Animos Domi escrita por Chiye


Capítulo 14
Capítulo 14 - Sozinho


Notas iniciais do capítulo

Voltei. O que acharam do John triste? Tadinho...
Ai está mais um, um pouco triste também...
Mas logo, logo vou postar algo mais alegre.



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--Eu amo praias. –Disse John, recostando-se na areia quentinha.

–Devíamos vir aqui mais vezes.

--Com certeza. –Concordou Rose. Ela estava deitada com a cabeça apoiada em seu colo. – Mas não temos tantos feriados assim, ou temos?

--Não. –Admitiu ele. –Mas podíamos criar alguns. Dia do melhor casal... A dupla imbatível.

--Seria incrível. –Admitiu ela. –Smith e Tyler, juntos para sempre.

Suas risadas encheram os ouvidos de John enquanto voltava a realidade. Sentia-se aquecido e feliz sob as cobertas. Mas algo pinicava sua mente. Então, menos de um segundo depois, ele se lembrou de tudo e a realidade engolfou-o de maneira terrível.

Ele se sentou. Estava na enfermaria de torchwood. Peddy correu ao seu encontro, muito pálida.

--Rose. –Disse ele antes que ela pudesse sequer abrir a boca. –Preciso vê-la.

--John, sinto muito, eu realmente sinto muito...

--Eu preciso vê-la, entendeu? –Gritou ele. Levou as mãos a cabeça. Estava descontrolado, afinal, seu mundo tinha ruído... –Onde ela está?—Perguntou, baixinho.

--Ela...Ah, John... Sinto muito, ela está mort... –Começou Peddy.

--NÃO!—Berrou ele. –Ela não pode, como pode...?—Ele tirou os braços da cabeça e agarrou Peddy pelos ombros, sacudindo-a, novamente chorava. –Eu preciso dela, Peddy, e ela precisa de mim. Deve estar sozinha agora... Por favor— Pediu ele com um sussurro estrangulado. –Onde ela está?

Peddy cobriu a boca com as mãos e correu dali. John tentou se levantar, mas um par de mãos o empurrou de volta. Era Theodore.

--Parece que a jovem Peddy não aguentou a pressão... –Comentou ele.

--Por favor. –Pediu John, sem forças, sem esperanças. –Onde está Rose? Preciso vê-la...

--Não. Você vai ficar aqui.

John se levantou de um salto, antes que Theodore pudesse segura-lo. Reuniu todas as forças que tinha e meteu-lhe um soco no rosto. Theodore desmontou inconsciente.

--Eu realmente sinto muito. –Murmurou John antes de sair.

Onde teriam levado Rose? Ele acelerou o passo, desatando a correr. Torchwood era enorme e ela podia estar em qualquer lugar... Virou uma curva e deu de cara com Daniel.

--Senhor... –Começou ele. –Senhor, por favor... –Mas o que pedir? As palavras não vinham em seu auxilio.

--John, acho que você devia descansar um pouco. –Disse Daniel.

--Não, eu... Onde ela está?

Daniel olhou-o de uma maneira muito estranha. Seria pena?

--Venha comigo. –Disse ele simplesmente.

John seguiu-o. Se sentia muito irreal... Cada passo lhe custava um esforço enorme. John se sentiu definitivamente mal quando Daniel abriu a porta do setor de criogenia e o deixou passar. O lugar era frio e desolador. Haviam vários tubos deitados e cobertos. Daniel o levou até o fim da sala e puxou o pano que cobria um dos tubos. John recuou um dois passos, quase caindo, sendo aparado por Daniel.

--Tudo bem?—Perguntou ele. John arfava, achando difícil respirar direito.

John não respondeu. Avançou devagar até o tubo criogênico, a mão esticada. Foi indo, indo... Até que encostou na superfície do vidro frio. O gelo começou a se desenhar a partir da sua mão, mas nada mais aconteceu.

--As funções cerebrais estão preservadas. Mas não achamos um jeito de trazê-la de volta. Conservaremos seu corpo por mais dois dias. Se nossos cientistas não a conseguirem trazer de volta, sinto muito John, mas será um adeus.

John, meio sem forças, escorregou até ficar de joelhos ao lado do tubo, mas não tirou a mão dele.

--Mas... Eu preciso de você...—Disse ele, então sucumbiu.

--John, por favor, se controle ou vão dopá-lo novamente. Escute, você irá para casa descansar. Tome. –Daniel lhe entregou um saquinho. –São calmantes. Acho que vai precisar. Tome a cada oito horas.

John concordou com a cabeça, sem saber ao certo o que estava fazendo. Daniel pôs a mão em seu ombro e o ajudou a se levantar.

--Acho melhor alguém te levar até a casa. –Disse Daniel, gentilmente. –Temos um carro te esperando.

Passaram pelo saguão direto para o estacionamento, andando muito depressa. John chegou a tropeçar duas vezes. Daniel queria poupar-lhe das perguntas dos outros funcionários. Ele próprio estava abalado pelo que acontecera, imaginava como John estava.

--Prontinho. –Disse, assim que John entrou no carro. O motorista evitou olhar para os lados. –Tome um dos comprimidos agora, por favor.

John obedeceu, embora não tivesse consciência de estar fazendo aquilo. Era muito dificil engolir qualquer coisa, sentia um bolo na garganta. Achou que alguém lhe arrancara um bom pedaço. Um pedaço que fazia falta, muita falta. E continuaria doendo, por muito, muito tempo...

