Descobrindo O Erro! escrita por Lizzy


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas para minhas leitoras pela demora.As provas estão tomando todo meu tempo.

Um agradecimento especial a Yeva por recomendar minha fic. Muito obrigada mesmo. Isso me inspira a sempre continuar.

Ganhei três novas leitoras, sejam muito bem vindas!

Aí vai mais um capítulo pra vocês!Um pouco grande para comepensar a espera.

Modéstia a parte, acho que esse foi o melhor capítulo que já escrevi... Espero que curtam e deixem reviews.



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Meia hora depois, o táxi que levava Julie e Nícolas, estacionou em frente à loja de Claus. Nícolas que estava no banco do carona, tirou o cinto, e desceu. Enquanto Julie permaneceu ainda sentada no banco de trás, tentando se convencer de que não estava ali por causa de Daniel, e sim, porque estava com uma vontade enorme de ver sua banda tocar.

Como sua namorada não desceu de imediato, Nícolas abriu a porta pra ela e lhe estendeu a mão, como um perfeito cavalheiro. Julie sorriu com o gesto, segurou a mão dele, e, por fim, desceu.

Depois disso, Nícolas foi até à janela do táxi, pegou sua carteira e pagou à corrida – Nós não pretendemos demorar muito aqui, então o senhor pode voltar em no máximo uma hora.

O taxista assentiu com um gesto de cabeça, deu a partida e foi embora.

Nícolas percebeu que sua namorada permanecia parada em frente à porta da loja, com um semblante pensativo. Foi para o lado dela, e olhou-a de relance. – Você não vai entrar?

Ao ouvir a pergunta, Julie deu um suspiro profundo, ajeitou seus cachos nos ombros, e disse, com coragem – Vou.

Nesse momento, Nícolas abriu a porta, e os dois entraram de mãos dadas dentro da loja.

Todo o ambiente da loja estava escuro, exceto o palco que emitia luzes multicoloridas e fumaça de gelo seco, para todo os lados. Julie percebeu que o show estava lotado e ficou muito feliz ao constatar aquilo. Notou também que a banda estava, naquele momento cantando a música “Está nas minhas veias”, e que a platéia estava enlouquecida, gritando e cantando ao ritmo dela. Ficou extasiada. Nunca vira uma platéia tão animada. Esticou a cabeça, e olhou por cima das cabeças, mas de onde estava, era difícil enxergar a banda.

- Julie, tá a fim de beber alguma coisa? – Nícolas perguntou gritando bem perto do ouvido de Julie, que com muita dificuldade, tentava escutá-lo. – Se quiser, eu vou lá pegar pra gente. – Apontou para o lado esquerdo de onde estavam, onde se encontrava um barzinho improvizado. Claus tinha mesmo pensado em tudo, pensou Julie.

- Quero. – Julie respondeu gritando também no ouvido dele.

- Alguma preferência?

- Não. A que você trouxer, pra mim, tá bom.

- OK. Não sai daí, que eu já volto! – Ele deu um beijo no rosto de Julie e saiu.

Julie queria obedecê-lo, mas a vontade de chegar mais perto do palco, foi maior. Olhou em direção ao bar onde Nícolas havia ido para pegar as bebidas. Havia uma fila enorme. E no ritmo que estava, seu namorado iria demorar um século para voltar. Por isso, e outros motivos, tomou uma decisão. Começou a se desviar de algumas pessoas, e a caminhar em direção ao palco. Julie teve de enfrentar alguns obstáculos, pois, algumas pessoas, no frenesi do show, dificultavam muito sua passagem, porém, em contrapartida, havia aquelas que ao reconhecerem-na, afastavam-se, dando-lhe total espaço.

Por fim, conseguiu chegar em um local privilegiado. Agora sim conseguia ver a banda perfeitamente. As pessoas que estavam ao seu redor, pareciam ser as mais animadas. Por isso, influenciada por elas, perdeu completamente a vergonha, e imitando uma fã enlouquecida começou a gritar e a pular ao ritmo da banda... De SUA banda.

No palco, a banda tocou os últimos acordes da música. Aquela deveria ser a última música a ser tocada naquela noite, porém, algo inusitado aconteceu quando Daniel se dirigiu até o microfone.

