------------Inazuma, tempo atual------------

- Foi isso que aconteceu... - Winry falou.

- Que lugar é esse? - Yuuichi perguntou curioso.

- N-não posso contar... - A jovem falou, com uma cara desesperada.

- E por que não? - O soldado perguntou, olhando nos olhos dela.

- Porque, se eu contar, vamos ser mortos... - Winry falou em completo desespero.

- Calma... Vá descansar por hoje... Já terminei o curativo... - O soldado falou, examinando a expressão no rosto dela.

- N-não... Ainda tenho muito o que fazer... Depois descanso... - A empregada falou se levantando.

- Não vai conseguir fazer mais nada hoje... Eu estou falando para descansar. - O azulado a puxou e a deitou em sua cama.

- Me solta! Não me toque! - A morena falou com certo desespero no olhar.

- Não irei fazer nada com você! O que está havendo afinal? - O soldado perguntou. Estava irritado já.

- É que... Antes do presidente me “dar” à você... Aconteceu algo... - A empregada falou com pânico no olhar.

- Ele fez o que...? - O soldado voltou a se acalmar.

- Ele... Ele abusou de mim... E falou que iria me entregar a qualquer soldado que aparecesse... Depois iria me tomar de volta... Não sei o que ele pretende com isso... - Winry falou, enterrando seu rosto no travesseiro vermelho.

- Nani...? Ele está me usando então? - Yuuichi falou revoltado.

- Todos por aqui estão sendo usados, acredite em mim... - Winry falou com o rosto no travesseiro ainda.

- Estou sendo usado e não aceito isso... Ou me conta o que você viu naquele lugar, ou lhe devolvo para o presidente! - O azulado falou com raiva.

- Não falarei! Não quero morrer! Se quiser, vá você ver o lugar com seus próprios olhos! Só digo uma coisa... Se o presidente continuar com isso... Inazuma deixará de existir... - A empregada falou se levantando.

- Não dei minha vida por esse país para vê-lo sumir... Hey, tenho uma proposta pra você... - O soldado falou seriamente.

- E o que seria...? - Winry perguntou.

- Eu lhe deixo livre para ir pra onde quiser. Nunca mais precisará trabalhar pra mim de empregada. Nunca mais precisará entrar nessa casa. Em troca, quero que me leve para esse local. - Yuuichi propos.

- Nunca! Prefiro ficar trabalhando de escrava pra você pro resto da minha vida! Nunca mais quero voltar pra lá! - Winry falou brava.

- Uma hora ou outra terá que voltar pra lá... O presidente mesmo falou que iria vir te buscar, não? - Yuuichi pronunciou as palavras em um tom vitorioso.

- Vai acontecer de novo... Vai acontecer de novo... Tem que me deixar ir antes que ele venha me buscar...! - Winry falou desesperada.

- E por que deixaria você partir? Sem me ajudar, você não sai daqui... - O soldado falou friamente.

- Ele vai explodir sua casa, seu babaca! Tudo isso aqui irá para os ares, inclusive você! Dá pra me deixar ir? Só quero salvar sua vida! - A empregada falou e saiu correndo para tentar sair do quarto.

- Você não irá a lugar algum... - O soldado, que era mais rápido, conseguiu chegar a porta e tranca-la.

- Não faça isso... Só não quero mais gente morrendo por minha causa... - A morena falou tristemente.

- Não morro fácil. Vai me ajudar ou não? - O azulado perguntou, olhando fundo nos olhos da moça.

- Afaste-se de mim, canalha... No fim, você é que nem os outros... - Winry falou, encostando-se a porta.

- Se eu fosse que nem os outros, já teria lhe tomado aqui mesmo, não acha? Agora responda... Vai ou não me ajudar empregadinha? - O soldado falou a centímetros do rosto dela.

- D-droga... Eu ajudo... Mas não me culpe se morrer... - Winry falou com dificuldades devido a aproximação.

- Ótimo, boa menina... Agora vamos... Temos que nos arrumar... Infiltraremos a casa presidencial a noite, onde tem menos soldados vigiando. - Yuuichi falou seriamente, se afastando da moça.

- Canalha, estúpido... - Winry falou baixinho.

- Obrigado pelo elogio empregadinha... Agora vá se arrumar. - O soldado falou abrindo a porta.

