Descobrindo O Erro! escrita por Lizzy


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo... Espero que gostem, e mais uma vez desculpa a demora!:D



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Naquela mesma noite, Demétrius estava na sua sala, sentado, organizando uns documentos pendentes, quando Marina se materializou bem à sua frente. Parecia estar furiosa.

- Quem esse fantasma pensa que é, para me tratar desse jeito? – Marina perguntou para Demétrius, batendo com força, com os punhos, na mesa.

Demétrius levantou os olhos, indiferente, depois continuou a verificar os documentos – O que aconteceu dessa vez?

-  O que aconteceu? – Ela estava indignada – O que aconteceu é que, aquele idiota ficou outra vez com aquela viva ridícula. – Pausou, cruzando os braços - O que ele viu nela, heim?! Garotinha mais sem sal!

Demétriu franziu a testa, estudando-a. Ela estava com cara de quem estava com ciúmes e Demétrius não gostou nenhum pouco disso. – Espera um pouco aí... Eu estou vendo o que acho que estou vendo? Marina, você não está se apaixonando pelo Daniel não, está?

Marina arregalou os olhos – Cla-Claro que não! Óbvio que não. Eu nunca me apaixonaria por um fantasma tão idiota como aquele. Apenas, não gosto de ser rejeitada... É só isso. – Finalizou, olhando para o lado, desconfiada.

Demétrius a olhou de lado – Espero que seja só isso mesmo, porque isso sim, seria uma estupidez sem tamanho. Lembre-se que eu posso prendê-la quando quiser.

- Ah, tá. Não tem como esquecer, afinal o senhor faz questão de me lembrar a toda hora.

Demétrius percebeu que a resposta dela veio com uma pitadinha de ironia, mas resolveu deixar pra lá. Juntou os papéis em um bolinho, batendo com eles na mesa para organizá-los, e depois colocou-os de lado. – Então... Fora isso, aconteceu mais alguma coisa que queira me contar?

Marina ficou pensativa, mas depois teve um insight – Ah, aconteceu sim... Uma coisa bem estranha. – Demétrius apoiou os cotovelos na mesa para prestar mais atenção ao que ela iria dizer, e a mesma continuou  – Logo depois que a viva saiu do camarim, e claro, depois dele me rejeitar, o Daniel ficou muito triste, a ponto de...

- A ponto de...

- A ponto de chorar.

Diante daquela resposta, Demétrius primeiramente franziu a testa para logo em seguida soltar uma bela de uma gargalhada. Marina ficou envergonhada, se perguntando o que teria dito de tão engraçado – Mas, que absurdo é esse?! Tá maluca! Fantasmas não podem chorar!

- Eu tambem achava, até eu ver com meus próprios olhos. O Daniel chorou sim. Tudo bem que foram lágrimas de crocodilo, mas eram lágrimas. Além disso, sua cor mudou e...

Demétrius que ainda ria muito, parou de repente, quando ouviu aquela última frase – Espera, a cor do Daniel mudou? Como assim?

- Sei lá, ele ficou meio... Corado. Acho.

Demétrius arregalou os olhos – Não. Não pode ser! Isso não pode tá acontecendo. Impossível!

- O que é impossível? – Quis saber Marina.

Sem responder, Demétrius abriu a tampa de seu notebook. E começou a procurar com o mouse um documento muito antigo que havia em seus arquivos. Seu olhar passava rapidamente por todos os documentos que ele achava que falava sobre aquele assunto. Marina que agora estava sentada numa cadeira em frente ao Demétrius, não estava conseguindo ver o que ele fazia, afinal o notebook estava de costas pra ela.

- Posso perguntar o que o senhor está procurando aí?

Demétrius continuava sem responder, deixando-a cada vez mais curiosa, ao ponto de estar quase indo para detrás dele para espiar o que ele estava olhando. Enfim, não foi preciso apelar para isso porque depois de alguns minutos, ela percebeu quando os olhos dele pararam em um ponto fixo da tela. E quando a mão dele parou de mexer com o mouse. Sinal de que havia encontrado o que procurava.

- E aí, encontrou alguma coisa? – Marina perguntou, com insistência.

Ele levantou o olhar, que estava muito misterioso – Encontrei. Agora só me resta verificar uma coisa... – Olhou para esquerda. Marina acompanhou seu olhar que dava em uma estante de livros, velha, e cheia de teias de aranha que ficava encostada na parede. – Pegue para mim, aquele livro grande, de capa preta, que está na última estante. – Marina viu o livro, mas permaneceu parada esperando um “por favor” dele. – O que está esperando? – Perguntou e logo em seguida deu um grito estrondoso - Agora!

