Stranger escrita por Okay


Capítulo 53
Comemoração.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 06/12/2020



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Capítulo 53 — Comemoração.

Os dois pombinhos tiveram a proposta da casa aceita, comemorando com os amigos. Agora tudo o que esperavam, eram respostas do processo do visto, que ainda estava rolando e não receberam muitas novidades, tinham que aguardar. 

Comemoraram o aniversário de Marcus no sábado e depois de alguns dias, voltaram para Scranton, para dar continuidade nos documentos da compra da casa, levando os amigos com eles, que ficaram mais do que admirados com a propriedade, dando ideias de decoração.

Era bom tê-los ali, sabendo que a visita deles seria frequente e que passariam muito tempo na área de lazer. Alberto estava com Lucas, que falava sobre os animais de estimação que gostariam de ter com o espaço que o quintal disponibilizava, enquanto Marcus roubava Rachel para conversar. 

— Eu tô muito feliz por vocês. — A mulher falou, andando com ele pela região da cozinha, apoiando-se no balcão dali. — Aqui é lindo! Mal vejo a hora de pousar aqui e pular naquela piscina lá fora. 

— Fica à vontade se quiser, a casa já é nossa. — Marcus respondeu, fazendo-a rir. 

— Talvez depois, agora tá frio.

— Então... Eu queria te perguntar uma coisa, Rachel.

— Fala. — Deu permissão, vendo-o desconcertado.

— A gente vai no fim do mês pra Elmira e com isso o Lucas vai falar pra mãe que vamos casar. E como a gente quer mesmo fazer a festa, ele também me falou que quer entrar com ela no casamento e eu sei com toda a certeza que a Harriet vai aceitar... — Fez uma pausa, desviando o olhar do dela. — Me desculpa se isso vai parecer meio estranho, mas… Você não gostaria de entrar na cerimônia comigo? Eu não queria entrar sozinho. 

— É sério? — Ela sorriu, podendo ver ele assentir, ainda tímido. 

— Olha… Você não precisa aceitar só por causa deles, se você não gostar da ideia, não tem problema. — Reforçou, encarando-a ainda desajeitado. 

— Pra falar a verdade. Eu adoraria, Mark! 

— Que bom… — Ele suspirou aliviado. — Eu fiquei com medo, porque eu sei que a gente não se conhece direito e...

— Eu sinto como se já te conhecesse. — Ela interrompeu-o. — Olha, eu assumo que no começo, eu tive muito medo. Eu tava muito preocupada com o Luke, eu não queria ver ele sofrendo de novo, você sabe...

— Sim, eu entendo. — Concordou com ela. 

— E desde que você voltou pra vida dele, eu percebo como ele tá diferente, eu tô vendo o Lu feliz como nunca vi antes, empolgado com as coisas… — Rachel falou, admirada, vendo-o tímido. — E ele até mesmo voltou a falar com a mãe, mesmo com o Al me dizendo que, no ano passado, ela tentou contato e ele não quis. Você tá sendo ótimo pra ele e se o Luke confia em você, eu sei que eu posso confiar também. E eu vou amar entrar com você no casamento, sério mesmo. 

Marcus só sabia sorrir enquanto ouvia aquilo, totalmente feliz pelo que Rachel disse, agradecendo-a, sendo pego de surpresa por um abraço espontâneo da moça, ouvindo-a dizer:

— Nós somos uma família agora, não esquece.

Algumas semanas depois, Alberto passaria o dia de ação de graças com a família de Rachel, enquanto Marcus e Lucas iam à Elmira. Ficariam alguns dias no hotel que já conheciam bem e chegaram um dia antes do feriado, na quarta-feira. 

Lucas pensava que agora estava pronto para revelar a todos que estavam noivos, mas não sabia bem como dizer isso ao seu pai. Tinha visto Ethan algumas vezes nesse intervalo que Marcus ficou fora, mas não passava de conversas rápidas e desajeitadas.