- Não tem medo que eu fuja? - Winry perguntou.

- Não vai fugir, sei disso... - Yuuichi falou, fechando a porta do quarto.

Depois disso, deitou-se na cama. Não sabia ao certo o que estava fazendo, mas queria ver com seus próprios olhos o que estava acontecendo. Não acreditava muito que seu presidente estava escondendo algo tão grande debaixo do país de Inazuma. Até porque... É impossível a coisa ser tão grande que ocupe o território nacional inteiro. Enquanto quebrava a cabeça pensando no que poderia ser a tal coisa, seu celular havia tocado. Era o presidente.

- Yuuichi? Está tendo um ataque dos ingleses na parte norte do país! Vá para lá agora! - Endou falou gritando desesperado.

- Por que todo o desespero? Seus soldados não estão dando conta do recado por lá? - Yuuichi perguntou sarcástico.

- Não é hora de brincadeiras soldado! Se você não for agora, tudo estará perdido! - Endou falou bravo.

- Tudo o que? - O soldado perguntou.

- Ahn... O país estará perdido! Agora vá! - Endou falou e desligou o telefone.

- Ele realmente está escondendo algo... A empregadinha tem razão... - O azulado falou, levantando-se da cama e pegando sua farda, vestindo-a.

Depois de vestido, saiu do quarto. Passou na cozinha para beber um copo d’água calmamente. Não estava com tanta pressa assim. Queria saber os segredos de seu presidente, mas isso não o importunava tanto quanto importunava a jovem moça.

Quando foi sair, deu uma olhada pra trás e viu a empregada. Estava com uma expressão assustada no rosto.

- Onde vai...? - Winry perguntou.

- Não te interessa... Agora volte a limpar... - O soldado falou calmamente.

- Me interessa sim, senão, não estaria perguntando! Seu grosso, estúpido, canalha, sem coração! - A jovem soltava vários insultos ao soldado, que só a encarava indiferente.

- Já acabou? Só irei dar uma forcinha para os inúteis que estão lutando na parte norte do país... Voltarei a tempo de irmos até a casa presidencial... Ele realmente está escondendo algo... - O soldado falou e se virou para sair.

- Não tem medo que eu fuja mesmo? Agora tenho mais chances, sabia? - Winry perguntou.

- Não sei porque, mas... Confio em você... É a única pessoa que confiei até agora, então, sei que não irá fugir... Até mais tarde Winry... - O azulado falou, sorrindo de canto e correndo.

Como ele pode confiar tanto assim nela? Ela se mostrou uma pessoa muito violenta com ele. O xingou, bateu e o fez passar vergonha na rua. Como ele pode confiar nela? Novamente, Winry se pegou pensando sobre ele. Pensando que ele realmente podia ser diferente, afinal, não é todo mundo que confia em uma estranha, certo?

Enquanto pensava, foi terminar o seu serviço. A casa era grande e bem arrumada, mas alguns cômodos estavam empoeirados ainda. Pegou o pano e os produtos que precisava e rumou para a sala, o último cômodo a ser limpado.

A parte norte estava um caos. Os ingleses tinham armas muito melhores do que os inimigos anteriores. Usavam metralhadoras, bazucas e até uma simples pistola. Essa batalha estava sendo a mais difícil até agora.

O soldado havia chegado no campo de batalha e quase levara um tiro na cabeça. Se não fosse ágil, teria morrido. Com um movimento rápido, pegou sua arma, encostou no estômago do inglês e deu um tiro. O inglês logo morreu.

Yuuichi estava observando como estava o campo de batalha. Muitos de seus colegas estavam caídos já, sem vida alguma. Alguns estavam lutando com suas últimas forças. O soldado revirou os olhos. Estava achando patético a atuação de seus colegas de trabalho. Como o presidente havia escolhido eles para proteger o país?

Com coragem, o azulado foi para o meio do campo e deu um tiro pra cima. Todos que estavam ali pararam na hora. Olhou-os friamente e apontou a arma para um inglês que estava sendo rendido por seu colega de trabalho.

- Que tipo de lutinha é essa? - O azulado perguntou.

- C-como assim Yuuichi-san? Estamos tentando proteger o país! - O soldado de cabelos avermelhados e bagunçados, olhos verdes expressivos, estatura média e com um rifle nas mãos falou.