Marina se levantou com o susto, e foi correndo buscar o livro. Mas, antes de entregá-lo para ele, ousou dizer: - Pra que o senhor precisa desse livro velho? Olha, tá cheio de poeira! – Exclamou e soprou a capa, levantando, sem querer, toda poeira para os olhos de Demétrius que trincou os dentes, furioso. Marina forçou um sorriso. – Ih, foi mal, chefinho.

Demétrius bufou de raiva, e tomou o livro das mãos dela, exclamando – Dá aqui logo esse livro, antes que eu fique ainda mais irritado!

Ela ficou tão envergonhada que se sentou na cadeira sem pestanejar, para aguardar novas ordens. Demétrius, por sua vez, abriu o livro, folheando-o até encontrar o que procurava.

- MALDIÇÃO! – Gritou a plenos pulmões, batendo com força na mesa, com o punho cerrado.

Marina deu um pulo com o susto – O que foi? O que aconteceu?

- As datas não batem, mas que DROGA!

- Datas? Mas, que diabos de datas são essas? Não estou entendendo nada.

Demétrius não sabia se podia confiar a ela um segredo tão grande, guardado desde sempre, a sete chaves. Porém, pensou que se não confiasse nela, em quem mais poderia confiar? Estava sozinho. Essa era a desvantagem de se trabalhar em um cargo tão importante.

Ela o observava atentamente, esperando pela resposta.

Ele se levantou, e caminhou até ficar atrás da cadeira dela. Assustada, ela arregalou os olhos,  e não teve coragem de se virar para ele. Porém, sentiu quando ele segurou seus dois ombros com firmeza, e,  também seu bafo quente no ouvido quando o mesmo se baixou para falar em um tom ameaçador. – Eu vou te dizer sim. Mas, aviso que isso não poderá sair daqui em hipótese alguma. Se eu souber que isso vazou, terei plena certeza de que foi você, então cumprirei todas as ameaças que lhe fiz até hoje. Inclusive, só pra deixar claro, incluirei na minha vingança aquele seu namoradinho vivo. – Pausou para que ela pudesse digerir suas palavras. Ele sabia muito bem que tocara em algo extremamente doloroso pra ela, então finalizou de forma ameaçadora - Entendeu ou quer que eu desenhe?

Marina olhava de um lado para outro, tentando imaginar o que Demétrius poderia fazer com seu grande amor. E esse pensamento lhe causou arrepios. Não queria que nada de mal acontecesse a ele, nem que para isso, tivesse que se submeter a todas as ordens daquele monstro. – En-entendi... – Limpou a garganta – Entendi sim.

- Que bom! – Exclamou Demétrius se levantando – É assim que eu gosto. Boa menina!

- Agora me fala... O que tem de tão misterioso neste livro?

Demétrius deu um meio sorriso, e se dirigiu de volta para mesa.

Ficando em pé na frente dela, e com as pontas dos dedos juntas, ele começou a explicar:

- Aqui neste livro estão registradas as datas de morte de todos os fantasmas, ou seja, através deste livro, eu sei dizer com precisão o dia e a causa da morte de cada vivo. Afinal, preciso estar atento a tudo que acontece quando os vivos se tornam fantasmas, já que, todos, sem exceção, no começo ficam revoltados, e tentam voltar para sua família e amigos. E é aí que eu entro... Descobrindo e prendendo cada infrator que ouse fazer isso.

- Ok. Até aí eu entendi, mas... O que isso tem a ver com o Daniel?

- Eu vou chegar lá. – Falou grosso. Não gostava de ser interrompido. – O caso é que, por alguma razão, que ainda não se tem explicação, alguns vivos morrem sem que tenha chegado a sua hora.

- Hum... Interessante... No caso, isso aconteceu com o Daniel?

- Temo que sim. Eu pesquisei aqui no meu computador, na lista de obituário, a data de sua morte. E ela não bate com a que está no registro. No registro consta que ela só ocorreria quando ele já estivesse bem velhinho, no entanto, ele morreu adolescente, num acidente com um caminhão.

- É. Foi isso mesmo que aconteceu. Mas, então... Qual o problema nisso tudo?

