Uma Eva e Doze Adãos escrita por Maia Sorovar


Capítulo 7
Um crime




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Aqueles sem vergonha chegaram bem tarde. Só fiquei esperando-os porque esqueci a chave com o Camilo e fiquei do lado de fora.

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 - Ah, finalmente hein? Achei que nunca iam voltar. - Reclamou o espanhol bravo, enquanto entravam no apartamento.
 - Nossa, tudo isso era saudades nossas? - Brincou Milo.
 - Calado, Inseto! - Advertiu Kanon.
 - Mas diga aí, Shura, como foi dançar com a garota dos seus sonhos? - Ironizou Kamus.
 - ELA NÃO É ESSA GAROTA! - Retorquiu enfurecido e levemente corado.
 - Amico, convenhamos... Está de quatro pela Shina! - Observou Máscara divertido, tirando o paletó e jogando-o num canto da sala.
 - Camilo, você bem sabe que uma namorada pra mim tem que ser perfeita! Perfecta!
 - Eu sei, eu sei, a lista! - Chasqueou agitando as mãos como se jogasse confetes para cima.
 - Que lista? - Indagou Aioros curioso.

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 Ainda colo um esparadrapo na boca desse carcamano...

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 - Nosso dançarino aqui tem uma lista do que uma garota precisa ser ideal.
 - Ah, então contra pra gente. - Riu Afrodite, penteando os cabelos. - Alguém vem aqui? - Oferecendo-se para escovar os fios os colegas.
 - Ah, eu quero, Dite. - Falou Mu, sentando-se no chão. - Agora fala, Mask, quais as qualidades dessa “mulher ideal”?
 - Tem que ser bonita, não falar palavrão, ser delicada, gentil, carinhosa, frágil, tipo bonecas de porcelana, capiche? Ah sim, tem que usar sempre saia, maquiagem, cuidar da aparência...
 - Shura, você realmente procurava isso nas suas parceiras? - Assombrou-se Saga.
 - Ah, esqueci do principal: não beber, ser muito obediente e não gostar de futebol!
 Após um minuto de silêncio os Gold Saints irromperam em sonoras gargalhadas.
 - Hahahahaha! Fala sério, Bode! - Exclamou Kanon.
 - A Shina aí só tem o bonita! - Contorcia-se Aioria no chão. - Ice, tem certeza que ele gosta dela?
 - Oui! - Respondeu o francês confiante.
 - Bobocas... - Resmungou o arquiteto morto de vergonha.
 - Amico, desista. Você sempre ficou com essas patricinhas metidas a besta ou com garotas que não conseguiam sequer tomar banho sozinhas. Só pra se sentir por cima! Não é à toa que nossa técnica virou sua cabeça. - Ponderou o italiano.
 Shura nada disse, ficou apenas de cabeça baixa pensando nas palavras do colega.

Dois dias depois...
 - Hum... Você parece estar ainda mais interessado nessa janela que o normal... - Comentou Shaka sorrindo.
 - Impressão sua! - Apressou-se em responder o espanhol.

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A verdade é que desde a festa atrás eu passava praticamente todo meu tempo livre espiando o apartamento à frente. Me dava uma vontade doida de invadi-lo, pegar aquela mulher e mostrar a ela todo meu potencial...

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 - Quem vamos enfrentar na próxima quinta, Saga? - Indagou Aldebaran curioso.
 O geminiano não respondeu imediatamente; ficou olhando para o italiano como se esperasse sua aprovação.
 - O que houve? - Estranhou Shura. Camilo suspirou e acenou para o grego.
 - Desculpe, é que estávamos em dúvida se devíamos ou não te contar... Serão os Specters.

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 Engoli em seco. Meus piores pesadelos haviam se tornado realidade. Morava num apartamento com onze homens (ou dez, ainda desconfio um pouco o Dite... Aquela história de manicure está muito mal contada!) e agora ia jogar contra os caras que provavelmente mais me odiavam no mundo!

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 - Não está com medo, não é? - Questionou Kanon preocupado.
 - Não, que nada! Por que estaria? - Respondeu, disfarçando seu incômodo ao olhar mais uma vez pela janela.
 - Tudo bem, a gente vai fazer umas coisas lá embaixo e já volta, aproveita e cuida do Escorpião. - Avisou Kamus rindo e saindo com os colegas.

