Anelli Vongola escrita por reneev


Capítulo 4
Começar




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Os joelhos prostrados e o pai nosso em um baixo sussurro era declarado pela quinta vez enquanto lágrimas escorriam pelo belo rosto másculo daquele rico empresário loiro, não condizendo com sua imagem de sério aquela cena sentimental. Ao fundo ave Maria era ensaiado pelo coral da igreja Chiesa del Gesù(1), localizada em Roma, onde só algumas pessoas estavam realmente rezando, a maioria tirava fotos das imponentes paredes concebidas por Inácio de Loyola.

Após a ultima oração ser encerrada, as lágrimas foram limpas com as costas da grande mão e o corpo de mais de dois metros se ergueu caminhando pelo corredor da igreja enquanto ajeitava a gravata que combinava com seu terno caro, assim como seus sapatos italianos faziam barulho a cada pisada.

Ao descer as escadarias da entrada, não tão majestosa quanto seu interior, tentou localizar com os olhos azuis o carro que havia lhe trazido até ali, mas foi surpreendido por uma conhecida que estava encostada no seu bugatti veyron preto. A morena levantou a cabeça e descruzou os braços sorrindo zombeteira enquanto esperava aquele homem tão maior que si se aproximar.

– Pensei que não sairia nunca... estou quase decorando essa música

– O que quer aqui?

Perguntava o chefe das empresas Fluer’s, enquanto abria seu automóvel. Não havia raiva na voz, nem mesmo animação, era o mais perfeito imparcial que alguém poderia soar.

– Pensei que tivesse um motorista, não se deixa um carro desses sozinhos assim, se fosse demorar tanto mandava alguém lhe trazer.

– O dinheiro é meu, então faço o que bem entender... Mas me diga... O que faz aqui?

– Lhe parabenizar, eu realmente acho que deveria ganhar um Oscar depois de ter atuado daquela forma para mandar seu filho para o Japão, parabéns...

– Foi esse o nosso acordo não foi? Se me der licença, tenho assuntos a tratar.

– Claro claro...

– E como sabia que eu estava aqui?

– Foi aqui que nos conhecemos não é? Onde tudo começou

E com o sorriso da mulher o loiro deu o último aceno com a cabeça entrando no automóvel enquanto ia embora lembrando-se daquela noite onde percebeu que seu destino estava sendo traçado.

Flashback On

Já era tarde da noite e o coral cantava Litaniae Sanctorum enquanto os fiéis acendiam uma vela fazendo sua reza. Nos bancos daquele local sagrado um homem orava com tanto fervor que suas lágrimas já haviam manchado a muito os bancos de madeira e nem por isso deixavam de escorrer. Assim como sua família nunca foi apegado a religião mesmo sendo todos italianos, e como tal a maioria da população, católicos. Entretanto, naquele momento sentia que somente um milagre poderia atender ao seu pedido.

Seu filho gritava e chorava todas as noites nunca conseguindo dormir, imaginava ser consequência do ataque que sofreram em um navio com destino para o continente europeu, acidente este que tirou a vida de sua esposa e um trauma para seus filhos que na época não passavam as seis primaveras.(2)

Mesmo com os melhores médicos, psicólogos, noites ao lado dele e todo tipo de esforço e tratamentos que o dinheiro pudessem pagar, nada funcionava. Por isso recorreu a única coisa que não havia tentado ainda, a mais recorrida. A fé.

Dizem que a fé cura tudo, e era isso que esperava. Entretanto, naquela mesma noite, antes de chegar naquele local e se ajoelhar como um pecador pedindo perdão, seu menino gritou cheio de dor, e quando chegou ao quarto ele chorava e reclamava de uma dor nas costas e após descobrir aquela área viu uma queimadura. Algo que nunca estivera lá, e a área estava quente, como se tivesse acabado de ser feita.

Ele e os empregados procuraram por todo o quarto algo ou alguém que pudesse ter causado aquilo e nada. E ao ver uma das empregadas fazer o sinal da cruz repetidas vezes decidiu que era hora de recorrer a Deus. Enquanto murmurava o que lembrava ser uma oração, sentiu uma pessoa sentar-se ao seu lado, mas nem por isso parou o que fazia, nem mesmo quando sentiu ser observado. Quando o coral parou o ensaiou e apenas o órgão soava, abriu seus olhos e antes que pudesse se levantar, uma mão foi posta em seu ombro e uma voz feminina lhe disse baixo, porém de forma divertida.

– Seu Deus é fraco

E aquilo assustou o rico empresário que olhou para o lado espantado, vendo que uma jovem mulher morena sorria e continha uma risada. Aquilo era profano. Pensou consigo mesmo.

