Animos Domi escrita por Chiye


Capítulo 30
Capítulo 30 - Sangue


Notas iniciais do capítulo

YEEEEEEAA! Agora eu tô inspirada. Voltei com tudo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/382756/chapter/30

Ele estava em Gallifrey, bem no meio de um dos maiores ataques dalek da guerra do tempo: A queda de Arcádia. Sentiu novamente todo o desespero que somente tal evento podia causar. Ele foi forçado a assistir tudo sem poder fazer nada, era menos que um fantasma ali...

Os prédios estavam em chamas ou sucumbindo aos tiros. Pedaços de concreto estavam no meio das ruas...

Ele não se lembrava desse momento em especial, então supôs que O Doutor já estivesse abandonado a guerra naquele momento... Um arrepio lhe percorreu as costas.

A qualquer momento agora...

Várias pessoas corriam, tentando escapar, aos berros, assustadas, apavoradas, saltando os corpos... Ele notou, caindo de joelhos, sem forças, que uma grande parte era formada de crianças...

A qualquer momento agora...

Ele agarrou os próprios cabelos, incapaz de se conter revendo tudo aquilo. Então gritou. Um grito pavoroso, um grito de desespero...

A qualquer momento agora...

A queda de Gallifrey.

Mas sua mente humana não agüentou contemplar tudo aquilo, de modo que ele acordou. Continuou gritando até que se virou e vomitou no chão, engasgando um pouco.

–-John, o que houve? –Perguntou Rose do seu lado da cama, se virando para seu humano. Os gritos provavelmente a acordaram.

John se deitou novamente, tremendo descontrolado. Estava encharcado de suor frio e o ar lhe custava a entrar nos pulmões. Imagens do sonho continuavam a lampejar em sua mente.

–O que houve? –Perguntou Rose novamente. Ele fez uma pausa e tornou a perguntar, nervosa. –Foi um daqueles sonhos?

Era incrível como Rose sempre sabia se havia algo errado com John. A verdade é que há semanas ele não tinha sonho com suas memórias de senhor do tempo. Desde que ele se regenerara, melhor dizendo. Por que agora?

–-Estou... Bem... –Gaguejou ele, se acalmando aos poucos. Mas assim que conseguiu se acalmar o bastante para pensar, foi tomado por uma sensação de pânico, angustia, tristeza, solidão e desespero, sem falar no medo. Baixou a cabeça e agarrou os próprios cabelos, tentando, em vão, achar algum abrigo em si mesmo. Um humano.

No fim das contas esse abrigo veio a ser Rose: Ela se apoiou no braço de John e esperou que a exaustão, física e emocional, o adormecesse, e assim se fez. Ela ficou acordada um pouco, deixando seus pensamento vagarem e imaginando o que John havia sonhado, mas adormeceu logo em seguida.

Os dois acordaram cedo no outro dia, um sábado gelado e chuvoso de janeiro. Tomaram banho, se vestiram, tomaram café e encheram o pote de comida de Spock, que ainda não havia retornado de sua noitada de gato, então saíram, meio protegidos por um enorme guarda chuva.

John não tocou no assunto do sonho. Rose, zelando pelo humano, também não.

O casal havia decidido, depois de se atrasarem para torchwood, se molharem e correrem muito, comprar um carro. John queria um veiculo novo, mas Rose colocara na cabeça que queria o carro azul TARDIS que John alugara para o pedido de casamento. John acabou cedendo, achando melhor achar, e rápido, um jeito de conseguir dizer não a Rose.

Mas no fim John gostou de ter comprado o carro. Gostou muito de dirigi-lo, ele tinha um porta malas enorme e era quase novo.

Passaram em uma casa de ferragens, uma loja de itens de decoração e uma madeireira para comprar tudo o que precisariam para os planos da tarde.

Embora ainda fosse cedo, os dois passaram em um drive thru, mais para estrear o carro do que pela vontade de comer.

Foram direto para casa, carregando as compras e subiram para o quarto. Entraram no pequeno cômodo anexo ao dormitório. Ainda não tinham conseguido tempo para construir seu closet/biblioteca que haviam planejado. Spock entrou nessa hora, cheirando tudo, curioso.

–-Bom. –Disse John, largado as prateleiras que carregava. –Mãos na massa.

Os dois trabalharam pelo resto da tarde. Lixaram as paredes e as pintaram(Uma de vinho e uma de preto); pregaram as prateleiras pintadas com verniz(Rose colocou do seu lado do cômodo uma vara de madeira para cabides e algumas gavetas); John ajudou Rose a instalar as luzes que ela queria e os dois limparam tudo, inclusive Spock, que resolvera brincar com o resto das tintas e agora estava cor de vinho.

–-Tive uma ideia. –Anunciou Rose depois que Spock estava limpo e eles, molhados. Gatos não os seres mais fáceis de se dar banho. –Que tal cozinharmos algo? Algo simples, como macarrão com queijo, frango e alguns legumes.

–-Pode ser. –Respondeu John, observando Spock rolar no pequeno gramado, como se tentasse se sujar novamente.

O jantar deu muito certo, no fim das contas. Nada cru, nada queimado e nenhuma explosão.