Talvez agora teria coragem de enfrentá-lo, precisavam conversar melhor e aquela era uma boa ocasião para isso. Iam para a casa de Harriet pouco depois de chegarem na cidade, ela já estava mais do que ansiosa para vê-los.

Melanie recebeu-os animadamente e logo notaram que ela não estava sozinha com a mãe, Ethan também estava lá. O loiro não esperava vê-lo tão cedo e ficou sem saber como reagir quando recebeu um abraço dele, ainda próximo à porta de entrada. 

— Eu sabia que você ia chegar, então eu tava só esperando aqui pra te ver antes de ir. — O pai informou, olhando nos olhos dele e abrindo um sorriso gentil. 

— Ah. — Lucas não conseguiu evitar sorrir também. 

— Então eu vou indo. — O homem desviou o olhar, em seguida olhando para o genro. — Quanto tempo vão ficar?

— Vamos embora no sábado. — Marcus respondeu, também entrando no assunto. 

— Então dá tempo da gente se ver de novo. — O sogro observou. — Só não vão embora sem se despedirem, ok? A Harriet tem meu número, caso queiram falar comigo. 

— Amanhã você não vai passar o feriado aqui? — Lucas indagou, ligeiramente confuso. 

— Não, não quero atrapalhar vocês. — Ethan forçou um sorriso, que fez o coração do loiro apertar. 

— Eu posso passar na sua casa, se você quiser. — O loiro ofereceu ao se dar conta de que talvez a mãe não quisesse ele lá. 

— Não precisa, meu filho. Não vou fazer nada de especial esse ano. — Tocou o ombro do rapaz, acariciando levemente antes de dar um passo para fora da casa. — Depois a gente se vê. 

Marcus observou Lucas olhar pensativo para o homem, abandonando-o para seguir o pai, descendo os degraus da varanda, resolveu ficar para trás, entrando na casa e encostando a porta para dar-lhes privacidade, sabendo que o noivo queria conversar com ele a sós. 

O loiro se aproximou de Ethan na calçada, chamando-o:

— Pai! 

O homem virou-se com pressa, não só por estar surpreso por estar acompanhado dele, como por ouvir o seu menino chamando-o assim depois de tanto tempo… Depois de tudo o que lhe fez. Abriu um sorriso trêmulo, não conseguindo dizer nada, vendo-o colocar as mãos no bolso da calça, acanhado ao perguntar:

— Por que não vai passar o dia de ação de graças aqui? 

— A Harriet chegou a me convidar, mas… — Interrompeu sua resposta, sem saber como diria o resto da frase, desviando seu olhar. 

— Mas?

— Eu achei que seria melhor não vir. — Voltou a encará-lo, parecendo desanimado. — Eu não sabia se você queria. 

— Por que eu não iria querer? — Lucas quis entender, sentindo o coração carregar-se ao ver o homem tão amuado. 

Ethan recuou, parecendo precisar de ar, era difícil encarar seu filho tão de perto naquele momento, sentindo o peso do amargor que carregou por anos e da culpa em tê-lo feito sofrer. Fungou pela primeira vez, vendo-o ainda estático.

— Eu não achei que você pudesse me chamar de pai de novo. — Confessou, quase sem voz. — Eu sei que eu estou te devendo um bom pedido de desculpas.

Lucas emudeceu, engolindo um possível choro, vendo que o homem à sua frente lhe encarava como se o admirasse. Não sabia o quanto tinha sonhado para ouvir aquelas palavras saindo da boca dele, muito menos achava possível que ele pudesse lhe encarar daquela forma tão cheia de carinho. 

— Não precisa. — O loiro trombou com os olhos avermelhados dele, começando a sentir seu queixo tremer. 

— Eu te fiz muito mal. — Ethan voltou a dizer, com a voz prejudicada pelo nó de sua garganta. — Eu pensei por muito tempo no que eu deveria te falar… Mas nada parecia adequado. 