- E aê galeraaaaaaaaaaaaa! – Gritou Daniel, e a platéia, extasiada, respondeu com gritos e assobios – Estão gostando do show? – Mais gritos em resposta – Que bom! – Chegou mais perto do microfone - Agora, eu queria cantar pra vocês uma música que eu compus pra uma pessoa muito especial. – Os fantasmas se entreolharam, surpresos. Daniel Continuou. – Ela nunca ouviu e talvez nunca ouvirá... Enfim, espero que gostem do som! – Julie, de onde estava, também estranhou, principalmente quando Daniel começou a dedilhar a guitarra. Que música era aquela? – Se perguntou.

Quando a platéia percebeu que a música, em questão, era lenta, todos colocaram as mãos pra cima e começaram a balançar de um lado para o outro a fim de tentar acompanhar o ritmo.

Daniel sorriu vendo a atitude da platéia, então chegou bem perto do microfone, e com sua boca colada nele, começou a cantar:

- “ Como dói perceber que o fim chegou tão depressa e eu.../ Nem tive tempo de mostrar pra você.../ Que eu poderia ser o seu maior segredo/ É o que eu mais desejo, será.../ Que se eu fechar os olhos, você.../ – Embalado pela letra da canção, Daniel fechou os olhos, de verdade, continuando – Vai aparecer aqui.../ - Abriu os olhos, e foi nesse momento que ele se deu conta de quem estava no meio da platéia. Parou de cantar, ficando só o som dos instrumentos. Ele teve a impressão de estar sonhando. Piscou os olhos várias vezes, como se assim, pudesse fazer desaparecer aquela visão. Então, Julie sorriu pra ele com os lábios fechados, e os olhos brilhando. E ele pôde constatar que aquilo era tudo, menos um sonho.

- Daniel? – Martim chegou perto dele, sem parar de tocar seu baixo, tentando lhe chamar a atenção. Afinal, na platéia começou um burburinho. Todos se perguntavam o porquê do cantor está parado, sem cantar, olhando para um ponto fixo. – Danieeeeeel! Você não vai mais cantar? – Martim perguntou fazendo cara de interrogação.

Daniel balançou a cabeça, olhou de lado para Martim, e só aí se deu conta do que estava fazendo. Colou a boca outra vez no microfone, e enfim, voltou a cantar. – Dias passam enquanto eu penso em uma forma de mudar... / A quem estou querendo enganaaaaaaaaar/ - A banda voltou a tocar normalmente. E a platéia silenciou,  voltando a balançar os braços, com exceção de Julie que permaneceu congelada, prestando atenção na letra da música que em seu coração tinha certeza... Foi escrita pra ela. – Quem sou eu pra mudar... / O que o mundo escolheu/ O que o mundo escolheu para mim/ Tenho que aceitar que é melhor assim...

Por alguns minutos, enquanto a música era cantada, Daniel teve a sensação de que ninguém mais existia ali. Apenas Julie permanecia o assistindo, com o vestido mais lindo que ele já havia visto na vida e com um sorriso nos lábios que o despedaçou por inteiro. Realmente amava aquela menina. Nunca, em sua vida, havia tido tanta certeza.

- ... Quanto mais chego perto, mais não posso suportar.../ O fato de não poder te tocar... -Daniel dedilhou os últimos acordes da música, olhando fixamente para Julie, que se encontrava, naquele momento, com os olhos marejados.

- Espero que tenham curtido o nosso show! – Disse Daniel no microfone, e em seguida agradeceu com um grito que estrondou a loja – Valeu galeraaaaaaaaa! – Fáli bateu com força na bateria com as baquetas, encerrando o show.

A platéia bateu palmas, e gritou pedindo bis

Por fim, a luz do palco se apagou.

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- Ei, Julie! – Alguém chamou por Julie do meio da multidão, arrancando-a de seu estado de transe. Mas, ela só pôde ver de quem se tratava quando a multidão começou a se dispersar – Caramba, você tá muito linda! Aonde é que você tava que só chegou agora no show? – Shizuko perguntou quando conseguiu chegar mais perto dela.

Julie sorriu agradecida com o elogio – Eu tava no casamento da irmã do Nícolas.