– Brincadeira, sempre quis dizer isso... Venha, eu sei o que pode salvar seu filho.

E viu ela se levantar caminhando pelos corredores com as botas de couro negro chegando até as coxas e um micro vestido vermelho, mas não foi a vestimenta inadequada que irritou o milionário, mas sim o fato dela ter tocado no assunto que o levou até ali. Ninguém fora sua família e empregados sabiam da situação, mas somente ele próprio tinha o conhecimento de estar naquela igreja.

Seguiu aquela mulher tão vulgar até que estivessem um quarteirão afastado do local anterior. Aquilo não parecia inteligente em nenhum ponto de vista, vendo que poderia ser uma emboscada, mas só pelo fato de haver uma chance de ajudar seu filho, iria até o inferno se fosse necessário.

– Aqui parece ser um lugar bom...

E viu a morena sentar-se em uma fonte onde poucas pessoas estavam, muitos turistas tiravam fotos, alguns até mesmo de si, já que nunca devem ter visto tamanha beleza antes.

– Então... Como sabe do meu filho?

– Não é do seu filho que eu sei... Eu sei do caso dele... Sonhos atormentadores, uma noite acorda ferido e o desespero bate... Isso aconteceu comigo também.

E foi revelada uma cicatriz grande demais, nos braços quase morenos que antes se ocultavam pela leve jaqueta que aquela mulher usavam. O sorriso permanecia ali, mas não era sarcástico como antes, parecia compreender a situação e lembrar-se de algo triste.

– Eu tenho como fazer isso parar por enquanto, mas só ele pode fazer com que isso acabe.

– E o que eu tenho que fazer?

– Nada bobinho, eu vou fazer um encantamento e---

E aquilo parecia ter sido a última gota para o empresário que se retirava a passadas duras daquele local fazendo com que a morena corresse atrás de si.

– Eu sei, parece idiotice, parece macumba (2), mas não é... É algo além de nós, eu também não acreditava, mas isso me salvou e pode salvar seu filho!

E aquilo pareceu ser o botão para fazer com que o outro parasse de andar e lhe desse ouvidos. Não fora ele próprio que prometeu que faria o possível e o impossível para ajudar sua preciosa cria? Permanecia de costas, mas ouvindo atento.

– Continue...

– Eu posso fazer esses sonhos diminuírem a intensidade e que ele nunca mais se machuque, mas quando ele completar quinze anos precisara ir até o Japão.

– Japão?

– Sim... Vai haver uma pessoa que precisará dele lá... E quando ele cumprir seu dever, tudo isso acabara.

– Sabe quem esta causando tudo isso?

– Nunca vi seu rosto, muito menos conversei com ela... Mesmo ela sempre aparecendo em meus sonhos e dizendo que quando eu completasse vinte e dois anos deveria ir a igreja Chiesa del Gesù e falar com a alma mais desesperada daquele local... Aos quinze, Japão... Era isso todas as noites... Até que eu comprei a passagem para vir para Roma que esses sonhos acabaram... Era tudo o que eu ouvia e foi assim que esses sonhos acaram... Me considero uma mensageira e foi essa minha missão, apenas seu filho saberá qual é a dele.

– Só... Faça isso parar...

– Certo!

E aquele sorriso divertido voltou a surgir e foi naquela mesma noite que viu um dos herdeiros dormir tão bem que era quase suspeito. E ficou o vigiando por mais de duas semanas imaginando se aquilo duraria e durou. Nunca mais viu aquela mulher, nem mesmo os gritos desesperados. Não precisou usar mais a caixinha de música de sua falecida esposa e por essa razão ela acumulava pó e quase enferrujara em seu escritório ao longo desses anos.


Flashback off



– Bem vindo de volta senhor



Cumprimentou um de seus empregados e foi respondido pelo chefe que andava em direção do elevador enquanto retirava o grosso e pesado terno. Se perguntava se fizera a escolha certa, se mandar o pequeno Pablo sozinho para a Ásia tivesse sido uma boa ideia, mas rezava desde então pela sua segurança.



– Pablo ligou?



– Não senhor, mas o GPS de seu celular ainda esta ativado.



– Ótimo...



Manteria os olhos nele, mesmo que a quilômetros de distância.


X-X-X-X-X-X-X




Ethan abriu seus olhos, confuso e sentindo o corpo pesar uma tonelada. Aos poucos as memorias da noite anterior vinham a sua mente como um turbilhão de informação e não se recordava de como havia parado em sua cama. Seu raciocínio foi quebrado por batidas em sua porta e a voz de uma das empregadas dizendo que o café da manhã estava pronto.



