Animos Domi escrita por Chiye


Capítulo 2
Capítulo 2 - Liz, uma amiga.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou com pouca coisa por que é mais um transição entre o primeiro e o segundo. Como minha fan fic segue toda uma cronologia, isso foi necessários. Mas não pense que por isso é um capítulo tedioso, humano. Não mesmo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/382756/chapter/2

John estava no banco de trás do carro, rodeado por muitas sacolas, encarando a janela em um estupor estrondosamente agradável: Dormir. Já Jackie e Rose estavam na parte da frente do veiculo, rindo e conversando alegremente. Não pareciam nem um pouco cansadas.

“Não sei como elas aguentam” Pensou ele com seus botões. “Ficar de pé o dia inteiro e ainda carregando peso!”

É que tinham passado o dia inteiro arranjando tudo o que John precisaria para viver ali. Ele sabia que devia estar entusiasmado, mas só conseguia se lembrar que seus pés formigavam.

Haviam passado a manhã inteira no cartório e na delegacia, tentando lhe arranjar documentos. Ele era John, que havia vivido desde pequeno em uma fazenda isolada em Peterfields e só agora, depois de se mudar para Londres, decidira tirar documentos. O motivo? Um esquerdista liberal extremo. Pelo menos foi isso o que disseram para a mulher do cartório, que encarou-os por alguns minutos antes de falar.

--Tudo bem então... John... Smith... –Dissera ela, anotando. –Qual sua idade?

--Hã... trinta e... cinco. –Ele havia se atrapalhado um pouco, mas ela parecia não ter notado.

Rose precisara de toda a sua força de vontade para segurar o riso.

A mulher que os atendera mandara-os buscar os documentos dali a três dias. Eles saíram do cartório cantando vitória.

--Foi mais fácil do que eu imaginei. –Comentou Jackie.

--Definitivamente. –Afirmou John.

--Muito legal e tudo o mais... –Comentou Rose. –Mas eu estou com fome. Que tal um almoço?

Comeram cachorros quentes na carrocinha de um senhor todo sorrisos e Jackie disse que John também precisaria de roupas, afinal, o inverno estava chegando. John concordou, sabendo que humanos sentiam bastante frio e que precisava de algo alem do seu terno azul.
Compraram, além de roupas comuns, luvas, cachecóis e chapéus. Os chapeis mais por insistência de Jackie do que qualquer outra coisa. Levaram também sapatos(converse, afinal, certas coisas não mudam ).

Haviam demorado particularmente em lojas de roupas: Para John, bastava uma olhadinha rápida e ele já sabia o que queria. Mas não para Jackie e Rose. Elas o fizeram experimentar a loja inteira. Camisas, meia malhas, calças jeans e de moletom, sobretudos, casacos e pijamas.

--Por favor, digam que já chega. –Pediu ele lá pelas quatro e meia da tarde.

--Tudo bem—Concordou Rose. –Acho que já é o bastante.
John passou o braço pelos ombros dela, agradecidíssimo. O problema foi que isso rendeu alguns cutucões de Jackie.
 

Ele sorriu com essa lembrança e foi arrancado de seu estupor quando notou que haviam chegado. Os três desembarcaram e foram até a porta, carregados de sacolas. Rose largou suas sacolas na porta.

--Acho que vou lá, mãe.

--Onde?—Perguntou John, largando suas sacolas também.

--Bom saber que você estava atento a conversa no carro. –Disse a humana. –Vou até o pub.

--Ah... –Exclamou John, confuso. Rose pareceu entender, por que disse:

--O que acha que fazemos por aqui sem a TARDIS? A gente sai, vê televisão, tenta se distrair.

John continuou encarando-a. Estava cansado e seus pés doíam, mas não queria, sob hipótese alguma, ficar em casa com Jackie Tyler.

--Bom, então... Tchau. –Disse Rose, e começou a andar.

--Espere!—Disse John, indo atrás dela. –Eu vou junto.

--Achei que estivesse cansado. –Disse ela, divertida. E acrescentou, fazendo falsete. –“Meus pés doem... Como vocês conseguem?”

--Eu... hã... Estou cansado, sim, mas... Acho que vou tomar alguma coisa. –Respondeu ele, meio atrapalhado.

