Stranger escrita por Okay


Capítulo 4
Obcecado.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 02/03/17



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Capítulo 4 — Obcecado.

Lucas não entendia como Marcus conseguia encontrá-lo em todas as horas e ser inconveniente em todas elas. Não queria encará-lo naquele momento, somente deu as costas e caminhou, para voltar às mesas. E nesse momento, Marcus agarrou-lhe pela cintura, ficando extremamente próximo, invadindo, mais uma vez, o limite da intimidade.

— Me solta! — O loiro deu um passo para frente, cambaleando.

— Você tá bêbado.

— Não estou, sei muito bem o que tá acontecendo, se você tentar se aproveitar de mim eu vou chamar a polícia!

— Calma, vem cá. — Marcus finalizou, puxando-o para dentro do banheiro masculino. 

Lucas relutou, sem conseguir escapar, adentrando o local contra a sua vontade, sendo levado para perto da pia, onde apoiou-se, parecendo sem força. 

— Lava o rosto, você vai ficar melhor. 

— Caralho, o que você tanto quer? — O loiro esbravejou. — Eu já disse que eu estou bem!

— Você não é nada convincente. — Marcus riu baixinho. — Eu sei reconhecer um bêbado de longe.

— Eu já disse que eu não... — Lucas fez uma pausa, virando-se, olhando para o chão fixamente.

— O que foi? Tá com ânsia de vômito?

— Não... — Falou, colocando a mão sobre a boca. — Talvez. 

— Vem cá, se apoia em mim. 

— Não se aproxima. — Lucas esticou o braço, impedindo-o de se aproximar demais. 

— Eu só estou tentando te ajudar. — Marcus exclamou, logo olhando seu pescoço. — O que são essas marcas aqui? É o que estou pensando ou ela brigou com você?

— Não é da sua conta. — Tapou os chupões.

— Ela se aproveitou de você, pobrezinho. — Marcus satirizou. 

— Cala a boca! — Empurrou-o, fazendo com que ele se afastasse brevemente. 

O moreno colocou uma de suas mãos na lateral do corpo de Lucas, com a outra livre pegando o braço dele, para tentar fazê-lo se apoiar em seu ombro.

— Tira a mão de mim! — O loiro exclamou nervosamente.

— Calma, eu só estou te segurando. — O moreno riu, encarando-o em seguida. — Por que você se treme todo quando eu te toco?

— Deixa eu sair daqui... 

— Não vai querer ajuda? Mal consegue andar sem ficar cambaleando.

— Sai de perto de mim que eu consigo. — Se afastou dele mais uma vez.

— Então tá bom, conversamos depois. — Marcus afirmou, deixando-o em paz. 

O moreno foi o primeiro a sair do local, retornando à mesa, enquanto Lucas permanecia dentro do banheiro, absorvendo toda a situação, ainda tentando entender a confusão que Marcus causava em si. Não estava muito bem e esperava que aquela tontura passasse logo. Quando tomou coragem para sair, viu que Camille já havia ido embora, restando ali somente o gerente com sua namorada e o supervisor de vendas, que conversava com o amigo.

— Achei que você tinha ido embora, Lucas. — Alberto afirmou, ao vê-lo.

— Não, mas eu já vou. — O loiro respondeu, olhando brevemente para Marcus, que estava ao lado.

— Ah, então vamos juntos. — Ressaltou Alberto, claramente oferecendo-lhe uma carona.

Lucas aceitou sem hesitar, queria fazer de tudo para sair de perto do moreno o quanto antes. Então após pagarem a conta, todos que estavam à mesa, encaminharam-se ao estacionamento juntos.

A única coisa que incomodava o loiro, era a presença de Marcus, ficando ainda mais desconfortável quando ouviu Alberto dizendo que o carro era do amigo, concluindo então que precisava encontrar uma desculpa o mais rápido possível para não entrar naquele veículo, pois somente havia aceitado o convite pensando que o moreno não iria junto.

Olhou para os lados, querendo imediatamente correr dali, desejando desaparecer naquele momento, vendo o gerente juntar-se com a namorada ao banco traseiro, com Alberto entrando por último, ao lado deles. O supervisor de vendas fechou a porta, abrindo o vidro ao perceber que Lucas não se movia.

— A-Ah, eu acabei de me lembrar que eu preciso passar em um lugar antes. — O loiro respondeu, dando um passo para trás.

— Me fala onde é que eu te levo. — Marcus manifestou-se, de pé, ao lado do carro.