- Ah, então esse era o compromisso inadiável?

Julie franziu a testa – Hã?! Como assim? Não entendi.

- Foi o Daniel quem disse que você não podia vir ao show porque tinha um compromisso inadiável. E disse também que você nos mandou um beijão e... – Pausou pensativa, tentando lembrar do resto - Ah, e que você prometia estar presente no próximo show, com certeza.

- Ele disse isso? – Shizuko assentiu com a cabeça, e Julie baixou a cabeça sorrindo – Então, isso quer dizer que eu não fui expulsa da banda. – Falou baixinho para si mesma.

- Hã?! O que você disse?

- Nada... Nada não. – Disfarçou – Shizuko, você por acaso viu o Claus?

- Bom, a última vez que eu o vi, ele estava lá no depósito, mas...

- Valeu, Shizuko. Brigada! – Interrompeu  Julie, já se encaminhado para o depósito.

- Huh... De nada! Acho. – Shizuko permaneceu parada, sem entender o porquê da amiga ter saído com tanta pressa. Por fim, foi se encontrar com duas outras amigas dela que lhe acenaram do outro lado da loja.

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Claus estava mesmo no depósito. Era tão apaixonado pelo que fazia que, mesmo em meio ao show, foi para lá a fim de arrumar as mercadorias que chegaram, para o dia seguinte. Foi quando ouviu a porta se abrir lentamente, e uma voz vinda de lá.

- Posso entrar? – Perguntou Julie com a porta entreaberta.

- Julie?! – Ele se espantou. Ela era a última pessoa que esperava encontrar naquela noite. – Entre minha querida. O que está fazendo aqui? O casamento já terminou?

Julie sorriu e se aproximou, já se colocando a ajudá-lo com os discos – Mais ou menos.

- Mais ou menos? Como assim? – Ele perguntou, esticando os braços para ver um disco que acabara de tirar da caixa. Tratava-se de um clássico – Este aqui eu vou guardar pra você. Tenho quase certeza de que é um dos poucos que você ainda não tem.

Julie olhou para o disco, e deu um sorriso fraco.– Valeu, Claus! Você tem razão. Este aí eu não tenho de jeito nenhum.

Claus guardou o disco de volta na caixa, e olhou para ela, franzindo a testa – Julie desanimada com um disco raro... É novidade pra mim. O que aconteceu, meu anjo? Tenho pra mim que está querendo me dizer alguma coisa.

Julie suspirou profundamente – Claus, você poderia me fazer um favor?

- Claro, meu anjo. É só pedir.

- Você poderia tirar o Martim e o Félix lá do camarim. É que eu preciso conversar com o Daniel... A sós. – Baixou o olhar envergonhada.

- Quer fazer as pazes?

Ela sorriu - Tentar.

Claus se levantou da cadeira, em prontidão – Pode deixar isso comigo. Eu tiro aqueles dois de lá em dois tempos.

Julie sorriu, agradecida. – Brigada!

E Claus saiu em missão, deixando Julie sozinha a pensar no que diria quando o visse.

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- Cara, o show foi um sucesso! – Exclamou Martim para os outros fantasmas. Eles estavam todos no camarim terminando de guardar seus instrumentos – Quando eu fecho os olhos, eu ainda consigo ouvir as meninas enlouquecidas gritando por meu nome. – Fechou os olhos, com um sorriso de canto a canto da orelha.

Félix franziu o cenho – Hã?! Mas, que eu saiba, elas não gritaram o seu nome. Que momento foi esse que eu perdi?

- Deve ter sido o momento que ele dormiu no palco. – Comentou Daniel, com ironia – Porque isso só pode ter acontecido em sonho.

Félix soltou uma risada, seguida de perto pela risada de Daniel. Martim foi o único que não riu. Só fez careta – É. Continuem tirando sarro de mim. Quero só ver a cara de vocês quando minha fãs começarem a me mandar aquelas cartas quilométricas... De amor.

Daniel e Félix que até então, estavam segurando o riso, com dificuldade, ao ouvirem aquilo, soltaram de vez uma gargalhada, deixando Martim ainda mais furioso.

