Eu: Bom, aqui estamos. Vou ao outro quarto pegar o colchão para você. Fique a vontade.

David: Obrigado, priminha.

Ele se sentou em uma poltrona que fica no canto do meu quarto, ao lado da minha cama. Pode se dizer que eu me arrepio todas as vezes que ele me chama de priminha. Por quê?! Bem, ele fala de um jeito muito zombateiro e malicioso. E o seu olhar em mim... Bem, sem comentários.

Peguei meu celular e fui para o quarto em que minha tia estava instalada. David só não ficaria ali junto dela por causa do tamanho do quarto. Não tinha espaço para colocar um colchão lá. Mas as roupas de cama estavam no armário desse quarto e o colchão embaixo da cama. Levei meu celular, pois eu precisava conversar com meu anjo. Eu precisava desabafar e pedir conselhos. Ele atendeu no segundo toque. O mais engraçado é que não sabemos o nome um do outro, e ele sabe de toda a minha vida.

Meu anjo: Alô?

Eu: Oi meu lindo! Nem me ligou né?!

M.a.: Linda da minha vida! Foi sem querer!

Eu: Fiquei toda preocupada contigo. Isso não se faz!

M.a.: Desculpa anjinha. Mas fale aê, você não me ligou só para me dar esporro, não é?

Eu: Você leu meus pensamentos.

M.a.: Você que é previsível. Pode falar.

Eu: Eu preciso de conselhos.

M.a.: Deixa eu adivinhar. Tem a ver com garotos, né?

Eu: Como você adivinhou?!

M.a.: Eu te conheço muito bem lindinha. O que você precisa saber?

Eu: Eu estou com visitas em casa, e uma delas é um garoto mais velho que eu, mas que está mexendo muito comigo. Eu estou me sentindo muito atraída por ele e ele piora a situação cada vez mais, me provocando e me atentando! O que eu faço?!

M.a.: Quando eu faço isso com alguma garota, é porque eu estou afim dela. Se ele agir igual eu, deve estar caidinho por você. Então, provoque ele também. Quando ele menos esperar, você o agarra. Ele vai ficar louco. Dá um beijo nele e para o beijo de repente, deixando ele com gostinho de quero mais, e não vai mais te deixar em paz.

Eu: Nossa, eu não sabia desse seu lado conquistador.

M.a.: Tem muita coisa sobre mim que você ainda não sabe...

Eu: Ui! Hahahaha.

M.a.: Hahahaha.

Eu: Mas você acha que vai dar certo?

M.a.: Tenho certeza! Eu nunca te vi, né anjinho, mas não dá para resistir à você! Se eu não consigo pela net e pelo telefone, imagina se eu estivesse no lugar desse cara?! Estaria fazendo a mesma coisa, ou algo bem pior! Hahahaha.

Eu: Eu estou com medinho de você.

M.a.: Sua boba. Eu sei que você me ama.

Eu: Aiai, nem um pouco convencido.

M.a.: Não sou convencido, sou é realista!

Eu: Tá bom. Lindinho, tenho que desligar.

M.a.: Tá bom, boneca. Boa sorte com o cara!

Eu: Obrigada, por tudo.

M.a.: De nada. Beijos, e eu te ligo para saber como que foi.

Eu: Tá bom. Vou esperar, viu?! Beijos.

Desliguei o telefone, peguei o colchão, os lençóis, a colcha e dois travesseiros. Não consegui me mexer. Quando tentei, bati o meu pé no armário.

Eu (gritando): AAAAAIIIIIIIIIII!

Gritei e larguei tudo no chão, não fez muito barulho, mas eu acabei tropeçando e torcendo o pé no meio da bagunça, e cai no chão, fazendo um barulho enorme. Meu pé começou a latejar e lágrimas começaram a brotar dos meus olhos. Maravilha.

David: Gaby! O que aconteceu?!

Ele estava ofegando. Deve ter corrido para chegar aqui.

Eu: E-e-eu Tro-o-pe-e-ce-cei!

Eu não conseguia falar de tanto que eu chorava.

David: Calma, está tudo bem. Estou aqui com você.

Ele se abaixou do meu lado, passou uma mão por minha cintura e a outra por debaixo dos meus joelhos, me levantou e me levou em direção ao meu quarto. Eu passei as duas mãos por seu pescoço e continuei chorando em seu ombro.

David: Shhh... Eu estou aqui do seu lado.

Eu: Da-a-vid, me-e-eu to-or-no-ze-e-lo es-tá do-o-en-do!

Entramos no meu quarto, ele me deitou com muito cuidado em minha cama e começou a se afastar, em direção a porta.