— Não precisa, é sério. — Lucas tentou disfarçar o seu nervosismo aparente.

— Relaxa, entra aí. — O moreno enfatizou, entrando no veículo.

O jovem permaneceu estático, do lado de fora, ouvindo novamente os convites para entrar no carro. Não conseguiu recusar, aceitando e sentando no único lugar vago, que era o banco da frente, ao lado do motorista. 

O loiro fechou a porta e por mais que houvesse colocado o cinto de segurança, não era como se aquilo pudesse salvar a sua vida, sentindo que tinha sido uma péssima ideia. Para ajudar, a tontura não passava. 

Os três amigos conversavam no banco de trás e aquilo não tirava o nervosismo crescente no corpo de Lucas, que praticamente estava com o rosto colado na janela, não querendo olhar ao lado por nada, com medo de ver a expressão que Marcus estaria esboçando.

O loiro planejava descer junto com Alberto, então pelas conversas, percebeu que a primeira parada seria no apartamento do gerente, que descia com a namorada, mas para a sua surpresa, Alberto também morava naquele prédio e descia com ambos.

Então antes mesmo que pudesse cogitar em dizer algo, assim que todos do banco de trás fecharam as portas, Marcus acenou rapidamente pela janela e pisou no acelerador, não deixando com que Lucas saísse, ouvindo-o reclamar:

— Ei! Eu ia descer também!

— Só me fala aonde você quer ir que eu te deixo, loirinho.

— Quero ir para o meu apartamento. — Resmungou. — E não me chame assim.

— Você disse que precisava passar em outro lugar antes. — O moreno destacou. — Me fala onde é. 

— Não, não preciso. Preciso ir embora. 

— Você fala como se eu não fosse te deixar em casa. — Marcus riu, olhando-o quando parou no semáforo. — Por acaso não confia em mim?

— Eu preciso mesmo responder isso? Como se você não soubesse de tudo o que você vem fazendo.

— Tô brincando com você, eu vou te deixar em casa inteiro. — Deu uma piscadela, dando a partida quando o sinal abriu. — Mas caso queira ir para a minha cobertura, não tem problema algum também...

— Nem vem. Eu estou bêbado, mas nem tanto. 

O moreno riu mais uma vez, parecendo deliciar-se com o desespero crescente do jovem, mal imaginando o quanto ele sentia-se desconfortável ao seu lado. Lucas imaginava coisas horríveis que ele poderia fazer consigo, como levá-lo a um armazém abandonado e desmembrar cada parte de seu corpo, não sem antes violentá-lo. 

No entanto, o loiro acalmou-se quando percebeu que as ruas iam ficando cada vez mais familiares, dando-se conta de que ele estava realmente indo ao seu prédio, um tanto surpreso por aquilo.

Ficou paralisado, ainda com medo, como se o mínimo movimento fosse fatal para receber o bote daquele homem. Suas mãos estavam suadas ao imaginar que ele poderia querer entrar novamente em seu apartamento, ficando ainda mais preocupado por Marcus estar calado demais.

Lucas viu-o estacionar o carro em frente ao prédio, percebendo também que as portas do carro ainda estavam trancadas, até finalmente ouvir o moreno dizer:

— Está entregue.

Fez menção para descer, no entanto, o motorista continuou:

— Não vai me agradecer?

— Ah, obrigado. — O loiro afirmou, engolindo em seco.

— Tem uma maneira melhor de me agradecer, não acha? — Riu, retirando seu cinto de segurança, aproximando-se dele.

— Por favor, não estou para brincadeiras. — Olhou para o outro lado, ainda tentando abrir a porta. — Me deixa sair, por favor.

— Então não mereço nada? — Aproximou-se ainda mais e tocou-lhe no ombro.

— Você vai se aproveitar mesmo de um cara embriagado? — Lucas empurrou-o. 

— Eu só queria um beijo, só isso. Quanto estresse. — O moreno brincou.

— Não. — Lucas respondeu monossilábico, ainda sem encará-lo.

— Então nega olhando nos meus olhos. — Marcus afirmou, pegando-o pelo queixo, aproximando-o de seu rosto. — Eu só quero um beijo. 

O loiro sentiu o coração pulsar estranhamente forte ao deparar-se com aqueles olhos levemente esverdeados, que deixavam-no confuso, causando-lhe uma mistura de sentimentos inexpressáveis.

— Que tipo de beijo? — Lucas indagou, desviando seus olhos para baixo.

— Isso é sério? Achei mesmo que levaria outro não. — O moreno arregalou os olhos, rindo.