E eles ainda estavam rindo quando Claus os interrompeu, abrindo a porta devagar – Finalmente encontrei vocês. – Mentira. Ele sabia muito bem aonde eles estavam, mas precisava disso para começar seu plano de tirar Félix e Matim dali - Lá fora tá um sufoco só. Minha esposa e eu não estamos conseguindo dar conta de servir as bebidas pra aquele montão de gente. Dois de vocês vão ter que ir lá fora comigo, de máscara, pra me ajudar, senão eu vou acabar endoidando.

Daniel foi o primeiro a colocar a máscara no rosto. Claus tinha que fazer alguma coisa – Martim, Félix, é melhor que venham os dois. Daniel pode terminar de organizar os instrumentos, sozinho. – Todos se olharam com estranheza. Por que só o Daniel podia ficar?

Apesar de não estarem entendendo, Martim e Félix colocaram a máscara em obediência, e foram se juntar a Claus que os esperava na porta.

- Ah, e Daniel... – Começou a falar Claus, com a porta ainda aberta. Os fantasmas já haviam saído. Daniel levantou o olhar, pois estava sentado, com a cabeça baixa, nos fundos do camarim, em cima de uma mesa – Você tem visita. – Concluiu Claus fechando a porta atrás de si, sem ouvir o que Daniel disse em seguida.

- Hã?!?! Como assim? Mas, eu não estou esperando visita nenhu... – Parou no meio da palavra quando viu que alguém abria a porta – Julie???

Juie sorriu fraco, ao mesmo tempo em que, encostava a porta.

- Posso saber o que você tá fazendo aqui? – Perguntou com cara de poucos amigos – Você não devia estar no casamento da irmã do seu... Namorado? – Essa pergunta saiu mais como uma acusação do que como uma simples pergunta.

- Devia. – Pausou, tentando escolher melhor as palavras – E eu estava, só que... – Pausou de novo. Tinha pensado em muita coisa pra dizer a ele, porém simplesmente as palavras haviam sumido de sua cabeça. Droga! Por que será que ele sempre tem o poder de me deixar muda, e sem saber o que dizer...? Como uma idiota – Pensou, e continuou – Só que... Eu pedi pro Nícolas vir me deixar aqui porque... – Suspirou - Eu precisava te ver. – Essa última frase saiu em um sussurro.

Daniel engoliu a seco, tocado com aquelas palavras. Porém, recusou-se a ceder. Ela não iria brincar com seus sentimentos dessa vez. – Ok. Você já me viu. Agora já pode ir embora.

Julie baixou a cabeça, decepionada. Depois a levantou, decidida – Não. De jeito nenhum. Eu não saio daqui enquanto a gente não conversar.

- A gente não tem mais nada para conversar. – Falou seco

- Tem sim. E você sabe disso.

Daniel ia abrir a boca, mas desistiu, e baixou a cabeça novamente, voltando a apertar os botões de sua guitarra, fingindo estar indiferente a ela.

Determinada, ela se aproximou dele, tocando com delicadeza em sua mão a fim de pará-lo. Quando Daniel  levantou a cabeça, seus olhos se encontraram.

- Aquela música que você cantou ainda agora lá no palco... – Suspirou - Você compôs ela pra mim, não foi?

- Isso importa? – Aquela pergunta estava cheia de significados.

- Mais do que você imagina. – Respondeu Julie, num fio de voz, sem pestanejar.

Daniel fixou seu olhar no dela, mas em seguida desviou e, com um salto, desceu da mesa, indo em direção ao lado oposto de onde Julie se encontrava. Ela permaneceu imóvel, de costas pra ele – Foi. Eu compus ela pra você sim. Foi mesmo naquele dia que você resolveu dar uma chance pra aquele tal de JP, por causa da previsão idiota de uma cartomante. Engraçado, né?!

Julie mexeu os olhos de um lado para o outro, lembrando daquele episódio da cartomante. Então, se virou em direção a ele, sem se aproximar – Não. –  Respondeu seca. Daniel franziu o cenho, esperando que ela continuasse. – Engraçado foi descobrir que o meu namorado nunca havia reparado nos meus olhos... Até essa noite... – Pausou - Você mentiu pra mim. Por quê?

