe. – respondi. - É. Baita coincidência. Que acordo? – mordi a maçã satisfeito.

– Um que creio que beneficiará a nós dois. – ela se sentou na cama.

– Hum... Sabe também sobre os olhos de shinigami. De fato é um acordo bom para nós dois.

– Olhos de Shinigami? Haha – ela começou a rir de mim. – Não me conhece Ryuk então deixe eu te falar um pouco sobre mim. Eu venho descobrindo e estudando sobre L e Kira há muito tempo e agora sei exatamente como devo agir. Em breve Kira voltará e um novo mundo vai de fato surgir. E eu pretendo viver bastante para construir e aproveitar isso.

– Então você quer continuar o trabalho de Kira. Interessante. Sendo assim... qual é o acordo?

– Apesar de tudo o que descobri ainda está faltando alguns detalhes, coisas que apenas alguém que esteve lá pode saber e relatar.

– E você espera que eu te conte tudo o que sei? – foi minha vez de rir. – Eu não tomo partido Maisy, sou apenas um espectador. Devia saber disso.

– Por isso mesmo é uma negociação.

– Neste caso o que eu vou ganhar em troca? Não acha que vai me comprar com maçãs, acha? – ela forçou uma cara de emburrada e tristonha.

– Poxa achei que daria certo. Que tal uva, pêra... Cerejas talvez. – ela riu. – É uma piada Ryuk, estou só te enchendo. Claro que não esperava que maçãs fossem o suficientes. – ela se levantou e se aproximou de mim, como a cama ficava no centro do quarto e este era um pouco mais alto do que o chão ela ficou quase da minha altura e me encarou. – Que tal se eu te der algo que você quer muito, hein?

– Não há nada que eu queira que eu mesmo não possa conseguir.

– Isso não é verdade. Você é um shinigami entediado, depois que eu me tornar Kira o Detetive L deve assumir o caso e quando a guerra for declarada as coisas vão ficar muito interessantes. Você vai se divertir como nunca.

– Não acho que seja um bom acordo, acho que está tentando me passar pra trás.

– Olha só, até que você é esperto, mas eu ainda não acabei. Ainda há mais uma coisa, diga-me Deus da Morte... Os humanos não pegam o tempo de vida das pessoas que matam usando o Death Note, então o que acontece com essas almas?

– Hã...? – eu fiquei confuso. Realmente não sabia.

– Viu só, esse é o problema de vocês shinigamis, é por isso que seu mundo só apodrece. Vocês não sabem, não se importam e se contentam em sobreviver já que temem a morte. – naquele momento ela me assustou. Ouvir aquilo tudo me fez ficar com raiva e isso queria dizer que era verdade. – Acontece Ryuk que seu Rei não é tão idiota, pelo contrario, ele é um gênio. Toda as almas, os tempos de vida, força vital, TUDO vai pra ele.

– O que? Como sabe disso?

– Me contaram, mas o fato é que vocês poderiam ser criaturas fantásticas, só que ele não permite isso. Além do mais... Como acha que ele tem tantos cadernos? Você é o Deus da Morte, me diga, como são criados os Death Notes?

Eu fiquei tão surpreso que me sentei na cadeira que antes Maisy ocupava.

– Exatamente Ryuk, ele tem esse poder por causa das almas humanas. Acha mesmo que ele daria algo tão poderoso a um shinigami por míseras maçãs sem ganhar nada mais em troca?

– Co-Como sabe disso?

– O idiota que tentou bancar Kira tinha um diário. Foi a coisa mais fácil do mundo. Aliás ele usou esse mesmo caderno não foi? Reconheço alguns nomes aqui. – não me convenceu muito, mas sua convicção era assustadora.

– Mas então qual é a sua proposta?

– E se eu transferisse esse poder pra você? Se em vez de seu Rei você é quem absorvesse todas as almas que eu matar? Mesmo que sejam criminosos vão servi do mesmo jeito, o valor não muda em nada. Se eu construir um mundo novo, você será mais poderoso do que seu Rei. – eu fiquei olhando pra ela. – Nunca pensou em como as coisas poderiam ser se você governasse seu mundo? Em como tudo ficaria melhor, mais divertido?

– Como um humano pode saber de algo que nem mesmo um shinigami conhece? Quem me garante que essa sua historia é verdade?

– Light Yagami. – o nome ressoou na minha mente. – Ele me contou isso.

– Light está morto, posso garantir isso melhor do que ninguém. Está apodrecendo no vazio. Deve saber que ao usar esse caderno você não irá para o céu nem para o inferno.

– E o que mais existe além disso e o mundo dos humanos, hein? – eu me espantei.

– O... Mundo dos... Shinigamis. – falei mais para mim do que para ela. – Impossível. Se Light estivesse lá eu saberia.

– É mesmo. Qual o tamanho do seu mundo? Há algum número em alguma unidade de medida que seja? Pode me dizer quantos quilômetros ele tem? Algo assim? – eu balancei a cabeça negativamente. – Yagami conseguiu ir parar no mundo dos shinigamis, os observou, estudou, descobriu milhares de coisas, mas não uma maneira de sair, de voltar.

– E como falou com ele?

– Não falei. Ele é que falou comigo. Assim como você poder ver o mundo dos humanos ele conseguiu falar comigo assim. A conexão dura pouco. Acho que o Rei descobriu e não gostou nadinha. Mas a questão é que eu sei como transferir as almas e te conseguir muitas e muitas delas. Em troca você me dirá tudo que sabe e me ajudará em tudo que for possível dentro das suas leis. O que me diz Ryuk? Temos um acordo?

Eu fiquei pensado no que ela falou. Me lembrei de como Light analisava as coisas e me pus a pensar. Do jeito que Yagami era não duvido nada que pudesse ter descoberto tudo isso e que talvez em breve sairia de lá se estivesse mesmo no Mundo dos Shinigamis. Em todo caso não estaria desobedecendo nenhuma regra e ainda conseguiria algo em troca... Parecia muito bom.

– Sim temos um acordo. Me prove o que você diz e contarei tudo o que quiser saber.

– Então vamos começar. – ela abriu o caderno e pegou uma caneta. – A parti de agora Kira renasce.