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 O Inseto pegou uma bela conjuntivite com uma das garotas na mansão e está praticamente sem enxergar. Agora além de perneta é cegueta! Perdão a todos os deficientes visuais, você não merecem essa comparação com o aracnídeo.

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 - Droga de vida... - Suspirou resignado. Estava ainda mais bravo porque novamente Argol encontrava-se na casa da técnica. E, mais estranho, esta havia baixado as persianas pela primeira vez desde que se mudara.
 - E aí, ela tá malhando? - Indagou Milo sentado num sofá à sua frente e tendo compressas de algodão em ambos olhos.
 - Não, está conversando com aquele jogador do outro dia.
 - O que será que ela viu nele? - Comentou maldoso, mais para espezinhar o parceiro que por simples curiosidade.
 - Estou tentando descobrir... - Resmungou. - Só que a doida fechou tudo, só dá pra ver as sombras.
 Continuou observando por mais cinco minutos, até a silhueta da garota deixar a sala, deixando o rapaz sozinho. Já suspirava mais aliviado quando uma cena quase o fez se jogar pela janela. Shina adentrou o recinto com uma faca na mão e desferiu-a três vezes nas costas de Argol que caiu sem resistência no chão.
 - MILO! ELA MATOU ELE!
 - Quem, o quê? Tá louco, Shura? O ciúme afetou seus miolos foi? - Sem nem se mover de onde estava.
 - Mas é sério! E o corpo tá caído ali! - Apontava freneticamente para uma fresta da janela em que se podia visualizar uma mão.
 - MESMO? Cadê, cadê? - Levantando-se e tentando se aproximar do colega; porém encontrou antes a mesinha de centro e foi direto ao chão, afundando o nariz no tapete. - Au!
Shura revirou os olhos. “Inútil”, pensou.
 - Nossa, o que está acontecendo? Resolveu se matar, Inseto? Ótimo, menos uma praga no mundo! - Ironizou Kanon retornando à sala com os outros jogadores.
 - Venham aqui! Ela matou o Argol! - Chamou o arquiteto afobado.
 - Como é? Me dá isso aqui! - Ordenou Saga pegando o monóculo da mão do espanhol e espiando. - Não tem nada ali. Você bebeu? - Olhando a técnica descobrir a janela, revelando uma sala praticamente intacta.
 - É VERDADE! Eu a vi dar três facadas e ele cair no chão. - Tentava convencê-los.
 - Olha, amico, creia que você é muito mais bonito que esse cara e que ela não vai dar bola para um perdedor! Então... LARGUE DE CIUMEIRA! - Gritou Máscara dando um cascudo na cabeça do arquiteto.
 - AI! Tá certo, se não querem acreditar em mim eu vou chamar a polícia! - Pegando o telefone e discando.
 - E aí, o que acha? - Perguntou Afrodite a Aldebaran.
 - Tomara que mandem policiais bem gostosas. - Sorriu de volta o goleiro.

