Pov Quione

Lá estava eu sentada contra minha vontade naquele voo que parecia uma eternidade para acabar, acho que deveria até ser uma cena engraçada para quem me via, provavelmente parecendo uma criança mimada de sete anos fazendo bico e de braços cruzados. Por algum motivo, havia dado a louca no meu pai e ele queria uma reunião em família no meio da semana de aula e lá estava eu saindo da ensolarada Long Island para o glacial Alaska, nossa família bem que poderia morar em algum lugar mais quente, penso.

O avião finalmente estava pousando, pego minhas malas e um carro já me esperava com Melie me esperando, e tinha que admitir de todos que conhecia ali era a única que sentia realmente falta.

–Melie. -digo com um sorriso e ela sorri de volta.

–Senhorita Boréade, seu pai a espera.-diz com um sorriso simpático e vamos em direção a casa.

“Acabei de chegar no Alaska e já sinto saudades de casa, xx Q.”

Mando uma sms para Leo que fez eu prometer inúmeras vezes que iria entrar em contato assim que era possível, já que ele tinha medo que R.D.R fizesse o avião cair ou qualquer coisa maluca que se passasse naquela cabeça dos garotos dos reparos, que eu já sentia falta.

“Também estou com saudades minha rainha do gelo, xx L”

Sorrio um pouco e guardo o celular na bolsa, o carro parava em frente a mansão. Se do lado de fora estava frio, imagine dentro da casa, passo pelo corredor, e me dirijo ao escritório de meu pai onde todos estavam lá me esperando.

–Quione chegou .- diz Cleo sentando ao lado de meu pai, seu típico Chanel estava preso em um rabo de cavalo e seus olhos me observava atentamente.

–Falou nada mais que o obvio. –digo dando de ombros e me sentando entre Zetes e Calais que conversavam infantilmente por bilhetes.

–Então reuni minha família aqui hoje para falarmos dos negócios da empresa. –como sempre ele nos reunia só para falar dos progressos da empresa, que um dia iriamos administrá-las e blá blá blá, o mais estranho era que ele nem sempre fora daquela maneira, meu pai havia mudado totalmente quando minha mãe morrera, passou a ficar mais distante de todos , principalmente de mim que na época tinha apenas 11 anos, e aumentou mais ainda quando comecei a estudar em um internato e nova York, que eu agradecia de certa forma, assim passava menos tempo naquela casa e relembrando os momentos que éramos felizes como uma família de verdade. –Cleo por ser a mais velha ficará em meu lugar quando eu me aposentar, Zetes e Calais irão administrar as duas companhias e Quione quero que futuramente trabalhe com Cleo. –diz e eu o encaro silenciosamente, ele sabia que não queria nada com aquela empresa, queria seguir meu caminho sozinha e longe daquela família, e esse era um dos motivos de sempre haver discussão e ele usar Cleo como modelo.

–Pai, será que podemos conversar a sós. –digo olhando para meus irmãos.

–Claro, cleo e rapazes por favor. –diz e eles se retiram, Cleo ainda me olhava como se eu fosse um experimento cientifico e saiu da sala.

–Eu não quero seguir essa empresa, você já tem três filhos nisso quero ir para faculdade e ira atrás de meu sonho. –digo e ele me observa impaciente como se pensasse “De novo essa conversa”.

–Quione são os negócios da família. –diz e eu o observo.

–Negócios da família? Eu cansei dessa família. – falo e ele me observa surpreso. – Isso não é família, desde que ela se foi, meu pai foi junto com ela, você tornou nossa família como se fosse uma de suas empresas de negócios, você a tornou mais afastada do que já era. Eu precisei do meu pai quando perdi minha mãe, mais ele não estava presente e vim construindo tudo sozinha e não vou querer um cara que se diz meu pai me dizendo o que devo ou não fazer da minha vida.

–Basta Quione. –diz gritando e eu respiro fundo tentando me acalmar , mas sem sucesso.

–Basta? É tudo isso que vai dizer, pela primeira vez na vida presta atenção em mim, eu não sou igual a ela e me desculpe. Eu não quero ficar igual ao senhor,eu seria fria como uma pedra e rica como um tolo que mudou todos os corações de quem o amava. –digo gritando e ele se levanta, seus olhos estavam presos nos meus, ele parecia com raiva mais como sempre não deixava isso transparecer.

–Não vou ficar ouvindo de uma criança como dirigir minha família. –diz e pega alguns papeis e começa a escrever. Bufa indignada.Sério isso, ele ignorou tudo o que disse?

–Isso não é uma família, pessoas ajudam pessoas, isso é uma família. Pode chamar essa reuniãozinha de negócios como quiser, mais eu não vou participar disso. –digo e saio do escritório, e vou em direção ao meu quarto, torcendo para que os longos três dias passassem logo para eu voltar para meu lar, meus amigos e meu Valdez.

–Quione?-pergunta minha irmã batendo na porta do quarto.

–Estou aqui. –digo da varanda. Observar as estrelas sempre me fazia bem, era como se conseguisse por as idéias no lugar.

–Está tudo bem?

–Sim, só quero sair logo daqui. –digo e ela concorda com a cabeça.

–Retirei seu nome das reuniões da empresa. –diz e eu sorrio agradecida, afinal ela estava fazendo um favor para nós duas. Continuo observando o céu e ela sai do quarto, é quando escuto meu celular vibrar e um sorriso instantaneamente saem de meus lábios quando o nome dele me vem a mente. Mais a mensagem não era de Leo.