— Tá tudo bem. — Tentou sorrir, já não conseguindo esconder a voz chorosa.

— Me perdoa? — O pai pronunciou-se, sem conseguir conter a respiração pesada pelo choro.

Lucas encarava a calçada, subindo o olhar aos poucos, vendo o homem esperançoso à sua frente. Aproximou-se dele, dando um passo adiante, enquanto tirava as mãos do bolso. Com timidez, balançou a cabeça positivamente, podendo ver o exato momento em que um sorriso se formava no rosto de Ethan. 

O pai riu bobamente, sem precisar pedir permissão para abraçar o filho, vendo que ele também estendia os braços para recebê-lo. Ter o seu menino em seus braços era melhor do que tinha imaginado. Antes não achava que seria possível dizer tal coisa para ele, mas havia valido a pena encarar o seu orgulho para tê-lo de volta em sua vida. 

Os dois se olharam após o abraço, com Ethan repousando as mãos aos ombros do rapaz, admirando-o de perto mais uma vez, logo ouvindo-o dizer:

— Vem amanhã, eu quero você aqui com a gente. 

— Pode deixar, meu filho. — Espremeu os lábios em um sorriso emotivo. — Eu quero que você saiba que seu velho ama você, tá? Eu tava com saudade. 

— Eu também, pai. — Riu com o jeito modesto dele, sentindo seu coração se aquecer. 

Chegavam ao quarto de hotel, enquanto Lucas contava sobre como foi a conversa com o pai, ainda sem acreditar nas próprias palavras. Ria enquanto dizia das emoções de Ethan, com Marcus admirando-o ao vê-lo falar com tanto carinho daquele homem que foi finalmente capaz de perdoar. 

O loiro dormiu mais do que feliz, mal podendo esperar para o feriado do dia seguinte. 

 

Quinta-feira, dia 28 de novembro de 2013.

— Eu quero saber pelo o que vocês são gratos nesse dia. — Harriet estimulou-os a dizerem, antes da refeição. — Eu sou grata por ter vocês aqui, na minha casa. E você, Mel?

— Por… — Pareceu pensativa antes de falar. — Pela torta! 

— Pela torta de maçã que a mamãe fez? — A mulher quis saber, enquanto todos ali riam.

— Sim! — Ela exclamou, animada, roubando mais risadas. 

— É bem gostosa mesmo. — Harriet continuou, agora olhando para o ex-marido, que erguia a taça de suco que segurava. 

— Eu sou grato pelo meu filho. — Ethan iniciou, fazendo todos da mesa abrirem um sorriso gracioso, principalmente Lucas. 

Marcus viu que o noivo parecia tímido, então decidiu continuar o assunto.

— E eu sou grato não só por ter conhecido vocês e por estar aqui, mas também porque agora vocês poderão nos visitar. — Falou, surpreendendo os sogros, em seguida olhando para Lucas. — Nós compramos uma casa. 

— É sério? — Harriet surpreendeu-se. — E aonde é? Em Nova York?

— Não, é Scranton, no estado da Pensilvânia. Dá umas duas horas de carro daqui.

— Que maravilha! — A mulher encantou-se. — Meus parabéns! É um passo muito importante!

— Eu conheço a cidade, vocês vão gostar de lá. — Ethan sorriu para o genro, vendo agora que o filho parecia querer dizer algo. 

— E eu… — Lucas preparou-se para dizer, ainda tímido, mas sorrindo contente. — Por estar noivo do Mark. 

— Vocês vão casar?! — Harriet arregalou os olhos, chocada e empolgada com a notícia. — Não creio! 

— É. No ano que vem. — O filho confirmou. 

— Meu Deus! É muita notícia boa de uma vez só! — Ela levou as mãos ao próprio rosto, embasbacada. — Já tem data? 

—  Provavelmente em maio, o dia ainda estamos decidindo. — Marcus respondeu. 

— E eu quero vocês lá. — Lucas afirmou, olhando agora para o pai. — Todos vocês.