Horas depois...
 - Deixe-me ver se entendi. Você me disse que viu a moradora da frente, que por acaso é a técnica do seu time, dar facadas num homem e depois o corpo sumiu? - Indagou a policial anotando num caderninho.
 - , ! Será que é surda porá caso? Já repeti isso mais de mil vezes!
 - Melhor moderar suas palavras, senhor Shura! - Ameaçou a moça estreitando os olhos. - Eire, Shunrey, descobriram alguma coisa por aí?
 - Não, Minu... - Respondeu uma garota loira, sem nem prestar atenção o que lhe era perguntado. Estava entretida demais em admirar Saga e Aioros que falavam sem parar para ela, contando sobre os torneios que ganharam.
 - Achei algo aqui! - Avisou outra policial, só que morena e usando uma longa trança; estava inclinada sobre a mesinha de centro e nem notou que Kanon estava lhe avaliando pela retaguarda.
 - Nossa, que bumb... - Teve a boca repentinamente coberta por Kamus, que avisou entre dentes:
 - Fica calado, quer que elas nos levem presos? - Grunhiu irritado.
 - Mmmm! - Se livrando da mordaça. - Qual é, você também estava olhando.
 - É, só que eu sei ser discreto!
 - Puxa, mas que confusão essa que você armou, hein Bode? - Comentou Aioria entrando somente de sunga na sala. - Vou tomar um banho de piscina, volto logo, caras! - Despediu-se sendo acompanhado pelo olhar das garotas, todas levemente enrubescidas.
 - O que é isso, senhor Shura? - Inqueriu Minu balançando as fotos de Shina que a amiga encontrara na cara do jogador.
 - Eh... Bem... São só fotografias... - Tentando se justificar.
 - Quem pegou meus tesouros? - Era Milo que estendia a mão tentando alcançar os papéis. Porém, ao invés disso acabou acertando o busto da garota - Isso não parece meu tesouro... Nossa, como é macio!
 Camilo chegou a se encolher esperando que o Escorpião fosse ser lançado janela abaixo mas o invés isso a moça afastou-o delicadamente e entregou-o a Shunrey.
 - Cuide dele, com carinho viu? - Sorriu para a colega que tratou de sentá-lo numa poltrona, ajeitando-o o melhor que podia.
 - Confortável? - Indagou gentil.
 - Muito... Pode segurar minha mão? Me sinto mais seguro contigo do meu lado... - Pediu manhoso.
 - Não acredito na cara de pau desse Inseto! Por que você não fez nada? - Perguntou Shura furioso.
 - Ele não enxerga, coitadinho... - Respondeu a policial num tom condoído; o espanhol bufou. Estava claro que eram fãs dos Gold e estar na casa deles era um privilégio e tanto. Só estranhou um brilho diferente no olhar da garota, que não condizia com suas palavras.
 Um barulho irrompeu pela sala, vindo diretamente do comunicador da policial.
 - Minu, é a Esmeralda! - Gritou o aparelho, possibilitando a todos ouvirem a conversa.
 - Fale, estou na escuta.
 - Nada de errado aqui. A suspeita nega qualquer incômodo e sobre a vítima, disse que apenas sofreu uma queda e que já se dirigiu à sua residência.
 - Entendido. Quantos “ferros” trouxe?
 - HÃ? Uns três, por quê?
 - Vem para cá e traz eles...
 - Shaka, o que quer dizer “ferros”? - Sussurrou Mu.
 - Acho que algemas...

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O que será que quer dizer “ferros”? Algo nesse olhar dela está me deixando com medo... E o Grilo está gritando a plenos pulmões!

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Horas depois...
 - EI! Me solta, já disse que não fiz nada, a culpada é a aquela italiana! - Exclamava Shura dentro de um pequeno escritório.
 - “Nada”? Vejamos... Por favor, policial Minu, o relatório. - Pediu uma mulher de longos cabelos loiros que se encontrava do outro lado da única mesa local e com os pés postos sobre a mesma.
 - Pois não, Inspetora June. Uso indevido da máquina pública, invasão de privacidade, desacato à autoridade, atentado ao pudor, assédio sexual... - Respondeu ela lendo uma pequena lista de itens; ao chegar ao último mirou de soslaio para Milo que, cego, nem notou.
 - Ei, quando foi que atentamos ao pudor? – Indagou Afrodite exaltado.
 - Seu amigo Hilarion deveria se vestir de modo mais adequando na presença de damas, senhor Falkor. – Sorriu a morena de volta. Aioria engoliu em seco e todos o olharam feio.
 - Já que esclarecemos suas dúvidas, podem encaminhá-los às celas... – Continuou a inspetora.
 - COMO É? Vamos ficar aqui? Presos? – Desesperou-se Kanon.
 - CONTROLE-SE, senhor Dmitris! – Gritou a moça, levantando-se. – Levem-nos! – Ordenou.
 - Espere! Temos direito a um telefonema? – Arriscou Mu.
 - Hum, normalmente teriam... Mas não hoje! Se mandem! Ah, e Saga Dmitris, o senhor fica.  – Com um sorriso beirando o perverso no rosto.

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 Já vi alguém fazer isso hoje...

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 - Tá vendo, Shura? Eu disse que não era nada. Mas noooo, você tinha que ligar logo para a delegacia das mulheres mais piradas que já conheci! – Esbravejava Máscara furioso.
 - Pára com isso, Camilo! Eu digo e repito: a Shina cometeu um crime hoje! E vou te provar! – Devolveu no mesmo tom.
 - Ah, então que tal uma aposta?
 - Aposta?
 - Si! Se ela realmente tiver assassinado alguém vai ter que fazer algo que eu queira. E vice-versa. Topa?
 - Aceito, carcamano! – Sorriu maldoso, apertando a mão do companheiro.
 - Agora que as duas moçoilas já se entenderam... – Disse Afrodite, sem se preocupar com o olhar mortal que lhe foi dirigido. – Que tal nos preocuparmos em como vamos sair daqui?
 - Imagine se algum repórter descobre que fomos presos! – Cogitava Shaka.
 - A senhorita Saori vai nos matar... Adeus salário... – Suspirava Kamus inconformado.
 - Por que será que aquela loira gostosa pediu pro meu irmão ficar? – Se perguntava Kanon com evidente inveja.
 - Mon Dieu, será que nem num momento desses você consegue deixar de pensar com a cabeça de baixo? – Grunhiu de volta.
 - Era gostosa mesmo? – Indagou Milo ansioso.
 - Muito... – Falou o Dragão perdido em pensamentos; o francês desistiu e balançou a cabeça.
 - E aí, caras? – Cumprimentou Saga, chegando à cela sorridente e levemente vermelho.
 - Fala! O que foi que ela fez contigo? – Perguntou Aldebaran.
 - Bem...