“Dói não ser ouvida, não se preocupe Quione enquanto resolve as coisas com sua ‘familia’ eu cuido de seu namorado” –R.D.R

Sinto meu coração parar por um breve instante, Leo estava em perigo, penso assustada demais para emitir qualquer som e tento ligar para Leo que cai na caixa postal, ligo para meus amigos e nada, o que me deixa mais ainda desesperada.

“Talvez fosse só uma ameaça, nada demais”, “Era só para assustar” digo para mim mesma, tentando me acalmar, coloco Ed Sheeran para tocar, sinto meus olhos pesarem até se fecharem.

“We, we don't have to worry about nothing ´cause we got the fire” , a voz de Ellie Gouldin começou a tocar e um zumbido irritante do meu lado me fizeram acordar, foi quando percebi que tinha caído no sono e meu celular parara de tocar, olhei no viso 10 chamadas não atendida de annabeth e 5 de Nico, sinto a cor fugir de meu rosto, merda, penso e ligo para Anne que atende no terceiro toque.

–Finalmente Qui. –diz e ouço-a suspirar de alivio. - Como está?

–Não muito bem. Coisas do meu pai e ainda... - é quando me lembro da mensagem de R.D.R , e sinto a cor fugir de meu rosto. – Annabeth onde está Leo? –pergunto com a voz tremula e puxando o celular mais ainda para meu ouvido, como se aquilo fizesse com que me teletransportar-se para perto dela.

–Quione, aconteceu uma coisa...

...

Pov Leo

Bang, bang, era esse o barulho que a bola fazia de encontro com a parede do quarto, estava entediado, nem montar mais a miniatura do cavalo de tróia parecia me animar, sentia falta dela e olhe que fazia vinte e quatro horas que os irmãos dela haviam aparecido do nada em nossa casa assim que chegamos da aula e já foram escoltando Quione para o Alaska. Estava no meio da noite, e nada do sono vir, continuava deitado de barriga para cima na minha cama e jogando a bola que batia na parede do quarto de Jason, que provavelmente apareceria na minha porta “p” da vida, dou de ombros e continuo. Quando ouço passos no corredor, depois que as garotas nos contaram sobre R.D. R estávamos mais atentos com a segurança delas e devido aos últimos acontecimentos com a nossa também. Levantei-me e fui em direção à porta, quando vejo Piper vestida de camuflado, como se fosse para a guerra, prendendo os cabelos.

–Vai para a guerra rainha da beleza? –pergunto e ela da um pulo, com as mãos no coração.

–Deuses Leo, você quase me mata do coração. - diz e eu contenho a vontade de rir.

–Aonde vai? –pergunto, quando ela começa a descer as escadas.

–R. D.R mandou uma sms para Jason, que estava dormindo. –diz me encarando. –E eu respondi por ele, como se fosse encontra-los...

–Você fez o que? –pergunto encarando a garota como se tivesse perdido totalmente o juízo e as engrenagens que faziam o cérebro dela funcionar.

–Reyna não é R.D. R, ela também está sendo ameaçada, quero ver quem é. –diz como se fosse obvio.

–Se acontecer algo a você Jason e muito menos Anne não me perdoaria, vou com você Pips. –digo voltando no meu quarto para pegar o casaco, alcançando ela assim que passava pela a porta.

A noite estava estranhamente quente e uma brisa suave passava por nós. Seguimos pelo acampamento, até uma das partes mais isoladas, que costumava ficar deitado com Quione observando as estrelas, é eu sentia falta da baixinha, era uma pequena campina cercada por árvores, eu e Piper estávamos escondidos de trás de uma das árvores. Foi quando Rachel apareceu, os cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo, havia algumas anotações em seus braços, habito que uma vez me dissera que escrevia por causa dos sonhos que tinha, parecia nervosa e mordia levemente os lábios.

–Não sairemos daqui até vermos todos okay. –susurra Piper ao meu lado.

–Como sabe que vêm todos? –pergunto e ela sorrir.

– Digamos que eu tenha contado uma mentirinha e o chefão de R.D.R vai querer ver pessoalmente. –diz.

–Uau me lembre de nunca irritá-la. –digo e ela rir.

Minutos se passaram e parecia que Rachel ficava mais nervosa, é quando Bianca atravessa a campina e vai em direção a ela, uma conversa baixa se inicia entre as duas, e para quando umas silhuetas encapuzadas as observam do outro lado da campina, elas encaram assustadas para a pessoa, que em seguida das às costas.

–É nossa deixa. –diz Piper, e corre pelas as árvores, percorrendo o caminho que R. D.R, havia feito. Não sei o que aquela garota havia tomado mais cedo, mais deveria ter sido algum energético ou coisa do tipo, penso enquanto sigo Piper. Ela estava a metros de distancia, de onde eu estava, seguindo silenciosamente a pessoa encapuzada que estava de costas colocando alguma coisa na porta mala,de uma carro, é quando percebo uma luz distante e barulho de rodas de encontro com o asfalto vindo em direção a Piper.

–Piper. –chamo e ela estava tão concentrada, que não me ouvia e muito menos percebia o carro que estava se aproximando, é quando tudo acontece rápido de mais, o carro acelera e corro em direção a Piper a empurrando para longe do caminho ,sinto uma luz forte em meu rosto e uma dor na lateral de meu corpo, escutava alguém distante chamando meu nome,"Estou vivo" tentava dizer mais o som não saia de meus lábios ,sentia minhas pálpebras fechando e uma escuridão me envolver.