- O problema é que, esse tipo de fantasma não pode, em hipótese nenhuma, ter contato com os vivos, pois a medida que eles vão fazendo isso, eles acabam se tornando a cada dia mais...

- Vivos? – Perguntou Marina, com espanto.

- Exatamente.

Marina institivamente tapou a boca, aberta. – Não pode ser! Mas, isso é possível mesmo?

- Infelizmente sim. E é por isso mesmo que nós temos que aumentar ainda mais nossos esforços para acabar de vez com o romance daqueles dois, pois, do contrário, o amor da Julie acabará trazendo aquele fantasma abusado, outra vez, para vida.

- Ai meu Deus! Que loucura! Se fosse em outros tempos, iria achar essa história um belo conto de fadas, mas agora... Isso pra mim, é um pesadelo.

- Para mim também, pois esse é o único caso em que um chefe da policia espectral, além de, perder seu cargo, é preso em um objeto inanimado.

Marina quase sorriu ouvindo aquelas palavras, afinal, se isso acontecesse, ela iria se livrar de uma vez por todas dele. Porém, seu sorriso desapareceu quando ouviu o que ele disse em seguida.

- Nem fique felizinha, porque se isso acontecer, você vai junto comigo, como minha cúmplice.

Marina sabia que aquilo era verdade, então não ousou mais sorrir - E agora, Demétrius, o que a gente faz?

- Ah, isso aí, é você quem tem de resolver. – Sorriu com ar cínico, mas logo em seguida fechou a cara outra vez - Agora saia! Preciso terminar de organizar estes documentos, e já estou cansado de olhar para essa sua cara. – Marina continuou parada - Vamos, saia!

Marina bufou de raiva, levantou-se e saiu porta a fora, batendo os pés com força no chão.

*****************************************************************************

- ... Sim, senhora! Então, talvez eu dê uma passadinha aí depois do ensaio. – Pausou – Outro pra senhora. – Depois de se despedir, Julie desligou o celular, colocando-o dentro do bolso.

Ela estava sentada, em frente a um árvore que ficava no pátio da escola.

- Quem era? – Perguntou Bia quando se aproximou e se sentou ao seu lado.

- A mãe do Nícolas.

- O que ela queria?

- Queria me dizer que o Nícolas tá doente, por isso,  faltou à escola, hoje. Parece que ele comeu alguma coisa na festa do casamento que não lhe fez bem.

- Hum... Coitado! Bom, mas mudando de assunto, me conta... – Seus olhos brilharam - Você vai hoje na empresa do amigo do Nícolas?

- Talvez. Ainda não sei.

- Como não sabe Julie?! Eu não tô acreditando que você vai perder esta oportunidade!

- É que... Bia, eu tenho que te contar uma coisa. – Bia ficou atenta – O Rafael, amigo do Nícolas, é... Irmão do Daniel.

Nesse momento o tempo parou para Bia – Oi? Como assim, Julie, o Rafael é irmão do Daniel... Que Daniel? O Daniel que já morreu, e é fantasma?

- É, Bia. Esse Daniel. Porque que eu saiba a gente não conhece nenhum outro.

- Ai meu Deus, Julie! Isso é sério mesmo? Caramba, isso é totalmente surreal pra mim.

- Imagina como foi pra mim, descobrir isso?! – Suspirou – E agora eu estou aqui sem ter a mínima idéia do que fazer, porque quando o Daniel descobrir a amizade que existe entre o Rafael e o Nícolas, ele vai virar uma fera.

- E vai mesmo. Do jeito que aquele ali é.

- Pois é, e... – Julie ia continuar a falar, mas foi interrompida quando ouviu seu nome sendo chamado. Ao virar, viu Paulão em pé atrás dela.

Paulão era o servente da escola. Era ele quem sempre tirava Julie de roubada. Ela nunca esquecera daquela vez que o Nícolas brigou com o JP. Aquela simples briguinha podia ter virado uma tragédia se não fosse o Paulão ter chegado na hora para tirar a tora de pau das mãos do JP.

– Ah, oi Paulão! Você me chamou?

- Chamei sim, Julie. Tem uma pessoa lá na portaria querendo falar com você. Ele disse que é da floricultura.

Julie olhou para Bia que deu de ombros. Ela também não estava entendendo nada – Paulão, você tem certeza que é pra mim?

- Tenho sim. Ele disse que tinha uma encomenda para Juliana Spinelli. Não é esse o seu nome?