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Para resumir meu digníssimo colega – que fez questão de contar os mínimos pormenores da sua pequena reunião – a inspetora simplesmente o agarrou, deixou três marcas nada discretas em seu pescoço e lhe fez uma proposta muito peculiar.

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 - MAS NEM DE BRINCADEIRA! – Gritou o espanhol exaltado.
 - Isso mesmo! Vai contra todos os meus princípios! – Ajuntou Kamus completamente corado.
 - Não recordo desses valores morais na última festa de fim de ano, Ice... – Lembrou Hesekiel, que teve que se esconder atrás de Aioros para não ser massacrado.
 - Nada daquilo teria acontecido se alguém não tivesse carregado no ponche! - Disse num tom tão gelado que chegava a dar arrepios; suecos porém são acostumados com o frio.
 - Ninguém te obrigou a beber... E foi linda aquela cena sua só de cuequinha cantando Singing in the rain na varanda. - Devolveu o homem fazendo pouco caso.
 - Per favore, amicos! Se matem depois! - Apartou Máscara, pondo ordem na situação. - Que faremos?
 - E temos jeito? É isso ou mofar aqui! - Ponderou Mu.

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EU NÃO ACREDITO QUE VOU TER QUE FAZER ISSO! Sabia, sabiiiiiiia que deveria ter dado meia volta quando vi onde ia morar! Mas eu tinha que ficar, ouvir o Camilo e me ferrar de uma vez por todas!
 Meu único consolo é que mais ninguém além de nós vai saber disso...

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 - Vai, é sua vez Kamus! - Puxava Aioros, ajudado pelo irmão.
 - ME RECUSO! Não entro lá nem morto! - Tentava resistir, se segurando numa pilastra.
 - Rapazes, vamos... Elas já estão impacientes... - Falou Shunrey sorrindo.
 - Só um minuto, princesa! - Pediu Kanon, enquanto conseguia soltar o rapaz e empurrá-lo com força através das cortinas.
 O jogador adentrou uma espécie de palco aos tropeços, olhando a platéia vermelho como um pimentão. Shura tentava espiar pelas frestas mas devido à escuridão parcial pouca coisa enxergava. Só ouvia gritos histéricos.
 - Vai, sua vez amico! - Avisou o italiano.
 - Camilo, você é meu camarada desde a faculdade, vai realmente me obrigar a isso? - Implorava o espanhol de joelhos.
 - Ele não Bode, nós vamos! - Sorriu Kanon malevolamente enquanto era auxiliado novamente pelos Hilarion. No minuto seguinte estava junto ao francês.
 - LINDOS!
 - GOSTOSOS!
 - TIRA TUDO!
 Eles se encontravam numa boate repleta de garotas, evidentemente policiais já que a maioria estava fardada; no bar ao fundo Aldebaran servia drinks sem parar, usando apenas calça e uma gravata borboleta. Milo estava comodamente instalado num grande sofá, rodeado de mulheres que não faziam outra coisa que não bajulá-lo. Shaka e Mu, trajados tal qual o Touro atendiam a inúmeros pedidos nas mesas.

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 Por que eu tinha que dançar? Por que não podia ficar no lugar do Deba, era menos humilhante! E poderia servir também! Quer dizer... Vendo agora, aqueles dois tão tendo um bocado de trabalho pra permanecerem de cuecas...
 E o aracnídeo foi o único que se deu bem... Eu juro que quando sair daqui vou quebrar a outra perna dele!

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 Kamus e Shura se olharam, suspirando vencidos; encontravam-se num palco bifurcado em duas pontas. O primeiro usava um uniforme de marinheiro, com direito a chapéu e tudo. O outro estava com uma fantasia de Zorro.