Daniel se aproximou, diminuindo a distância que separava os dois, e colocou uma mecha de cabelo dela por detrás de sua orelha, com carinho. Ela o olhou, ansiosa pela resposta – Você quer mesmo saber o porquê de eu ter mentido? – Julie assentiu com a cabeça – Pois bem, eu vou te contar... Naquele dia que você me pediu pra seguir aquele mané, eu segui mesmo. E ele falou de você sim. Falou que você era meio sem sal, e que não fazia o tipo dele. – Julie baixou a cabeça, decepcionada. Daniel tocou com o dedo, de leve em seu queixo, levantando-o para olhá-lo. – Eu saí de lá disposto a contar tudo. Eu nunca mentiria pra você. Mas, quando eu cheguei no seu quarto e te vi ali, me olhando, cheia de esperança... Sei lá... Faltou a coragem e... Eu acabei falando aquilo sobre seus olhos, só pra não te machucar.

Julie esboçou um sorriso terno, destacando suas covinhas. E lembrou-se, com carinho, exatamente do que ele dissera naquele dia...

“ Os seus olhos são os mais bonitos que ele já viu. E que... Ás vezes tem que fazer força pra não ficar hipnotizado. E que podia ficar horas, sem fazer nada, só olhando pra eles.”

E só agora se dava conta de que tinha sido ele e não o Nícolas que tinha dito aquelas palavras que tanto lhe fizeram bem.

- Julie, eu nunca te machucaria. – Concluiu suspirando, e fazendo um carinho de leve em seu rosto.

Machucar? Aquela era a palavra chave. Ele nunca a machucaria. Se recordou do que Bia havia falado sobre machucar. Ela disse que era isso que ela deveria procurar em um homem para saber se ele era ou não o cara certo. Ficou feliz de saber que o cara certo estava ali, bem na sua frente. E o que era melhor, não se tratava do seu atual namorado.

Porém, lembrou de algo que a fez mudar de expressão, quebrando o clima – Você diz que nunca me machucaria, no entanto, ficou com aquela menina logo depois da gente ter se... Beijado.

Daniel fez careta. – Ah não, Julie! De novo com essa história! Julie, quantas vezes eu vou ter de repetir que eu nunca fiquei com menina nenhuma e... – Ele sabia que não adiantava mais argumentar, então resolveu apelar pra outra tática – Julie, eu gosto de você desde a primeira vez que eu te vi lá na edícula, com os olhos arregalados, assustada por causa de três fantasmas saídos de dentro de uma disco.

 Julie fez uma expressão que parecia um sorriso, porém, voltou a ficar séria. Não iria cair naquilo. Precisava ser forte – Por que não me diz a verdade, e acaba logo com isso?!

Daniel suspirou, mas não se deu por vencido. Chegou mais perto dela. Seus narizes quase se tocando. Julie sentia que seu coração estava prestes a sair pela boca. – Julie, você se lembra uma vez que eu te disse que nunca havia me apaixonado antes, nem vivo, nem morto? – Julie assentiu com a cabeça – Pois é, naquele dia eu menti pra você, quero dizer... Em parte. – Julie franziu a testa. Queria entender o que ele quis dizer com “em parte” – Eu não menti quando disse pra você que nunca havia me apaixonado em vida, mas eu menti quando disse que nunca havia, em morte. – Ele riu pelo nariz - E sabe o que é mais estranho nisso tudo?

- O quê? – Julie perguntou num sussurro.

- É que eu constatei que até eu aprender a amar, nunca havia vivido de verdade.

Julie paralizou com aquela declaração. Se fosse um desenho animado, tinha certeza de que, nessa hora, apareceriam coraçõezinhos em cima de sua cabeça.

Depois disso, ele sorriu para ela e lhe fez um carinho de leve no rosto, terminando por roçar seu lábio inferior com o polegar. Julie ficou em chamas com aquele toque. E ele ainda disse:

- Julie, com você eu me sinto vivo de novo.

Depois do que ouviu, ela fez a única coisa que poderia pensar naquele momento.

Beijou-o primeiro.

