Desejos escrita por Vivian Sweet


Capítulo 26
Capítulo 26 - Surpresas no caminho


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mesmo pela demora. Sei o quanto é ruim a gente ficar esperando, mas prometo que não vou passar de 1 semana pra postar o próximo. Tem várias coisinhas pra desenvolver na trama e vou deixar uma pergunta pra quem puder responder no final,ok . beijos pra vocês! Obrigada por todos os comentários que me mandaram. Amo demais cada um deles. Aliás, amo muitos as minhas leitoras. Minha maior motivação é escrever pra vocês. ;) Vou responder agora. Espero que gostem. Boa leitura.



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Julie saiu do banheiro assustada.

– Amiga! Parece que viu um fantasma! O que foi? Tá passando mal? – Bia foi perguntando, assustada.

– Cadê? Onde ela foi?

– Quem?

– Ela! A amiga do Daniel. A loira.

– Ela acabou de passar aqui correndo, foi lá pro outro lado do barco. Mas o que tem ela? Algum problema?

– Não, nada não. Coisa minha. Vamos!

– Ah! “Nada não”. Sei... Julie! O que foi aquilo? Não to acreditando até agora naquele tapa! E ele te beijando? Vocês estão loucos?

– Culpa dele! Você não vai acreditar no que ele fez!

– Eu até vou acreditar. Quem não vai querer acreditar mesmo é o Nicolas! Ele vai acabar com o Daniel!

– Ah não! Eu ainda não quero pensar no Nicolas!

– E o Álvaro já está falando que vai falar com o Nicolas. E ele tem uma boca enorme, vai contar do pior jeito!

– Não! Chega! Será que eu posso pelo menos por 1 minuto curtir essa viagem como uma pessoa normal? O Nicolas também tem muito que se explicar!

– Credo! Ei! Deixa-meeu ver uma coisa aqui. – Bia viu um buraco na roupa da amiga, e ao chegar mais perto viu que tinha um pequeno corte, que sangrava um pouco.

– Ai! Está doendo.

– O que foi isso?

– Isso! Isso é... – pensou em dizer a verdade pra Bia, mas ficou com medo da amiga dele. – Eu bati minhas costas no banheiro. – disse totalmente sem convicção. - Na hora não senti nada. Acho que estou meio anestesiada.

Bia olhou desconfiada. – Nossa. Quando chegar ao quarto, limpa isso. Pede pra alguém do hotel arrumar uns curativos. – comentou, reparando no jeito da amiga.

– Hum! Alguém do hotel! Não preciso deles não. Eu me viro.

Bia cruzou os braços e encarou a amiga.

– Bia... - repreendeu a amiga - Agora não! Vamos lá, vamos dançar!

“Com certeza está me escondendo coisas.” – Bia pensou.

Julie já foi logo saindo pra dançar com o primeiro que convidou, deixando Bia na companhia de Félix.

Félix, por que ela olha tanto pra gente? To me sentindo mal.

– A Anne? Ah, deixa pra lá... Olha, acho que ela não gostou muito do que aconteceu. Com certeza não gostou nem um pouco. E ela é assim. Se alguém mexe comigo ou com o Daniel, ela já fica toda nervosa.

– Vocês não podem escolher com quem querem conversar ou ficar? Ela manda em vocês?

– Não! Ela é maravilhosa, uma das melhores amigas nossas. Mas ela cuida de nós de um jeito que, nem sei explicar.

– Sei lá, me deu um pouco de medo do jeito que ela olha. Parece estar sempre atenta, como uma águia.

– Ela está só observando. Sabe, deve ser porque eu não costumo conversar muito com os hóspedes. E com você eu estou há horas. Ela já percebeu. Deve estar preocupada.

– Preocupada por quê? Ela tem medo que eu faça alguma coisa com você?

– Não! Não é isso! Imagina você me fazer alguma coisa ruim. Impossível.

– Tudo bem. Pode ser só o nosso santo que não bateu.

– Você e Julie são amigas, não são?

– Melhores amigas.

– Imagina um cara que tivesse a sorte de que alguém como você se interessasse por ele?

– Own. Que doce! Você acha que isso é sorte?

– Sim! Claro! – ele deu um sorriso tímido, desviando o olhar. – Dá pra imaginar se ele acabasse fazendo alguma besteira e te magoasse?

– Nesse caso a sorte teria que passar pra alguém mais legal. Pior pra ele, porque a fila sempre anda.