A porta da casa estava aberta. Ele a empurrou devargazinho. A primeira coisa que fez foi se jogar no sofá. Não aguentava mais ficar em pé. Se sentia mais fraco do que quando os espectros sugaram sua energia. Enterrou o rosto nas mãos. A única coisa que queria, que achava que aliviaria sua cabeça naquele momento, era dormir. Por muito tempo, por anos, até acordar completamente bem... Ou não... Afinal, quando morresse, para onde iria? Para junto de Rose, supôs...

--O que houve?—Era Pete. –Achei que chegasse em casa apenas a noite.

Como John poderia contar a eles, como? Ele levantou o rosto, tentando encontrar palavras...

--O que houve?—Perguntou Pete, alarmado. –Você está péssimo.

O que ele podia dizer? Achou que nunca mais conseguiria dizer nada. Mas pelo menos não estava chorando. Suspeitava que o calmante que tomara tinha parte nisso. Mas não fazia ideia de como contaria a Pete e Jackie. Ela provavelmente o mataria também. Pensou em dizer que contaria aos dois juntos, só para ganhar um tempo. Mas isso foi frustrado quando Jackie entrou na sala.

--Mas o que houve? Você andou chorando?—Perguntou ela.

Ele abriu a boca várias vezes, mas não conseguiu dizer nada. Encarou os próprios joelhos, sentindo a própria tristeza.

--Onde está Rose? –Perguntou Jackie. –O celular dela não atende. Você estava na festa de natal de torchwood, onde está seu smoking? E o que houve com sua perna?

John respirou fundo algumas vezes, o pânico novamente ameaçando engolfá-lo.

--Ela... Ela... –Mas não conseguiu dizer mais nada.

--O que houve?—Perguntou Jackie de novo. Parecia muito preocupada, afinal, nunca vira ele, humano ou senhor do tempo, tão desesperadamente triste como agora. Ela pareceu ler algo em seus olhos, então disse. –Aconteceu algo com Rose, não foi?
John assentiu.

--O que aconteceu?—Perguntou Pete. Tinha empalidecido tanto que parecia morto.

--Sinto muito. –Foi o que John conseguiu dizer.

Jackie caiu sentada na poltrona, as mãos no peito, os olhos esbugalhados.

--Calma, Jackie. –Disse Pete. –Lembre-se, o bebê, fique calma...

--Mas... –Começou ela, tentando sorrir. –Ela se feriu, não foi? Está em torchwood, sendo cuidada...

John balançou a cabeça, desolado. Jackie se levantou. Por um segundo ele pensou em se proteger, certo de que ela faria algo dolorido, mas, para sua total surpresa, Jackie o abraçou. E isso foi pior do que Daniel lhe dizer a verdade. Pior do que ver o corpo dela na criogenia. Ele retribuiu o abraço enquanto Jackie soluçava, incapaz de controlar seus tremores.

Então cada célula de seu corpo queimou. A conhecida dor, nem agonizante nem confortável, perpassou-o veloz. Ele sentiu sua própria tristeza, não queria, não queria... Mas pensar assim não impediria o tempo... Estava indo, indo... A qualquer segundo... liberara muita energia, sua TARDIS estava sofrendo as consêquencias...

--John!?—Pete dava batidinhas em seu rosto. Não chegara a desmaiar, mas definitivamente não estava consciente.

--Estou bem. –Murmurou ele. Além da perda de Rose, os vislumbres da mente do senhor do tempo. Por que, por quê essas coisas tinham que acontecer? Ao mesmo tempo ainda por cima... Ele não aguentava mais, queria simplesmente sumir dali, não sentir, não saber...

Ele passou o resto do dia em seu quarto, deitado, encarando o teto, sem nenhum pensamento, apenas algumas lágrimas. Afinal, o que mais se podia pensar? Seu mundo ruíra. O mundo de Pete ruíra e levava com ele Rose... É, isso fazia sentido...

--CABELOS!—Ele ouviu a voz de Liz lhe chamando. Mas não se mexeu. Não tinham forças para isso. Havia ficado deitado sem se levantar sequer para comer, por quê levantaria agora?

--Anda, vamos descer, eu fiz um chá e preparei bolo. Você tem que comer algo. –Disse ela, aparecendo a porta. –Vamos, vamos...

Ela começou a puxar e empurrar John até que ele se levantou. Ela colocou as mãos em seus ombros e foi o empurrando escada abaixo. Holly também estava na cozinha, sentado.

--Como está?—Perguntou John.

--Bem. –Respondeu ele. –Mas queremos saber de você.

John deu de ombros. Liz o empurrou até uma cadeira e lhe empurrou uma caneca fumegante de chá.

--Daniel mandou virmos até aqui. –Disse Liz. –Ele acha que você, Jackie e Pete precisam de ajuda.

John não respondeu.

--Vamos, beba. –Disse Liz, levantando a mão dele levemente. Ele tomou um gole.

Liz e Holly trocaram um olhar significativo que John não notou.

--Escute. –Disse Holly. –Ela era nossa melhor amiga. Também sentimos sua falta, mas precisamos, temos, que ser fortes.

Os três trocaram um olhar de companheirismo. Não deixariam John sozinho. 


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Notas finais do capítulo

E então? Mereço comentários, indicações, socos, pontapés, uma viajem com O Doutor?? kk, me empolguei...



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