--Nesse caso... Vamos.

John sorriu e os dois começaram a andar, ignorando Jackie dizendo a altos brados que precisava de ajuda para carregar as sacolas.

--Acho que eu devia ajudá-la. –Comentou John, em duvida. –São minhas coisas.

--Ela não precisa de ajuda. Só não quer que eu saia.

Eles sorriram e continuaram andando. John sabia que havia um pub por ali: Haviam passado em frente dele ainda ontem, depois do estranho encontro com Alden.

O pub era um pequeno prédio verde com várias mesas com cadeiras altas. Eles entraram e um conjunto de sininhos retiniu acima da porta. Ficaram em uma mesa na janela, onde viam as pessoas passar. Rose foi até o balcão enquanto John se sentava.

--Então— Disse ela quando voltou, como se estivesse apenas continuando uma conversa. –O que acha da Alden?
John deu de ombros.

--Não sei. Ela não nos fez nada de mau... Mas não achei legal da parte dela me dar sonífero...

Rose sorriu.

--Escute... Eu tive um sonho bem esquisito naquele dia— Disse John, se inclinando sobre a mesa, falando tão baixo que Rose inclinou a cabeça também para poder ouvir. –Mas não acho que tenha sido só um sonho, Rose. Você pode me dizer o que...?

--Então você está ai!—Exclamou uma jovem de cabelos curtos e rebeldes e uma blusa xadrez esfiapada.  –Sinceramente, achei que você fosse furar. Holly não pode vir hoje, está gripada.

Ela se sentou na mesma mesa que John e Rose, que sorria para ela, e notou John.

--Eu interrompi algo? –Perguntou ela.

John percebeu que ainda estava meio inclinado sobre a mesa e como a jovem devia ter apreendido a cena. Voltou ao seu lugar rapidamente. Rose fez o mesmo.

--Nada, Liz. –Disse a loira.

--Serio, Tyler, se você quiser que eu saia...

--Não é nada. –Disse John, surpreendendo até a si mesmo. Liz deu de ombros.

--Essa é Liz, trabalha comigo. Liz, esse é John.

O garçom chegou com três taças de whisky.

--Pediu para mim também, Tyler?

--Claro. Nós se encontramos aqui todo domingo. Para desestressar, sabe. –Explicou Rose a John.

Passaram vários minutos conversando. John ficou um pouco de lado. Afinal, as duas se viam todos os dias, tinham muita coisa para conversar. Era o tipo de conversa na qual todos riam: Qualquer frase era motivo para gargalhadas e John aprendeu rapidamente a gostar de Liz e seu jeito largado e extrovertido. Era o tipo de pessoa que arrancava risada de todos a sua volta.

--Eu iria mais devagar no whisky se fosse você, cabelo legal.  –Advertiu ela.

--Bah! Se preocupe com você, mocinha! –Respondeu ele. Se bem que sabia que era verdade que já estava um pouquinho tonto.

--Acho bom você realmente ir devagar, John. –Advertiu Rose.

John olhou para ela e simplesmente não pode dizer não.

--Acho melhor nós também maneirarmos. –Disse Liz, seria. –Sabe como é, temos trabalho amanhã. Dan pode nos enforcar se aparecermos de ressaca. Vou ao banheiro, já volto.

Rose riu. Ela nunca ficara de ressaca. Não bebia muito. John encarou-a, sorrindo.

--Acho que você bebeu demais. –Comentou ela.

--Não muito. –disse ele. Era verdade: Sua mente tinha um quê de senhor do tempo, não se entregava ao álcool tão fácil assim.

Eles se encararam de maneira demorada e penetrante. Então John beijou-a na bochecha, rindo da sua própria ousadia. Ela o encarou e beijou-lhe na boca. Ele olhou-a abobado e ela riu. Se aproximaram novamente. E ficaram assim. O celular de Rose tocou, mas ela apenas largou-o em cima da mesa.

--Tyler, acho que temos problemas!—Disse Liz, que havia voltado. Seu celular também tocava. –Tyler, acho que sinceramente isso devia esperar...Tyler e senhor cabelos legais, podem por favor se separar?