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 Será que eles não se tocaram que eu sou da Espanha e o Zorro é do Novo México? E eu queria tanto uma espada...

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 - E conosco esta noite temos dois grandes ídolos da cidade, Icebox e Bode! Batam continência para eles, garotas! Ótimo, agora vamos rapazes, elas estão ficando nervosas! - Incentivava Shunrey com um microfone atrás das cortinas.
 Uma música um tanto agitada começou a tocar. Eles se dirigiram cada um para uma ponta e iniciaram o show.
Kamus retirava as peças de roupas mecanicamente, completamente rubro. As meninas incentivavam-no a dançar mas ele nada. Quando ficou apenas de boxer virou-se para ir embora, só que antes que desse um passo foi puxado pelo pé e carregado até uma das mesas, servindo de brinquedo para as espectadoras.
 Shura respirou fundo, se concentrando. Começou a mexer os quadris no ritmo da música, tirando a capa e jogando-a no chão. O público vibrou. Sorrindo, lançou o chapéu em direção a Minu, que o observava sentada, junto a Eire. Ela piscou de volta.
 Mais sorridente ainda começou a abrir a camisa preta de mangas compridas devagar, deixando as garotas hipnotizadas.
 - Impressão minha ou ele está gostando? – Perguntou Afrodite.
 - Não, só tá tentando ganhar tempo pra fugir. – Ponderou Aioria desconcertado com atuação do colega.
 Ao contrário; o espanhol estava adorando ser alvo de tantos olhares cobiçosos. Fazia tempo que sua masculinidade não era tão estimulada.

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Queria ver aquela doida me assistindo, duvido que bancasse a difícil. Argh, tô pensando nela de novo! Concentração, hombre, é hora de incendiar isso aqui!

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 Largou displicentemente a camisa no chão, a qual foi intensamente disputada. Virou-se de costas e deixou as calças caírem. Inclinou levemente a cabeça para trás e deu uma piscadela para Esmeralda, que assistia na primeira fileira; a moça não agüentou em si e desmaiou. Preocupado, o arquiteto livrou-se da roupa, ficando apenas com uma boxer negra e a máscara e se ajoelhou tentando ajudá-la; foi imediatamente agarrado por braços ferozes e línguas ansiosas iniciaram uma romaria pela sua boca. Após uma breve luta – ou nem tão breve assim – conseguiu se livrar e pôr-se de pé, arfando.
 - EI, SHURA! – Gritou Aioros.
 - Que foi? – Tornando em direção à voz; foi subitamente cegado por um clarão.
 - Consegui! Olhem só! - O gêmeo mais velho mostrava aos amigos uma foto do espanhol apenas de roupa de baixo, com o rosto e pescoço lotados de marcas de batom.
 - ARGH! Saga, me dá isso aqui! - Ordenou desesperado, caminhando até as cortinhas.
 - Espere aí, meu caro! - Exclamou June atrás dele. O espanhol não lhe deu ouvidos até estatelar-se no chão; algo se prendera misteriosamente em seu pé.
 - O que foi agora? HÃ? - Parou estupefato.

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 Estou num hospício, só pode ser. A inspetora, que devia zelar pela lei e ordem, encontra-se na minha frente vestindo uma roupa sado! Com direito a chicote e tudo!
 Hum, belas pernas... EPA! Ela está me arrastando, socooooooorro!

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 - Já se vai assim tão cedo? Nem começamos a brincar... - Sorriu estalando o chicote ameaçadoramente.
 - O que quer de mim? - Indagou aterrorizado.

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Sinceridade, eu estava parecendo uma freira que via um homem nu pela primeira vez. ABSOLUTAMENTE RIDÍCULO!

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 - Ainda não acabou a música, Totó! - E, para finalizar, a moça prendeu uma coleira com guia no pescoço do rapaz.

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Reduzido a cachorro. Agora sim, cheguei ao fundo do poço.

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 Sem muita opção ele se levantou e voltou a dançar.
 - Desce! - Ordenou June.
 Obediente, dobrou as pernas até os joelhos tocarem o chão; apoiou as mãos um pouco atrás do corpo e começou a mexer sensualmente os quadris.
 - AAAAAAAAAAAHHHHHHH!
 - MARAVILHA!
 - BODE, BODE!
 Shura sorriu, realmente estava gostando daquilo.
 - Ótimo, Totó... MENINAS, AGORA VAMOS DAR INÍCIO AO NOSSO LEILÃO! - Anunciou a loira.
 - LEILÃO? - Espantaram-se todos os Gold Saints; todos menos Milo, que estava ocupado demais para reparar em detalhes.
 - Sim senhor Shura, e hoje o senhor é a prenda!