— Isso não significa que eu vou te beijar. — Rebateu.

— Significa que no mínimo você está interessado. — Ergueu os ombros. — Mas respondendo a sua pergunta sobre o tipo de beijo, eu só quero um beijo, mas beijo mesmo, sem frescuras. Você me beijou aquele dia, sabe como eu quero. 

Marcus encarou-o, vendo-o morder o lábio inferior, parecendo receoso, levantando a cabeça aos poucos e nisso, não conseguiu esperar com que ele dissesse algo, aproximando-o pela nuca.

O coração do loiro palpitou desesperado quando seus lábios tocaram os dele suavemente, aquilo era contra todos os seus instintos, mas não sabia porque estava sentindo-se tão bem, principalmente ao pensar que após aquilo o moreno poderia não cumprir sua parte do trato em deixá-lo ir.

Por mais que Lucas permanecesse quase imóvel naquele beijo, ele foi conduzido a seguir o ritmo imposto por Marcus, que começava a movimentar sua boca um tanto quanto apressadamente, não deixando com que se afastasse.

Sugou os lábios do loiro com vontade, logo abrindo uma brecha e fazendo suas línguas se encontrarem, o que fez Lucas pensar em recuar, porém, a ideia logo esvaiu-se, pois já estava deliciando-se do momento.

As salivas se misturavam e o moreno aproveitou o embalo e tocou os cabelos loiros, entrelaçando seus dedos nos fios curtos, sendo surpreendido com a retribuição do gesto, sentindo seu toque em meio ao beijo.

Algo pareceu interromper o momento na mente do loiro, que afastou-se bruscamente, vendo Marcus ainda raciocinar toda a situação, com olhar embasbacado. Lucas livrou-se do cinto de segurança e o moreno liberou-o, destrancando as portas, vendo-o sair do veículo, assim retomando o seu próprio cinto de segurança e dando partida. O loiro ficou surpreso quando notou que o moreno nem ao menos evitou sua saída e, por fim, somente acenou da janela, para despedir-se.

O coração do jovem palpitava loucamente dentro de si enquanto corria até a entrada do prédio. Olhou para trás para ver se Marcus o seguiria, mas viu-o indo embora, o que estranhou.

Subiu até seu andar e entrou rapidamente, trancando a porta, como se ainda não se convencesse de que o moreno não teria ido atrás dele. Respirava fundo, encostado na porta, em seguida olhando pelo olho mágico, não vendo ninguém no corredor.

Um pouco mais aliviado com aquilo, jogou-se ao sofá, refletindo sobre o beijo extremamente indevido. A única explicação plausível por ter aceitado beijar Marcus e porque tinha retribuído daquela forma seus carinhos, era por estar embriagado.

Precisava afastar-se das bebidas de uma vez por todas, não sabia que poderia ser facilmente manipulado daquela forma, até mesmo Camille conseguiu aquela proeza. Queria esquecer do que havia acontecido, bagunçando seus cabelos, com raiva de si mesmo.

Além de tudo, a gentileza do moreno havia o espantado, é claro que ele tinha imposto aquela condição ridícula para que o deixasse sair do carro, mas claramente Marcus falava aquilo como uma brincadeira. Mesmo assim, ele tinha cumprido sua palavra e não tinha feito nada do que já não quisesse.

Não sabia dizer, mas quando tinha lhe beijado no carro, havia se sentido confortável, como se já estivesse acostumado com aqueles movimentos há muito tempo, a sensação era de que ele já sabia exatamente o que fazer.

Marcus lhe trazia, de certa maneira, uma pontada de nostalgia, uma lembrança vivente que ainda palpitava em seu interior e que por mais que quisesse se esforçar para se lembrar, só sentia um aperto ruim no peito.

Lucas fechava os olhos vagarosamente, não sabendo dizer se estava alterado pela bebida ou pelo beijo que tinha sugado todas as suas forças. Estava fraco, sonolento, sabia que adormeceria em breve, por mais que ainda estivesse no sofá.

Logo sentiu uma fragrância deliciosa invadir suas narinas, despertando-o. Um cheiro masculino e familiar tomava conta de seu olfato, fazendo-o abrir os olhos, com o coração disparado. Começou a fungar aereamente, logo se dando conta de que aquele perfume tão bom vinha do seu próprio casaco, mas não era dele, era o perfume de Marcus.

E aquela fragrância amadeirada era absurdamente deliciosa. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo revisado com carinho, deixem seu oizinho nos comentários para eu saber que passaram por aqui! ♥