- Proteger ou destruí-lo de vez...? Vou lhe polpar por hoje soldado, porque sei que é novato. Da próxima vez que fizer alguma atuação ridícula no campo de batalha, será morto. - Yuuichi falou friamente, dando um tiro na direção do inglês rendido, matando-o na hora.

- N-não tem medo de morrer, FDP? - Um soldado inglês perguntou, atirando várias vezes contra o azulado.

- Confio no meu taco... Vejo que você não, né? - Yuuichi perguntou, desviando com um pouco de dificuldade das balas. Quando chegou perto o suficiente, deu um tiro no peito do inglês.

- Esse cara é maluco! Todos pra cima dele! - Um inimigo falou desesperado.

Todos os inimigos foram pra cima dele de uma vez. Agora era definitivo. Ele não iria conseguir sozinho. Com a coragem que nunca lhe faltou, começou a distribuir tiros pra tudo que é lado. Alguns colegas de trabalhos começaram a atirar também. Com isso, derrubaram mais de 50% da tropa inimiga. Os ingleses, que estavam cansados, tentaram correr para salvarem suas vidas.

Os soldados de Inazuma foram atrás e conseguiram aniquilar todos os ingleses restantes. Usaram o armamento do inimigo para estingui-lo de vez.

Todos estavam comemorando felizes. Haviam vencido o pior inimigo que tiveram. No meio da festança toda, Yuuichi andava calmamente para longe da multidão de soldados, indo em direção a sua casa.

Enquanto isso, Winry havia terminado de limpar tudo. Estava entediada e não sabia mais o que fazer. Como o soldado confiava nela, pensou que ele não se importaria se ela fosse ao mercado sozinha. Pegou sua bolsinha simples e pequena, com alguns detalhes floridos na abertura e saiu.

Estava quase escurecendo já. Teria de ser rápida para comprar as coisas e voltar. Se Yuuichi não a visse lá, não saberia o que ele seria capaz de fazer. Andou rapidinho até a quitanda da esquina mesmo. Escolheu alguns alimentos de fácil preparo, pagou e foi andando um pouco mais devagar.

Enquanto admirava a paisagem, não notou que estava sendo seguida. Estava tão distraída com as lindas iluminações da cidade, que, quando percebeu que estava sendo seguida, era tarde demais. Era o soldado que havia agredido os dois homens mais cedo.

- Ora, o que temos aqui Taiyou... - O soldado do cabelo castanho falou.

- É aquela empregadinha que te bateu, não é? Cara, nunca te vi apanhando de mulher! Foi hilário! - Taiyou comentou, rindo do amigo.

- Fique na sua Taiyou! Quer morrer? - O soldado perguntou, segurando o braço da empregada.

- Não, não! Vai que, algum dia, isso acontece de novo? Quero estar perto para ver! - Taiyou falou rindo mais ainda.

- Seu inútil... Depois conversamos... Tenho que acertar as contas com essa daqui primeiro... - O moreno falou, olhando fundo nos olhos de Winry.

- Pensa que isso me amedronta? Te bati hoje cedo, posso muito bem acabar com a sua raça! - A jovem falou, encarando com raiva o soldado.

- Não me faça rir! Quem te ajudou mais cedo foi o FDP do Yuuichi! Fiquei sabendo que ele foi para a batalha do norte... Hoje então você está sozinha, sem ninguém para te defender... - O moreno falou, sorrindo de canto.

- Não preciso dele para me defender! - Winry falou e socou três vezes o estômago do soldado moreno.

- AI! Ficou maluca? Perdeu a noção do perigo? Vou leva-la ao meu pai, ele saberá o que fazer com você... - O soldado falou, segurando-a fortemente pelo pescoço, fazendo-a perder quase todo o ar.

- S-seu p-pai...? Q-quem é? - A empregada perguntou com dificuldades.

- Ele é o presidente desse país de merda! Agora vamos! - O moreno falou, ainda enforcando a jovem.

- O-o p-presidente...! N-não...! - A moça  falou desesperada. Estava quase perdendo a consciência.

Quando ela pensou estar tudo acabado, ouviu o moreno gritar de dor.Não sabia o que havia acontecido. Tinha desmaiado antes de ver o ocorrido.