- É. É sim. – Franziu a testa – Que estranho. – Levantou-se, sacudindo a poeira da calça – Ok. É melhor eu ir lá ver do que se trata – Olhou para amiga e lhe lançou um sorriso – Já venho! – E saiu em direção à portaria com os polegares enfiados nos bolsos de trás da calça.

Chegando lá, Julie percebeu que havia um rapaz, de costas, encostado numa bicicleta. Segurava um buquet de flores com uma das mãos e uma prancheta, com a outra

- O-oi! – Julie cumprimentou, tocando de leve em seu ombro.

No mesmo instante, o rapaz virou com um sorriso estampado em seu rosto – Oi! Você deve ser... – Olhava de forma alternada para ela, e para prancheta, enquanto dizia seu nome – Juliana... Spinelli?

- Sou eu mesma.

- São pra você! – Esticou a mão, dando a Julie, o buquet.

Julie arregalou os olhos. O buquet era composto de 5 rosas “brancas”, enroladas com papel transparente, e para piorar, era amarrado com um laço de fita “preto”. – Peraí, quem mandou isso pra mim?

- Não quis se identificar. Mas, ele também mandou isso. – Entregou-lhe uma caixinha de veludo preta – Disse que ao abrir essa caixinha, você iria saber de quem se trata. – Julie ficou paralizada sem saber como reagir. Pegou a caixinha com mãos trêmulas. – Agora você pode assinar aqui, por favor! – Apontou com uma caneta para uma linha pontilhada do papel que estava fixado na prancheta.

Depois de alguns segundos, olhando para o papel, estupefata, Julie, enfim, assinou. Então, o rapaz da floricultura, satisfeito com sua missão cumprida, despediu-se, e foi embora em sua bicicleta.

Nesse momento, Bia apareceu correndo - Julie, Julie, como você tava demorando, eu vim ver o que estava acontecen- – Bia parou de falar quando se deparou com o que sua amiga trazia nas mãos – Julie! Quem te mandou isso? Credo! Coisa mais fúnebre! Nunca pensei que o Nícolas tivesse um gosto tão...

- Não foi o Nícolas.

- Se não foi o Nícolas... Quem foi, então?

- Não sei, mas acho que estou desconfiando de alguém.

Bia franziu a testa – Quem?

Mas, ao invés, de responder, Julie quis se certificar logo de que estava certa em sua desconfiança. Abriu a caixinha. E quando se deparou com o que viu, arregalou os olhos. – Ai meu Deus! Bia, olha isso! – Mostrou o pequeno objeto para Bia que se espantou com a mesma intensidade.

- Julie, o seu colar! Mas como... Quando...

- Eu devo ter deixado cair no chão naquele dia que fui pra sua casa, e o “maluco perseguidor” deve tê-lo encontrado.

- Caramba Julie! Isso tá ficando cada vez mais perigoso. Eu tô começando a ficar com medo.

- Você tá começando a ficar com medo?! Porque eu... Já estou em pânico.

- Julie, a gente tem que contar pra alguém!

- Quem? Meu pai, o Nícolas, a polícia...?

- Pensei... Nos fantasmas.

- Não. Eu não quero os fantasmas metidos nisso.

- Você quer dizer que não quer o “Daniel” metido nisso?! – Falou com um tom de malícia.

- Tanto faz! O negócio é que eu não... huuum!

- Shhhh! – Bia exclamou, quando tapou a boca da amiga - Acho que vem vindo alguém!

Julie imediatamente jogou as flores dentro de uma lata de lixo junto com a caixinha. E enfiou o colar, com cuidado, no bolso.

- Beatriz, eu posso saber o que você tá fazendo aqui? – Perguntou Valtinho quando se aproximou das duas - Não ouviu o sinal tocar, não?

Bia se sentiu aliviada ao ver que era o namorado – Não. Tava tão entretida aqui, que acabei não ouvindo. A professora já entrou?

Valtinho, desconfiado, começou a olhar de forma intercalada para as duas – Entrou. Mas, eu disse que vocês tinham ido na enfermaria, então, quando vocês entrarem, é só sustentarem a mentira e... – Franziu a testa - O que vocês tanto conversam, heim?

- Coisa de mulher! – Respondeu Bia, abraçando o namorado pelo pescoço – Zumbizinho, eu já te disse que você é o melhor namorado do mundo todo?! – Deu um selinho no namorado, que se derreteu todo. – Vamos pra sala?