Os dois se sentaram, felizes, no sofá da sala escurecida pelo crepúsculo. John amava os momentos em que ficavam juntos sem fazer nada. Se sentiu seguro e sonolento.

–-John. –Disse Rose, de repente. –Com o que você sonhou?

John suspirou. Até aquele momento havia tentado tirar o sonho da cabeça.

–-Me conte. –Insistiu ela.

E ele contou. Sobre Gallifrey e a guerra, sobre os gritos e as crianças e sobre como as memórias de um senhor do tempo eram avassaladoras.

Era incrível como Rose sempre sabia do que John precisava e vice versa. Eram yin e yang, se completavam simplesmente por estarem juntos.

–-Deve ser horrível. –Comentou ela, apoiando-se nele e o beijando.

Mas nessa hora um pombo entrou pela janela, sendo perseguido por Spock, o que causou grande estardalhaço. Rose correu a acudir o pombo e John seguro Spock, que ainda tentava pega-lo. Acabou muito arranhado.

–-É Shiff! –Exclamou Rose.

–-Shiff?

–-O pombo da Alden, John.

–-Eu sei quem é Shiff. –Retrucou ele. – Quero saber é o que ele está fazendo aqui, oras.

O pombo estava, tradicionalmente, com sua mochilinha vermelha as costas. Rose a abriu. Dentro havia um fraquinho de cristal contendo uma única gota de sangue.

–-John... O que significa isso?

–-Não sei... Eu...

–-Acha que Alden está em perigo? –Comentou Rose.

–-Bom, que outro motivo ela teria para enviar sangue ao invés de um bilhete, hein?

–------- ---------- ---- ---- --------------

–-Isso definitivamente não vai dar certo. –Comentou John.

O plano deles era simples: Estavam contando com a possibilidade de Shiff saber onde Alden estava. Soltariam o pombo e o seguiriam. Iriam a pé, pois a ave podia entrar em um beco. Haviam pego mochilas com certas coisinhas que podiam precisar em um resgate. Haviam também alimentado Shiff e lhe dado água.

–-Vai ter que dar. –Respondeu Rose.

Ela então abriu as mãos e soltou Shiff, que saiu voando como se nada estivesse acontecendo.

Os dois começaram a correr. As pessoas na rua apontavam Shiff e sua mochilinha vermelha ou desviavam depressa de John e Rose. Eles descobriram que era quase impossível seguir um pombo.

Viraram em um beco e foram sair em uma ruazinha calma. Shiff não estava mais lá.

–-Droga! –Exclamou Rose.

John começou a olhar em volta. Esquerda, frente, direita, atrás... Então ele soltou um berro e pulou. Rose olhou também. Alden estava parada ali, serena, com Shiff pousado no ombro.

–-Alden! –Disse John. –Você está bem? O que houve?

–-O que houve, não, o que vai haver.

O casal parou por alguns segundos, então Rose riu.

–-Alden... Devíamos ter adivinhado!

–-Mas o que vai acontecer? –Perguntou John.

–-Achei que você já tivesse entendido, não? –Disse ela.

John ficou calado. O que ele devia ter entendido?

–-Pense um pouco John. Com o que você sonhou essa noite?

John ficou ainda mais quieto. Havia sonhado com Gallifrey, mas Gallifrey não poderia vir a acontecer, estava trancado no lacre temporal... O que mais havia para ele saber?

–-Conte, Alden. –Pediu. –É algo perigoso?

–-É meio perigoso, sim. –Admitiu Alden. –Mas será bem mais interessante se você descobrisse. Para mim será engraçado.

–-Engraçado? –Repetiu Rose, incrédula.

–-Eu vejo tudo e sei de tudo. –Respondeu Alden. –Posso lhes garantir que para mim será engraçado. Para vocês também, no futuro, quando examinarem suas reações e rirem.

Houve um instante denso de silencio.

–-Achamos que você estivesse em perigo. –Comentou Rose.

–-Oh, não, estou bem. –Sorriu Alden.

–-Estão por que diabos você mandou uma gota de sangue sua para a gente? –Perguntou John, irritado.

–-Aquele sangue é seu, John. –Respondeu ela.

–-M-meu?

Rose olhou de Alden para John e de novo para Alden.

–-Bom, não exatamente... –Se fizerem exame constatarão que esse sangue é seu. Mas ele não saiu do seu corpo.

–-Mas o q...?

–-Não tente entender agora. Embora eu ache que com todas as peças disponíveis, vocês possam captar algo. –Alden acariciou Shiff. –Quando entenderem tudo não venham me perguntar como eu sabia ou como consegui a gota de sangue, certo?

Os dois assentiram, confusos. Alden continuou os encarando calmamente.

–-Que? –Perguntou John, enfiando as mãos nos bolsos.

–-Que o que? –Revidou Alden. Rose riu.

–-Por que está nos encarando?

–-Bom... –Começou ela. –Estou esperando vocês irem embora. Não quero que saibam onde vivo e, por mais que eu quisesse, não tenho como sair daqui sem você verem.

John riu.

–-Até mais, então. –Disse.

–-E não nos mande mais gotas de sangue sem explicação, ficamos preocupados.

Alden acenou até certo ponto, então, quando eles olharam para trás, ela não estava mais lá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

u3u



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Animos Domi" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.