Ethan abriu um sorriso honesto, feliz pelo seu garoto e por ver que ele estava amadurecendo. Se sentia orgulhoso e nunca mais perderia nenhuma fase da vida dele, apenas conseguindo dizer:

— Eu com certeza estarei lá. 

Harriet ainda olhava para os dois totalmente surpresa, não deixando de sorrir, aquilo era a melhor coisa que poderia ter sonhado em todos os anos que foi privada de estar na vida do filho, era felicidade que não cabia em seu peito. 

— E Mel… A gente tem um pedido pra fazer pra você. — Marcus chamou a atenção da menina. 

— O que é?! — Ela encarou-o, curiosa.

— Você quer ser a nossa daminha de honra? — Perguntou à cunhada, vendo os olhos azuis dela crescerem. 

— Quero! Quero! Quero! — Ela pulava na cadeira, agitada. 

— E mãe, também tenho um pedido pra te fazer. — O filho encarou-a, vendo-a sorrir alegre. 

— O que, meu anjo? 

— Eu queria que você entrasse comigo na cerimônia. — Lucas anunciou, vendo a mulher ficar paralisada por breves segundos antes de levantar-se com pressa. 

Harriet saiu de sua cadeira, dando a volta na mesa para alcançar o filho, abraçando-o enquanto ele ainda estava sentado. Depositou beijos na bochecha dele e no topo de sua cabeça, fazendo-o rir, ela parecia mais empolgada que Melanie. 

Marcus apenas conseguia se deliciar daquele momento, ouvindo a risada do noivo com a situação, pensando no quanto gostaria que sua mãe estivesse viva. Apesar de tudo, tinha ganhado uma nova família que o respeitava e que, acima de tudo, dava valor ao noivo, tratando-o como o príncipe que ele era. 

Ethan não conseguia acreditar, tinha há poucos meses retomado o contato com o filho e o visto tão poucas vezes, que não imaginava que estariam comemorando juntos e que tinha ganhado a confiança dele de volta. Estava disposto a se redimir com seu menino, porque nada se comparava com a felicidade de vê-lo ali, conversando e sorrindo.

Após o jantar, Marcus e Lucas brincavam com Melanie na sala, enquanto Ethan ajudava Harriet a guardar a grande quantidade de comida que havia sobrado, mesmo depois de tanto tempo separados, sabia qual era o pote que ela preferia para cada tipo de alimento e como organizar dentro da geladeira. 

Ela observava o ex-marido, terminando de arrumar a mesa e se aproximando dele, dizendo:

— Foi bom você ter vindo. 

— Ele pediu. — Ethan respondeu, sorrindo timidamente. 

— É… Ele me disse. — Harriet viu-o parecer pensativo. 

— Então eu… Eu já vou indo. 

— Ele tá feliz. — Ela reafirmou, sorridente. — Obrigada. 

— Eu só… Fiquei com um pouco de inveja. — O ex-marido revelou, deixando-a curiosa. — Você vai entrar com ele, você sabe, na cerimônia. 

— Não se preocupa, no casamento da Mel, vai ser sua vez. — Ela falou, roubando um riso discreto dele. 

— É verdade. — Concordou, envergonhado. — Então até depois. Vou me despedir deles e aí eu vou. 

— Ok. Se quiser vir amanhã pra almoçar, você viu que sobrou bastante coisa. — Harriet ofereceu. 

— Tudo bem, eu venho. 

Rachel observava Alberto ensinar espanhol para seus pais, com frases básicas para quando fossem visitar o México novamente. Era como em um porta-retrato de uma família perfeita, seus pais estavam felizes, provavelmente nunca imaginariam que a filha encrenqueira deles poderia se casar tão jovem.

Isso a incomodava ligeiramente, mas também não era nada mal ver que eles estavam orgulhosos. Havia um lado seu que sentia que queria contrariar seus pobres pais, mas não podia negar que Alberto realmente tinha a convencido totalmente de que teriam um futuro maravilhoso juntos.