O moreno sentou-se na cama king size ouvindo como se uma torneira tivesse sido aberta, e ao olhar para baixo assustou-se com a quantidade de água que saia de seu colchão e tocava com brutalidade o caro tapete persa, assim como seu pijama de seda também estava ensopado.



Levantou-se assustado e percebeu uma trilha de água que ia da porta até sua cama e aquilo fazia seu coração bater mais rápido e passos rápidos o levarem para fora do quarto, onde uma das servas secava o corredor e ao ver seu mestre o cumprimentou de forma polida e respeitosa. Continuou a correr até o andar inferior onde todas as janelas estavam abertas e aquela que lhe acordou ia cantarolando enquanto abria as restantes, entretanto, a voz do dono da casa lhe interrompeu e teve que se virar para o interlocutor.



– O que houve aqui Cinthia?



– Como assim...?



– Por que o corredor esta molhado?



– Hoje é dia de faxina, sempre jogamos água às segundas, mestre



– Entraram no meu quarto?



– Não senhor, ninguém tem permissão de entrar em seu quarto enquanto o senhor estiver lá para limpar.



– Minha cama, por que minha cama esta molhada?



E aquilo pareceu deixar a morena estranhando a situação e pensando que naquela idade os adolescentes já teriam parado de fazer xixi em seus leitos e ao perceber que era aquele tipo de pensamento passando na mente da empregada, o moreno logo tentou se retratar contando que parecia que sua cama estava ensopada, assim como todo seu quarto e tivera que levar a mesma para o cômodo e mostrar o feito.



Qual não foi a surpresa e encontrar tudo seco e mesmo depois daquele espetáculo dado logo pela manhã, o aviso de que o café da manhã já estava posto foi reforçado e assim o inglês teve de se arrumar e colocar os óculos, ainda desconfiado.



– Cinthia!



– Sim senhor?



– Choveu noite passada?



– Não senhor, está previsto para chover amanhã.



– Certo...



E foi assim que o diálogo acabou e mais um dia na torturante escola começava.




X-X-X-X-X-X-X





O dia amanhecera a pouco, a luz brilhando e o tempo ainda quente e abafado, provavelmente choveria naquela tarde ou pela noite. O cheiro de comida preenchia o ambiente daquela casa simplória enquanto um moreno com olheiras caminhava em direção da cozinha.




– Bom dia pai



– Bom dia Sato! Eu tenho que ir trabalhar agora, só volto bem tarde então não me espere acordado.



– Certo



Respondera simplesmente o filho que já estava acostumado com os horários confusos do pai e não ligava mais para isso. Se servia de chá vendo que havia um prato a mais na mesa lembrou-se do visitante da noite passada, não que fosse fácil esquecer-se dele, não depois daquele choque que ele e seu pai levaram, nem mesmo daquelas pernas descobertas que por pouco não lhe fizeram perder por completo o sono.



– Ittekimasu (3)



– Iterasshai (4)



E foi assim que o moreno sentou-se para comer agradecendo pela comida enquanto ouvia a porta sendo arrastada dando o aviso que o mais velho já havia se retirado da moradia. E teve que prestar muita atenção para conseguir ouvir os passos abafados que se seguiam pelo corredor.



– Bom dia...



– Bom di—



E parou de responder ficando com a boca aberta e por pouco não deixando os hashis caírem na superfície plana e marrom que era sua mesa. Ao ouviu o cumprimentou os olhos verdes tiveram a atenção tomada, que antes era do prato de arroz, para o recém-chegado. Quase tivera outro infarto ao ver o loiro com um short jeans minúsculo, mesmo que maior que o do dia anterior, a camisa social que era do conjunto da escola junto da gravata azul frouxa (5), assim como os fios dourados presos em um coque muito mal feito. Uma perdição. Nada adequado para um ambiente escolar.



– Pablo! Vá colocar o uniforme!



– Não quero... Esta muito calor para colocar o blazer, e aquela calça fica muito grande em mim.



E foi simplesmente assim que ele se jogou na cadeira sentando-se displicentemente procurando pelo peixe e como na noite anterior, rejeitando o arroz. Tendo um suspiro cansado como resposta.



– Ao menos coloque uma calça qualquer ou uma bermuda



– Hum? Por quê? As meninas usam saias tão curtas e ninguém nunca reclamou disso (6)



E mesmo tentando argumentar contra o loiro, não houve como rebater aquilo, nem mesmo como se assustar com o horário percebendo que demoraria ao menos três minutos para bater o sinal, sendo que sua casa ficava quase dez minutos de distância.