– Não. Mas e se não fosse de propósito? Se o cara fosse legal, mas fizesse essa bobagem? Como sua amiga reagiria?

– Ela eu não sei, mas eu ia me defender.

– Eu só estou querendo dizer que às vezes as pessoas fazem bobagens, tentando acertar. Como o Daniel, por exemplo.

– E você? Como reagiria? O que faria se tivesse levado um tapa na cara?

– Acho que eu ia morrer de vergonha. Eu nunca mais ia ter coragem de olhar pra essa pessoa.

– Mas quem teria a coragem de dar um tapa em você? – Bia tocou o rosto dele.

– Talvez eu merecesse, dizem que quando alguém está apaixonado é capaz de fazer loucuras.

Olharam-se por alguns segundos. Félix estava fascinado pela garota cheia de atitude na sua frente. Mas ele era tão medroso, que seria impossível arriscar alguma coisa. Estava travado na garganta o que ele deveria dizer. “Eu queria ser essa pessoa de sorte!”, mas o que acabou falando foi:

– Mas o-olha, não vai acontecer nada disso, tá. – e pegou a mão de Bia. - A verdade é que a Anne... – piscou longamente – só está querendo proteger nós dois. Logo ela desencana.

– É, mas... pra que proteger, não é? Logo quando é de uma coisa boa... – Bia se aproximou.

– Com licença queridos! – foram interrompidos pela amiga dele, quebrando o clima. - Não me lembro de você ter me apresentado essa moça linda.

– Annabelle – ele sorriu sem-graça – Eu ia te apresentar a...

– Tudo bem. Eu só interrompi pra me despedir de você.

– Vai sair antes de todo mundo?

– Vou sim, eu preciso.

– Ah, que pena! Vai pra casa de novo?

– Vou sim. – deu um beijo em seu rosto. - Ah! Já ia me esquecendo. Prazer! – estendeu a mão para Bia. – Sou Annabelle.

– Prazer, Beatriz.

– Com licença, vou roubar o meu amigo um minuto. – Anne puxou Félix.

Bia teria saído de lá, pra não ficar na cara que tinha sido deixada de lado. Mas teve a sensação de que ouvir aquela conversa não seria uma má idéia.

– E o Daniel? – Félix perguntou pra Anne.

– Foi pra casa. Pelo menos foi o que ele disse.

– Não gosto quando ele não reage.

– Se fosse com outra pessoa eu também estaria com um pé atrás. Mas o pior é que dessa vez acho que ele não vai fazer nada. Se ele fez tudo isso por causa daquela garota, talvez ele esteja mesmo apaixonado por ela.

– Apaixonado eu sei que ele está! Mas ele é imprevisível. E o pior, é que a bomba vai estourar na minha mão.

– Calma, Félix. Se alguém perguntar por ele, você diz que não sabe. Ele vai arrumar uma boa história pra contar pro Demétrius.

– Sabe-se lá quando ele vai voltar! Eu sei por que o Daniel perdeu a cabeça. Ele duvidou da fonte. Sabe, tenho quase certeza de que ele fez um pedido na fonte e é por isso que ele tem que aceitar. Mas não, ele começou a debochar e agora não tá conseguindo controlar mais, e...

– Félix! Pára de enrolar! Fala logo o que é

– Eu não posso contar! Mas pensa um pouco... Ele descobriu que a garota é ... você sabe! Não posso me meter nisso, porque se ele contar, não acontece o que ele quer.

– Hum... entendo. - Anne já conhecia a história da fonte muito bem, e até se admirou de saber que o Daniel tinha feito algum pedido. - Me prometa: se acontecer qualquer coisa, me chame.

– Tá bem Anne, eu agradeço.

– E tome cuidado. Não fique alimentando sonhos impossíveis.

– Pode deixar que eu tomarei cuidado.

– E agora eu tenho que ir. Preciso resolver uma pendência.

Anne arqueou a sobrancelha, e olhou na direção de Álvaro.

– M-m-mas o quê você vai fazer?

– Vou fazer um favor.

Eles se entenderam pelo olhar.

– Vai lá em casa.

– Não, obrigado. Ainda não estou psicologicamente preparado pra isso.

– Então, adeus baby. – Anne sai achando graça.

Bia processava todas as informações na sua cabeça que além de linda era também genial. E a propósito escutava muito bem. “Então o Daniel foi embora? Não agüentou levar o fora da Julie, caramba! Essa Anne é pior que cão de guarda. Como vai ser pros dois resolverem essa discussão agora com ela no caminho? E o que essa mulher maluca vai aprontar? Ah... o Félix vai ter que me contar tudinho.”