O noivo sorriu para ela, enquanto continuava a vê-los conversando na mesa depois de comerem tanto. Rachel admirava ainda mais aquele homem com quem ia se casar e sabia que ele era a pessoa mais compreensível que conheceu, sabendo que precisava ser franca com ele sobre seus sentimentos. 

Um pouco mais tarde, já se arrumavam para dormir no quarto de hóspedes da casa de seus pais, com ela terminando de vestir seu pijama, vendo Alberto já na cama, folheando um livro que ganhou da sogra, dizendo:

— Olha só isso! Essa é uma das edições que eu mais procurei, repare só a lombada desse livro, que capricho! 

— Às vezes acho que você tem mais tesão nos livros do que em mim. — Rachel falou, debochada. 

— Que exagerada! — Riu com ela, vendo-a se sentar ao seu lado na cama, parecendo séria demais, como se estivesse esperando alguma coisa. — O que foi? Tá tudo bem?

— Tô. Tô bem. Mas eu queria falar com você. 

— Vem cá, me fala. — Puxou-a para um abraço, fazendo-a repousar a cabeça em seu peito. 

— Não me entenda mal, mas… Não tô totalmente satisfeita com algumas coisas. — Ela revelou, receosa. — Eu tenho medo da gente se tornar esses casais sem graça que só fazem papai e mamãe na cama. 

— Como assim?! — Riu, vendo-a abandonar o abraço para encará-lo. 

— Você é perfeito, Al, é sério… — Reforçou, vendo a expressão pensativa dele. — Mas você é certinho demais, eu tenho medo de que a nossa relação se torne enjoativa. E o nosso casamento tá chegando. Eu tô preocupada. 

— Você quer adiar? — Indagou, desviando o olhar do dela por um breve segundo. 

— Não! Não é isso… Mas eu só queria que você soubesse que a gente podia fazer coisas diferentes, sabe? Viajar mais, ir pra festas, fazer umas coisinhas diferentes na cama. — Ela confessou, suspirando. — Não quero que a gente se canse um da cara do outro por cair na rotina. 

— Eu sei que as nossas personalidades são completamente opostas, mas a gente sempre se deu bem assim. Você sempre me diverte, me faz experimentar coisas diferentes e… Quando a gente precisa se recuperar e descansar, era aí que entravam os meus gostos, um filme, pipoca... — Sorriu, acariciando a bochecha da noiva, que sorria gentilmente. — Eu sei que eu posso não ser super ativo, não te acompanho na academia, por exemplo, mas tudo o que você quiser que eu faça, eu vou fazer. Assim como você também sempre aceita as minhas ideias. A gente se completa… E eu prometo que vou me esforçar pra gente não cair na rotina, tudo bem?

— Que bom que você entendeu. — Ela ajeitou-se na cama, sorrindo enquanto sentia sua coxa ser acariciada por ele. 

— Tem mais alguma coisa que você tá insatisfeita? — Perguntou sugestivamente, subindo seu toque. 

— Olha, não tenho do que reclamar nesse ponto. — Ela mordeu o lábio inferior, encarando a expressão safada à sua frente. — Mas a gente bem que podia fazer umas coisinhas diferentes, né? 

— Tipo o quê?

Rachel ajeitou-se na cama, mordendo o lábio, parecendo nervosa.

— Sabe quando você me contou da história do Mark? Quando você e ele... — Ela juntou os dedos em um gesto malicioso e Alberto soltou uma risada leve. — Eu fiquei curiosa. Você gostava mesmo de ser a parte que dá?

— Olha... — Alberto riu, parcialmente constrangido. — Podia doer, mas era gostoso depois que eu me soltava.

— Houve outros homens depois dele? — A mulher ergueu uma sobrancelha com uma expressão sugestiva.

— Claro que sim. — Alberto deu de ombros, rindo mais. — Mas eu fui passivo pouquíssimas vezes. Acho que é uma posição delicada e, desde o Marcus, eu não consigo confiar em qualquer um.