– Vamos chegar atrasados!



E foi com isso que correu segurando o pulso do menor enquanto o arrastava para fora enquanto este ainda possuía um peixe na boca. Agarrou as duas malas que deixou estrategicamente próximas da porta e calçou os sapatos levando os do menor na mão. E foi assim que foi correndo desesperadamente enquanto o estrangeiro comia sossegado e praticamente era carregado. Um verdadeiro gato folgado.


XXXXXXXXXXX

O pátio do colégio estava lotado de alunos que ao se reencontrarem faziam rodas e riam alto, os mais solitários iam para suas respectivas salas assim como os professores se enfiavam na sala destinada a eles. As conversas seguiam animadas assim como o calor que ainda fazia naquele fim de verão.

Vários capitães dos clubes extracurriculares estavam abordando os alunos recém-chegados, assim como os antigos, para seus respectivos grêmios. E Akio não diferia dos demais, mesmo sendo o vice capitão, era mais aclamado que o próprio representante, mesmo odiando ter que ir falar com estranhos, forçava um sorriso e era educado convidando a todos que encontrava para depois das aulas pudessem dar uma olhada em uma aula de demonstração do clube de arco e fecha da qual fazia parte, e é claro, as meninas se derretiam e prometiam que lá estariam se ele fosse praticar.

Ainda faltavam dez minutos para o sinal tocar e lá estava o moreno a mais de trinta minutos recepcionando futuros colegas de time e ainda haveria o discurso do diretor para das às boas vindas então isso lhe dava ótimos quarenta minutos longe daquela multidão, algo que odiava.

Seu coração quase parou quando um dos melhores alunos do terceiro ano, Sato Nakamura, entrou correndo carregando uma loira que fez seu coração bater mais rápido a medida que ia enrubescendo e esquecendo como se falava. Foi observando o casal de recém-chegados, enquanto o moreno tentava recuperar o folego e era abordado pelo time de atletismo, a tal loira, soltava os loiros fios e tentava os prender sem muito sucesso e os dois começarem o que parecia ser uma pequena discussão.

Seus olhos foram abaixando um pouco mais encarando a pele descoberta e aquilo fez com que engolisse em seco e corasse ainda mais, nem se quer ouvindo as garotas que o cercavam o enchendo de perguntas e querendo chamar sua atenção.

Olhou ao redor percebendo como o colégio parecia ter parado o que fazia para observar aqueles dois assim como ele próprio fazia, e como os comentários variavam do maldoso ao pervertido. Muita fofoca já havia se dado inicio.

Aquele mês já havia assunto para a escola inteira falar.

X-X-X-X-X-X-X-X-X

Ryuji já estava naquela hora da manhã rondeando as professoras que encontrava pelo corredor. Devia fazer uma boa impressão e com aquele jeito brincalhão de ser já havia conseguido fazer com que vários garotos se reunissem a sua volta e logo se entrosava com eles, várias garotas passavam e os chamavam de estúpidos, e como se não quer nada, o loiro se aproximava delas e levantava suas saias rindo enquanto alguns dos garotos ficavam perplexos, outros riam e um ou outro tentavam tirar fotos sem muito sucesso, já que o movimento era rápido demais para que nenhuma fêmea notasse tal ousadia.

Algumas outras riam para si e ele ia as seguindo, tentando algo, mas logo era cercado por várias da mesma espécie e era ele quem ficava acuado tentando se desviar do assédio. O que não conseguiu fugir foi de um toque pesado em seu ombro e do olhar ameaçador do professor de educação física, julgando pelos trajes esportivos, e da ordem para lhe ajudar no auditório, já que “possuía tanto tempo livre assim”, segundo o mais velho é claro.

E ao sair daquele prédio e chegar onde meros mortais eram acariciados pela luz do sol, já pode ouvir vários cochichos, e tentava prestar atenção no que se falava enquanto era arrastado para longe , onde seria feita a abertura.

“É uma vadia”, “eles estão namorando, sabia disso?”, “com certeza ela já abriu as pernas, quem diria... Aquele lá só tem cara de santo” “wooo eu queria me esbaldar naquelas pernas”.

E aquele tipo de comentário fazia com que sua curiosidade ficasse aguçada, enquanto mordia o lábio inferior e tentava arquitetar um plano, quase, infalível para sair daquela situação. E foi com esse intuito que ele disse qualquer besteira sobre estarem brigando no portão principal e se aproveitar da situação para correr como nunca correu em toda sua vida deixando um zanzado professor que gritava para trás.

– Volte aqui moleque!