Álvaro estava passando mal. Algo não lhe caiu bem.

– Oi! – Anne falou com ele.

– Estou mal. Aquele vinho não fez muito bem.

– Ah! Que pena! Era um vinho excelente. – lamentou.

– Eu quero sair desse barco!

– Se você quiser uma carona posso te levar pro hotel. Vou usar o barco extra.

– Muito obrigado. Quero ir sim.

Os dois saíram juntos no barco extra e rapidamente sumiram em meio á neblina do lago.

Julie percebeu que, de repente sua noite tinha se transformado num tédio. Tinha ficado com o anel. E era isso. “Era isso que você queria, não era?” – ficou pensando.

Seus sentimentos travavam uma briga com a razão. Deu um lado cinco anos de relacionamento estável e baseado em amizade. De outro, uma pessoa que já foi entrando no seu mundo sem pedir licença, tirando tudo do lugar e despertando um lado seu que não conhecia. Estava dividida.

Nesses anos todos de noivado, nunca tinha se interessado por outras pessoas. O Nicolas foi seu primeiro namorado e estava sempre presente. Isso tinha mudado muito nos últimos meses. Mas o noivo não gostava de falar sobre o motivo de às vezes ser tão sombrio.

Daniel tinha deixado-a numa situação muito delicada. Ela nunca tinha falado que terminaria com Nicolas a qualquer custo. Ela disse que precisava de um tempo e que tinha que conversar com ele. Mas Daniel complicou tudo com aquele beijo. E pra que ele foi pegar seu anel? Isso tinha sido muita infantilidade. Agora ela se sentia errada. O Nicolas não merecia isso.

De qualquer forma, ela conseguiu descobrir o que tanto queria: Nicolas não seria capaz de fazê-la feliz. Depois que chegaram naquele lugar isso ficou claro. Tinha demorado muito pra se decidir o que ia pedir na fonte. Por fim, disse que queria ser feliz no amor. E se foi preciso fazer uma viagem tão longa pra descobrir seu verdadeiro amor, não podia ignorar tudo o que estava acontecendo ali. Ela não tinha pedido pra fonte decidir por um ou por outro. Não, ela só disse que queria ser feliz no amor. Ser feliz não dependia de se casar ou não. Não precisava ser feliz eternamente, mas pelo menos enquanto dure. Ainda não tinha tido um único momento feliz com o Nicolas ali. Seus melhores momentos há muito tempo tinham sido na companhia de um estranho.

Talvez, depois de levar aquele tapa, Daniel nunca mais ia querer olhar pra sua cara de novo. Sentiu uma ponta de arrependimento. Seus sentimentos em relação a ele eram imprevisíveis e indomáveis.

Daniel entra em casa, joga no chão sua guitarra que estava em cima da cama e se deita. Começa a lembrar da conversa que teve com Anne na festa, enquanto terminava de beber sua garrafa de whisky que trouxe da festa.

– Você tem que pelo menos se dar uma chance.

– Talvez você tenha razão.

– Eu tenho razão. – ela sorriu. – mesmo que nunca desse certo, você tem que tentar descobrir.

– Sim, Srta Sabe-Tudo.

– Somos iguais, meu amigo. Iguaiszinhos.

– É por isso que você está sempre certa. – sorriu de lado.

Sua lembrança se desfez. “Nunca daria certo” foram as últimas palavras que ficaram em sua cabeça antes de apagar.

Nicolas estava conversando com seus amigos na festa. De repente ele olha no meio do salão e vê um homem mascarado olhando em sua direção. Algo chamou sua atenção. Eram os olhos dele. Aqueles olhos! Como ele poderia esquecer. O mascarado que o encarava tinha os olhos do padrasto! Isso chamou sua atenção e ele largou tudo o que estava falando e foi atrás pra ver se estava imaginando coisas. O problema é que o lugar era escuro e enfumaçado e estava cheio. Acabou que o homem se misturou entre as pessoas e a fumaça e desapareceu. Nicolas ficou louco porque tinha certeza de que era o padrasto dele ali. Saiu empurrando as pessoas, andando pelo salão, desorientado.

– Sabe como é “aqui se faz, aqui se paga”, é a lei do equilíbrio – Mano deu uma tragada – Pra fluir tudo como tem que ser. - Passou o cigarro pro cara que estava do seu lado. - Eu vejo essa garota trapaceando. Quanta maldade! Ela não tem esse direito, saca? A coisa mais certa é que: tudo que vem, tem volta.