— Vai saber se você encontraria outra monstruosidade daquelas, né? — Comentou ela, fazendo-o conter a gargalhada.

— Não só por isso. O que o Marcus tem, ele sabe usar pra não machucar. Mas tem gente que nem tem muito e não sabe fazer proveito do que tem. — O noivo comentou, recebendo um olhar de entendimento dela. — Eu confiaria em você pra fazer isso.

— O quê? Ser ativa? Eu nem tenho... Tá, eu sei que existem acessórios. — Ela rolou os olhos quando o viu erguer uma sobrancelha. — E eu admito. Eu fico curiosa em como seria sua reação recebendo prazer dessa maneira... Mas eu fico com medo de ser uma das que não sabem fazer direito.

— Se você quiser tentar, eu te ajudo com umas dicas. — Ofereceu ele, com um sorriso safado. — Faz um bom tempo que eu não sinto isso, seria bom experimentar de novo.

— Ai, por que você foi falar? — Rachel riu, esfregando as mãos no rosto, um pouco envergonhada. — Agora fiquei muito mais curiosa pra saber como seria. Mas não vamos achar nada útil pra isso aqui, né?

O noivo gargalhou.

— Quando voltarmos pro nosso apartamento, eu arrumo uns brinquedos pra gente testar. — Alberto sugeriu, vendo-a sorrir empolgada.

— Então, por enquanto, vamos usar o que temos.

Rachel pulou sobre o corpo do noivo, deitando sobre ele, fazendo-o rir pelo ataque espontâneo. Ela encheu-o de beijos antes de conferir se a porta estava fechada, tendo que ser discretos por saberem que seus pais estavam no quarto ao lado. 

Era o tipo de aventura que Rachel queria experimentar dali em diante, mas aquele era só o começo. Ela encontrou cintos antigos no armário de hóspedes e amarrou as mãos do noivo nas grades do encosto da cama, colocando uma meia limpa na boca dele para diminuir os ruídos, já que provocou-o pelo restante da noite toda.

Três meses se passaram depois daquele dia.

Lucas estava em um mar de tédio longe do noivo, tendo-o visto pela última vez no ano novo e agora já era fevereiro. Tinham completado cinco meses do processo que deram entrada no visto de noivado e às vezes era difícil manter as esperanças, com as incertezas chegando. 

O loiro ficava apreensivo, pensando que poderiam encontrar inconsistências nos documentos de Marcus, temendo ter colocado o noivo em uma situação complicada. Apenas torcia para que o pior que pudesse acontecer fosse o visto ser negado. 

Faltava pouco para completarem seis meses de processo e aguardavam ansiosamente pelo e-mail que confirmaria a última etapa, a tão sonhada e temida entrevista presencial. Lucas tentava se concentrar no trabalho, analisando as estatísticas de exibição e pensando nas campanhas de marketing para o blog, mas não estava sendo nada produtivo. Já não aguentava mais pensar sempre na mesma coisa.

Abandonou tudo o que fazia ao ouvir seu celular tocando, vendo o nome do noivo na tela, atendendo com pressa:

— Oi, amor! 

— Oi, gatinho. Como você tá? — Marcus cumprimentou-o. 

— Eu tava pensando em você agora, acredita? Tô com saudade. — O loiro se ajeitou no sofá, jogando a cabeça pra trás, suspirando. 

— Essa espera vai acabar logo. — Iniciou, aguçando a curiosidade do noivo. — Eu acabei de receber o e-mail. 

— É sério?! 

— É sério. Só vai demorar mais um pouquinho por causa de outro formulário que eu tenho que preencher e depois preciso agendar os exames. Mas é isso, tá acontecendo…

— É, tá acontecendo. — Lucas teve que conter a vontade de dar um grito de felicidade. — Eu vou poder te ver quando? Eu tenho que ir pra fazer a entrevista com você, né? 