E foi assim que se viu livre outra vez, o que deveria ter prestado mais atenção era no que estava em sua frente, já que esbarrou em algo com tamanha força que foi ricocheteado para trás caindo sentado reclamando do impacto.

– Olhe para onde anda, Kuso! (7) Perdeu o amor à vida é?!

E foi como se o próprio demônio tivesse agarrado a gola da camisa do loiro, tamanha a força que era empenhada no aperto e aqueles olhos vermelhos não ajudavam em nada para a confiança do recém-chegado à terra do Sol nascente. (8)

– De-de-desculpe!

Se apressou logo em dizer, assim que notou o tom assassino na voz da garota que não lhe soltava por nada e da aproximação do punho dela de sua face.

– Peça desculpas no inferno seu pedaço de merda!

E os olhos amarelados foram fechados com força só esperando pelo soco que estranhamente não veio, e uma voz tremula e pouco confiante soou baixa ao longe.

– Co-com licença... Onde fica o pré-prédio... De luta livre!

E com muito esforço a frase foi solta, com um rosto quase em chamas da pequena morena que se apresentou como uma salvadora da pátria para certo mestiço que não perdeu tempo em fugir, mesmo que se arrastando, para longe quando percebeu que a albina estava paralisada olhando para a intrusa, na cabeça loira mil pensamentos corriam de como aquela cruel mulher arrancaria os órgãos da pequena e dentro de si, mesmo que morrendo de medo e tremendo dos pés a cabeça, pedia para que ele voltasse lá e tirasse a morena daquela enrascada.

E antes mesmo que pudesse virar seu corpo para encarar o triste fim que lhe aguardava, viu a aproximação das duas garotas e uma risada gostosa sair dos lábios da sua quase mutiladora.

– Eu te levo lá.

E a albina não fez cerimonia para agarrar a cintura fina e pequena da outra, aproximando ambos os corpos antes de iniciar a caminhada e recomeçar o falatório.

– Então, qual o seu nome?

– A-Akira Coltello

– Hum... Uma estrangeira?

– N-n-não! Meus pais são mexicanos, mas eu sou japonesa.

– Isso é ótimo

E um sussurro rouco foi deixado no ouvido da mais baixa que se arrepiou com aquele contato e continuava sendo levada pela garota cheia de curvas, tão diferente de si própria, e isso fez com que a morena encolhesse seus ombros e esse gesto não passou despercebido pela italiana, que resolveu não comentar.

– Então, o que uma menina como você quer fazer no clube de luta livre?

– Me inscrever

– O... o quê?

E aquilo que foi dito pela primeira vez com segurança, e parecia a pior das piadas, deixando uma certa albina paralisada e descrente para trás.

X-X-X-X-X-X-X-X

Os pés do rico inglês tocaram o asfalto assim que foi deixado em frente do portão da escola por seu motorista particular e só sua presença fazia com que suspiros fossem deixados e uma fila ia surgindo para ver o moreno quase desfilando para dentro do colégio sorrindo para suas leais fãs, mas o que queria mesmo era se jogar em sua carteira e dormir como se não houvesse amanhã. Não havia ninguém ali que lhe interessava mesmo.

E então parou de andar. E tudo o que ele teve certeza um dia em sua vida desapareceram como água que era levada para o ralo. Seu coração batia tão rápido que por pouco não deixava sua mala cair ao solo enquanto observava mais adiante um ser loiro parado em frente do muro de recados, provavelmente uma aluna transferida vendo onde seria sua sala, com as pernas luxuriosamente exposta para si, e toda escola, com deleite.

Sorriu sacana e todo o sono parecia que sumia através de seus poros enquanto caminhava em direção do seu novo entretenimento, afrouxando a gravata como um verdadeiro malandro faria. Encostou as costas no muro e um dos pés na parede enquanto cruzava os braços e olhava para o pátio como quem não quer nada.

– Precisando de ajuda?

E o silêncio se fez presente e aquilo pareceu deixar o moreno intrigado virando o rosto e percebendo que a sua “vitima” mal se tinha dado ao trabalho de ouvir o que dizia e, antes que pudesse abrir boca para reclamar, os olhos azuis de ambos se encontraram e outro tremor passou pela espinha do inglês.

– Preciso.

– Certo, me dê seu sobrenome.

E virou-se para as folhas brancas ficando lado a lado com o novato, o que não esperava era aquela resposta, que o assustou completamente.

– Fluer...

– Fala sério?

– Por que mentiria a respeito do meu sobrenome?

– É só que... o que um Fluer faria aqui?