O cara balançou a cabeça, concordando. Não era brasileiro, nem sabia uma palavra em português. Mas isso tanto faz, porque na sua “viagem” tudo fazia sentido.

– Pra mim alguém tem que parar essa garota. To sentindo que essa missão é minha entende brother?

Pegou o cigarro e tragou forte. – Que louco, cara! Não suporto essas garotas que depois querem dar uma de vítima. Porra, conheço um montão assim. E ela é mais uma, pode crer.

– É isso, pra evoluir ela vai ter que sentir na pele o que ela faz.

Talita olha pra trás, vê Mano conversando com um cara. Percebeu que ele olhava pra ela. “Mais um admirador”.

Mal sabia que Mano agora estava decidido a pegar no seu pé.

– Esse pessoal é bem descolado – Juliane, uma das trigêmeas, falou alto, no grupinho que Talita estava tentando se entrosar.

– Bizarro, você quis dizer. – Talita comentou.

– Eu pedi pra passar em medicina, naquela fonte. – Juliana, disse, e perguntou pras outras. – Vocês pediram o que?

– Affe, Ju. Você não passa nesse vestibular nem se nascer de novo, sua anta! Quem mandou ser a irmã mais burra! Bem fiz eu que pedi pra ficar famosa.

Mano estava ouvindo a conversa, se lembrou que tinha pedido na fonte que se desejassem alguma coisa pro mal que isso voltasse contra a pessoa que fez o pedido. Ele comentou com o seu amigo quase imaginário. - Eu não ia pedir nada não, mas como a moeda voltou pra mim, cara, isso é destino!

– Ai, eu mereço vocês! Sério que acreditam nessa bobagem! – Talita entra no assunto. – Eu pedi uma coisa e até agora não vi nada acontecer! Só me dei mal! Estou nessa festa horrorosa, toda produzida pra nada! Fui atacada por aranhas nojentas e fui beijada por um sapo! A única coisa legal que fiz foi antes de vir pra essa viagem flopada!

– E o que você fez? – Juliane arregalou os olhos.

– Eu providenciei para que os dois ficassem cada um pro seu lado a viagem toda! Não sou genial!? Eu sou mais eu, querida. Sou muito mais contar comigo do que com essa fonte.

– Que horror! Talita! Você vai estragar o noivado do seu irmão.

– Ele não é meu irmão! E tem mais. Ele tem que acordar. Ele tem que perceber que ele até hoje é só um tapete que a Julie pisa, pisa e chuta pro canto. E eu não gosto dela. Ela só sabe ficar implicando comigo o tempo todo, mas ela vai ter o que ela merece!

De repente uma voz aguda fala com ela. Era Débora.

– Hello, honey. Você sabe onde posso encontrar o Nicolas?

“Não é possível. Essa ga-li-nha teve a cara de pau de vir aqui!” - O que você quer com ele? – perguntou com ódio.

– Assunto particular.

Nicolas aparece. Estava um pouco bêbado, a ponto de confundir Débora com Julie.

– Meu amor!

Débora olhou pra ele e riu. – Você está bem, Nicolas?

– Ah, desculpa! Eu me confundi. Pode me chamar de Nick.

Talita deu uma olhada fulminante pros dois.

Nesse momento Nicolas avista o homem misterioso na saída do salão. Ele fala, sem ninguém entender: - É ele! - Nicolas se vira pro lado de Débora e fala:

– Você me ajuda a encontrar ele, por favor. – pediu pra ela, com seus incríveis olhos azuis. - Ele era da sua altura mais ou menos, usava uma máscara preta. Mas eu pude reconhecer aqueles olhos assassinos.

– Nossa. O que você disse? Assassinos?

– É maneira de falar.

– Hum. Tem tanta gente com roupas estranhas aqui, mas não reparei em ninguém de máscara até agora.

– Ele estava na saída. Me leva, por favor!

– Claro! Vem comigo que eu te ajudo. “Essa é a minha chance de pegar o gato” – pensou. - Débora tinha outros planos bem diferentes pra ele. E nem seria tão difícil arrastá-lo pro seu quarto. - Acho que você ainda não experimentou o nosso drink mais famoso, o Black Skull.

– É bom? Deixa eu provar. – disse Nicolas.

Os dois saíram juntos pelo corredor. Talita ficou louca.