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 Mamãe, por favor me ajuda! Prometo que nunca mais brinco de açougueiro com os tubos de suas loções!

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 - Espere, espere! Não acha isso um pouco exagerado? – Tentava argumentar o espanhol.
 - Quem vai dar o primeiro lance? – Começou sem se importar com os protestos do homem.
 - Dou 10 dólares! – Anunciou uma garota de longos cabelos negros.
 - SÓ? Jisty, vai ter que aumentar isso aí? Quem dá mais?
 - 20 dólares! – Ofereceu Esmeralda, já recuperada do susto.
 - Minhas queridas, estão esquecendo que nossa prenda é um Gold Saint! Um dos nossos heróis! – Disse puxando Shura pela coleira e colando sua cabeça ao peito. – Não lhes interessa alguns momentos ardentes com esse espécime raro? – Concluiu acariciando seus cabelos, como se fosse um animal de estimação.
 - Espécime raro? – Estranhou o jogador, que não tentou se soltar por se sentir muito bem acomodado sobre os seios macios.
 - Sim, senhor Olívar... – Sussurrou a loira em seu ouvido, lambendo seus lábios e tornando a jogá-lo no chão. – Reiniciemos! Estamos em 20 dólares. Eu dou 50, quem dá mais?
 A multidão explodiu, os lances aumentavam por segundo, em menos de 10 minutos estavam na casa dos 500 dólares, oferecidos por Minu, a qual tinha uma expressão ensandecida no rosto.
 “Estou perdido...”, pensava o arquiteto.
 - Quinhentos! Dou-lhe uma! Dou-lhe duas! Dou-lhe tr...
 - ESPERE! – Gritou uma voz atrás deles.
 - O que foi agora? – Virou-se June e deu de cara com os gêmeos Dmitris usando apenas sungas vermelhas.
 - Nós nos oferecemos no lugar dele! – Falou Saga.
 - E prometemos tirar TUDO! – Sorriu Kanon maliciosamente.
 - VENDIDO! – Finalizou a policial, quase enxotando Shura do palco. Os irmãos o substituíram e logo todas as meninas estavam em êxtase.
 - Mas, mas... – Tentou argumentar o espanhol antes de ser puxado de volta aos bastidores.
 - Amico! Que bom que te salvamos! – Exclamava Camilo rindo e abraçando o companheiro.
 - Salvamos? – Desdenhou Hesekiel. – Aqueles não agüentaram foi vê-lo ser o centro das atenções, isso sim.

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AH, GÊMEOS DUMA... (CENSURADO!) Não acredito que me passaram a perna! Tá certo, aquilo estava se tornando a mais grotesca festa da qual já tive a honra de participar mas mesmo assim estava gostando.
 Hum... É, eu admito! Estava gostando mesmo! Aquele monte de mulher me olhando, me desejando, que homem não se sentiria o máximo?
 Só que não contava com dois gregos metidos a deuses que me jogaram pra fora do páreo. Fui chutado, escorraçado, me usaram pra depois jogarem no lixo. Buááááá!
 Snif... Agora só me resta provar aos outros que a Shina matou Argol... E vou fazê-lo custe o que custar, ou não me chamo Fernando Shura Olívar!


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Notas finais do capítulo

Ai ai viu? Que demora essa minha pra atualizar... E olha que o capítulo já tava quase todo escrito, só faltava o finalzinho. Hoje que consegui terminar. XD Boooooom, esse capítulo foi inspirado na cena do filme em que a personagem lista tudo que há de perfeito no homem que ela gosta. E que é um milagre ele ter todas essas qualidades. A cena do assassinato é o ponto chave o filme. XD Não vou contar o que acontece porque senão perde a graça. Mas é aí que a história vira. Deixa de ser um romance piegas para virar um jogo de polícia e ladrão. Shina matou mesmo Argol? Leiam e descubram.

A cena da boate não existe no filme, é de minha inteira autoria. XD Fiz em homenagem a todas as adoradoras do Shura (principalmente a Black Scorpion). Achei que iriam gostar de ver nosso espanhol dando uma de stripper.



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