– Pergunte isso para o meu pai idiota

E um suspiro escapou daqueles lábios pequenos e rosados, fazendo com que inconscientemente o moreno aproximasse seu rosto almejando alcançar aquela perdição que estava sendo o outro a sua frente. O que era um absurdo certo? Ele era Homossexual certo? Era o que se lembrava pelo menos.

– O que está fazendo?

– Nada!

E se pôs a ajudar com afinco, tentando esconder a vermelhidão que se formava em seu rosto enquanto era ignorada pelo seu mais recente conhecido.

– Achei! Sala 4-A... Esta no primeiro ano?

– Só porque tenho 15 anos e eles acham melhor um estrangeiro começar no primeiro ano já que eu não sei várias coisas do Japão.

– Certo... Estou na sala 7-D, se precisar de mim... Sabe onde me encontrar

E como todo bom galante inglês que era, ajoelhou-se a medida que segurava a pequena mão entre as suas e beijava os nós dos dedos do segundo.

– Espero realmente te ver... Fluer-san.

– Não use sufixos com meu sobrenome... é esquisito de mais.

– Certo... isso só funciona com sobrenomes japoneses... Neko-chan!

– Neko...?

– Sim, você se parece com um gato... Até mais tarde Neko-chan.

E foi com essa despedida que o moreno se foi antes que recebesse uma sapatada na cabeça e todos os insultos em italiano e russo que existiam.

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Duas leves batidas foram o suficiente para a permissão de entrada ser concedida, e a jovem adentrar no escritório do chefe com sua expressão séria de sempre, mas nem por isso menos gentil.

– Mandou me chamar, Tsuna-sama?

– Não precisa me chamar assim, apenas Tsuna está bom.

– Com todo o respeito senhor, eu prefiro lhe chamar com o “sama”.

– Certo, fique a vontade então.

E o idoso se levantou com um sorriso gentil nos lábios indicando a poltrona para que a garota se sentasse.

– Então, algo errado?

– Eu percebi como ficou alterada na reunião de com o Talbot e fiquei preocupado... Está tudo bem com você Lambly-chan? (10)

– Está sim senhor... Conversei com Reborn-sama a caminho daqui e aceitarei a proposta.

– Proposta? Que proposta?

E a jovem morena se levantou com os olhos verdes brilhantes enquanto se curvava de forma respeitosa.

– Irei ao Japão ajudar a próxima geração. Com licença Boss, eu preciso terminar de arrumar minhas malas.

E foi assim que o décimo líder da família Vongola foi deixado sozinho naquela enorme sala olhando para a porta enquanto suspirava tentando entender o que o arcobaleno do Sol pretendia.

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Giulia estava olhando para o céu enquanto abria um frasco de acetona e o cheirava se deliciando com aquele aroma penetrando seus pulmões. À medida que ela ia fechando o frasco, algumas lágrimas insistiam em escorrer, e ela se apressava em limpá-las antes que alguém pudesse vê-la naquele estado deplorável.

Parecia uma péssima ideia continuar naquele hospital e ver seu pai se aproximando depois de tanto tempo sem o ver. Ir para a escola estava fora de cogitação. Então lá estava ela, em um parque qualquer, sentada em um banco qualquer, cheirando uma acetona qualquer observando o riso daquelas crianças que corriam despreocupadas com o mundo.

E foi com esse fundo que ela levantou-se sem aparente rumo antes de sentir que o clima ia esfriando rápido de mais, assim com as folhas caídas no chão formavam pequenos redemoinhos tamanha era a força dos ventos. Seu rosto virou-se com rapidez para trás e foi como ver sua vida passar diante de seus olhos e perceber que nunca fez nada muito produtivo. E teve raiva daquilo.

Ao fundo uma tempestade se aproximava, assim como o céu, que há segundos atrás era azul, se tornava em um cinza pesado e o vento cada vez mais hostil. Já era possível ver o tornado que se formava e ia se aproximando como se dançasse na superfície fofa que era a terra daquele parque e mesmo com gritos de horrores ao fundo, eles iam se silenciando, assim como suas pernas fraquejavam até alcançar o chão e se ver engolida por uma das artimanhas de Zéfiros.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

O diretor havia terminado seu pronunciamento, assim como as boas vindas e, dessa forma, uma massa de alunos se dirigia para fora do auditório, se deparando com um céu carregado de nuvens negras e o ar úmido e frio, e todos estranharam aquele mau tempo, já que não estava previsto para chover naquele dia.

E na mente de certo inglês, as imagens de seu sonho iam voltando com força e novamente sentia como se a chuva estivesse dentro daquele ambiente coberto.