- Vamos sim, minha zumbizinha! – Os dois entrelaçaram os dedos e foram andando. No caminho, Bia olhou pra trás e piscou para Julie que vinha logo atrás. Conseguiram despistá-lo.

*****************************************************************************

Julie ficou muito perturbada com aquelas flores. Não conseguiu mais prestar atenção na aula. Ficou o tempo todo martelando em sua cabeça sobre quem poderia ser o “maluco perseguidor”- como o apelidaram.

Foi pra casa, almoçou, e mais tarde, como de costume, foi ensaiar com a banda. Bia também estava lá, gravando o ensaio pra colocar no blog.

Eles resolveram ensaiar a música “Deixa a música te levar”, pois fazia um tempo que não a ensaiavam. Tudo estava pronto. Cada fantasma estava a postos com seu instrumento. E Julie estava segurando o microfone, quando Félix contou o tempo batendo as baquetas, uma na outra.

Porém, Julie estava completamente aérea, olhando para frente... Pro nada.

- Julie! – Daniel chamou. E chegou bem perto do seu ouvido – Julie!

Julie olhou pra ele, e respondeu ainda aérea – Oi? O quê?

- Você não vai cantar? O Félix já contou o tempo.

- Me distraí. Vamos de novo.

Daniel olhou pra ela, estranhando seu jeito, depois olhou pra Félix que bateu de novo as baquetas. – 1, 2, 3...

Mas, Julie continuou em silêncio. Então, a banda parou de tocar.

- Julie, aconteceu alguma coisa? – Daniel perguntou, preocupado.

- Não. É que... Hoje eu tô meio desconcentrada, mas... Eu já tô bem. Pode contar o tempo. Eu juro que agora eu vou cantar.

- Tem certeza?

- Não. Ela não tem certeza. – Intrometeu-se Bia, que se levantou do sofá e foi até onde eles estavam – Julie, você conta ou eu conto?

Julie fulminou a amiga com o olhar – Bia! Eu te disse que não queria meter eles nisso.

- Nos meter em quê?! – Daniel já se tornava impaciente – Julie, o que é que você tá escondendo da gente? Posso saber?

- Não é nada. É só que... – Daniel a olhou, apreensivo – Ok! Tudo bem. Eu vou contar. Eu acho que tem um cara me perseguindo. Ele já apareceu na janela da Bia. E hoje ele me mandou flores no colégio.

- Como é que é? – Daniel perguntou, indignado. – Que história é essa, Julie?

Julie suspirou e começou a explicar, com todo os detalhes, o que havia acontecido.

Alguns minutinhos, depois que ela terminou de falar, Daniel perguntou:

- E... Como você sabe que as flores foram mandadas por ele?

- É, Julie. Pode ter sido o Nícolas. – Disse Félix, entrando na conversa.

- Não. Eu tenho certeza que não foi ele. As flores eram brancas, além disso, ele me mandou isso aqui. – Tirou o colar do bolso e, segurando-o no ar, mostrou para os fantasmas.

- Ah, eu me lembro desse colar. – Começou a falar Martim – Lembra Daniel, esse é aquele colar que você colocou no chão para o JP... Ai! – Gritou, quando foi acertado na cabeça por uma baqueta, que foi arremessada por Félix. – Tá maluco, meu! – Exclamou para Félix que o olhou, fulminando-o. E só aí, ele entendeu a besteira que ia cometer, pois ao dizer aquilo que pretendia, acabaria revelando um grande segredo do Daniel.

Ficou calado. A sorte é que Julie estava tão distraída que nem se tocou do que Martim estava dizendo. Em compensação, Bia estava atenta, e o olhou toda desconfiada.

Daniel também o fitou, balançando a cabeça de um lado pra outro. Depois voltou a se dirigir pra Julie – Mas, o que isso tem a ver?

- Eu acho que quando eu corri dele, a primeira vez que ele me seguiu até a casa de Bia, acabei deixando o colar cair na rua, e ele o pegou. E agora, me mandou junto com as flores, só pra me assustar.

Daniel ficou pensativo, franziu a testa,e bufou de raiva – Demétrius! Só pode ter sido ele.

- Na boa, eu não acho que tenha sido ele. O cara que me seguiu parecia bem mais novo. – Explicou Julie.

- Não pessoalmente, mas... Ele pode ter mandado um de seus capangas fazer o serviço. É bem a cara dele fazer isso. Acho que vou agora mesmo ter uma conversinha com um velho amigo nosso. – Tirou a guitarra do corpo e já ia saindo quando Julie o segurou pelo braço.