Tinha que fazer alguma coisa. Olhou em volta e viu Mano ainda olhando pra ela. Foi falar com ele.

– Ei! Você que está me olhando!

Ele soltou a fumaça na cara dela.

– Seu idiota! Drogado! Você vai ter que me ajudar! Preciso ir atrás daqueles dois!

– Tá, mas... o que eu tenho a ver com isso?

– Tem a ver que você não fez sua parte direito aquela hora! Aliás, graças à sua incompetência, o Nicolas agora saiu com aquela vampira!

– Mas e o que eu tenho com isso? Vai rolar aquela recompensa? Hum... beijo não viu, pior coisa.

– Nem se um raio caísse na minha cabeça agora eu ia fazer uma loucura dessa!

– Por que você vai atrás do cara? Vai atrás dele pra ter certeza de que ele não está nem aí pra você? Acorda! Ele não quer nada com você, porque você é irmã dele.

– Nunca mais repita isso. – apontou o dedo na cara dele.

– Então tá. Se vira sozinha.

– Droga! – olhou pro corredor que Nicolas e Débora tinham entrado e nem sinal mais da luz da vela deles.

– Deve ser triste gostar de alguém que não está nem aí pra gente!

– Inferno! Fala logo! O que você quer que eu faça em troca?

– Primeiro, pede ‘por favor’.

– Por fa-vor. – ela disse entre os dentes.

– Não sei. Vou pensar no caminho.

– Claro que não!

– Pode ficar tranqüila que não vai ser nada que precise tocar em mim. É pegar ou largar!

– Tá bom! Mas sem gracinhas dessa vez! Isso aqui é um negócio, entendeu?

– Negócio fechado, boneca. Você tá me devendo uma.

Os dois sairam juntos pelo corredor dos ossos.

A festa continuou, agora ao som de um rock progressivo. Damien ficou intrigado com uma garota extremamente pálida, magra e que tinha cabelos longos e cacheados, andando pelo salão, alheia à festa. De vem em quando ela olhava pra ele. Viu-a entrando numa porta e acenou pra ele.

Resolveu segui-la.

Passou por alguns corredores e foi parar do lado de fora do castelo. Emily estava lá, andando de um lado pro outro. Usava um chapéu que escondia um pouco seu rosto. Ela se abaixou pra pegar um ramalhete de plantas, que estavam no chão, perto de...

– Animais mortos! – Damien balbuciou, horrorizado.

Mas quando ela se virou, Damien levou um susto. Ela andava em sua direção. Seus olhos virados e a boca contraída não conseguiam ser mais assustadores do que aqueles algodões enfiados no nariz e ouvidos. Ele ficou trêmulo. Enquando tentava reagir, ela aproximava-se mais rápido. Deu meia-volta pra tentar fugir, porém sentiu uma mão tocar no seu ombro e imediatamente sentiu um forte calafrio descer sua espinha como um choque. Seu corpo estremeceu. Virou pra trás num impulso, com medo de ver de novo aquela alucinação. Ela havia sumido. Só viu as plantas caídas no chão. Mas não podia se sentir vencido pelo medo. Aquilo tinha alguma explicação lógica, tentava se convencer.

Ouviu umas vozes se aproximando. Eram Clarisse e Martin. Ele tinha levado a garota para tomar um ar, já que era claustrofóbica. Apareceram no exato momento em que Damien ia pegar as plantas.

– Não toque! São venenosas! – Martin gritou, assustado. – O que você tá fazendo aqui fora?

– Eu vim atrás de uma garota. Ela pegou as plantas e quando virou... era horrível. Ela estava morta.

– AH! OUTRA FANTASMA NÃO! – Clarisse foi caindo nos braços de Martin.

Damien continua falando:

– Isso é incrível! O mundo precisa saber do que acontece aqui nesse lugar! – estava tão nervoso que não conseguia parar de falar. – Preciso contar pra todo mundo!

Martin olha pra ele preocupado. “Não. Ele NÃO PODE contar pra todo mundo.”

De repente olham pro lado e vêem uma procissão com velas acesas surgir na escuridão. Eles cantavam algo incompreensível e vinham na direção dos três. Eram tão pálidos que pareciam azulados.

Martin, Damien e Clarisse chegaram pra trás e ficaram escondidos, vendo o que aquelas pessoas fariam.

Passaram por eles sem notá-los e entraram, pra sua surpresa, carregando um caixão.

Clarisse desmaiou de novo. Damien continuava boquiaberto. Havia umas 50 pessoas no cortejo. Em poucos segundos ouviram os primeiros gritos vindos do interior do castelo.