— Você não precisa. Se não quiser, não é obrigatório. 

— Nem brinca com isso! É claro que eu vou estar aí! Eu não perderia por nada. — O loiro rebateu, agitado. — E qual consulado é? Você chegou a ver? É perto?

— O mais próximo daqui é no estado de Yucatán, na cidade de Mérida. São umas três horas de carro. Mas eu pensei que, no dia, a gente poderia ir ficar em um hotel por lá, pra dar tempo de descansar e deixar as nossas coisas. Até porque, pelo o que vi, não pode entrar no consulado com nenhum aparelho eletrônico. — Marcus respondeu, repassando as informações que tinha reunido. — Além disso, a  gente poderia dar uma volta pela cidade depois. O que você acha?

— Eu acho que você já pensou em tudo. — Lucas animou-se, sentindo uma ansiedade boa. 

— Então vem. Vem pra cá ficar comigo. — Pediu, empolgado.  

— Eu tô indo! —  O loiro exclamou contente. — Me espera! 

O formulário que Marcus preencheu era sobre o suporte financeiro, precisavam de comprovações de que ele poderia se sustentar nos Estados Unidos no meio tempo em que ficaria sem trabalhar. Também precisando recorrer à lista das clínicas credenciadas para agendar os exames médicos. Foi necessário se registrar no site do consulado e esperar a entrevista, estava tudo pronto. 

Foi após isso que Lucas chegou em Cancún, sendo alguns dias antes da entrevista marcada. Foi recebido da forma mais gostosa possível, com um abraço apertado e beijos calorosos. Aproveitou da cidade que tanto sentia falta e, depois, viajaram para a cidade do consulado americano onde teriam a entrevista, já levando todos os documentos e resultados dos exames.

Se hospedaram no hotel, deixando tudo preparado para a hora da entrevista. 

— Pegou uma blusa de frio? Vai precisar. — Marcus indagou, abrindo as malas. 

— Por quê? Olha só o calor que tá! — O loiro riu, vendo o noivo pegar um suéter da bagagem. 

— Confia em mim. — Entregou-lhe a peça de roupa, segurando outra para si. — Eu conheço a fama dos consulados, eles deixam o ar-condicionado no mínimo. Não sei se é só coincidência, mas acho que o frio ajuda a intimidar as pessoas.

— É bom saber, não quero ser desestabilizado por eles. — Assumiu, agradecendo-o com um beijo rápido. — Eu tô preocupado...

— Vai dar tudo certo, tá? A maior parte das perguntas na entrevista são pra mim, acho que não vão te perguntar quase nada. — Acariciou o rosto do loiro. — Nossos documentos estão todos aqui, não falta nada. Eu não pude ver o resultado dos exames porque estão lacrados e só eles podem abrir, mas eu tenho certeza de que tá tudo certo também… Então relaxa.

— De uma certa forma, o que me deixa mais tranquilo é saber que você tá com tudo sob controle. — Lucas sorriu, ainda sentindo o carinho em suas bochechas. 

Marcus estava apavorado por dentro, conseguindo convencê-lo de que estava confiante, pois sabia que era a fortaleza de Lucas e não poderia desmoronar. Não deixava transparecer seus medos, mas aquela poderia ser a última vez que veria o noivo. 

Deixaram os celulares para trás e seguiram para o consulado, chegando com antecedência. Precisaram passar pelo detector de metais e organizar os documentos na ordem de uma lista que haviam recebido, para facilitar o processo antes de serem chamados. 

Agora apenas restava esperar, junto com as outras pessoas esperançosas dali. De onde estavam, podiam ver a sala onde aconteciam as entrevistas. Ambos sentiam o coração palpitar com força ao imaginar como seria. Tentavam não pensar que poderia dar tudo errado, cada um no seu silêncio, enquanto seguravam as mãos um do outro, geladas como todo o ambiente. 