Agarrando o palitó dele e puxando-o pelo colarinho, ela o trouxe até sua boca. Pressionando os lábios contra os dele, sentiu a línga dele entrando em sua boca apressadamente, enquanto os braços dele envolviam sua cintura, levantando-a até que ela pudesse ficar na ponta dos pés.

Foi aí que ela retirou as mãos de seu colarinho, e enlaçando seu pescoço, enfiou seus dedos em meio aos seus cachos, puxando-os com carinho.

Os dois se beijavam com sofreguidão. O ar começou a faltar para Julie, mas ela não estava nem aí, continuou aproveitando cada segundo daquele beijo. Tinha medo de que isso tudo não passasse de um sonho, e ela, definitivamente, não queria acordar.

Suas cabeças viravam de um lado para o outro, conforme o beijo continuava. E os braços de Daniel a apertavam ainda mais, tanto quanto suas mãos puxavam seus cachinhos.

Por fim, o beijo foi se tornando um pouco mais leve, e os dois foram parando, deliciando-se com o gosto um do outro.

- Julie... eu sou louco por você. – Murmurou Daniel quando parou de beijá-la, mordiscando de leve seu lábio inferior. Os dois estavam com sua testas coladas, ainda.

Julie levantou os olhos. – Então... para de... Fugir de mim. -  Ela estava tão ofegante que suas palavras quase não saíam.

Daniel sorriu e a abraçou, beijando-lhe o pescoço e ombro, na altura da alça de seu vestido. Então, passou a mão delicadamente por seu pescoço – O que é isso? – Perguntou, segurando seu colar com curiosidade.

Julie arregalou os olhos, colocando a mão sobre a de Daniel que ainda segurava o colar, e quis morrer com aquela pergunta.

- Isso...? Isso é...

- Julie? – Alguém a chamou da porta.

Ela se virou. Era Nícolas. Ótimo, agora só faltava a terra ser invadida por alienígenas, pensou Julie, com exagero.

- O nosso táxi acabou de chegar... – Começou a falar ele, mas parou quando viu a estado de completa intimidade em que os dois se encontravam, apesar de eles não estarem mais abraçados. – Você vai demorar muito aqui? – Perguntou, escondendo seu ciúme. Desde que terminara com Julie daquela vez, prometera a si mesmo guardar seu ciúme para ele. Assim não a perderia de novo. – Ah, você está mostrando o colar que eu te dei para o Daniel?

No mesmo instante que ele perguntou, Daniel soltou o colar com fúria, afastando-se de Julie que ficou sem saber o que fazer.

- É. Isso mesmo. Ela estava me mostrando sim o colar que você deu a ela. – Daniel respondeu por ela. E ela ficou arrasada. – Muito bonito por sinal. Você tem bom gosto.

Nícolas sorriu, com um triunfo disfarçado – Brigado! Acho.

- Daniel, espera, não tira conclusões precipitadas... – Julie tentava ajeitar a situação. Em vão.

- E você ainda tem a cara de pau de me pedir satisfações?

Ela falava do suposto beijo na menina. Julie entendeu e se sentiu um lixo.

- Hã?! Do que vocês estão falando? Tô voando aqui.– Quis saber Nícolas com cara de abestalhamento.

- De nada importante. É que a Julie está se sentindo mal porque não veio ao show.... Mas, eu já disse a ela para não se preocupar. Ela continua na banda, independente disso. – Esboçou um sorriso cínico com os lábios fechados.

Julie apertou os olhos e Nícolas foi ao seu encontro, colocando o braço ao redor de seus ombros como que para consolá-la – Viu só, Jú?! Você continua na banda. Isso quer dizer que valeu a pena você ter vindo aqui para tentar convencê-lo disso. – Isso foi o que Julie havia argumentado com ele para convencê-lo a levá-la na loja do Claus. A coisa só piorava a cada palavra. Daniel sentiu-se enganado. – Então... Vamos indo! O táxi chegou faz uns quinze minutos e a gente ainda tem que passar lá no casamento para pegar a Bia e o Valtinho.

Julie tentou dar uma última olhada em Daniel que virou a cara. Ficou triste. Nícolas e aquele maldito colar tinha estragado tudo – Vamos. Vamos sim. – Colocou o braço na cintura dele, e os dois saíram porta a fora. Claro que eles acenaram antes, mas Daniel fingiu que não viu.