Vários estudantes correram para o prédio e perguntavam uns aos outros se haviam trazido um guarda chuva e se podiam compartilhar. Em dias como aqueles, em que apenas havia a abertura do diretor, as aulas eram suspensas e os alunos novos eram instruídos de tudo, assim como as inscrições para os clubes permaneceriam abertas e as demonstrações seriam no horário que deveria ser o de aula. Imaginavam como aquilo seria possível se chovesse como parecia que ocorreria. O moreno acordou de seus devaneios com um tapa em seu ombro e a voz de seu capitão próximo a si.

– Vamos ter que fazer a demonstração dentro do dojo, é uma pena... não cabe quase ninguém lá dentro

– Realmente

E enquanto o dialogo se seguia, seus olhos captaram aquela massa de jovens saindo pelos portões assim que as gotas começaram a tocar o chão, outros corriam para o ginásio onde se realizava a maior parte das demonstrações, outros para as salas de dança, biblioteca; o que não faltava era opções. Aqueles que eram praticados ao ar livre, como o futebol e baseball, foram instruídos a fazer a demonstração em outro dia.

Quando parou de falar sobre burocracia do clube – ouvir, na verdade – saiu em direção de suas responsabilidades e viu seu colega de classe parado olhando para o céu enquanto recebia as gotas grossas contra o corpo molhando os longos fios negros.

– Querendo ficar doente Nakamura-san?

– Aaa, bom dia Jones-kun.

– Bom dia, então... Pneumonia ou uma simples gripe basta?

– Na verdade... Acho que o céu está muito estranho.

E os olhos azuis do mauricinho também foram conduzidos ao horizonte e sentia aqueles mesmos choques lhe envolvendo e um baixo sussurro, assim como a chuva parecia sua grande companheira.

– Sato...

– Diga...

– Se eu falar promete não rir?

– Eu nunca faria isso Ethan.

– Ontem à noite eu estava na minha sala, quando raios iluminaram minha sala e quando fui abrir a janela para ver se estava chovendo, uma ventania entrou... e eu sentia que estava sendo arrastado... Sendo envolvido por água, era como se eu estivesse me afogando... Estranho não é?

– Um sonho?

– Não sei... Eu acordei na minha cama, mas eu tenho certeza que eu estava na sala... e meu quarto e eu estávamos molhados... Estranho não é?

– Bem, se vamos falar de coisas estranhas, eu dormia tranquilamente, quando imagens do céu me vinham na mente e iam ficando cada vez mais turbulentos... Até chegar ao ponto de eu não aguentar mais e acordar... Quando olhei pela janela havia um corpo estirado na minha calçada

– Um bêbado?

– Não... acredita que é um estudante daqui e meu pai ofereceu nossa casa como pousada?

E o riso dos dois morenos pareceram ritmadas assim que as falas se encerraram e um trovão cortou toda aquela alegria, assim como a força do vento chacoalhava as árvores e balançavam as finas janelas de vidro. Em poucos segundos o interfone foi ligado e a voz do diretor pode ser ouvida.

– Caros alunos, temos informações que uma tempestade está se aproximando, e pedimos que todos entrem no auditório onde poderemos oferecer proteção. Seus pais já estão sendo avisados, então peço a colaboração de todos. Para a segurança de todos, peço para que entrem no auditório. As atividades dos clubes serão suspensas e remarcadas.

E as íris azuis e verdes se encontraram e aquela intuição tomava o corpo do futuro chefe da maior família mafiosa.

X-X-X-X-X-X-X

O loiro caminhava perdido pelos jardins do colégio. Ouviu o anúncio, mas não fazia a menor ideia de como chegar no auditório, nem se quer havia encontrado uma única alma viva para que pudesse seguir e se abrir. Já sentia as gotas frias contra seu braço desprotegido e com isso apertou o passo para tentar encontrar uma saída.

Foi quando seus olhos captaram uma forma humana caminhando mais a frente e sorriu contente, poderia beijar esse seu novo salvador. Foi correndo pedindo para o outro lhe esperar, mas pela distancia presumia que o outro não estava ouvindo já que não parava.

Não importava o quanto corresse e como o outro a sua frente caminhava lentamente, a distância entre os dois corpos não diminuía, e quando parou com aquela afobação percebeu que não havia saído do lugar e que as árvores pareciam se aproximar de si.

– Mas que diabos?

E o desespero começou a tomar conta do loiro que voltava a correr, mas seu caminho ficava cada vez mais estreito, à medida que a face do estranho era revelada e um sorriso aparecia em sua face mostrando que um garoto também podia ser belo. Ele ergueu sua mão e de um dos dedos uma chama da cor índigo pode ser vista, mas no momento em que um trovão cortou o céu, aquele estranho parou de sorrir.