Lucas quase sentiu o coração pular pela boca ao serem os próximos, vendo o noivo tomar os documentos que estavam em suas mãos, provavelmente tendo percebido que estava aéreo. Ficaram de pé e Marcus se encarregou de depositar um beijo no topo da cabeça do loiro, sorrindo para lhe passar confiança, dizendo: 

— Só falta isso, tá? Aguenta firme. 

— Tá bom. — Lucas engoliu em seco, ainda tenso, pegando a mão livre dele. — Eu te amo. 

— Eu também te amo. — Manifestou-se, olhando no fundo daqueles olhos azuis cheios de preocupação. — Vamos?

— Vamos. — O loiro agarrou os dedos dele com mais força. 

Caminharam juntos até a sala que antes estavam observando à distância, sentando-se lado a lado. Uma moça os recebeu seriamente, perguntando em qual idioma preferiam se comunicar, onde escolheram o inglês e assim iniciaram. 

Ela pediu para que erguessem a mão direita e repetissem o juramento, fazendo-os repetir o que ditava. Depois disso, os olhos de Lucas não deixavam de acompanhar a pilha de documentos que trouxeram, sendo levados por outra pessoa, onde provavelmente começariam a analisar se estava tudo completo.

O loiro se esforçava para não demonstrar nervosismo e tentava não se distrair, precisava focar na entrevista e no noivo ao lado. Precisava se sair bem por ele e tentar não refletir todo nervosismo que sentia. 

— E então, quando se conheceram? — A mulher iniciou a entrevista, olhando para o computador ao lado enquanto ouvia a resposta para sua pergunta, em um tipo de conferência para saber se as datas bateriam com os registros que deram antes. 

Dessa forma, as próximas perguntas vieram e Marcus respondia os questionamentos que eram todos relacionados aos dois, para legitimar a relação que tinham. E por último, foram perguntas sobre a data do casamento e o local. 

Lucas se surpreendeu ao ver que o processo já acabava ali, com aquelas poucas perguntas. O loiro olhou para os documentos que eram vasculhados por eles e sentiu um calafrio, com medo de que tivessem encontrado algo que entregasse a vida antiga do noivo. A mulher da sala não esboçava nenhuma reação ao que tinham respondido e de como tinham se saído. Ela apenas encarou-os e lhes deu a resposta. 

Agora andavam lado a lado, saindo da sala, levando de volta os documentos, suando frio enquanto caminhavam. Esperando para que estivessem no exterior do prédio para poderem esboçar a reação da última frase falada por ela e que ainda ecoava em suas mentes:

“Aqui estão seus documentos, vocês podem levar de volta. Já o seu passaporte, Sr. Gonzalez, será entregue em cerca de duas semanas na sua residência com o visto. A partir desse momento, vocês terão noventa dias para se casar. Meus parabéns!” 

Já do lado de fora, Lucas olhava para os próprios pés, sem parecer ter caído a ficha do que tinha ouvido. Num susto, foi levantado pelo abraço repentino que recebeu. Podia ver o sorriso de Marcus enquanto estava em seus braços, sendo rodopiado por ele. 

Não conseguiu deixar de gargalhar, enquanto era colocado de volta na calçada em meio aos beijos de comemoração. Riam juntos, estavam incrédulos, nada fazia com que parassem de sorrir como crianças bobas. 

Se abraçaram outra vez, não contendo outro beijo que transbordava o calor de seus corações. Marcus ainda estava inclinado na altura do loiro e tocava em seu rosto, suspirando e colando suas testas. 

Agora encaravam um ao outro bem de perto, como se quisessem confirmar que aquilo estava mesmo acontecendo. Nada além daquele gesto foi necessário, nada precisava ser dito, pois todo o amor e felicidade que sentiam, eram refletidos em seus olhos. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Pra quem me conhece, essa é a minha história xodó, a minha favorita de todas que já escrevi. Então espero que tenham sentido o carinho que eu tenho por ela, nessa revisão que ela merecia.

E obrigada a todos que acompanharam até aqui, eu amo cada um de vocês ♥



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