Sozinho dentro do camarim, Daniel começou a cerrar os punhos de raiva, e em um só golpe acertou a mesa.

- Uau! Se você ainda fosse vivo, numa dessas, você ia parar no hospital com fraturas em ambas as mãos. – Comentou uma voz vinda de trás dele.

Ele se virou, bravo, já sabendo de quem se trtava. – Ah não, mas será possível que você não se cansa de me espionar.

Marina se aproximou dele, balançando os quadris. Era impressão ou a saia dela estava mais curta do que de costume? – Se perguntou em pensamento ao se deparar com o belo par de pernas nunas na sua frente.

- Não. Isso faz parte do meu charme. E também... É a única arma que posso usar... Por enquanto.

- Odeio quando você se refere a mim como um prêmio.

- Mas, você é um prêmio, meu docinho. – Se aproximou dele, lânguida. – Por isso que eu quero chegar em primeiro lugar. – Colocou os braços ao redor de seu pescoço, e já ia lhe tascar um beijo se não fosse Daniel ter se desviado, retirando seus braços, com firmeza.

- Não. – Disse e Marina o olhou fazendo careta – Marina, eu já fiz muita coisa por impulso. E todas às vezes que eu faço isso, acabo me dando mal. Se eu beijar você agora será como uma dessas vezes em que não fará nem diferença pra mim. E eu acabarei me arrependendo depois.

Marina ficou possessa. Daniel acabara de lhe dizer em outras palavras que era completamente indiferente ao seu charme – Como é que é? Você está me rejeitando? É isso?

- Entenda como quiser. – Falou seco.

- Ora seu... Seu... Seu grosso! – Cuspiu aquelas palavras no rosto de Daniel que, nem se mexeu.

- Você já devia saber que eu sou assim, afinal, vive me espionando. – Deu um sorriso cínico, com os lábios fechados.Marina bufou de raiva, e Daniel continuou – Agora se me der licença, quero ficar sozinho. Vaza daqui!

Marina ainda não conseguia acreditar no que ouvia – Você vai se arrepender disso, Daniel. Agora é uma questão de honra. – Ameaçou.

 Daniel nem ligou, e ela ficou invisível para Daniel, apesar de continar ali parada espionando seu sofrimento. Queria vê-lo destruído, e foi o que viu.

Depois de Marina desaparecer, pelo menos para ele, Daniel deu um suspiro profundo e sentou se na cadeira, apoiando seus cotovelos nos joelhos, e com as mãos sobre o rosto. Marina via aquilo com triunfo. A dor de Daniel a consolava do fora que levara.

De repente, ao levantar o rosto, Marina percebeu que lágrimas saíam dos olhos de Daniel. O que era bastante estranho, visto que, fantasmas não conseguem chorar, isso se tratava de uma coisa completamente humana.

Daniel também, sentindo suas lágrimas descendo pelo rosto, ficou assustado. Desde que morrera, nunca havia chorado, e muito menos, derramado lágrimas. O que estava acontecendo com ele?

Fitou suas mãos e arregalou os olhos quando as viu... Coradas, ao invés de brancas como era de se esperar em um fantasma. Esfregou as mãos, como que para tirar aquela cor,porém, ao invés disso acontecer, elas começaram a brilhar, alternando entre a cor branco-fantasma e a cor vermelho-humano – Mas, o que diabos está acontecendo comigo? – Perguntou, deseperado, para si mesmo.

E Marina desapareceu, saindo do camarim. Precisava encontrar com uma pessoa o mais rápido possível. Ele era o único que poderia ter uma explicação daquilo que acontecera com Daniel.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, Julie terá uma nova visita do cara que a seguiu. Quem será ele?

Martim revelará um segredo muito bem escondido por Daniel. O que será?

Como será que Daniel reagirá quando souber que o produtor musical é Rafael, seu irmão, e que além disso, Nícolas, seu arquirival é o seu melhor amigo?

E esse mistério no fim deste capítulo, envolvendo o Daniel, alguém arrisca um palpite?

Claro que isso vocês só saberão se acompanharem os próximos capítulos!

Beijos!

Até lá!



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