Os dois se separaram, meio vermelhos, meio risonhos. Rose pegou o celular e congelou ao ver quem era.

--O que foi?—Perguntou John. Todo o momento havia se quebrado.

--Temos que ir. –Disse Rose se levantando. Ela deixou o dinheiro em cima da mesa e saiu, seguida por Liz e John, que continuava sem entender nada.

--O que houve, Rose?—Perguntou ele, um pouco mais alto do que pretendia.

--É de torchwood. Acharam... Ah, prefiro nem te dizer...

--É ALIEN, não é? Se for, eu posso ajudar. Você sabe que eu posso mais do que qualquer um no universo.
Rose avaliou-o com o olhar por uns instantes, depois disse:

--Tudo bem. Olhe, vamos passar em casa e pegar umas coisas. Temos pouco tempo então faça tudo o que eu disser.

--Você enlouqueceu, não foi, Tyler? Levar um completo estranho para uma missão oficial!—Disse Liz, séria.

--Ele não é um estranho, Confie em mim, Liz. Nos encontramos na sede.

Liz revirou os olhos e correu, sumindo rapidamente dali.

--Tem certeza que não bebeu demais?--Perguntou Rose.

--Claro que tenho—Respondeu John, meio irritado.

--Então vem. –Respondeu ela, pegando-o pela mão. E começaram a correr.

Chegaram em casa um pouco ofegantes.

--O que houve?—Perguntou Jackie, que tinha estado no telefone. –Geralmente você só volta mais tarde.

--Preciso ir para torchwood agora. –Disse Rose— Pai, pode me emprestar o carro?

--Claro. –Disse Pete, parecendo preocupado.

--Me espere aqui. –Disse Rose a John e subiu as escadas.

--O que houve?—Perguntou Pete.

--Não sei. Acho que torchwood encontrou algo...

Nem bem havia passado um minuto, Rose voltou, com uma enorme mochila preta nas costas.

--Vamos!—Disse para John e saiu da casa, apressada.

--Você vai também?—Perguntou Jackie, surpresa.

--Claro. –Respondeu ele. –Sei mais sobre ALIENS do que qualquer um.

--JOHN!—Ouviram Rose chamá-lo do lado de fora.

Ele se jogou pela porta e entrou no carro. Mal tinha fechado a porta e Rose havia saído.

--Rose, Rose, O farol! –Gritou ele, mas ela simplesmente ignorou a luz vermelha e prosseguiu, muito rápido. John estava tentando colocar o cinto de segurança, mas a cada metro isso se tornava mais difícil.

--ROSE!—Gritou John. Ela havia feito uma curva muito fechada, de modo que dois carros buzinaram alarmados.

--Fique calmo! Nossa, você é bastante medroso, hein? –Disse Rose.

--Não sou muito de carros. Ainda mais quando estamos a cento e oitenta quilômetros por hora e eu estou sem cinto com alguém virando e freando bruscamente!—Disse ele, a voz meio aguda.

Rose riu com gosto. Queria testar John. Como humano, ele devia ter todas as emoções que humanos não conseguiam controlar, inclusive o medo. E era inegável que ele estava completamente apavorado agora. Mas pelo menos havia conseguido colocar o cinto. Rose riu ainda mais e virou o carro tão bruscamente para a esquerda que John bateu a cabeça no vidro.

--Calminha ai, humano!—Exclamou Rose, rindo.

--Rose!—Disse John, baixinho. Ele estava com a mão onde tinha batido a cabeça, completamente imóvel e com os olhos fixos em frente. Ela achou um tanto engraçado.

--ROSE!—Berrou John. Estava completamente pálido e apontava para o cruzamento em frente, de onde, Rose notou em cima da hora, vinha um caminhão.

Rose freou. Um barulho horrível de buzinas, gritos, pneus derrapando...

Mas não. Rose havia conseguido parar antes de baterem. Os dois estavam completamente imóveis no banco, mas olharam um para o outro e sorriram. Por menos de um segundo acharam que estavam a salvo, mas o carro que vinha atrás não conseguiu frear. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A propósito, Rose diz muitas vezes "humano" para o John. Tirei isso de mim mesma, tenho mania de chamar todo mundo se "humano ou até "ser humano".