– Você tem muita sorte garoto.

E antes que o loiro pudesse compreender alguma coisa outro trovão rugiu e iluminava o céu, assim como os raios iam saltitando de um canto para o outro até outro majestoso trovão soasse e ficasse como o principal daquela sinfonia.

Uma das árvores foi atingida e logo seus galhos se incendiaram, espalhando as chamas para suas vizinhas que repetiam o processo até que um círculo de fogo cercasse o rapaz mestiço que ainda tinha sua atenção mantida no outro a sua frente.

– Sorte?

– É... Morrer rapidamente queimado do que por mim

E outro sorriso, só que de despedida.

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Akio sempre odiou multidões e aquilo não era nenhuma novidade, e mesmo que fosse por questões de segurança, estar no mesmo ambiente que centenas de outras pessoas lhe causava calafrios. E como toda nuvem que não podia ser presa, foi caminhando para fora daquele ambiente procurando um lugar seguro para se abrigar sozinho.

E percorrendo os corredores do colégio pode reparar na festa que Zeus dava. As janelas ao seu lado balançavam e um vulto surgiu no corredor e aquilo lhe assustou um pouco, mas logo pensou se tratar de algum estudante perdido ou querendo o mesmo que si: solidão.

E ao notar que este se aproximava de si calmamente, quase deu meia volta para sair dali, a última coisa que desejava era um estranho agarrado a si. Por alguma razão, seu corpo não se movia e quando outro raio iluminou o local pode ver a face desfigurada de seu observador, notando logo não se tratar de um estudante.

Quando começou a precipitar e as gotas se quebravam ao encontrar a superfície de vidro, ao longe podia se escutar cair com força as demais partículas de água. O céu foi ficando mais negro e à medida que o estranho começava a correr em sua direção, suas pernas antes paralisadas começavam a se mover. Prometeu a si mesmo que não apanharia de mais ninguém.

E antes que seus punhos atingisse seu adversário, outro vulto cobriu seu corpo e só pode ouvir um baque surdo mais a frente. Quando outro raio deu a honra de sua presença e iluminou o local, percebeu que seu defensor não era nada mais nada menos que um idoso pelos fios brancos, o que estranhou foi a calma que aquele homem transmitia e as tonfas presas em suas mãos.

– Não entre na minha escola, Herbívoro.

Não era um simples idoso. Era Hibari Kyoya, um dos mais respeitados, até os dias atuais, líder do comitê disciplinar da escola de Namimori.

Antes que visse seu protetor correr, pode ouvir um “vou te morder até a morte”(11). Velhos hábitos não mudavam nunca.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

1 – É uma Igreja localizada na Roma que é realmente incrível, suas imagens tem um efeito tridimensional fantástico.

2- Lembram-se da última cena do prólogo? Pois bem... Agora vocês já sabem quem é o tal loiro retratado lá.

3 – Nada contra a religião, e eu sei que macumba quer dizer “trabalho”, mas vocês entenderam que sentido eu quis dar correto?

4 - Cumprimento usado por quem sai

5 – cumprimento usado por quem fica na casa

6- O uniforme deles que eu retratei foi a que o Tsuna mais usou na saga, que foi aquela calça cinza e casaco amarelo/bege, com a gravata azul.

7- Gente, eu acho ridiculamente curta aquelas saias desenhadas, se fosse na vida real qualquer passo que a menina dessa mostraria a calcinha.

8- quer dizer merda, quase como o Xanxus que chama a todos de “lixo”.

9- terra do sol nascente = Japão (ou o leste asiático).

10- Queria um nome bem próximo ao do Lambo, então~~ Lambly =Db

11- Alguns traduzem como “morder até a morte” ou como “bater até a morte”, o que importa é que o cara vai morrer pelo Hibari =Db e que esse, assim como o ‘’Herbívoro’’ são seus bordões.

Muitas notas esse capítulo teve não é? Bem, espero que tenham gostado e que comentem~~ Muitas emoções estão para ocorrer, eu ia fazer esse capitulo ficar maior, mas prefiro fazer em outro, porque esse está cheio de informações então mais poderia confundi-los e é bem capaz do outro ficar pequeno, então resolvi encerrar esse por aqui e dar continuidade no próximo para manter próximo o tamanho deles.

Agradeço a Stefany Zanoni por betar esse capitulo

Bjs

Sz









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Notas finais do capítulo

Eu odeio postar no Nyah, desconfigura tudo, então se esse capitulo ficar com letras maiúsculas e em negrito do nada, culpem o Nyah ou leiam no Fanfiction.net
bjs



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