Slow Dancing In A Burning Room escrita por Stardust


Capítulo 6
We're going down


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me por não postar ontem... mas está aí pra vocês ♥



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– Oi, Jane. Como vai? - perguntei abraçando-a.

– Estou bem, querida e você? - ela sorria.



– Também. A propósito, o novo bolinho é uma delícia.

Ela ficou em silêncio me olhando. Seu rosto estava sujo de farinha e usava uma daqueles chapéus engraçados de chefes de cozinha.

– Seu namorado é um gato.



– Namorado? - olhei para Liam, que acenou pra gente. - Não, é apenas um amigo da época da escola.

– Não sei não, hein? Eu vi o jeito que ele olha pra você.



Olhei disfarçadamente para Liam e depois de alguns segundos fiz sinal para que fosse até perto de nós duas. Vi-o levantar e enquanto ele não chegava, fiquei pensando sobre o que Jane havia dito. Não fazia sentido algum.

– Esta é Jane.

– Oi, Jane. Seus bolinhos são incríveis. É minha lanchonete preferida. - ele sorria.



– É um prazer ouvir isso. - respondeu me olhando.

Ficamos alguns segundos em um silêncio constrangedor. Sabia o que Jane estava pensando. Se pudesse, invadiria seus pensamentos e os impediria.



– Crianças, tenho uma oferta pra vocês. - olhei para Liam que ria do jeito que ela disse. - O movimento está pouco hoje, então quem sabe vocês poderiam ir pra cozinha comigo me ajudar em novos sabores de bolinhos?



– Claro. - Liam mal esperou ela acabar de falar. Parecia empolgado.



– Não sei, tenho aula daqui a pouco de novo e...



– E nada. - seguiu Jane pela cozinha.



Observava o jeito que ele andava. Era estranho o fato de que passamos a época de escola inteira nos odiando e agora conversávamos como se tivéssemos sido amigos a vida toda. Talvez, naquela época, mesmo devolvendo suas provocações por outra, eu gostava de Liam. Mesmo ficando brava, no final eu acabava rindo de suas piadinhas engraçadas ou até mesmo conversando sobre algo que nós dois gostávamos em comum. Liam era um garoto inteligente e devo admitir que isso sempre me atraiu nele.



Paramos em frente a uma bancada cheia de farinha e massa de bolo. Jane foi até o forno e tirou uma fornada de pequenos bolinhos com furos no meio.



– Agora é com vocês. - seus cabelos brancos compridos estavam presos em um rabo. Ela parecia jovem ainda e tinha poucas rugas.



– Vai confiar tanto assim em nós? Não é por nada não, mas eu não confiaria em Sally. - passou a mão na farinha em cima da mesa e passou nos meus cabelos.



– Quer parar de agir como criança? - gritei, parecendo séria, mas logo caí na risada.



Liam ficou me olhando e eu acabei desviando o olhar para Jane, que procurava um CD no meio de tantos que haviam ali.



– Te agradeço profundamente por me apresentar isso. - me mostrou o CD do John Mayer que eu mesma havia gravado para que ela ficasse inspirada na hora de fazer os bolinhos. - Se eu fosse você, Liam, não deixaria essa garota aí escapar de você. Ela é incrível.



– Fique tranquila. Se depender de mim, não vou largar ela nunca.



Fiz um careta pra Liam que deu um sorriso de volta. Por alguns segundos achei aquele sorriso sincero demais.



– Ok, se não se importam, vou sair um pouco porque preciso comprar algumas coisas pra cá. Confio em vocês, certo? - piscou pra mim.



Eu queria matar Jane, mas Liam ficava me olhando de um jeito tão engraçado que logo vi que o que ela havia falado não era nada demais.



Escutávamos a música Stop This Train. Olhei para Liam e percebi que ele cantava a música.



– Desde quando você escuta John Mayer? Você odiava.



– "Nossa, o John Mayer é incrível!" "Eu me casaria com ele." - imitou minha voz. - Tá vendo porque eu o odiava? Você não calava.



Ri dele. Era engraçado como ele lembrava das coisas.

Peguei um líquido que mais parecia uma geleia. Tinha de limão, maracujá, morango, chocolate, menta e tantos outros sabores que eu mal conseguia escolher um. Olhei para Liam que parecia decidido e já havia recheado e decorado um bolinho. Ele o examinava como se fosse uma obra de arte.



– O que acha? - havia bolinhas preto e branco em cima da massa e algo que parecia semente de maracujá.



– Estranho. - ao ouvir, me olhou bravo.



– Estranho? Tem certeza que quis dizer realmente isso?



– Não, Liam. - ele se aproximava de mim devagar. O bolinho estava na mão e ele fez menção de tacá-lo em mim a qualquer momento.



– Sabe o que eu deveria fazer? - tinha a voz de um psicopata. - Fazer você se arrepender disso.



– Não!



Saí correndo pela cozinha enquanto ele corria atrás de mim. Eu ria tanto que até me dava fraqueza. Senti o braço de Liam me alcançar e logo o toque gelado do bolinho em meu rosto. Depois, estava toda suja de cobertura de maracujá.



– Eu ainda tenho que ir pra faculdade, idiota!



– Sinto muito.



– Pare de brincar. Tô falando sério.



Dessa vez Liam não disse nada, apenas aproximou seu rosto do meu e ficou me olhando. Tentava limpar meu rosto, mas parei por um segundo. Minha respiração estava forte por ter corrido muito. Devagar, aproximou-se de mim e lambeu meu rosto suavemente.



– Não é que ficou gostoso mesmo? - disse rindo.



Me afastei de seu corpo dando um sorriso e virei as costas. Era a segunda vez que um beijo quase acontecia entre nós dois e acabei pensando que a verdadeira intenção de Liam era fazer com que eu desejasse aquilo. No final, ele era apenas um homem como todos os outros que sabia exatamente como levar uma mulher para a cama, mas eu não iria querer beijá-lo e muito menos sentir algo por ele. Continuei andando para perto da torneira.



– Vou limpar meu rosto e espero que você não o suje de novo, combinado? - falei sem olhá-lo.



– Como quiser. - respondeu atrás de mim.



Abaixei para lavar o rosto, o enxuguei na toalha que estava por perto e me virei. Mal tive tempo pra dizer algo ao ver Liam que passou as mãos pelo meu pescoço e me envolveu em um beijo devagar e demorado. Sentia o toque leve de sua boca na minha boca e sua mão passando pelo meu cabelo. Logo ele se afastou e me olhou. Tinha o mesmo sorriso safado de sempre.



– Liam! - gritei, mas ele voltou a me beijar.



Dessa vez, um beijo mais rápido e quente, diferente do outro. Empurrou meu corpo contra a parede e ficou me prendendo em seus braços. Pensei em afastá-lo, mas estava tão envolvida no beijo que não consegui. Sabia que aquilo era um erro, mas no fundo, bem no fundo, naquele momento erro nenhum importava.

 

 




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Notas finais do capítulo

E aí, gente? Até que enfim um beijo!



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