– Socorro!!!! Me tira daqui!! Quero sair daqui!

Martin deixou Clarisse com Damien e entrou correndo pra fazer alguma coisa.

– Atenção todos! – a música parou quando o vozeirão atravessou o salão. – O Sr. Demétrius autorizou que viéssemos aqui pra convidar a todos para esta caminhada até o cemitério, onde realizaremos o sepultamento exatamente às 3 horas da manhã. Quem quiser acompanhar traga sua vela. Vamos partir agora, porque a ponte será erguida em poucos minutos. Já se aproxima da meia-noite.

Tocaram um sino e começaram a sair de lá. Todos os convidados não-hóspedes se juntaram ao cortejo. Foram pegando as velas do salão e saindo com o grupo. Uma parte dos hóspedes tinha fugido dali, voltando pelos corredores pra dentro do castelo, apavorados. Não era por menos. Aos poucos a estranha festa foi ficando abandonada, à medida que os convidados partiram com o cortejo. Quem ficou pra trás não entendeu nada ou estava tão assustado que ficou paralisado.

Martin reúne os hóspedes para voltarem aos seus aposentos. Foi agarrado por Clarisse que estava voltando para dentro do castelo.

– Onde está o Damien? – Martin perguntou pra ela.

– E-e-ele foi junto com aquelas pessoas. – ela falou em estado de choque.

Martin ficou nervoso. Tinha que se apressar e tomar uma providência. Reuniu os que ficaram pra trás e saiu do salão em direção ao Hall do hotel.

No meio da madrugada, Anne entrou na casa de Daniel. Encontrou-o jogado na cama e uma garrafa vazia caída no chão. Estava com a roupa da festa, porém totalmente amarrotado.

– Hey... acorda baby. – beijou sua bochecha.

Anne tratava o amigo como se fosse um bebê.

– Oi... quero dormir pra sempre.

– Não, nada disso. Anime-se. Tenho ótimas notícias

– O que foi?

– Fiz o que me pediu! Aliás, fiz ainda melhor!

– É... Não quero ser acusado de acabar com aquele noivado de mentira.

– Ah, não fique assim. A essa hora o carinha já está a caminho do aeroporto direto pro Brasil.

– Como conseguiu?

– Simples. Ofereci de levá-lo na casa do Dr. Watson, no povoado. E passei pelo caminho da minha casa.

– Não acredito! Anne! Você é terrível! Imagino a cara do moleque!

– É ele ficou um pouquinho assustado. – ela riu. – Ele topou ir embora direto, sem voltar ao hotel.

Anne morava no meio de uma mata conhecida como “Bosques que Gritam.”

– Mente diabólica.

– Disponha. – disse feliz. - Agora não estrague tudo, pense antes de agir.

– Não se preocupe. Não terá uma próxima vez.

A amiga sabia com quem estava lidando. A pessoa mais orgulhosa que ela já conhecera.

– O Félix me contou sobre a fonte. Talvez seja só uma obsessão. Mas que a garota mexeu com você isso é verdade. E se ela for a mulher da sua vida?

– Que vida? No fundo eu quis acreditar nisso. Ela não tem nada a ver com essa besteira de fonte. Eu que pus isso na cabeça e acabei criando essa história.

– Tive uma idéia.

– Não, por favor, não tenha nenhuma idéia.

– Mas eu me importo! Não venha me dizer que isso é bobagem e que amanhã você já esqueceu.

– Era isso mesmo que eu ia falar.

– Eu sei que é orgulhoso demais pra admitir agora. Mas eu nunca vi você apaixonado antes.

– Eu estava apaixonado. Não estou mais.

– Sei! Sei! Aquele tapa deve estar doendo muito. Mas o que me espanta mesmo é você não ter revidado. Isso prova que existe algo.

– Não adianta! Já deu tudo errado.

– Engano seu. Acho que você não se deu conta do quanto está envolvido.

– E se eu me desse conta? O que isso iria mudar? Já sei: nada. Por isso que não quero mais saber desse assunto.

– Tudo bem. - “Mas isso não vai ficar assim” - pensou


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Notas finais do capítulo

O que vocês querem ver acontecer LOGO..rs
conversa entre julie e Nicolas
o romance de julie e daniel
o romance de bia e felix
o mistério do hotel
talita e mano
e então? o que vocês querem que eu não deixe de falar no próximo? Obrigada por lerem



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