- Eu vou com você. – Julie disse com um olhar que não aceitava recusa.

- Não, Julie. Você fica. É perigoso demais. Além disso, você não é invisível e nem intangível, não tem como atravessar o mundo espectral.

- Mas, Daniel, eu não quero que você se arrisque por mim. Imagina, se te acontece alguma coisa de mal... – Fixou seu olhar no dele - Eu não suportaria. – Murmurou.

Daniel segurou sua mão, com carinho, acariciando-a com o polegar – Julie, é por isso que eu vou. Porque sou eu que não suportaria se acontecesse alguma coisa de mal com você. – Sorriu com ternura – Seria o mesmo que morrer de novo.

Julie sorriu também, olhando de lado, com ternura, diante daquela declaração.

E pela primeira vez na vida, Bia que assistia a toda a cena, começou a repensar sobre o amor dos dois. Sempre imaginara que Julie estava se iludindo com Daniel, afinal, sempre ouvira de sua amiga sobre o lado ruim de Daniel. Como daquela vez que ele lhe deu um fora, logo depois de um lindo passeio que fizeram juntos. Isso tudo porque Nícolas resolveu aparecer na lanchonete em que eles estavam. Ele até derrubou suco nele, só pra mostrar que não gostou. Ou daquela vez que Julie o pegou aos beijos com outra. E tantas e tantas vezes em que ela presenciou suas grosserias. Mas, ali na sua frente não estava o Daniel grosseiro, estava o Daniel apaixonado, aliás, muito apaixonado. E só agora ela se dava conta... Era recíproco. O Daniel amava a sua amiga tanto quanto ela o amava. Isso a deixou feliz, e disposta a finalmente ajudar o casal.

- Tá. – Julie cedeu – Só que me promete que vai tomar cuidado e... Quando voltar, você vai lá no meu quarto só pra eu saber que você tá  bem.

- Eu prometo. – Deu um beijo em sua mão, fixando seu olhar ao dela – Eu volto logo. – Disse, e desapareceu.

Quando Julie virou e olhou para os fantasmas, e Bia, os mesmos estavam com os olhos durinhos para ela, mas instantaneamente retiraram os olhos, se fixando em um ponto qualquer do lugar, disfarçando.

Naquele momento, a porta da edícula se abriu – Julie, o papai tá te chamando. – Disse Pedrinho com a porta entreaberta.

- Tá. Fala pra ele que eu já vou. – Respondeu pra Pedrinho que sorriu, e foi embora. Depois se virou para Bia – Você vem?

- Não. Eu... – Precisava inventar algo rápido – Eu... ainda tenho que terminar umas coisas aqui no blog, além disso, o Valtinho já tá vindo me buscar.

- Tá bom. Você que sabe. Se mudar de idéia, vou tá la no meu quarto. A gente se vê. – Julie disse, acenou para os fantasmas, e saiu da edícula.

Bia desligou seu computador, fechando a tampa. E se dirigiu a Félix. - Parece que o Pedrinho tava querendo falar com você. – Disse Bia, tentando se livrar dele. Seu papo era com Martim.

- É? Ué, ele veio aqui e não falou nada. Vou lá ver o que ele quer. – Falou Félix atravessando a parede.

Bia se aproximou de Martim – Ótimo. Enfim, sós. – Martim que estava afinando seu baixo de cabeça baixa, levantou o olhar e franziu a testa. Então, começou a olhar para os lados, sem entender o porquê de ela ter dito aquilo. Ficou com medo. – Agora, sim, você vai me explicar direitinho que história é essa de colar... Eu vi muito bem quando o Daniel e o Félix lhe impediram de falar sobre isso. – Sorriu maliciosa - Então, começa a falar! Detalhes. Eu preciso de detalhes.

Martim olhou para o lado fazendo careta. Estava num beco sem saída. O melhor a fazer agora, era contar pra Bia, e seja o que Deus quiser, pois quando o Daniel souber...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...

1. Daniel irá tomar satisfação com Demétrius, mas durante a conversa terá uma surpresa.¬¬'
2. Julie tomará coragem e falará com Daniel sobre Rafael. Como ele irá reagir? :X
3. Daniel fará uma visita que nunca imaginaria fazer ¬¬
4. Julie tomará uma decisão. O que será? :D

Isso, e outras coisas vcs só saberão acompanhando a minha fic.

E aí, o que acaharam do capítulo? Deixem reviews, plesase!:D



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